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Filemon 1-25
INTRODUÇÃO
1. Em um dos livros do nosso boletim, Ken Sande escreve: “Os cristãos
deveriam ser as pessoas mais perdoadoras do mundo. Por quê? Porque
eles são as pessoas mais perdoadas do mundo”.
2. Você concorda com ele? Eu tenho que dizer que faz muito sentido.
Porém, nós sabemos que não é tão fácil assim. Como colocou C. S.
Lewis: “O perdão é uma ideia linda até que tenhamos que praticá-lo”. Os
dois autores estão corretos. O perdão é difícil, mas também é bíblico e
como tal é poderoso para resolver muitos conflitos!
3. É o que temos nesta preciocisade do Novo Testamento. Para começar,
vamos ler os 3 primeiros versículos.
ELUCIDAÇÃO
1. A partir do que lemos, nós podemos afirmar que Paulo e Timóteo são os
autores desta carta. Paulo, um prisioneiro em Roma, ditou, e Timóteo,
seu assistente, a redigiu. Nós também podemos dizer que esta carta é
endereçada a Filemom, Áfia, Arquipo e à igreja que se reúne na casa de
Filemom. Ou seja, embora o conteúdo da carta trate de uma situação de
Filemom, ela acabará abençoando a igreja toda.
2. Por quê? Por que Paulo e Timóteo escreveram esta pequena epístola?
Qual é o propósito de Filemom como Palavra de Deus? Promover o
perdão entre alguns irmãos e ensinar a igreja a buscar o perdão. E é por
isso vamos estudá-la. Se queremos resolver nossos conflitos, nós temos
de praticar o perdão!
PROPOSIÇÃO
PARA RESOLVER CONFLITOS, NÓS TEMOS QUE PRATICAR O PERDÃO!
O. I – Como? E como esta carta pode ajudar?
O. T – Embora 12 pessoas apareçam no texto, eu quero destacar apenas 3,
pois elas são fotos do perdão de que precisamos. Primeiro temos:
I – Filemom: Alguém que Pode Oferecer Perdão (vv.4-10a)
Argumentação:
1. Entre os versos 4 e 7, nós lemos: “Sempre dou graças a meu Deus,
lembrando-me de você nas minhas orações, porque ouço falar da sua fé
no Senhor. Oro para que a comunhão que procede da sua fé seja eficaz
no pleno conhecimento de todo o bem que temos em Cristo. Seu amor
me tem dado grande alegria e consolação, porque você, irmão, tem
reanimado o coração dos santos” (vv.4-7).
2. É uma oração. Primeiro, o apóstolo está dando graças a Deus. Ao se
lembrar de Filemom, Paulo agradece ao Pai por sua fé no Senhor e por
seu amor pelos santos. Filemon, então, é alguém que tem uma fé viva e
operante, para usar a linguagem de Tiago. Ele creu no Deus que fez por
ele em Cristo e, em resposta, ele tem feito o que pode para receber,
cuidar e animar os crentes em sua própria casa.
3. Por tudo isso, o apóstolo Paulo dá graças ao Senhor. Além de
agradecer, o apóstolo faz uma intercessão. “Eu oro para que a
comunhão que procede da sua fé seja eficaz”. Ao que tudo indica, como
notam alguns comentaristas, “essa intercessão geral é uma preparação
para uma intercessão específica”. É como se Paulo estivesse dizendo:
“Filemon, minha oração a Deus é que seu amor pelos santos agora se
torne eficaz para perdoar e amar um santo que pecou contra você”.
4. De quem estamos falando? Os versos 8, 9 e 10 registram: “Por isso,
mesmo tendo em Cristo plena liberdade para mandar que você cumpra
o seu dever, prefiro fazer um apelo com base no amor. Eu, Paulo, já
velho, e agora também prisioneiro de Cristo Jesus, apelo em favor de
meu filho Onésimo” (vv.8,9,10a).
5. Mais cedo, Paulo falou do amor de Filemom por todos os santos. Aqui,
porém, ele dá um zoom, ele fecha a câmera em Onésimo, um escravo-
empregado que provavelmente roubou o patrão e depois fugiu. E
percebam algo. Como apóstolo, Paulo podia exigir que Filemom, um
discípulo, cumprisse com o seu dever. Contudo, não é o que faz. O
apóstolo apela para o amor. “Filemom, eu tenho ouvido e sou grato a
Deus por seu amor por todos os santos. Agora, eu oro e peço que você
ame e perdoe Onésimo, um pecador alcançado pela graça”!
Aplicação:
1. Será que ele vai perdoar? De novo, não é tão fácil; não é tão simples. O
pastor Mark Dever escreve: “No mundo antigo, perdão não era algo
considerado louvável. Filemom não seria engradecido. Perdoar Onésimo
seria visto como sinal de fraqueza; podia lhe trazer vergonha na
sociedade romana; e ainda podia incentivar outros empregados a
proceder da mesma forma”. Acrescente à isso os sentimentos de
Filemom e tenha certeza de que não era nada fácil! Não é diferente
conosco. Então, como podemos praticar o perdão diante dos que nos
ofenderam e nos feriram?
2. Primeiro, tenhamos em mente o que é perdoar. Perdoar não é sentir.
Certamente pode afetar os sentimentos, mas perdoar não depende de
sentir. Perdoar também não significa esquecer. Deus não esquece de
nossos pecados. Ele decide não se lembrar. Ele decide não usá-los
contra nós. Perdoar não é desculpar. Desculpar é o que fazemos diante
de um engano ou acidente. Perdoar envolve o reconhecimento de que
um pecado foi cometido. É diferente, percebem? Então, o que é
perdoar? Biblicamente falando, “perdoar é um ato da vontade; é uma
decisão de não pensar ou falar do que alguém fez; é um cancelamento
de dívida a fim de que a restauração do relacionamento triunfe”.
3. Do que você se lembra ao ouvir tudo isso? Claro, de Deus! E aqui temos
grande ajuda. Se quer perdoar alguém de verdade, você precisa
manter o perdão de Deus diante de seus olhos! É o que Paulo está
tentando fazer com Filemom. “Filemom, eu sou grato a Deus por sua fé
no Senhor e por seu amor pelos santos. Diante deste novo desafio, não
mude a direção. Continue olhando com fé para o amor perdoador de
Deus. Você sabe que, por graça e amor, Ele o perdoou em Cristo”.
4. Você também sabe disso. E eu também sei. Deus não nos impôs
condições para termos seu perdão. Ele não exigiu que fizéssemos algo
para merecê-lo; não exigiu que Lhe oferecessémos alguma garantia de
que jamais voltaríamos a cometer os mesmos pecados. Pelo contrário,
em sua Palavra, Deus nos diz por meio de João: “Se afirmarmos que
estamos sem pecado, enganamos a nós mesmos, e a verdade não está
em nós. Porém, se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo
para perdoar nossos pecados e nos purificar de toda a injustiça” (1Jo
1.8,9).
5. Então, eu pergunto: É assim que tratamos nossos familiares e irmãos?
Nós damos aos outros o que recebemos de Deus por graça e amor?
Será que de fato podemos orar como Jesus nos ensinou: “Pai, perdoa
as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores”? Um
comentarista escreve: “O perdão de Deus não depende do nosso
perdão, mas não podemos esperar receber o que não estams dispostos
a dar. Fechar a mão para perdoar alguém é fechar a mão para receber e
desfrutar o perdão de Deus”!
6. Outra ajuda que posso oferecer aos que tem dificuldade para perdoar
vem do livro que citei ao início. Ken Sande a chama de “princípio da
substituição”. Se alguém nos feriu profundamente, as memórias
podem ficar voltando por dias, meses e até anos. O que fazemos? Nós
imitamos o Deus perdoador que temos. De novo, Ele não se esquece do
que fizemos. Ele decide não lembrar. É o que temos que fazer por meio
da substituição. De modo consciente e obediente a Deus, nós decidimos
trocar pensamentos negativos por pensamentos positivos.
7. A título de exemplo, toda vez que me vem uma memória negativa sobre
a pessoa que me feriu, eu posso orar pedindo que Deus me ajude a
imitá-Lo. Intencionalmente, eu posso me lembrar de coisas boas que
recebi ou vi naquela pessoa. Se assim fizermos, estaremos fazendo com
outras pessoas o que Deus resolveu fazer conosco. Estaremos, como
ensina Paulo ao filipenses, “ocupando nossa mente com coisas nobres e
dignas de louvor” (Fl 4.8). E com o tempo as coisas vão mudando em
nossos corações e, consequentemente, em nossos relacionamentos.
Pois é como C. S. Lewis escreve em Cristianismo Puro e Simples:
“Quando se comporta como se tivesse amor por alguém, você logo
começa a gostar dessa pessoa”.
O. T – Que assim seja para a glória de Deus e para o bem nossas casas e
irmãos. Depois de olharmos para Filemom, nos voltemos agora para:
CONCLUSÃO
1. Afinal, é resolver conflitos que queremos, não é? É o que o apóstolo
Paulo também quer com esta epístola. Mas é claro que ele sabe que
não se trata de algo simples. Por isso, ao descer as cortinas desta
pérola do Novo Testamento, Paulo ainda nos oferece mais ajuda. Ele
escreve, versos 23, 24 e 25:
2. “Epafras, meu companheiro de prisão por causa de Cristo Jesus, envia
saudações, assim como também Marcos, Aristarco, Demas e Lucas,
meus cooperadores. A graça do Senhor Jesus Cristo seja com o espírito
de todos vocês” (vv.23-25).
3. É como se estivesse dizendo: “Filemom, eu sei que perdoar não é fácil.
Mas saiba que todos nós estamos torcendo e orando por vocês. E conte
com a graça do Senhor Jesus, meu irmão. Ela é suficiente para resolver
qualquer conflito; é poderosa para fazer nascer perdão no mais duro dos
corações”!
4. Você crê? Eu comecei com C. S. Lewis, e agora vou terminar com ele,
contando uma história que já é conhecida de muitos. Escrevendo a seu
melhor amigo, Lewis disse: “Finalmente consegui perdoar o professor
que tornou minha infância uma escuridão. Levou 30 anos, mas sinto que
agora o perdoei de verdade. E antes que me julgue, lembre-se de duas
coisas. Primeiro, eu não sou um anjo. Eu sou um cristão que ainda luta
contra os próprios pecados. Segundo, e, talvez ainda mais importante,
saiba que o problema não é não conseguir perdoar. O problema é não
desejar fazê-lo, pois Deus sabe o que desejamos e também sabe o que
não conseguimos sozinhos. Se estiver lutando para perdoar, orando,
desejando, seu coração estará sempre seguro diante de Deus”!
5. Queridos irmãos, eu sei que não é fácil. Mas vamos contar com a ajuda
da igreja. Vamos contar, muito mais, com a ajuda de Deus.
Perseveremos em oração. Sigamos desejando. Sejamos facilitadores e
estejamos certos de que Deus pode operar perdão em nosso meio!