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A ORIGEM DOS CONFLITOS

Tiago 4.1-12

INTRODUÇÃO
1. Kael e Davi, filho dos irmãos Gabriel e Gabriela Targueta, treinam futsal
juntos. Para mim é sempre um argumento motivacional: “Kael, Davi vai
hoje. Vamos?”. E eles gostam. Cansam, aprendem e se divertem. Nós
também nos divertimos, especialmente quando chega a hora do coletivo.
É uma verdadeira guerra! Os meninos não fazem muitos gols, mas lutam
bastante pela bola. Do peito para baixo, a gente só vê canela, enquanto
eles brigam para ficar com a bola alguns segundos.
2. Na última semana, como se já não bastasse a guerra do lado de dentro,
nós nos divertimos com uma interferência externa. Uma mãe, que tinha
dois filhos jogando um contra o outro, resolveu gritar na hora que o time
do mais velho fez um gol. O mais novo, revoltado, se aproximou e,
chorando, disse: “Mãe, você está torcendo pelo time errado. Eu estou do
outro lado”! E agora? Aquela mãe não tinha decidido criar um problema,
mas um conflito se instaurou em sua família!
3. Não é o que acontece conosco também? Nem sempre queremos criar
conflitos. Você não acorda e simplesmente pensa: “Hoje eu vou
transformar minha família em campo de batalha”. Ainda assim, é
exatamente o que experimentamos às vezes. Como as crianças do
futsal, estamos todos lutando para ver quem fica com a bola alguns
poucos segundos.
4. O que foi que deu errado com o casamento? Por que pais e filhos não
se entendem? Mais importante ainda, de onde vem as batalhas? Qual é
a origem dos conflitos no lar, na igreja e no trabalho? É o que vamos
considerar enquanto estudamos Tiago 4.1-12. Para começar, vamos ler
apenas a parte “a” do versículo 1?

ELUCIDAÇÃO
1. Algumas pessoas se mostram encantadas com a Igreja Primitiva. Falam
da pureza, da comunhão e da simplicidade dos irmãos do primeiro
século. Porém, elas se esquecem que a Igreja Primitiva foi quem
primeiro recebeu as cartas do Novo Testamento, das quais muitas
tratam de problemas. Por exemplo, na igreja para a qual Tiago escreve,
alguns desprezam os pobres, outros querem ensinar por destaque e
muitos estão envolvidos em conflitos.
2. Como resolvê-los? Nós temos a tendência natural de falar apenas de
quem está errado, ou de apontar quem começou o problema. Mas a
verdade, segundo Tiago, é que as raízes são mais profundas. Então, se
realmente queremos lidar com os conflitos do lar com seriedade e à luz
da Bíblia, nós precisamos conhecer sua origem!

PROPOSIÇÃO
NÓS TEMOS QUE CONHECER A ORIGEM DOS CONFLITOS!
O. I – Então, qual é a origem dos nossos conflitos em casa e na igreja? De
onde nascem? E como podemos tratar deles?
O. T – De acordo com a pena inspirada de Tiago, em primeiro lugar, nós
podemos dizer que:

I – A Origem dos Conflitos Está no Coração (vv.1-3)


Argumentação:
1. No verso 1 lemos: “De onde vem as guerras e contendas que há entre
vocês? Não vem das paixões que guerreiam dentro de vocês” (v.1)? Ou
seja, o problema entre vocês é fruto do problema dentro de vocês. Há
guerra do lado de fora porque há uma guerra do lado de dentro!
2. Do que estamos falando? De “paixões”. No grego, a palavra é hedoné,
de onde surge o termo hedonismo. Segundo essa filosofia, o prazer é a
razão de nossa existência, o fim para o qual o devemos nos dedicar. O
grande problema, porém, não é o prazer; é a paixão ardente por um
prazer individualista que nos promete satisfação plena. É por causa
dessa promessa que os irmãos estão em guerra.
3. “Trata-se de uma patologia”, e Tiago a apresenta no verso 2: “Vocês
cobiçam coisas, e não as têm; matam e invejam, mas não conseguem
obter o que desejam. Vocês vivem a lutar e a fazer guerras” (v.2).
Porque estão doentes de prazer, nossos irmãos cobiçam, invejam, lutam
e até matam. Curiosamente, eles nunca conseguem o que desejam.
Vivem em ardente paixão, mas jamais se encontram satisfeitos!
4. Por que não? Qual é o problema? O verso 3 responde: “Não têm,
porque não pedem. Quando pedem, não recebem, pois pedem por
motivos errados, para gastar em seus prazeres” (v.3). Alguns cristãos
sequer oram. Eles sabem que o que querem é pecado. Outros até oram,
mas Deus não lhes atende. Por quê? Porque oram por motivos errados.
Eles oram motivados pelo hedonismo mundano. Querem usar Deus
como meio para alcançar seus prazeres terrenos.
Aplicação:
1. Esse não é o nosso caso muitas vezes? Você me pergunta: “Pastor,
por que Deus parece não ouvir quando oro? Por que o Senhor fica
em silêncio”? Talvez estejamos pedindo por mais do mundo para gastar
apenas com nós mesmos! Oramos muito por nossos nomes, reinos e
vontades; são paixões ardentes e ambições egoístas.
2. A oração que Jesus nos ensinou vai na direção contrária. Quando
orarem, digam: “Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu
nome. Venha o teu Reino e seja feita a tua vontade” (Mt 6.9,10). É como
cristãos oram. Nós precisamos pedir pela adoração do nome do Senhor,
pelo avanço da causa missionária e pelo estabelecimento do Reino do
Pai na terra, o que deve começar por nosso próprio coração.
3. Sim, e como nosso coração precisa de ajuda! É dele que nascem os
conflitos do lar e da igreja. As paixões hedonistas pregam: “Se me
conquistarem, vocês serão plenamente felizes”. Nós acreditamos e, por
isso, reagimos de dois modos somente. “Se você me ajudar a conseguir
o que quero, minha esposa, eu vou apreciar você. Mas se não, prepare-
se para a guerra. Se ficar no meu caminho, vou passar por cima, pois eu
tenho que ter o que vai me satisfazer”.
4. Mas a questão é: Será mesmo que ficaremos satisfeitos? Por
experiência própria, nós sabemos que Salomão estava certo: “Debaixo
do sol, tudo é vaidade e nada realiza”. O problema, de novo, não é o
prazer; é a fonte dele. No livro do profeta Jeremias, o Senhor nos diz: “O
meu povo cometeu dois crimes: eles me abandonaram, a mim, fonte de
água viva; e cavaram as suas próprias cisternas, rachadas que não
retêm água” (Jr 2.13).
5. Então, minha sugestão para as famílias e para os cristãos que me
ouvem neste dia não é: “Vamos parar de lutar”! Antes, é: “Em vez de
guerrearmos uns contra os outros, façamos guerra uns com os outros
por satisfação em Deus”! Vamos levar uns aos outros à fonte de água
viva a cada manhã. Preguemos. Cantemos. Falemos uns aos outros
sobre o Cristo de Deus, fonte inesgotável de verdadeiro prazer.
6. Diante dos conflitos do lar, alguns querem fugir, não querem lutar; outros
querem lutar, mas por motivações egoístas. Nossa postura, no entanto,
precisa ser diferente e bíblica. Você quer guerrear na família? Faça-o
para levar esposa e filhos para mais perto do Senhor. Quer guerrear na
igreja? Faça-o para levar irmãos ao conhecimento alegre de Deus. Quer
guerrear no trabalho? Faça-o para tornar o nome de Cristo conhecido e
desejado nos corações!

O. T – É isso. Precisamos atacar o coração com satisfação em Deus, pois nele


se encontra a origem dos conflitos. Além dele, nosso texto também ensina que:

II – A Origem dos Conflitos Está na Idolatria (vv.4-6a)


Argumentação:
1. No verso 4 temos: “Adúlteros, vocês não sabem que a amizade com o
mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo faz-se
inimigo de Deus” (v.4).
2. Alguns pontos merecem explicação. Primeiro, não se está falando da
amizade que temos com pessoas no mundo. Tiago se refere à amizade
que temos com o próprio mundo – valores, sistemas e deuses. Segundo,
amizade para nós pode ser apenas “conhecer” ou “conviver”. Para Tiago
significa “intimidade”, “união profunda” ou mesmo “namorar”. Por isso,
então, ele chama os leitores de “adúlteros”. Não é algo simples.
Adultério espiritual reverte a reversão da salvação. Os amigos de Deus
em Cristo se revelam, por causa do mundo, seus inimigos.
3. E para provar a seriedade da questão, Tiago faz uma pergunta retórica,
verso 5: “Ou vocês acham que é sem razão que a Escritura diz que o
Espírito que ele fez habitar em nós tem fortes ciúmes” (v.5)?
4. De que Tiago está falando? De alguns textos do Antigo Testamento que
destacam o ciúme pactual de Deus. E porque o Espírito nos foi dado
como sinal que pertencemos ao Senhor, Ele não vai tolerar adultério ou
sincretismo no meio de seu povo.
5. E agora? O que fazemos se há adultério em nosso coração? No verso 6,
Tiago nos oferece esperança: “Mas Ele nos concede graça maior” (v.6a).
Não se trata de graça salvadora. Tiago fala aqui de “graça maior”, ou
como destaca Kent Hughes, “do suprimento da graça que precisamos
para viver no mundo caído até o grande dia do encontro com Cristo”.
Aplicação:
1. Você crer nisso? Por vezes nos desviamos de Deus para falsos
deuses; nos afastamos da amizade do Senhor e fazemos amizade com
mundo. Eu sei que é assim, mas não se desespere. Deus nos
concederá graça maior, o que significa que Ele nos libertará de toda
idolatria e amizade mundana. E é do que precicamos, pois segundo
Tiago, os conflitos do lar, da igreja e do trabalho nascem do nosso
adultério espiritual.
2. Eu explico. Se as paixões me dominam, eu começo a tratar o objeto do
meu desejo como um deus. Eu dependo dele para ser feliz. Eu espero
nele para ter paz. Eu dou a ele o que deveria dar somente a Deus. É
adultério. E o que acontece como consequência? Se pessoas entram no
caminho da minha adoração idólatra, eu as sacrifico; eu as castigo no
altar. Como? Às vezes eu explodo em ira. Mais comumente, eu apenas
me afasto, me torno indiferente, ou então eu passo a utilizar gestos e
palavras para culpar e ferir as pessoas.
3. É o que está acontecendo na sua casa? Vocês estão em conflito por
causa de ídolos escravizadores? Creia, meu irmão: Deus nos concederá
graça maior. Como? A graça maior nos liberta da idolatria por meio
da Bíblia, do Espírito, da Igreja e da disciplina amorosa.
4. O autor de Hebreus escreve: “ A Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais
afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de
dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e as
intenções do coração” (Hb 4.12). Então, à medida que estudamos a
Bíblia e de forma constante ouvimos pregação sadia, Deus usa a sua
Palavra como um holofote e um bisturi. Ela revela nossos desejos
idólatras e nos mostra como adorar a Deus de todo o coração!
5. O Espírito Santo também tem parte nessa libertação. Enquanto
estudamos a Palavra, é o Espírito quem nos dá iluminação, permitindo
que entendamos a vontade de Deus; e é o Espírito quem nos oferece
poder do alto, a fim de que sejamos capazes de viver em santidade. Se
é assim, vamos contar com o auxílio do Espírito. Peça-o. Ore e creia que
Ele o guiará em triunfo nesta batalha.
6. Para além do Espírito, a graça maior de Deus ainda se manifesta na
igreja local. Deus nos cercou de irmãos que podem nos conhecer, nos
confrontar em amor sobre nossos ídolos, nos ensinar e nos encorajar na
luta. Esse processo requer compromisso com uma igreja saudável. Você
precisa ser intencional na busca por pequenos grupos e amizades
sólidas que permitam aproximação e discipulado.
7. Por fim, a graça de Deus para nos libertar da idolatria pode surgir de
momentos de dificuldade. Do nada, a vida começa a ficar difícil. Portas
se fecham, problemas aparecem e você fica se perguntando: “Será que
Deus me ama mesmo”? A resposta é “sim”. Ele pode parecer ser seu
inimigo, mas não é a verdade. Dr. Augustus Nicodemos escreve: “O
sofrimento não é sinal da ausência da bênção de Deus; é sinal do amor
e do cuidado de Deus com sua igreja”. “Se somos realmente amados
por Deus”, escreve o pastor Dale Davies, “seremos sempre perseguidos
por seu amor furioso e por seu zelo pactual”.
8. Então, por que Deus nos permite viver problemas, dificuldades e
decepções no mundo? O salmista sugere: “Entregue suas preocupações
ao Senhor e Ele o susterá” (Sl 55.22). Em outras palavras, “em vez de
reclamar por este ou aquele problema, leve-o ao Senhor”. E se a
dificuldade estiver muito pesada, creia que “Ele é capaz de sustenta-lo”.
Deus permite dificuldades pesadas a fim de que corramos para os seus
braços. É amor, amigo! É a mão invísivel de Deus nos afastando da
idolatria e nos aproximando de Si mesmo!
O. T – É do que precisamos, pois a origem dos conflitos também está na
idolatria. Tiago ainda nos ensina aqui que:

III – A Origem dos Conflitos Está no Orgulho (vv.6b-10)


Argumentação:
1. Os versos 6b e 7a registram: “Por isso diz a Escritura: ‘Deus se opõe
aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes’. Portanto, submetam-
se a Deus” (vv.6b, 7a). É uma convocação à humildade. “Abram mão
das paixões egoístas e da amizade com o mundo, humilhem-se diante
de Deus e coloquem-se sob o senhorio dEle”.
2. Mas como nos submetemos a Deus? Os versos 7b e 8a respondem:
“Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês. Aproximem-se de Deus, e Ele
se aproximará de vocês” (vv.7b, 8a)!
3. São duas ações e duas promessas. Os cristãos precisam resistir ao
Diabo e se aproximar de Deus. Uma ação explica a outra. Resistimos ao
Diabo quando nos aproximamos de Deus! E as promessas? Se
resistirem ao Diabo, “ele fugirá de vocês”. E ao aproximarem-se de
Deus, “Ele se aproximará de vocês”. Foi o que aconteceu quando Jesus
resistiu ao Diabo no deserto, e foi o que Moisés falou ao povo também
no deserto: “Que grande nação tem um Deus tão próximo, um Deus que
sempre nos ouve quando O invocamos” (Dt 4.7)?
4. Como é que cristãos se submetem a Deus? Os versos 8b e 9 nos dizem:
“Pecadores, limpem as mãos, e vocês, que tem a mente dividida,
purifiquem o coração. Entristeçam-se, lamentem-se e chorem. Troquem
o riso por lamento e a alegria por tristeza” (vv.8b,9).
5. São conselhos que vem do culto do AT. Antes de adorar, purifiquem
mãos e coração. Ao se aproximar de Deus, confessem seus pecados
com tristeza. Os cristãos precisam olhar para seus atos (mãos) e para
seus corações (motivações). Precisam lidar com a questão da amizade
– a quem realmente adoram no coração – e com o assunto das guerras
e conflitos – pelo que realmente lutarão na vida.
6. Depois de sábios conselhos, o pastor de Jerusalém volta à exortação
inicial, verso 10: “Humilhem-se diante do Senhor, e ele os exaltará”
(v.10). “Submetam-se” é o mesmo que “humilhem-se”. A diferença aqui
é a promessa da exaltação. De acordo com Tiago, não é trabalho do
cristão buscar a própria exaltação. Seu trabalho é se humilhar diante do
Senhor. A exaltação é trabalho de Deus. Ele mesmo dá aos cristãos o
que os homens estão tentando conseguir sozinhos. “Humilhem-se diante
do Senhor, e Ele os exaltará”!
Aplicação:
1. O que você acha dessa promessa? Escrevendo aos filipenses, Paulo
nos conta que “Cristo se humilhou e foi obediente até a morte de cruz.
Por isso, Deus O exaltou à mais alta posição e Lhe deu o nome que está
acima de todo nome” (Fl 2.8,9). O mesmo, em alguma medida, é o que
Tiago nos promete. Se seguirmos o caminho da humildade, Deus nos
exaltará. Ao pecador que se aproxima com humildade e por meio de
Cristo, Deus promete exaltá-lo à condição de filho e herdeiro do Reino!
2. Foi o que aconteceu com você? E se Deus nos exaltar entre os
homens, como reagiremos? Como podemos ser humildes na
exaltação? O segredo é a glória de Deus. Se nos comparamos com
nossos semelhantes, nós sempre encontramos alguém melhor e alguém
pior. Seremos desafiados a competir com o melhor, e seremos tentados
a humilhar o pior. Mas quando nos comparamos com Deus, nós nos
lembramos de nossa condição – somos pecadores – e nos lembramos
da glória inigualável do amoroso Deus que nos salvou em Cristo.
3. Dessa forma, nós somos humildes na exaltação quando tratamos uns
aos outros como fomos tratados por Deus, e quando damos a glória ao
Senhor por tudo o que temos e somos. O cristão é aquele que aproveita
a exaltação que recebe de Deus no trabalho, na família ou na faculdade
para exaltar o grande Deus que, por graça, o salvou e o abençoou!
4. E sobre o relacionamento com Deus, o que aprendemos com o que
acabamos de ler? Segundo Tiago, nós devemos nos distanciar do Diabo
e nos aproximar do Senhor. Quer saber como colocar o Diabo para
correr? Quer conhecer a melhor estratégia para resolver os conflitos do
seu lar? Aproxime-se de Deus! Decida voltar hoje aos braços do Pai, e
Ele, como fez o pai do filho pródigo, correrá ao seu encontro. Por quê?
Como é que um Deus santo pode ser Pai de filhos pecadores? Paulo
escreve aos efésios: “Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes
estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo” (Ef
2.13). Por meio de Cristo, nós fomos aproximados de Deus.
Aproveitemos esse privilégio e desfrutemos dessa aproximação por
meio da leitura, da oração e da intimidade com nosso Deus e Pai!
5. Para tanto, é claro, nós precisamos de preparação. Segundo ouvimos,
nós precisamos limpar as mãos e purificar os corações; precisamos
chorar e lamentar por nossos pecados. Em outras palavras, nossa vida
cristã deve ser marcada por luta por santidade e por confissão de
pecado. A propósito, pelo que choramos? Muitos cultos são cheios de
euforia e triunfo. Poucos, porém, fazem as pessoas chorarem por seus
pecados e por suas vidas que não refletem a santidade de Deus.
6. Certo diácono se aproximou do pastor e disse: “Há uma mulher entre
nós que diz ter se convertido, e ela está dando saltos de alegria”. O
experiente pastor parou, refletiu e depois perguntou: “Antes de saltar de
alegria, esta senhora derramou alguma lágrima diante do Salvador”?
7. E você? Você tem derramado alguma lágrima diante do Salvador? E por
que deveríamos chorar em arrependimento e confissão? Sua mente está
dividida entre duas amizades antagônicas? Seu coração anda sujo com
ambições egoístas? E suas mãos? Andam machucando pessoas e
corações na sua casa? A verdade é que nem sempre estamos tão bem
como imaginamos. O que fazemos? Nós choramos por nossos pecados
e nos aproximamos do Senhor em humildade. Se assim procedermos,
Tiago promete que o próprio Senhor nos exaltará por causa de Cristo!

O. T – Vamos atacar o orgulho com humildade diante de Deus. Por fim, depois
de nos falar sobre coração, idolatria e orgulho, Tiago ainda nos ensina que:

IV – A Origem dos Conflitos Está nas Palavras (vv.11-12)


Argumentação:
1. No verso 11a, Tiago escreve: “Irmãos, não falem mal uns dos outros.
Quem fala contra o seu irmão ou julga o seu irmão fala contra a Lei e a
julga” (v.11a).
2. Falar mal aqui, segundo Daniel Doriane, pode ser “fofocar ou caluniar”.
Fofocar é falar de algo que é verdade com pessoas não envolvidas com
o problema. Caluniar é criar e espalhar falsas histórias. As duas coisas
são pecados, e os crentes devem evitá-las. Mas há também o “julgar
seu irmão”. Julgar aqui pode ser “condenar o inocente ou julgar o
culpado de maneira inapropriada”.
3. Nós entendemos a primeira possibilidade, mas por que seria errado
julgar alguém que foi achado culpado? Em várias partes da Bíblia somos
chamados a julgar, mas aqui, versos 11b e 12, Tiago escreve: “Quando
você julga a Lei, não a está cumprindo, mas está agindo como juiz. Há
apenas um Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e destruir. Mas
quem é você para julgar o seu próximo (vv.11b-12)?
4. Quando Tiago fala de “julgar a Lei”, o que ele tem em mente, segundo
os comentaristas, são os ensinos do AT e os ensinos de Jesus. Para
Jesus, lembremos do Sermão do Monte (Mt 7.1-6), falar mal do irmão é
julgá-lo sem amor. Mais do que isso, fofocar sobre algo que é verdade
ou caluniar alguém com algo que é falso é tentar se apresentar como
superior e melhor. Nós somos? Claro que não. Então vamos deixar a
questão nas mãos do perfeito Legislador e Juiz!
Aplicação:
1. Será que conseguimos? Por que não conseguimos nos segurar? Por
que somos rápidos em criticar e julgar? Por que somos tão exigentes
com os filhos? Por que facilmente condenamos nosso cônjuge?
2. Em parte, a resposta, outra vez, é a idolatria. Foi Jesus quem disse:
“A boca fala do que está cheio o coração” (Lc 6.45). Você concorda com
o Senhor? Então entenda. O problema não é o desejo do meu filho de
brincar às 10h da noite quando chego de uma reunião. Pode muito bem
ser o meu desejo idólatra por descansar. “Se não descansar, eu morro”.
Quem disse? O problema do seu casamento, minha irmã, não são
apenas as falhas de seu esposo; também é o seu desejo idólatra por ter
um casamento perfeito! Vocês entendem? Quando as pessoas não
satisfazem nossos desejos idólatras, nós as criticamos e as
condenamos. Nossas palavras, não apenas atacam e ferem nossos
familiares; elas também revelam a idolatria do nosso coração!
3. Outro problema que podemos perceber através de nossas palavras
críticas e julgadoras estão no campo das expectativas. Por vezes,
nós esperamos demais das pessoas com quem vivemos porque
simplesmente nos achamos superiores. Tiago, porém, nos lembra que
há apenas um verdadeiro Juiz e Legislador, e depois ele pergunta:
“Quem é você para julgar o seu próximo”?
4. Ken Sande, escritor de um dos livros do boletim, escreve: “Nós julgamos
os outros (criticamos, somos exigentes, importunamos, agredimos,
condenamos) porque literalmente queremos ser Deus. Isso é
abominável. Nisso nos tornamos iguais ao próprio Diabo, pois ele é o
adversário que quer usurpar o trono de Deus e o acusador dos nossos
irmãos”. Isso deveria nos fazer tremer de medo. Julgar os outros sem
amor, sem a intenção de ajudar, é imitar o Diabo!
5. Não é o que queremos, é? Então, em vez disso, por que não
imitamos o Salvador? Semana que vem falaremos mais sobre como
ajudar alguém, mas por agora, por que não apenas cobrimos os
familiares e os irmãos com graça e misericórdia? Sabe o único Juiz e
Legislador do qual fala Tiago? De acordo com o que ensinou Paulo em
Atenas, seu nome é Jesus! E segundo Tiago, Ele é o único que pode
salvar e destruir. Por graça e amor eternos, Ele, que podia nos
condenar, resolveu nos salvar; Ele, que podia nos pisar com sua justiça,
achou por bem ser pisado no nosso lugar.
6. Por que não fazemos o mesmo? Vamos dar aos membros de nossa
família o que recebemos de Deus em Cristo. Sejamos uns para os
outros vitrines do evangelho da graça e da misericórdia.

CONCLUSÃO
1. Que assim seja. Vocês se lembram da mãe que citei ao início do
sermão? Sem querer, ela criou um conflito entre seus filhos. É o que
acontece conosco às vezes. Em outros momentos, como as crianças do
futsal, estamos todos lutando para ter a bola por alguns segundos. O
que importa é ter meus desejos atendidos. Só pode resultar em conflitos!
2. Sabe o que resolve? Não é mais um seminário de técnicas e estratégias
humanas. O que resolve de verdade é ser alcançado pelo evangelho de
Cristo. O evangelho promete mais do que uma calmaria passageira de
alguns dias. Ele nos promete um novo coração; um coração livre de
paixões e desejos idólatras; um coração livre para conhecer, amar e
obedecer à vontade de Deus!
3. Se é do que precisa (todos nós precisamos), venha a Cristo com fé e
arrependimento. Confesse a Deus que tem vivido longe de seus
mandamentos e perto de seus desejos idólatras, e clame a Ele por fé
salvadora em Jesus. Se Ele atender, você entrará para o time daqueles
que estão em constante reforma de vida. Nosso alvo não é apenas ser
uma pessoa melhor. Nosso alvo é viver para a glória do Deus que nos
salvou em Cristo, resolvendo assim nosso maior e mais sombrio conflito!

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