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O PERDÃO QUE RESOLVE CONFLITOS

Filemon 1-25

INTRODUÇÃO
1. Em um dos livros do nosso boletim, Ken Sande escreve: “Os cristãos
deveriam ser as pessoas mais perdoadoras do mundo. Por quê? Porque
eles são as pessoas mais perdoadas do mundo”.
2. Você concorda com ele? Eu tenho que dizer que faz muito sentido.
Porém, nós sabemos que não é tão fácil assim. Como colocou C. S.
Lewis: “O perdão é uma ideia linda até que tenhamos que praticá-lo”. Os
dois autores estão corretos. O perdão é difícil, mas também é bíblico e
como tal é poderoso para resolver muitos conflitos!
3. É o que temos nesta preciocisade do Novo Testamento. Para começar,
vamos ler os 3 primeiros versículos.

ELUCIDAÇÃO
1. A partir do que lemos, nós podemos afirmar que Paulo e Timóteo são os
autores desta carta. Paulo, um prisioneiro em Roma, ditou, e Timóteo,
seu assistente, a redigiu. Nós também podemos dizer que esta carta é
endereçada a Filemom, Áfia, Arquipo e à igreja que se reúne na casa de
Filemom. Ou seja, embora o conteúdo da carta trate de uma situação de
Filemom, ela acabará abençoando a igreja toda.
2. Por quê? Por que Paulo e Timóteo escreveram esta pequena epístola?
Qual é o propósito de Filemom como Palavra de Deus? Promover o
perdão entre alguns irmãos e ensinar a igreja a buscar o perdão. E é por
isso vamos estudá-la. Se queremos resolver nossos conflitos, nós temos
de praticar o perdão!

PROPOSIÇÃO
PARA RESOLVER CONFLITOS, NÓS TEMOS QUE PRATICAR O PERDÃO!
O. I – Como? E como esta carta pode ajudar?
O. T – Embora 12 pessoas apareçam no texto, eu quero destacar apenas 3,
pois elas são fotos do perdão de que precisamos. Primeiro temos:
I – Filemom: Alguém que Pode Oferecer Perdão (vv.4-10a)
Argumentação:
1. Entre os versos 4 e 7, nós lemos: “Sempre dou graças a meu Deus,
lembrando-me de você nas minhas orações, porque ouço falar da sua fé
no Senhor. Oro para que a comunhão que procede da sua fé seja eficaz
no pleno conhecimento de todo o bem que temos em Cristo. Seu amor
me tem dado grande alegria e consolação, porque você, irmão, tem
reanimado o coração dos santos” (vv.4-7).
2. É uma oração. Primeiro, o apóstolo está dando graças a Deus. Ao se
lembrar de Filemom, Paulo agradece ao Pai por sua fé no Senhor e por
seu amor pelos santos. Filemon, então, é alguém que tem uma fé viva e
operante, para usar a linguagem de Tiago. Ele creu no Deus que fez por
ele em Cristo e, em resposta, ele tem feito o que pode para receber,
cuidar e animar os crentes em sua própria casa.
3. Por tudo isso, o apóstolo Paulo dá graças ao Senhor. Além de
agradecer, o apóstolo faz uma intercessão. “Eu oro para que a
comunhão que procede da sua fé seja eficaz”. Ao que tudo indica, como
notam alguns comentaristas, “essa intercessão geral é uma preparação
para uma intercessão específica”. É como se Paulo estivesse dizendo:
“Filemon, minha oração a Deus é que seu amor pelos santos agora se
torne eficaz para perdoar e amar um santo que pecou contra você”.
4. De quem estamos falando? Os versos 8, 9 e 10 registram: “Por isso,
mesmo tendo em Cristo plena liberdade para mandar que você cumpra
o seu dever, prefiro fazer um apelo com base no amor. Eu, Paulo, já
velho, e agora também prisioneiro de Cristo Jesus, apelo em favor de
meu filho Onésimo” (vv.8,9,10a).
5. Mais cedo, Paulo falou do amor de Filemom por todos os santos. Aqui,
porém, ele dá um zoom, ele fecha a câmera em Onésimo, um escravo-
empregado que provavelmente roubou o patrão e depois fugiu. E
percebam algo. Como apóstolo, Paulo podia exigir que Filemom, um
discípulo, cumprisse com o seu dever. Contudo, não é o que faz. O
apóstolo apela para o amor. “Filemom, eu tenho ouvido e sou grato a
Deus por seu amor por todos os santos. Agora, eu oro e peço que você
ame e perdoe Onésimo, um pecador alcançado pela graça”!
Aplicação:
1. Será que ele vai perdoar? De novo, não é tão fácil; não é tão simples. O
pastor Mark Dever escreve: “No mundo antigo, perdão não era algo
considerado louvável. Filemom não seria engradecido. Perdoar Onésimo
seria visto como sinal de fraqueza; podia lhe trazer vergonha na
sociedade romana; e ainda podia incentivar outros empregados a
proceder da mesma forma”. Acrescente à isso os sentimentos de
Filemom e tenha certeza de que não era nada fácil! Não é diferente
conosco. Então, como podemos praticar o perdão diante dos que nos
ofenderam e nos feriram?
2. Primeiro, tenhamos em mente o que é perdoar. Perdoar não é sentir.
Certamente pode afetar os sentimentos, mas perdoar não depende de
sentir. Perdoar também não significa esquecer. Deus não esquece de
nossos pecados. Ele decide não se lembrar. Ele decide não usá-los
contra nós. Perdoar não é desculpar. Desculpar é o que fazemos diante
de um engano ou acidente. Perdoar envolve o reconhecimento de que
um pecado foi cometido. É diferente, percebem? Então, o que é
perdoar? Biblicamente falando, “perdoar é um ato da vontade; é uma
decisão de não pensar ou falar do que alguém fez; é um cancelamento
de dívida a fim de que a restauração do relacionamento triunfe”.
3. Do que você se lembra ao ouvir tudo isso? Claro, de Deus! E aqui temos
grande ajuda. Se quer perdoar alguém de verdade, você precisa
manter o perdão de Deus diante de seus olhos! É o que Paulo está
tentando fazer com Filemom. “Filemom, eu sou grato a Deus por sua fé
no Senhor e por seu amor pelos santos. Diante deste novo desafio, não
mude a direção. Continue olhando com fé para o amor perdoador de
Deus. Você sabe que, por graça e amor, Ele o perdoou em Cristo”.
4. Você também sabe disso. E eu também sei. Deus não nos impôs
condições para termos seu perdão. Ele não exigiu que fizéssemos algo
para merecê-lo; não exigiu que Lhe oferecessémos alguma garantia de
que jamais voltaríamos a cometer os mesmos pecados. Pelo contrário,
em sua Palavra, Deus nos diz por meio de João: “Se afirmarmos que
estamos sem pecado, enganamos a nós mesmos, e a verdade não está
em nós. Porém, se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo
para perdoar nossos pecados e nos purificar de toda a injustiça” (1Jo
1.8,9).
5. Então, eu pergunto: É assim que tratamos nossos familiares e irmãos?
Nós damos aos outros o que recebemos de Deus por graça e amor?
Será que de fato podemos orar como Jesus nos ensinou: “Pai, perdoa
as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores”? Um
comentarista escreve: “O perdão de Deus não depende do nosso
perdão, mas não podemos esperar receber o que não estams dispostos
a dar. Fechar a mão para perdoar alguém é fechar a mão para receber e
desfrutar o perdão de Deus”!
6. Outra ajuda que posso oferecer aos que tem dificuldade para perdoar
vem do livro que citei ao início. Ken Sande a chama de “princípio da
substituição”. Se alguém nos feriu profundamente, as memórias
podem ficar voltando por dias, meses e até anos. O que fazemos? Nós
imitamos o Deus perdoador que temos. De novo, Ele não se esquece do
que fizemos. Ele decide não lembrar. É o que temos que fazer por meio
da substituição. De modo consciente e obediente a Deus, nós decidimos
trocar pensamentos negativos por pensamentos positivos.
7. A título de exemplo, toda vez que me vem uma memória negativa sobre
a pessoa que me feriu, eu posso orar pedindo que Deus me ajude a
imitá-Lo. Intencionalmente, eu posso me lembrar de coisas boas que
recebi ou vi naquela pessoa. Se assim fizermos, estaremos fazendo com
outras pessoas o que Deus resolveu fazer conosco. Estaremos, como
ensina Paulo ao filipenses, “ocupando nossa mente com coisas nobres e
dignas de louvor” (Fl 4.8). E com o tempo as coisas vão mudando em
nossos corações e, consequentemente, em nossos relacionamentos.
Pois é como C. S. Lewis escreve em Cristianismo Puro e Simples:
“Quando se comporta como se tivesse amor por alguém, você logo
começa a gostar dessa pessoa”.

O. T – Que assim seja para a glória de Deus e para o bem nossas casas e
irmãos. Depois de olharmos para Filemom, nos voltemos agora para:

II – Onésimo: Alguém que Precisa Receber Perdão (vv.10b-16)


Argumentação:
1. Nós já sabemos que Onésimo é um escravo que provavelmente roubou
Filemom e fugiu. Mas quem é Onésimo para Paulo? Entre os versos 10
e 14, nós lemos: “Apelo em favor de meu filho Onésimo, que gerei
enquanto estava preso. Ele antes era inútil para você, mas agora é útil,
tanto para você quanto para mim. Mando-o de volta a você, como se
fosse o meu próprio coração. Gostaria de mantê-lo comigo para que me
ajudasse em seu lugar enquanto estou preso por causa do evangelho.
Mas não quis fazer nada sem a sua permissão, para que qualquer favor
que você fizer seja espontâneo, e não forçado” (vv.10-14).
2. Do que lemos, o que podemos dizer de Onésimo? Nós podemos dizer
que ele é alguém alcançado por Cristo. Nas palavras do apóstolo,
“Onésimo é o filho que gerei enquanto estava preso”. Duas notas são
importantes. Primeiro, percebam que, embora o apóstolo esteja preso, o
evangelho de Cristo não está. Paulo continua pregando, e Deus
continua salvando. Segundo, Onésimo deve ter fugido da casa de
Filemom para Roma, pensando em se esconder na grande cidade. O
Espírito Santo, porém, o achou e o colocou diante da pregação do
evangelho. E o que aconteceu? Ele recebeu o evangelho com fé e, de
súbito, o escravo fugitivo se tornou escravo do Salvador amoroso!
3. Quem é Onésimo? Nós também podemos dizer, segundo o que lemos,
que ele é alguém transformado por Cristo. Bem, ele pode ter se tornado
inútil para Filemom, diante do que fez, mas, por causa do Cristo fez em
sua vida, Onésimo é agora alguém valioso para Deus e para Paulo.
“Mando-o de volta como se fosse meu próprio coração”. “Gostaria de
mantê-lo comigo para que ajudasse na causa do evangelho”.
4. Tem mais? Tem. Paulo nos conta nos versos 15 e 16: “Talvez ele tenha
sido separado de você por algum tempo, para que você o tivesse de
volta para sempre, não mais como escravo, mas muito além de escravo,
como irmão amado. Para mim, ele é um irmão muito amado, e ainda
mais para você, tanto como pessoa quanto como cristão” (vv.15,16).
5. Bem, quem é Onésimo agora? O que você percebeu? Onésimo é
membro da família de Deus. Paulo o chama de “irmão muito amado”, e
faz questão de dizer que é assim ele deve ser visto também por
Filemom. E o que aconteceu entre eles? Claro que Onésimo tem
responsabilidade. Em parte, é por isso que volta para casa com a carta
debaixo do braço. Mas notem também o que os estudiosos chamam de
“passiva divina”. Quando Paulo fala da separação entre Filemom e
Onésimo, ele emprega a voz passiva, sugerindo que nenhum dois foi o
responsável último. “Talvez ele tenha sido separado de você por algum
tempo”. Quem foi o resposável por esta separação? Foi Deus que, em
sua sabedoria e providência, levou Onésimo até Paulo, para que ali ele
fosse alcançado pelo evangelho!
6. Esse é Onésimo. Ele é o servou que roubou, fugiu e encontrou Paulo, e,
ao encontrar Paulo, ele encontrou Cristo e o caminho de volta para casa.
Aqui está ele, de pé à porta de Filemom, sem nada para oferecer,
merecendo apenas punição, mas desejando o perdão de seu patrão e
agora irmão em Cristo!
Aplicação:
1. Onésimo, então, é a foto de alguém que precisa de perdão. Será que
estamos no mesmo lugar? Também somos carentes de perdão? Claro
que somos. Primeiro, e antes de tudo, nós somos carentes do perdão
de Deus. Sabemos disso, mas será que nos sentimos perdoados? Você
já se apropriou do perdão de Deus, ou será que ainda vive na dúvida?
2. Certa jovem procurou o pastor Mark Dever, dizendo que estava se
sentindo culpada. Ela havia abortado um filho. Seus amigos diziam:
“Não se preocupe. Você deve estar sofrendo com algum tipo de
depressão pós-parto, mas logo vai passar. Você na fez nada do que
devia se envergonhar”. Porém, por mais que tentasse, não conseguia se
ver livre da culpa. Foi quando, conversando com o pastor, ela descobriu
que a culpa não era uma neurose que podia se apagada,
desprogramada ou suavizada. Sua consciência clamava por justiça
contra o que fizera, e ela precisava de perdão. E ela o encontrou em
Cristo, pois como Dever escreve: “Não podemos perdoar a nós mesmos,
pois nossos pecados são, em última instância, cometidos contra o divino
Criador e Juiz. Só Ele pode perdoar-nos, e Ele o fez quando satisfez sua
justiça por meio do sacrifício perfeito de seu Filho”!
3. Você já recebeu esse perdão? Você acredita que seus pecados foram
transferidos para a conta de Cristo, e que Deus, em Cristo, perdoou
você? Então por que ainda anda perturbado? Por que algumas
memórias nos assolam, gerando dúvidas em nossos corações? Eu amo
a história que Spurgeon sobre certo senhor que dizia ter conversado
com o Diabo. Segundo o relato, em um sonho, ele ouviu muitas
acusações de Satanás. “Como você pode ser um salvo diante de tudo o
que já fez? Ou você já se esqueceu”? A acusação pareceu durar horas .
Foi quando o senhor crente tomou a palavra e disse: “Você tem algum
problema com o perdão de Deus? Então fale com Ele. Fosse por mim,
talvez nem eu me perdoasse, mas por graça e amor, Deus me perdoou
em seu Filho Jesus Cristo”.
4. Sabe o que é isso? Substituição! Toda vez que o Diabo nos assaltar
com pensamentos negativos, com lembranças dos nossos pecados ou
com acusações quanto à nossa salvação, vamos substituir os
pensamentos com a memória do evangelho. Somos salvos pelo que
fizemos ou pelo que Deus fez em Cristo? Nós escolhemos a Deus ou foi
Ele quem nos escolheu? Somos nós quem amamos ao Senhor primeiro,
ou foi Ele quem primeiro nos amou? Estávamos todos perdidos em
nossos pecados, e erámos todos prisioneiros da condenação eterna,
mas Deus, em Cristo, resolveu nos perdoar!
5. É como crê? Você se vê como um pecador perdoado por Deus?
Horizontalizando a conversa agora, você se vê, como Onésimo, como
alguém que precisa do perdão de alguém? Como buscar o perdão do
cônjuge, dos pais, dos filhos ou dos irmãos em Cristo?
6. Ao procurar a pessoa contra quem pecou, apresente-se como um
pecador. Não se justifique. Não apresente desculpas. Não use meias
palavras. Confesse abertamente que você pecou e que reconhece a
necessidade de ser perdoado.
7. Depois, comprometa-se com o arrependimento. Qual é a ideia? Não
podemos nos dar por satisfeitos com o pedido do perdão. Nós
precisamos buscar mudanças que provem que nos importamos com a
pessoa contra quem pecamos. Não estou falando de perfeição. Não
tenho em mente que jamais cometeremos o mesmo pecado, ou que
nunca mais feriremos a mesma pessoa com o mesmo pecado. Pode
acontecer. Ainda assim, nós precisamos lutar por uma vida santa; nós
precisamos exibir uma santificação que progride, que cresce, que pouco
a pouco vai tomando-nos por inteiro e vai nos tornando mais belos aos
olhos de Deus e aos olhos da nossa família, irmãos e amigos!
8. Por fim, eu diria: se quer buscar e receber o perdão da pessoa contra
quem pecou, dependa de Deus. Creia que Ele pode operar no coração
dela tanto quanto Ele tem operado no seu! Você precisou de tempo para
perceber seu pecado? Precisou que alguém fosse paciente com você?
Faça o mesmo com a pessoa contra quem pecou. Dê-lhe um tempo.
Seja paciente. E dependa de Deus. Ele não falhará!

O. T – Filemom é a foto de alguém que pode oferecer perdão. Onésimo é a


foto de quem precisa receber perdão. E Paulo? Como podemos vê-lo aqui?

III – Paulo: Alguém que Pode Facilitar o Perdão (vv.17-22)


Argumentação:
1. Nos versos 17, 18 e 19, o apóstolo escreve: “Assim, se você me
considera companheiro na fé, receba-o como se estivesse recebendo a
mim. Se ele o prejudicou em algo ou deve alguma coisa a você, ponha
na minha conta. Eu, Paulo, escrevo de próprio punho: eu pagarei – para
não dizer que você me deve a prórpria vida” (vv.17-19).
2. Eis Paulo, o pacificador. Para facilitar o perdão, o apóstolo se faz objeto
do próprio apelo: “Filemon, receba-o como se estivesse recebendo a
mim”. Alguém escreveu: “Não conseguimos imaginar Filemom tratando
Paulo como um servo, mas será que conseguimos imaginar Filemom
recebendo Onésimo como se fosse o apóstolo”? É o que Paulo está
pedindo a Filemom ao se colocar no lugar de Onésimo.
3. Para facilitar o perdão nesta igreja amada, o apóstolo está disposto a
gastar: “Se Onésimo lhe deve alguma coisa, Filemom, ponha na minha
conta”. Ninguém em toda a Roma gastaria para salvar um escravo
fugitivo e ladrão. Mas Paulo não é apenas cidadão de Roma. Ele
também é cidadão do Reino de Deus. Com o que o Rei Jesus fez na
cruz, o apóstolo aprendeu a carregar os fardos pesados de seus irmãos.
4. Tem mais? Tem. Nos versos 20, 21 e 22, Paulo ainda escreve: “Sim,
irmão, eu gostaria de receber de você algum benefício por estarmos no
Senhor. Reanime o meu coração em Cristo! Escrevo certo de que você
me obedecerá, sabendo que fará ainda mais do que lhe peço. Além
disso, prepare-me um aposento, porque, graças às suas orações,
espero poder ser restituído a vocês” (vv.20-22).
5. O pacificador não apenas está disposto a dar algo para facilitar o
perdão. Ele também espera receber algo de seu irmão. “Filemom,
reanime o meu coração em Cristo. Faça mais do que estou lhe pedindo”.
E, por fim, Paulo ainda promete supervisionar a situação: “Filemom,
prepare-me um aposento”. Ao deixar a prisão domiciliar de Roma, o que
o apóstolo faria? Ele podia tirar férias. Podia plantar uma nova igreja.
Mas não é o que parece estar em sua mente. Ao ser liberto da prisão,
Paulo quer ver a resolução deste conflito com os próprios olhos!
Aplicação:
1. Você não acha tudo isso muito interessante? Então por que não imita o
apóstolo no trabalho de pacificador? “Mas como, pastor? Como eu
posso facilitar o perdão entre meus familiares e irmãos em Cristo”?
2. Se é o que quer, como o apóstolo, você precisa estar perto das
pessoas. Paulo está preso, mas, por meio de uma carta, ele está
tentando se aproximar de dois irmãos em conflito. Você se parece com
ele? Você também se aproxima? Também se envolve com pessoas em
conflito, ou será que prefere viver longe de problemas?
3. Se não se parece com Paulo, você também não se parece com Cristo!
Ou você esqueceu o que Ele fez por nós? Estávamos envolvidos em um
conflito que jamais poderíamos resolver. O que Cristo fez? Ele virou o
rosto? Passou para o outro da rua? Se fechou em seu próprio conforto?
Claro que não. Para resolver nosso conflito com Deus, Cristo mergulhou
nele; Ele se aproximou e se identificou conosco na cruz!
4. Isso é especialmente importante para os pastores da família e para os
líderes de nossa igreja. Ocupar um posto de liderança é se envolver com
resolução de conflitos. Se o seu pretende prefere fugir, se ele não sabe,
nem quer aprender a lidar com conflitos, fuja dele também. Se você quer
casar, se quer se marido e pai, você precisa abraçar e se preparar para
uma vida de conflitos. E se quer liderar o povo de Deus conosco, você
precisa estar disposto a gastar-se na luta por perdão.
5. Anos atrás estávamos para ter uma eleição de oficiais e muitos haviam
apontado certo irmão. Mas ele sequer aceitou a indicação, pois quando
surgiu o primeiro conflito, ele pediu para deixar a igreja e me disse:
“Pastor, eu não quero me envolver com problemas de igreja”. E ele quer
liderar como, queridos? Será que não temos conflitos a resolver na
família? Por que não podemos nos resolver os da igreja também?
6. Parte disso se dá por meio do exemplo. Como líderes na família e na
Igreja, nós devemos exibir uma vida de perdão. É o que Paulo está
pedindo a Filemom, e é o que Deus espera de nós. Nossos filhos estão
observando, e os irmãos do Pequeno Grupo precisam aprender. Parte
disso se dá por meio do ensino. Nossos filhos sabem o que é perdoar?
Nossos irmãos sabem que devemos perdoar como Deus nos perdoou:
sem impor condições e sem esperar garantias? Eles sabem como
buscar o perdão? Sabem que é preciso confessar e abandonar o
pecado? Sabem que podem contar com sua ajuda e, principalmente,
com a ajuda do Espírito Santo?
7. Sim, queridos. Nós podemos contar com o Espírito Santo. Se Cristo é
o Sumo Sacerdote que pode se compadecer dos que sofrem por causa
dos conflitos, o Espírito é Aquele que pode nos dar poder para buscar e
receber perdão. Se é assim, o que estamos esperando? Como
facilitadores do perdão, como Paulo, nós precisamos estar em oração
por nossos familiares e irmãos. O que não conseguimos realizar, o
Espírito pode, para a glória de Deus e para o bem do povo de Deus.
8. Orar por seu cônjuge, orar por seus filhos, orar por seus irmãos da igreja
que estão em conflito é a melhor coisa que você pode fazer por eles. Era
o que Paulo fazia, enquanto estava preso e longe de Filemom. Ele
escrevia e orava, crendo na atuação do Santo Espírito de Deus! Creia
você também! O Espírito pode operar o perdão em sua casa, e Ele pode
promover a resolução de conflitos em nossa igreja como resposta às
suas orações. Então, ore. Oremos todos, crendo no poder do Espírito!

CONCLUSÃO
1. Afinal, é resolver conflitos que queremos, não é? É o que o apóstolo
Paulo também quer com esta epístola. Mas é claro que ele sabe que
não se trata de algo simples. Por isso, ao descer as cortinas desta
pérola do Novo Testamento, Paulo ainda nos oferece mais ajuda. Ele
escreve, versos 23, 24 e 25:
2. “Epafras, meu companheiro de prisão por causa de Cristo Jesus, envia
saudações, assim como também Marcos, Aristarco, Demas e Lucas,
meus cooperadores. A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o espírito
de todos vocês” (vv.23-25).
3. É como se estivesse dizendo: “Filemom, eu sei que perdoar não é fácil.
Mas saiba que todos nós estamos torcendo e orando por vocês. E conte
com a graça do Senhor Jesus, meu irmão. Ela é suficiente para resolver
qualquer conflito; é poderosa para fazer nascer perdão no mais duro dos
corações”!
4. Você crê? Eu comecei com C. S. Lewis, e agora vou terminar com ele,
contando uma história que já é conhecida de muitos. Escrevendo a seu
melhor amigo, Lewis disse: “Finalmente consegui perdoar o professor
que tornou minha infância uma escuridão. Levou 30 anos, mas sinto que
agora o perdoei de verdade. E antes que me julgue, lembre-se de duas
coisas. Primeiro, eu não sou um anjo. Eu sou um cristão que ainda luta
contra os próprios pecados. Segundo, e, talvez ainda mais importante,
saiba que o problema não é não conseguir perdoar. O problema é não
desejar fazê-lo, pois Deus sabe o que desejamos e também sabe o que
não conseguimos sozinhos. Se estiver lutando para perdoar, orando,
desejando, seu coração estará sempre seguro diante de Deus”!
5. Queridos irmãos, eu sei que não é fácil. Mas vamos contar com a ajuda
da igreja. Vamos contar, muito mais, com a ajuda de Deus.
Perseveremos em oração. Sigamos desejando. Sejamos facilitadores e
estejamos certos de que Deus pode operar perdão em nosso meio!

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