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©2011 por George Antonio

Todos os direitos reservados.

O autor não autoriza citações deste livro em trabalhos acadêmicos ou qualquer outro trabalho de

natureza científica. O objetivo do autor ao escrever foi alertar a igreja sobre tais práticas repugnantes. É uma

mensagem direcionada a um público específico, a igreja cristã.

Foi lançado em 2011, mas não foi lançado oficialmente. Era vendido somente pelo autor. Agora foi digitalizado

para distribuição gratuita, em pdf. Caso você concorde, envie para mais pessoas.

171 - Estelionato Espiritual

São Luís/MA, 2011

Os textos bíblicos utilizados neste livro são da Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional, exceto

quando outra versão é indicada:

ACF - Almeida Corrigida e Fiel, da Sociedade Bíblica Trinitariana;

ARA - Almeida Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil;

ARC – Almeida Revista e Corrigida, da Sociedade Bíblica do Brasil;

BJ – Bíblia de Jerusalém, da Editora PAULUS;

BV – Bíblia Viva, da Editora Mundo Cristão;

EC - Edição Conteporânea de Almeida, da Editora Vida;

KJA – Bíblia King James Atualizada, da Sociedade Bíblica Ibero-Americana.

Contatos e pedidos (grátis):

WhatsApp: 98 98805 3067

pdageorgeantonio@hotmail.com

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Dedico este livro aos novos
obreiros, aqueles que ainda estão nas mãos do Oleiro,
sendo preparados para a obra dos últimos dias.
____________Sumário

Introdução .................................. 11
1. Hipnotizar para devorar ............................ 13
A caracterização do Estelionato Espiritual e as
técnicas usadas pelos golpistas .................... 17
Ele me dá a oferta do culto? ................... 26
2. A oferta da viúva pobre ............................ 29
3. O comércio dos amuletos mágicos .................... 33
“Os fins justificam os meios?” .................. 37
4. Viver pela fé ....................................... 39
5. Deus quis matá-lo! ................................ 49
A morte de Uzá ................................ 53
6. Iludidos pelas riquezas ............................. 59
A sedução das riquezas ......................... 63
7. Dignos de dupla honra ............................. 73
Últimas considerações ........................ 79
O azeite não cessará .................. 82
Introdução
171 é o artigo do Código Penal Brasileiro que tipifica o crime de
Estelionato. Assim o descreve o referido Código:

Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou
qualquer outro meio fraudulento.
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

Estelionato, do latim "stellionatus", da raiz "stellio", que é o nome


de uma espécie de lagarto conhecido por mudar de cor para ficar
despercebido no ambiente em que se encontra. A mudança de coloração
da pele o ajuda tanto na caça à sua presa quanto na defesa contra seus
predadores.
É conhecido como o crime do colarinho branco. O criminoso não
toma, não ameaça nem causa à vítima qualquer constrangimento físico
na hora do ataque, apenas a induz ou a mantém em erro, mediante
artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento.
É o golpista, o bom de lábia, que enfeitiça sua presa, ganhando
sua confiança de tal modo que esta se desfaz de seu patrimônio,
entregando-o satisfeita e confiadamente ao criminoso. É o mais
inteligente dos criminosos.
Em síntese, o que caracteriza fundamentalmente o crime de
Estelionato é o ato de viciar a vontade da vítima, que se desfaz do que é
seu, equivocada quanto à realidade; entrega o que tem por sua própria
vontade, haja vista ter sido envolvida e enfeitiçada pela história
enganosa do criminoso.
Isto posto, o que poderíamos chamar de Estelionato Espiritual?
Será que existe 171 em Igrejas evangélicas?
Pode parecer novo, mas a Bíblia nos mostra Jesus expulsando
alguns estelionatários do Templo, veja:
“Mais tarde, entrando no templo, começou a expulsar os que ali estavam
negociando, repreendendo-os: Está escrito! A minha Casa será Casa de oração.
Porém vós a transformastes num covil de estelionatários!” (Lucas 19.45,46 -
KJA).

A expressão estelionatários, usada pela Bíblia King James, é a


tradução que melhor explica o tipo de pecado que os negociantes do
Templo praticavam. Não se tratava de furto ou roubo, mas de
estelionato.
Neste livro, quero analisar com o amado leitor o que poderíamos
chamar de Estelionato Espiritual, ou seja, quais atitudes caracterizam
o vício da vontade de quem oferta na casa do Senhor. Aprenderemos
ainda a identificar um ministro 171, ou seja, um estelionatário
espiritual.
Aperte o cinto!
Primeiro capítulo

Hipnotizar para devorar


“Quando estive entre vocês e passei por alguma necessidade, não
fui um peso para ninguém; pois os irmãos, quando vieram da
Macedônia, supriram aquilo de que eu necessitava. Fiz tudo para
não ser pesado a vocês, e continuarei a agir assim” (II Coríntios
11.9).

“Paulo usa uma expressão muito rara em grego para construir uma
metáfora em relação ao procedimento dos falsos apóstolos. O termo, aqui
traduzido por “pesado”, tem a ver com a atitude predatória de um peixe oriental
que primeiro paralisa (hipnotiza) sua presa para, em seguida, devorá-la
tranquilamente”1. Este comentário é uma nota de rodapé da Bíblia King
James Atualizada, do texto bíblico acima.
Além desse peixe oriental, vive na América Central uma espécie
de cobra que usa a mesma arma para capturar sua presa. É a jararaca.
Ela hipnotiza a presa antes de atacá-la. É uma víbora de origem asiática
muito eficiente no ataque.
Em suas emboscadas, ela estende sua calda a certa distância e,
com movimentos característicos, simula uma minhoca. O movimento da
calda atrai (ou hipnotiza) a rã, que fixa seu olhar na “minhoca”. A presa
fica tão envolvida com o movimento da calda, que nem percebe a
presença da cobra, e cai na armadilha. Tal é o estado de hipnose que a
rã ataca a ponta da calda da víbora, para comê-la, momento em que é
atacada pelo seu predador, que injeta logo o veneno imobilizador e a
devora. Tenhamos cuidado com as cobras!
As víboras são predadores muito eficientes. Seus corpos, seus
movimentos e suas maneiras de agir lhe dão vantagens em suas
emboscadas. São eficientes na arte de ludibriar e enganar. Uma boa
camuflagem tira todas as armas de defesa da presa.
O dicionário de Aurélio conceitua Hipnose como sendo o estado
mental semelhante ao sono, provocado artificialmente, e no qual o
indivíduo continua capaz de obedecer às sugestões feitas pelo
hipnotizador. Esse nome vem de um deus da mitologia grega, Hypnos, o
Sono. Ele era irmão gêmeo de Tânatos, a Morte. Ambos eram filhos de
Nyx, a Noite.
Hipnotizador é aquele que faz a vítima adormecer, e Paulo
chamou aqueles falsos obreiros de hipnotizadores. O apóstolo identificou
a poderosa arma deles – a hipnose. Balançando a “ponta da calda” para
distrair seus ouvintes, os falsos obreiros contavam histórias
fraudulentas a fim de engabelar a igreja e convencê-la a dar-lhes tudo
quanto cobiçavam, sobretudo dinheiro.
Vemos que os estelionatários já agiam naquele tempo. Histórias
lindas e sensibilizadoras eram (e são) contadas nos púlpitos. Eu e você
já caímos várias vezes em muitas delas; não se admire disto! Eles têm
aparência de homens piedosos, conhecem muito bem a teologia bíblica,
são emocionalistas, nos levam facilmente às lágrimas, e eu e você
entregamos todo o dinheiro da carteira, e retornamos sorridentes e
confiantes de que respondemos a um chamado do Senhor para ofertar
daquela forma. O que não sabíamos é que acabávamos de entrar para a
estatística dos milhões de vítimas dos estelionatários espirituais.
Alguns dão carro, casa, todo o salário do mês, todo o dinheiro da
carteira, todo o sustento da família, e chegam até mesmo a pensar que
tiveram fé da mesma forma como teve aquela pobre viúva (Mc 12.41-44).
Falaremos dela posteriormente.
O problema vem depois. Os hipnotizadores levam tudo que foi
arrecadado nas ofertas e vão embora. Tem-se registro de pregadores que
levaram 10, 20 e até 30 mil reais de ofertas de uma reunião. Os pastores
já tinham dado a palavra que dariam toda a oferta da reunião, tem que
repassar tudo, para honrarem a palavra.
O povo de nada sabe acerca de valores; só consegue ver o estrago
no bolso. É estrago mesmo, porque o diabo faz isto quando abrimos
brecha para ele (João 10.10). Sejamos mais sábios nisto!
Certa feita, vi um pastor estarrecido com algo que presenciou na
Igreja que pastoreia. Ele havia aceitado a proposta de um pregador, que
pastoreia uma igreja em outro Estado, de dar-lhe toda a oferta do culto.
Este pregador foi convidado para pregar numa Igreja em nosso Estado
e, em razão de já estar aqui, ligou para alguns pastores para arrumar
agendas.
Pois bem, a palavra do pastor para mim foi: George, rapaz quando
acabou o culto o pastor desceu e foi direto para a secretaria, parecendo
um urubu, atrás do dinheiro da oferta!
Estarrecido e decepcionado com aquele ministro, que é um dos
pregadores de um grande congresso realizado neste país, disse-me que
não consegue compreender como ainda aconteceram algumas curas e
revelações na reunião.
Como somos facilmente enganados! Sobre este tipo de revelação
temos bons exemplos na Bíblia. É o caso de Balaão (Números 23.5) e do
“profeta velho” (I Reis 13.11,20), que receberam revelações divinas
mesmo com a vida totalmente desviada da presença do Senhor.
Sobre curas, foi o próprio Jesus quem nos alertou, dizendo que
“Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos em teu
nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos
milagres?” (Mateus 7.22). Veja a resposta do Senhor para estes obreiros:
“Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim
vocês, que praticam o mal!” (versículo 23).
Acontece que, o pecado destrói a natureza espiritual, mas as habilidades
naturais do homem permanecem. Mesmo com o coração completamente
voltado para as coisas materiais, sobretudo riquezas, eles ainda têm
eloquência e conhecimento bíblico, com os quais podem provocar
emoções e encorajar alguns a crerem em curas e milagres; e isto pode vir
a acontecer. As revelações e outras manifestações sobrenaturais são
mistérios que estamos muito aquém de ter um entendimento completo
das suas manifestações, como o admirável caso do profeta velho, citado
acima, e Balaão. Leia com atenção os textos que narram estes casos.
Devemos saber que manifestações de dons sobrenaturais não é
atestado de santidade, conforme você viu nos exemplos acima (leia e
analise você mesmo).
Veja que a exortação de Paulo a Timóteo é para que ele seja um
obreiro APROVADO (II Timóteo 2.15). Lembre-se que Deus usa até
seres irracionais, tais como jumenta (Números 22.28), corvo (I Reis
17.6), peixe (Jonas 1.17), galo (Lucas 22.60).
A avidez por profecias caracteriza a insegurança na Palavra e,
muitas vezes, peso de consciência em alguma área da vida do crente.
Quando tomamos conhecimento de alguns ministros que pregam
e acontecem coisas sobrenaturais, tais como curas, milagres,
manifestações demoníacas e revelações, logo somos impulsionados a
convidá-los para ministrar em nossa congregação. Ficamos facilmente
impressionados com estas coisas e com belos sermões. Vemos nos DVDs
os “conferencistas” e nos esquecemos de orar quando desejamos convidar
um pregador para uma festividade em nossa congregação. Veja o que diz
Leonard Ravenhil, em seu livro Por que tarda o pleno avivamento?

“Ninguém precisa ser espiritual para pregar, isto é, a preparação e


pregação de um sermão perfeito segundo as regras da homilética e com
exatidão exegética, não requer espiritualidade. Qualquer um que
possua boa memória, vasto conhecimento, forte personalidade,
vontade, autoconfiança e uma boa biblioteca pode pregar em
qualquer púlpito hoje em dia. E uma pregação dessas pode sensibilizar
as pessoas”2.

E o Espírito do Senhor já nos alertou: “Tende cuidado, para que


ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas...”
(Colossensses 2.8 - ACF).

A caracterização do Estelionato Espiritual e as técnicas usadas pelos golpistas

Todo argumento que vicia a atitude de ofertar é contrário aos


ensinamentos bíblicos; tem a reprovação divina; portanto, é pecado – é
Estelionato Espiritual. Na ministração deste importante serviço deve
haver sobriedade. O ministrante deve estar plenamente consciente de
sua atitude, pois como vimos anteriormente, a hipnose é caracterizada
pelo estado de “sono”, falta de lucidez. Deus quer seu povo sóbrio e
vigilante o tempo todo. Ele nos deu o seu Espírito para nos guiar na
verdade, não pelas emoções.
Se oferto comovido ou impressionado por algum discurso, não o
faço conforme a vontade de Deus, sobretudo quando é suscitada no
coração a perspectiva de recompensa pelo serviço prestado. Veja o
conselho de Paulo:

“Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza ou


por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria” (II Coríntios 9.7
– ARC).

Há muita discussão sobre a obrigatoriedade de dizimar e ofertar


no Novo Testamento. Muitos são os que argumentam a favor; mas há os
contrários. Não vou entrar aqui nesta discussão, quero apenas deixar
claro o que todos concordam. Mas creio plenamente no dever cristão de
dizimar e ofertar. Posso esclarecer isso aos que desejarem saber mais.
Qualquer serviço que ministrarmos ao Senhor deve ser motivado
por amor e gratidão, nunca por desejo de recompensa. Ir à casa do
Senhor negociar é pecado, e Jesus expulsa esse tipo de gente (Lucas
19.45). O Senhor já nos disse: “O que usa de engano não ficará dentro da
minha casa” (Salmo 101.7 - ARC).
Lembra daquelas orações, após a colheita das ofertas, pedindo
para o Senhor abençoar, recompensar, abrir porta e outras bênçãos? É
uma prova clara da ideia errônea que se tem hoje do que é ofertar na
Casa do Senhor. Ofertar para alguns é investir; é aplicar, com
perspectivas em retornos lucrativos. Como o irmão que disse ao seu
pastor, após entregar a décima parte dos seus ganhos: “Pastor, levanta
esse dinheiro para o céu e ora, pois ainda neste mês eu quero que Deus
abra uma porta de emprego”. Outro saiu da igreja que frequentava,
porque entendeu que seus negócios financeiros não iam bem.
Os estelionatários espirituais fazem um raspa na vida daqueles
que foram ensinados a ofertar como forma de negociar com Deus. E não
se engane, o negócio na casa de Deus hoje tem outros nomes: campanha
de curas, milagres e libertações onde há depósito de envelopes com
dinheiro e ministrações de ofertas direcionadas. Também é negócio a
atitude descrita acima, quando entregamos nossa oferta, ou dízimo,
pensando no retorno financeiro ou outro. Apesar de acharem que esta
atitude de ofertar em troca de algum benefício traz alguma vantagem,
isto se constitui numa porta aberta aos demônios devoradores.
Criou-se muitos mitos sobre a atitude de ofertar. Oferta-se hoje
sem compromisso e sem obediência à Palavra. Oferta-se hoje,
principalmente, como forma de barganha, em troca de favores. Ofertar
hoje em algumas Igrejas já é até status, pois os que dão mais recebem
carteirinhas diversificadas, botões de ouro, insígnias e honrarias. No
meio do culto, o líder diz: “Quem dar 500?”. Veremos algo sobre isto um
pouco mais adiante.
Os que crêem que não há obrigatoriedade na entrega dos dízimos
e ofertas sob a Nova Aliança, baseiam-se na atitude de Abraão, quando
o fez por gratidão e amor. A obrigatoriedade, argumentam, foi imposta
pela Lei de Moisés, e esta [a torá] teve seu fim no Messias (Hebreus
8.6,7). Portanto, o sustento da obra torna-se uma atitude cristã que flui
de um coração grato e amoroso, nunca de um dever. Entre os que
entendem assim, os estelionatários não têm muito êxito.
Os defensores, de outra forma, asseguram que se o dízimo
começou com Abraão, então é anterior à Lei, portanto deve ser praticado.
Ele se reveste de obrigatoriedade, argumentam, pela regulamentação
mosaica, confirmada posteriormente pelo Messias, na expressão abaixo:

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do


endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a
saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem
omitir aquelas” (Mateus 23.23 – ARA - grifo nosso).

Veja que Abraão deu o dízimo a Melquisedeque, um Sacerdote de


Deus que veio ao seu encontro (Gênesis 14.17-20). Portanto,
simbolicamente, o dízimo foi dado para o sustento do ministro e da obra
de Deus na terra.
Sob a Lei de Moisés, trazer todos os dízimos e ofertas era
responsabilidade do povo de Deus. Todos os dízimos e ofertas estavam
prescritos em forma de ordenança, e tinham finalidades específicas: o
sustento do ministério e a manutenção do culto. E entre essas
finalidades não constava o enriquecimento de ministros, mas apenas o
sustento. A herança dos ministros do Senhor não era constituída de bens
materiais, mas era o próprio Senhor. Veja:
“Os levitas sacerdotes, e toda a tribo de Levi, não terão parte nem herança
com Israel. Comerão das ofertas queimadas do Senhor e da herança dele. Não
terão herança no meio de seus irmãos; o Senhor é a sua herança, como lhes
tem dito” (Deuteronômio 18.1,2 – ARA - grifo do autor).

Até aos que seriam, no futuro, constituídos rei sobre Israel, o


Senhor alertou sobre o acúmulo de riquezas (Deuteronômio 17.14-20).
O que não vemos em nossos dias os homens de Deus pregando e
ensinando, Jesus devotou considerável atenção. Ele falou sobre o
dinheiro e o perigo das riquezas.

“Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os


consomem, e onde os ladrões minam e roubam... Porque onde estiver o
teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mateus 6.19,21 - ARA).

“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar


o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir
a Deus e às riquezas” (Mateus 6.24 - ARA).

“Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!”


(Marcos 10.23 - ARA).

“Mas ai de vós que sois ricos! Porque já recebestes a vossa consolação”


(Lucas 6.24 - ARA).

“Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do


homem não consiste na abundância das coisas que possui” (Lucas 12.15 -
ARA).

O apóstolo Paulo diz a Timóteo que o bispo não deve ser


“ganancioso” (I Tm 3.3). Ao bispo da ilha de Creta ele escreve que é
necessário que o bispo não seja “cobiçoso de torpe ganância” (Tito 1.7).
Esta mesma recomendação é dada aos diáconos, em (I Timóteo 3.8). Veja
outras recomendações a este respeito:

“Seja a vossa vida isenta de ganância, contentando-vos com o que tendes;


porque ele mesmo disse: Não te deixarei, nem te desampararei” (Hebreus
13.5 - ARA).

“Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, não por força, mas
espontaneamente segundo a vontade de Deus; nem por torpe ganância,
mas de boa vontade” (I Pedro 5.2 - ARA).
É lamentável ver como muitos ministros do Senhor andam tão
ávidos por dinheiro. A maioria das igrejas já acha isto perfeitamente
normal, hipnotizada como está pela “doutrina da avareza”, ensinada
pelos estelionatários espirituais.
Os estelionatários atraíram uma nuvem negra de dúvidas sobre
a atitude de ofertar. Sabendo que muitas pessoas ofertam por interesses
materiais, abre-se uma estrada para a operação destes obreiros
fraudulentos. Eles usam suas armas malignas para produzirem falsas
expectativas nos ofertantes, razão pela qual as pessoas ficam tão
vulneráveis.
Geralmente, a técnica destes hipnotizadores é aplicada de duas
formas. Uma, e muito “erudita”, é aplicando grosseiramente textos
bíblicos pré-selecionados. A outra, e muito comovente, é contando
testemunhos impactantes de pessoas que ofertaram bens valiosíssimos
ou grandes somas de dinheiro, e, por fazerem tal coisa, receberam
infinitamente mais do que semearam, em poucos dias. O povo que ouve,
já comovido pela história contada e desejoso ou necessitado de receber a
mesma bênção, sob o efeito da hipnose faz da mesma forma que a
personagem da história fez: dar simplesmente tudo que tem!
Isto, além de contrariar preceitos bíblicos fundamentais, provoca
sérios danos, tanto ao fiel ofertante vitimado como à comunidade cristã,
pois enfraquece, ou mata, a fé de quem foi enganado e, aos olhos dos
mais fracos na fé, tornam indignas de confiança as promessas do Senhor
contidas em Sua Palavra, pois não haverá respostas divinas ao serviço
ministrado, uma vez que tudo não passou de uma fraude.
Você já viu a filhinha dos “corajosos” ofertantes? No meio do culto,
ou na grande cruzada evangelística, o pregador desafia: Quem é o
corajoso para ofertar 1000 reais? Vem aqui à frente e fique em fila, ou,
quem tem fé para ofertar agora 500 reais? Outros chamam 20, 30 ou
mais pessoas para ofertarem grandes quantidades. Após, vai baixando,
até chegar em valores mínimos. É lindo os ‘corajosos’ em pé à frente, e
todo mundo, crentes e não crentes, vendo os supercrentes enfileirados à
frente!
Quer dizer que quem não vai lá à frente dar o valor solicitado,
não tem fé ou é medroso? E quem é que sustenta a obra de Deus na terra,
são só aqueles ‘corajosos e fervorosos’ que se enfileiraram à frente? Isto
é uma maneira de induzir os vaidosos a ofertarem, isto é 171. É falta de
respeito às coisas de Deus, porque alguns ainda dizem que é Deus quem
revela: “Deus está me revelando que tem 30 pessoas que vêm aqui à
frente para dar 1000 reais”. Aí ficam horas esperando. Quando vêem que
está demorando e o número da “revelação” não se cumpriu, começam a
fazer promoções, facilitando o negócio ao ‘cliente’: “Você pode dar um
cheque para depois, mas venha aqui à frente; você também pode
parcelar, venha e fale depois com o pastor!”. Isto é golpe.
Nesta tentativa ambiciosa de arrancar dinheiro do bolso dos
crentes, alguns se lançam ao ridículo de inventar absurdas “revelações”.
Recentemente, presenciamos num grande congresso realizado neste país
um pregador dizer: “Quem é que vem trazer 1000 reais de oferta, tem
uma [profecia] quentinha só te esperando”. Outros dizem: “Você que tem
500 reais na carteira, Deus me revela que quer abençoar você, traz todo
este dinheiro; Ele quer te abençoar...”
Ora, num congresso com mais de quinze mil pessoas reunidas,
será que não tem um crente com 500 reais na carteira? Não pense que
não creio em revelações. Creio e vivo o sobrenatural de Deus. Mas
precisamos entender que infelizmente existem estas falsas revelações
em nosso meio, e não podemos deixar de ensinar as pessoas a abrirem
os olhos sobre esta questão.
Tenho observado que nestes grandes congressos os ministrantes
de oferta são escolhidos a dedo. São aqueles bons de lábia, que têm
histórias cinematográficas de pessoas que ofertaram carros, casas etc. E
os ministros que conseguem arrancar fortunas do povo tornam-se
honrados entre eles. Que honra, hein?
À vista dos de fora, isto macula a imagem do Evangelho,
deixando-o muito parecido com as picaretagens do mundo, onde os
“espertos” sempre levam a melhor. As muitas e repetidas referências ao
dinheiro e bens materiais no púlpito das Igrejas evangélicas têm sido
uma janela por onde se vê ganância e amor ao dinheiro no coração de
muitos ministros.
Isto tem sido claro e patente aos olhos de qualquer um. Em
muitos lugares a Casa de Oração (Igreja) tornou-se um covil de ladrões
(estelionatários). É dinheiro pra cá, dinheiro pra lá; traz isso que o
Senhor vai te abençoar; deposita tanto que você vai ser abençoado, e por
aí vai. O ensino fabuloso e aparentemente piedoso, mas que contém
mensagens subliminares malignas, é que as bênçãos de Deus podem ser
alcançadas pelo coçar do bolso. A você que agora percebe que é membro
de uma Igreja que ensina isto, a voz apocalíptica que deve ser ouvida
neste momento é:

“Ouvi outra voz do céu dizer: Sai dela, povo meu, para que não sejas
participante dos sete pecados, e para que não incorras nas suas pragas”
(Apocalipse 18.4 - ARA).

Sai dessa Igreja, irmão! Mesmo que você tenha recebido cura ou
milagre, ou mesmo tenha nascido nela. Sai dela, se ainda és povo do
Senhor. Quem te curou ou te abriu a porta foi o Senhor e a Palavra dele
te convida a sair agora.

O privilégio de orar não é, e nunca foi, um instrumento através


do qual podemos negociar as bênçãos do Senhor. Também não é uma
arma onde, de posse de tal, podemos “obrigar” Deus a mover sua
poderosa mão em nossa direção. A oração foi, é e sempre será para os
fiéis servos do Senhor um meio de comunhão da criatura com o Criador.
Este é o privilégio da oração.
Se estas profecias de prosperidade, que são proferidas mediante
a ministração de ofertas por estes ministros 171, fossem todas
autorizadas por Deus, os crentes estariam todos milionários!
Em algumas Igrejas as campanhas de curas e milagres são feitas
mediante um depósito de certa quantia em um envelope. “Fulano colocou
tanto no envelope e foi curado”, dizem depois, para estimular o povo a
ofertar. Você percebe como tudo está vinculado ao dinheiro? A boca
vira e mexe fala em dinheiro, porque o coração está cheio de ambição
por dinheiro (Mateus 12.34). Veja abaixo o comentário de Denny,
referido na obra do Dr. R. N. Champlin:

“Todos os homens vêem quão feio é o caráter que associa a piedade à


avareza, como um Balaão, um Geazi ou um Ananias, por exemplo. E não
somente os ministros do evangelho, mas igualmente todos aqueles a quem
a boa mensagem foi confiada, devem resguardar-se disso. Nossos inimigos
têm o direito de duvidar da nossa sinceridade, quando se pode mostrar que
somos amantes do dinheiro” 3.

Não confunda as igrejas que usam envelopes para os membros


depositarem seus dízimos e ofertas, com igrejas que usam envelopes em
campanhas de milagres e outros. Como o céu está distante da terra,
assim é a distância destas duas igrejas. O que é contrário aos
ensinamentos bíblicos é a tentativa de barganha. Também sabemos que
a ministração da generosidade traz bênçãos em todas as áreas da vida
do fiel ofertante, mas não podemos vender curas e milagres. Veja o texto
abaixo:

“E Deus é poderoso para fazer que lhes seja acrescentada toda a graça, para
que em todas as coisas, em todo o tempo, tendo tudo o que é necessário,
vocês transbordem em toda boa obra” (II Coríntios 9.8).

Anos atrás, chegou um ministro de outro Estado para pregar em


algumas Igrejas do Maranhão. Ele combinava com os pastores para fazer
uma “Conferência de milagres”. As igrejas abriram as portas porque se
tratava de um ministro parente de um cantor conhecido neste país.
Envelopes eram distribuídos e a campanha começava. Foram vários
encontros. Ao final ninguém recebeu cura nenhuma, mas o referido
ministro levou mais de 10 mil reais, de cada igreja que realizou a dita
Conferência. Na verdade, conferência mesmo foi depois das reuniões: a
da dinheirama. Está mais fácil que tomar pirulito da boca de criança
sem dente!
Cuidado, irmão! Ajude seu pastor a fugir destes estelionatários
espirituais. Tenho conversado com muitos homens de Deus e vemos que
muitas são as maneiras que os 171 se aproximam dos pastores.
Recentemente, um pastor me contou que um destes 171 chegou à sua
casa propondo uma campanha. A proposta era um “rachachá” no final
da campanha. Você entendeu? Um rachachá...
O 171 foi logo dizendo que realizou uma campanha na Igreja de
um determinado pastor e conseguiu levantar uma certa quantia em
dinheiro; e, ao final, dividiram toda a renda da campanha, ou seja,
fizeram o rachachá.
Será que seu pastor, ou dirigente, não está envolvido num
rachachá destes? Cuidado com a farsa das campanhas de curas e
milagres, campanhas do impossível, campanha da vitória e outras por
aí, onde é pedido alguma quantidade em dinheiro!
Outro pastor me disse que foi abordado por um destes 171 e este
foi logo dizendo que realizou uma campanha de curas e milagres em
certa Igreja e deixou dinheiro no caixa para o pastor construir um muro;
mas que houve uma divisão da oferta da campanha.
A proposta é tentadora, não é? Um homem de Deus sempre quer
fazer mais para o Reino de Deus. É aí que vem o golpe: proposta de
deixar dinheiro no caixa da Igreja.
Ainda outro pastor confessou-me admirado da facilidade com que
estes 171 arrancam dinheiro dos crentes. Ele me disse que um membro
de sua Igreja, que raramente oferta e, quando o faz, é em quantias muito
pequena (talvez por causa de sua condição financeira), deu uma oferta
de 100 reais quando o pregador estelionatário ministrou. Quer mais?
Ele ficou confuso mesmo, disse ele, foi quando viu pessoas sendo
batizadas no Espírito Santo, pela imposição de mãos do pregador, e
operações de cura.
Por isso eles insistem tanto em negociar a oferta do culto para
eles. Eles ‘pelam’ a igreja! Como Judas Iscariotes, estão lançando a mão
na bolsa da igreja, sem a autorização do Mestre (João 12.6).
Ele me dá a oferta do culto?

Estava agendado para pregar numa igreja, porém dias antes fui
atingido por um problema de garganta. Impedido de atender a agenda,
liguei para dizer do estado que estava. Coincidentemente, no mesmo dia
recebi uma ligação de um pastor conhecido. Ele é de outro Estado e
estava visitando nossa cidade (São Luís). Com sua agenda na mão achou
meu número. Depois de alguns minutos de conversa ele perguntou se eu
tinha alguma agenda para ele. Logo disse que estava impossibilitado de
pregar, e não podia atender um compromisso para aquela noite. Ele
disse: “Irmão George, liga pro pastor e pergunta se ele me dá a oferta do
culto que eu vou lá, substituí-lo”. Aquilo para mim foi como um choque.
Ele continuou insistindo, querendo que eu “ajeitasse” tudo para ele. Não
tive coragem de dizer nada para ele naquele momento. Depois de muitas
horas, comecei a achar que deveria pedir perdão ao Senhor por não ter
repreendido aquele ministro 171.
Orando, o Senhor confortou-me, fazendo-me entender que isto
era mais uma prova da existência e presença constante dos
estelionatários espirituais em nosso meio. A palavra viria depois – este
livro. Mas assim como fiquei numa situação tal que não tive ação de dizer
nada, acredito que muitos pastores ficam, e acabam aceitando a visita
destes estelionatários.
Quando falava com ele (o ministro 171), observei que ele parecia
estar com uma agenda na mão, ligando para líderes de igrejas,
“mendigando” agendas para aplicar os seus golpes.
Não há como compreender isto, senão entender que querem
mesmo é dinheiro das Igrejas. Não podemos julgar, mas a atitude
denuncia a motivação, que não é o desejo de pregar a palavra de Deus,
pois se fosse, não estariam mendigando oportunidades, haja vista ter
mercado público cheio de pessoas que não conhecem o Evangelho, tem
feira livre, shoppings, feirões, logradouros públicos etc.
Cuidado, pastores! Há casos em que estes pregadores saem
zangados com o pastor da igreja, só porque a oferta não atingiu o que
eles esperavam e ainda saem difamando a Igreja.
O choque maior veio depois. Soube que ele pregou, levou a oferta
e arranjou mais agendas nas Igrejas daquele Ministério. Provavelmente
pregou uma “mensagem poderosa”, aplicando a velha tática da bajulação
e atacando veementemente os possíveis antipatizantes do líder da igreja.
Mas se fosse um homem (ou mulher) de Deus, e falasse algumas
verdades, mesmo não pedindo nada, nunca mais o convidariam. Os
tempos terríveis já chegaram!

“Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário,


sentindo coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo
os seus próprios desejos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade,
voltando-se para os mitos” (II Timóteo 4.3,4).

Amado irmão, preocupe-se, e muito, em não cair nas mãos dos


ministros 171. O Senhor não se responsabilizará por promessas
daqueles que Ele não enviou.
Em se tratando de ministrar oferta, peça ao seu pastor, ou
dirigente, que ele mesmo ministre a oferta nas reuniões, mesmo a Igreja
em festa. Isto minimizará os riscos.

__________Notas

1 Bíblia King James Atualizada, da Sociedade Bíblica Ibero-Americana.


2 RAVENHIL, Leonard. Por que Tarda o Pleno Avivamento . Editora Betânia
S/C, MG. 1989.
3 CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por
Versículo, 6 volumes. Candeia, São Paulo, 1994. Vol 5. P.177.
Segundo Capítulo

A oferta da viúva pobre


Jesus assentou-se ao lado do altar e ficou diante do gazofilácio
(caixa de ofertas), para observar o povo ofertar. Não sei se na mesma
posição, mas sei que Ele continua observando seu povo ofertar, e com
seus olhos direcionados também ao nosso coração, para ver a motivação.
De repente aproxima-se uma viúva pobre, e deposita ali duas moedas de
cobre, que na época eram as menores em circulação em toda a terra da
Palestina.
Eram apenas duas moedas, mas representava todo o sustento
daquela mulher. Por isso Jesus afirmou que foi a maior oferta daquele
culto (Mc 12.41-44).
Alguns estelionatários espirituais usam muito este texto para
hipnotizar suas vítimas. Este texto, alguns de Provérbios, Malaquias 3
e II Coríntios 8 e 9, somado a um belo testemunho, formam a base do
compêndio doutrinário da “Teologia da Avareza”, assim melhor
denominada.
Mas o que verdadeiramente nos quer dizer o relato bíblico da
oferta dada por esta viúva pobre?
Já por várias vezes vi um pastor apresentador de um programa
evangélico na TV pedir ajuda financeira para o seu programa. Aliás, vejo
muitos fazerem isto, mas este me chamou muito a atenção.
Após explanar todas as suas despesas e pedir muito
insistentemente a ajuda dos telespectadores, ele virou para outra
câmera e disse: “Mas lembre-se, eu não quero que você deixe de comprar
comida para os seus filhos para me dar dinheiro, nem deixe de pagar
nada que você deve; também não quero que você venda sua casa para
me dar nada!” (Este programa foi exibido ano passado, 2009).
Fiquei observando aquilo e pensei: Aquele camarada tem muitas
despesas, porque televisão no Brasil é caríssimo, mas mesmo assim ele
é muito prudente em pedir uma ajuda financeira, pelo menos neste
programa.
Vi neste pastor a preocupação com o bem estar das pessoas, e por
isso estava disposto até a sacrificar seu programa. Na mesma hora me
lembrei da oferta da viúva pobre. Ela deu todo o seu sustento, enquanto
ele (o pastor da TV) alertava as pessoas para o perigo disto. Alguns
outros ministros, quando pedem ajuda financeira para seus programas
ou empreendimentos, citam a atitude desta pobre viúva com intuito de
arrancar tudo o que o ouvinte tem, mesmo que este fique em aperto.
Traga uma oferta de tanto, o teu problema vai ser resolvido, insistem.
Mas o pastor da TV alertava seus ouvintes para não fazerem isto. Pedir
todo o sustento de um pai de família é negócio muito sério!
Meditando muito nisto, consegui entender alguma coisa deste
texto e também a visão do amado pastor. A mulher deu tudo quanto
possuía, todo o seu sustento, mas movida por algo interior, por amar a
Deus e sua obra, não porque foi hipnotizada por discursos comoventes
previamente ensaiados. Também não somos informados que aquela
viúva estava dando porque queria receber algo em troca da parte do
Senhor. Não era tentativa de barganha.
Ninguém estava lá insistindo para que o povo ofertasse, pois se
estivesse Jesus teria censurado na hora. Ela simplesmente moveu-se,
intimamente, e entregou todo seu sustendo nas mãos do Senhor. A fé
desta mulher é revelada não no quanto ela deu, mas no quanto ela ficou.
Não há maior prova de fé do que esta.
Quando a coisa funciona deste jeito; quando a motivação é
espiritual e as ações de graças brotam por estes canais, o ofertante
experimentará a bênção do Senhor em “uma boa medida, calcada,
sacudida e transbordante” (Lucas 6.38).
Já vi pessoas dando carro novo. Outros dando casa (não a que mora com
sua família, mas uma segunda). Todos eles testemunham a fidelidade do
Senhor, que lhes deu bênçãos (não só materiais) sem medida. Mas
devemos entender que foi a maneira do Senhor tratar com cada um
deles. Não podemos induzir as pessoas a fazerem o mesmo. Pois quando
é o Senhor no negócio Ele se responsabiliza e a obra nunca é
escandalizada, mas todos vêem a glória de Deus.
Há casos em que a ministração deste tipo de oferta brota do
coração do ofertante. Ele o faz por amor à obra de Deus, por desejar que
determinado Ministério cresça e alcance mais vidas, por se alegrar em
ver abençoado um homem de Deus, para o sustento da obra missionária,
por desejar a ampliação de obras sociais e de construção em sua Igreja,
manter no ar programas de televisão e rádio etc. Mas há casos em que o
Senhor fala diretamente ao coração do homem, e este, cristão ou não,
sente-se motivado a ministrar ofertas ao Ele. Já presenciei um crente
dar uma casa bem avaliada numa grande capital; outros dão, como a
viúva pobre, todo o dinheiro que dispunham no momento, mas, como
disse, o Senhor se responsabiliza pelos cuidados daquele que escolheu
para tal serviço. O estelionatário nada pode fazer em favor de alguém,
somente em desfavor.
Não se preocupe com nada, apenas creia, se foi o Senhor quem o
direcionou a ofertar algo de grande valor ou a depositar tudo aos
cuidados da igreja (seja a sua ou outro Ministério). O Senhor está o
tempo todo vigiando para que a Sua palavra se cumpra exatamente como
foi anunciada (Jeremias 1.12).
Quero contar um caso que presenciei. Após pregar numa Igreja
do interior, retornei para o hotel com minha esposa. Dois dias depois,
ainda naquela cidade, fomos convidados para almoçar na casa de um
irmão. Antes de ser servido o almoço, conversávamos à mesa. O pastor
da igreja estava presente conosco. A esposa do irmão pediu a palavra
para dizer que seu esposo tinha algo a dizer para o pastor. O irmão
tomou a palavra e disse que na noite anterior, enquanto faziam uma
oração, após o culto, o Senhor falara fortemente em seu coração para dar
uma casa para a igreja. A casa fica localizada na cidade de Belém/PA.
O pastor logo disse que era uma confirmação de Deus, pois o Senhor já
havia chamado um obreiro naquela cidade para assumir o novo trabalho
missionário. Tudo foi conduzido pelo Senhor.
Se você observar com atenção os testemunhos impactantes de
grandes ofertas ministradas, você verá que na maioria deles o ofertante
percebeu a voz de Deus quando nem mesmo era falado de oferta. No caso
acima, o irmão testemunhou posteriormente que ouviu a voz do Senhor
chamando-o para dar a casa numa reunião de oração em que
apresentavam outros propósitos. Creio até que se tivesse alguém
pedindo ofertas de bens imóveis, ou outras, nasceria grande dúvida no
coração do servo de Deus: Será que é o Senhor, ou é porque o pastor está
pedindo?
Não podemos fazer nada sem que o Dono da obra se manifeste. E
quando chega a hora, Ele se encarrega de falar aos corações de seus
filhos, e é glorificado. Não precisa de desespero nem de insistência.
Lembra da oferta para a construção do Tabernáculo? (Êxodo 36.5-7).
Mesmo no deserto sobrou material, porque era negócio do Senhor.
Moisés não ficou insistindo com o povo, nem mesmo usando argumentos
persuasivos; também não propagandeou a excelente obra que seria o
Tabernáculo, apenas confiou que se a obra nasceu no coração de Deus,
Este tocaria no coração do povo. O resultado? Você precisa ler todo o
capítulo – foi preciso mandar o povo parar de trazer ofertas, pois já
sobrava materiais para a construção!
Terceiro capítulo

O comércio dos amuletos mágicos


Tocar em determinados assuntos em nossos dias, sobretudo onde
a doutrina da prosperidade tem larga e apaixonada aceitação, é assumir
o risco de ser visto como alguém incrédulo. Mas sei que ainda existem
crentes como os irmãos de Beréia (Atos 17.11).
Como disse Jesus: “A minha Casa será Casa de oração. Porém vós
a transformastes num covil de estelionatários!” (Lucas 19.46 – KJA).
Como nos dias de Jesus, hoje a Casa de Deus virou um verdadeiro balcão
de negócios, com raras exceções. É um verdadeiro covil de
estelionatários. Os bons de lábia enganam e são enganados. Além dos
ardis, citados anteriormente, para tomar o dinheiro do povo, agora
fabricam amuletos mágicos para serem comercializados no altar. A
diferença está apenas no nome - chamam de objetos consagrados. A
propaganda é grande: foram 10 dias de jejum, 3 dias no monte, foram
tantos pastores que oraram, e por aí vai. Estes argumentos são
tremendos, e diante de uma plateia carente e necessitada não fica
nenhum de fora. Tudo é vendido. São chaves de ouro para abrir porta
financeira, toalhinhas ungidas que curam, mantos carregados de unção,
corredores consagrados, portas de madeira com poderes miraculosos etc.
Umas igrejas fabricam 12 portas de madeira para o povo, enfileirado,
passar por dentro. Outras fazem 24, e por aí vai. Os mantos variam, uns
chegam a ter mais de 30 metros de comprimento. São muitos objetos;
eles variam de acordo com a criatividade dos líderes. Quando lêem algo
na Bíblia, logo relacionam e criam, e aí vira festa...

“Meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento”


(Oséias 4.6 - ARA).

“Pois desejo misericórdia, e não sacrifícios; conhecimento de Deus em vez


de holocaustos” (Oséias 6.6).
Alguém pode até dizer: Ah, irmão, mas Fulano tocou a toalhinha
no doente e ele foi curado! Outro ainda pode dizer: Eu toquei no manto
sagrado e o mal saiu! Falaremos disto agora, não tenha pressa, apenas
pegue sua Bíblia e confira comigo alguns textos. Lembre-se, Deus quer
que o conheçamos, mas que prossigamos na busca do Seu conhecimento
(Oséias 6.3).
Os que comercializam estes ‘objetos consagrados’ usam como
defesa a própria Bíblia. Mas texto sem contexto pode, na maioria das
vezes, resultar em heresia.
A Bíblia registra algumas manifestações de poderes miraculosos
por intermédio de objetos usados por homens de Deus. Não sei se você já
presenciou, mas já presenciei um jovem pregador lançar seu paletó sobre
uma jovem e ela ser batizada no Espírito Santo, instantaneamente. Da
mesma forma, alguns ao serem tocados pelo paletó do homem de Deus
receberam a cura, mas não vimos o pregador vendendo o “paletó
consagrado” ou pedaços deste.
Nestes casos acima tive o cuidado de conversar com as pessoas
que receberam tais ministrações, e houve realmente a manifestação do
poder de Deus. Continue lendo, mas lembre-se de que o Senhor não vai
deixar de manifestar seu poder sobre alguém que crê e o honra só porque
alguém, que não tem temor no coração, pode distorcer a palavra ou
transferir a glória de Deus a objetos materiais.
Sobre o ministério de Paulo, a Bíblia revela que “... até lenços e
aventais que Paulo usava eram levados e colocados sobre os enfermos.
Estes eram curados de suas doenças, e os espíritos malignos saíam
deles” (Atos 19.12). O mover de Deus era tão grande nos primeiros dias
da igreja que as pessoas levavam os doentes em macas para que,
passando Pedro, pelo menos a sombra deste se projetasse sobre alguns
deles (Atos 5.15). Lendo alguns livros da evangelista Kathryn Kuhlman,
observei que pessoas eram curadas dentro do ônibus, antes mesmo de
chegarem ao local das reuniões; outras eram curadas dentro do
auditório, mesmo antes da evangelista chegar. Acontece que, em tempos
de grandes avivamentos, quando há um fluir abundante do poder de
Deus, simples palavras provocam e atiçam a fé das pessoas, que são
curadas instantaneamente, sem nem mesmo ministrações de obreiros
consagrados. Quando Deus revela seu poder ao povo, este acorda para
realidades sobrenaturais da fé, bastando pequenos objetos ou simples
palavras para que o milagre encontre espaço. Lembre-se que Jesus disse
que a fé move e remove montes e não haverá nada impossível. Isto ESTÁ
ESCRITO! (Leia Mateus 17.20).
Foi o que aconteceu nos tempos de Jesus e dos apóstolos, e
continua hoje. Lembra da mulher do fluxo de sangue? A fé que aquela
mulher tinha em Jesus era tão viva que pensou: não precisa Ele falar
comigo, nem mesmo pedir ao Pai pela minha cura, basta eu tão somente
tocar em sua roupa (Mateus 9.21). E assim aconteceu; a fé removeu um
monte estabelecido há doze anos. Da mesma forma com os lenços de
Paulo. O poder sobrenatural fluía pela vida dele e, consequentemente,
pelas suas vestes, provocado pela fé do povo, para cumprir o que está
escrito (I Coríntios 6.17).
Não é diferente com muitos ministérios de milagres que Deus tem
levantado em nossos tempos. A fé das pessoas é “ativada” com simples
palavras, toque de toalhinhas, peça de roupa e outros, mas comercializar
estes objetos é ridicularizar o santo evangelho.
Não lemos que Paulo dava seus lenços ou aventais, foi o povo que
lançou mão. Também não lemos que Pedro organizou filas de doentes
para projetar sua sombra. O mandamento é: “Curem os enfermos,
ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios”
(Mateus 10.8). Tiago escreveu: “orem uns pelos outros para serem
curados” (Tiago 5.15), e também mandou orar com imposição de mãos e
ungir com óleo o doente (verso 14).
Entendo o porquê de não haver ordenança nem mesmo ensino
acerca do uso de objetos consagrados para se obter cura ou milagre,
exceto o óleo ungido. É simples. Se tenho um objeto que produz milagre,
não preciso buscar o poder de Deus. Se tenho em mãos um lenço, chave,
manto ou outro objeto consagrado, não preciso consagrar a minha vida,
pois o objeto resolve meu problema. Por que não ensinar o povo a
consagrar sua vida, exercer a autoridade espiritual e impor suas
próprias mãos sobre os enfermos, conforme Jesus mandou? Dessa forma,
o povo será levado a viver uma vida separada do pecado, evitará tocar
no que é proibido, para poder ter em si o poder sobrenatural. Como disse,
se tenho um objeto que opera tudo que quero, para que tanto esforço
para obter o poder divino?
Agora, se as Escrituras Sagradas nem mesmo nos orientam a
usarmos tais objetos na cura dos enfermos, quanto mais a
comercialização deles. Embora o valor unitário destes “objetos
consagrados” seja irrisório, os milhões vendidos resultam numa
dinheirama incalculável. Eles usam o dinheiro para várias finalidades,
até mesmo para promover o Reino de Deus, mas isto macula a imagem
do Evangelho. Isto é mercadejar as bênçãos de Deus. Ele não pede, e
nunca pediu, dinheiro de alguém para curar ou realizar qualquer
maravilha. Também com isso não quero dizer que tudo foi de graça. Para
Deus operar curas e milagres em nossas vidas Jesus pagou um preço
altíssimo. O profeta Isaías falou:

“... e pelas suas feridas fomos curados” (Isaías 53.5).

Entre as tantas e insondáveis belezas do Evangelho, uma


ninguém pode esconder: o poder miraculoso para curar o doente, ainda
que em estado terminal ou portador de mal incurável, não lhe custa a
menor unidade monetária; é dado pelo infinito amor de Deus,
personificado em Jesus Cristo. Há somente uma exigência: a fé. Louvado
para sempre seja o nosso Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Todo
louvor ao Espírito Santo, por nos ensinar estas coisas e torná-las
realidades em nossas vidas!
Paulo viveu uma vida de privações e necessidades financeiras
para vincular as bênçãos do Evangelho unicamente ao amor de Deus.
Quanta maldição haverá para aquele que vincular as bênçãos do santo
Evangelho a interesses materiais!
Este discurso belo e aparentemente piedoso de quem comercializa
‘objetos consagrados’, ainda que a preços irrisórios, afirmando que o
valor exigido não corresponde à venda de milagre, é já uma tentativa de
calar a voz gritante da consciência cristã, tanto de quem exige como de
quem é exigido.
“Os fins justificam os meios?”

“Os fins justificam os meios”. Este polêmico pensamento do


italiano Nicolau Maquiavel, registrado na obra O Príncipe, escrita em
1513 e publicada em 1532, tem atravessado os séculos e influenciado
muitas pessoas, porém de forma distorcida do pensamento do autor.
Pode parecer estranho, mas esta tem sido a prática de trabalho de
alguns ministros, para vergonha nossa. Não podemos lançar mão de
instrumentos que o Senhor não nos deu, só porque a finalidade é
alcançar vidas para o Reino.
Muitos só olham para os alcançados (os salvos, os curados etc),
expondo-os como prêmio, mas não vêem, ou se recusam a ver, que um
número muito mais expressivo foi escandalizado pela maneira
vergonhosa, leviana e, muitas vezes, indecente, dos meios utilizados.
Esses líderes vêem o povo de Deus como um recurso para servir
a visão deles, em vez de ver a visão ministerial como meio de servir o
povo. O aparente sucesso da visão justifica o custo de vidas machucadas
e pessoas destruídas. Justiça, misericórdia, integridade e amor são
deixados de lado por causa do sucesso. As decisões se baseiam em
dinheiro, números e resultados... Esse tipo de tratamento é aceitável na
mente desses líderes porque estão trabalhando na pregação do
Evangelho”1.
Jesus disse: “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para
que vejam as suas boas obras e glorifiquem o Pai de vocês, que está nos
céus” (Mateus 5.16). E o homem que evangelizou todo o mundo de sua
época, aconselhou-nos: “... façam tudo para glória de Deus” (I Coríntios
10.31).
O pior é que o nome de Deus vai à frente dos argumentos dos
ministros 171. Se querem agir indecorosamente para atingir fins
justificáveis, que usem seus próprios nomes! O Senhor não deseja
alcançar uns em prejuízo de outros, Ele deseja alcançar a todos (II Pedro
3.9), glorificando sempre seu santo Nome.
Alguns começaram desejando alcançar vidas e agiam paciente,
prudente e decorosamente, mas, por alguma razão, envolveram-se numa
desenfreada competição em busca da construção de maiores Impérios.

“Eu lhes asseguro que aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela
porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante” (João 10.1).

_________Nota

1 BEVERE, John. AIsca de Satanás. Editora Atos Ltda, MG. 1997, p. 49.
Quarto capítulo

Viver pela fé
Terminou o culto e minha esposa dirigiu-se à pregadora a fim de
convidá-la para pregar na festa do círculo de oração da Igreja onde
congregávamos. Estávamos em outra cidade, numa Igreja em festa. A
pregadora olhou para a minha esposa e disse: Você sabe, irmã, eu vivo
pela fé, me dá uma oferta bem gorda, que eu vou lá. Eu vivo disto, o
Senhor me mandou largar tudo e viver pela fé. Minha esposa insistiu em
saber quanto seria esta “oferta bem gorda” e, como resposta, disse a
irmã: De 400 reais pra cima, fora as passagens (este fato ocorreu no ano
2008).
Nesta “fé”, citada acima, há uma enxurrada de pessoas
afirmando que deixaram tudo para viverem para Deus. Homens e
mulheres que dizem terem deixado seus negócios, seu emprego, tudo
aquilo que lhes constituía sua fonte de renda, para viverem das ofertas
que recebem das igrejas. Na verdade, o que é pouco comum é vermos
pessoas deixando grandes negócios, bons empregos públicos,
confortáveis situações financeiras para viverem pela fé, como fez Saulo
de Tarso. E observamos, ainda, que dificilmente os vemos dizer que
abandonaram coisa pequena ou que já viviam em situações financeiras
difíceis. Quase todos dizem ter deixado situações financeiras folgadas.
Isto os ajuda a pedirem a oferta, pois o fato de terem renunciado a uma
vida financeira folgada para viverem pela fé, demonstra o desapego ao
dinheiro; e isto, de certa forma, é uma capa de piedade.
Mas, biblicamente, o que é viver pela fé?
Muitos dos que afirmam viver pela fé, hoje, testemunham que foi
Deus quem mandou que assim vivessem. Como veremos posteriormente,
há de fato alguns que o Senhor chamou para viver pela fé, mas este é o
argumento central dos ministros estelionatários quando preparam a
presa para o golpe. Veja que o nome de Deus vai à frente, como que para
legitimar o pedido ou a cobrança do dinheiro. Usam o nome de Deus para
tirar da “negociação” qualquer aparência de impiedade. Hoje é comum
cantores e cantoras famosos pedirem R$ 3.000,00 (Três mil reais) para
cantar uma noite numa Igreja. Este valor oscila, dependendo de como
está o nome do “artista” na mídia evangélica. Há quem peça menos,
outros mais. Há até quem exija 30 mil reais para cantar uma noite;
outros exigem 15 mil reais para pregar num final de semana; além, é
claro, da venda de seus materiais (CDs e DVDs), que é legítima.
Há entre os cantores alguns que já nem querem agendar com
Igrejas. O alvo deles agora é atender agendas de shows. A Igreja não
cobra entrada, pelo menos até agora, e isto diminui o cachê deles. Melhor
mesmo é se apresentarem nos shows, onde são tratados como estrelas e
engordam mais rapidamente a conta bancária. Quando soube disto,
estava junto com minha esposa e confesso que tive dificuldades para
acreditar. Mas é fato, meu querido irmão! Soube até de alguns nomes,
cantores que ajuntam multidões e cantam hinos com letras
profundamente espirituais, mas não querem mais cantar nas Igrejas, de
olho na grana. Vejam, não estou dizendo que eles não cantam mais em
Igrejas, digo que eles não querem. Só sabe disto quem está presente na
hora da contratação, que é assinada bem antes do evento, com cláusulas
contratuais que se você as lê dá nojo. Mande e-mails ou ligue para estes
cantores, cantoras ou pregadores famosos e confira tudo isto. Lembre-
se, não são todos, mas quase todos.
Sobre venda de materiais, alguns criaram mais uma maneira de
engordar seu cachê. Quando são convidados para ministrar, exigem que
a igreja venda, antecipadamente, quantidades cada vez mais
exorbitantes de seus materiais. Uns chegam a mandar adiantado 300,
400 ou mais CDs e DVDs. A igreja que se vire! Os irmãos saem como
loucos tentando vender os materiais dos “astros dos púlpitos”. Agora
imagine, o Senhor quer levar um servo, que Ele capacitou com algum
dom, para abençoar uma igreja e este faz exigências deste tipo! E, caso
a igreja não aceite tais exigências, o “servo” não vai. Dá para entender
isto? Onde você já viu servo exigir algo?
Por incrível que pareça, os pregadores, com suas raríssimas
exceções, exigem as mesmas condições, havendo também variações. Há
os mais ousados, que pedem R$ 10.000 (Dez mil reais) para pregarem
numa festa de dois ou três dias; fora as despesas de viagem e hotel.
Talvez você se admire de que isto esteja acontecendo na igreja,
mas receio de que estes valores estejam desatualizados. Pode ser que
estejam pedindo mais. Na verdade, a expressão pedir não é a melhor
para usarmos aqui. A palavra cobrar é a melhor; pois se a igreja que
convida não se dispõe a pagar o valor estipulado, eles não vêm e
agendam com outra.
Claro que isto é feito de forma “espiritual”. Como disse no início
deste capítulo, o nome de Deus vai à frente. Dizem que este dinheiro é
para o sustento de sua família. Alguns são mais abertos e dizem que seu
ministério sustenta pessoas e por isto cobram tais valores. Como foi
Deus que o chamou e deu o ministério, bem como os muitos empregados,
pode haver um pequeno desvio da regra e cobrar estes valores, assim
entendem.
Admira-me a expressão: “Esta oferta é para o sustento da minha
família”. Duas palavras me chamam a atenção. A primeira é chamar isto
de oferta. Como posso estar ofertando se estou sendo cobrado? Como
posso chamar de oferta um valor a mim exigido? A segunda é a palavra
sustento. Vejam, se cobram em média dois ou três mil reais por noite,
quanto ganham por mês? Lembrando que eles pregam ou cantam quase
todos os dias e ainda vendem seus materiais, que têm saída
extraordinária porque a igreja reúne muitas pessoas e incentiva o povo
a comprar.
Um pequeno parêntese. Sobre venda de materiais evangélicos, vi
algo que me fez rir demais. Recentemente, minha esposa comprou um
DVD infantil de uma cantora gospel muito famosa no Brasil. Quando
iniciou o DVD apareceu a mensagem de advertência contra a pirataria.
Entre tantas proibições, estava até a de emprestar. Você entendeu? A
mensagem de abertura do DVD da irmã proibia até você emprestar seu
DVD. Daqui a pouco vão querer proibir você de assistir junto com sua
família, tem que comprar um DVD para cada membro da família!
A sede por dinheiro tenta invadir até a nossa privacidade. Já é
proibido até emprestar um objeto seu! Quero saber quem no mundo tem
o direito de me proibir de emprestar um CD ou DVD que comprei com
meu dinheiro. Empresto para quem eu desejar. Isto não é crime, é
ganância por dinheiro. A lei não pode exigir o absurdamente impossível
de ser praticado. A lei é criada para harmonizar as relações humanas,
eliminando os conflitos sociais, não complicando, sobretudo a vida em
família e entre amigos.
Se fosse algo produzido para edificar o Reino de Deus na terra, a
mensagem seria de incentivo à divulgação, não de proibição visando
somente o lucro.

Viver desta forma precisa de alguma fé? Não, precisa de fome -


fome de dinheiro. Para viver deste jeito precisa apenas de duas coisas:
Não ter temor a Deus e ser “louco” por dinheiro; nunca de fé. Será que
as muitas provas que passaram na vida, antes de serem “levantados”, os
tornaram merecedores de algo que Deus nunca lhes deu? Certo homem
de Deus disse que se deixassem de dar dinheiro a cantores e pregadores,
quase todos abandonariam seus ‘ministérios’.
Se Deus ‘levantou’ estes pregadores e cantores, então eles foram
levantados somente para as igrejas com poder financeiro a altura de
suas exigências. As igrejas pequenas, que não dispõem de recursos
financeiros suficientes, não podem receber tais bênçãos do Senhor.
Então Deus capacita alguns obreiros para ministrarem só em igrejas
grandes? Você acredita nisto?
Pois bem, dá para ver claramente que o que estão chamando de
“viver pela “fé” não exige o menor sacrifício (o sacrifício é da igreja que
convida). É esta a principal razão de tantos desejarem “viver pela fé”
em nossos dias. É também a razão de vermos tantos querendo dons,
unção, conhecimento teológico etc; estão vendo os seus “ídolos” vivendo
uma vida de príncipe, ficando milionários da noite para o dia.
Olhando por uma ótica empresarial, nenhum ramo de negócio é
tão lucrativo assim. A dinheirama derramada está atraindo os piores
homens para os nossos púlpitos. Cuidado, igreja do Senhor! Deus vai
responsabilizar também quem alimenta este comércio.
Alegro-me em ver tantos subindo montes para orar, mas, às
vezes, pergunto-me se fazem isto por desejarem mais de Deus, ou se
querem tão somente o poder de Deus, porque isto lhes trará fama e,
conseqüentemente, dinheiro.
Como disse em meu livro anterior (UNGIDOS DO SENHOR; Uns
aprovados, outros rejeitados), hoje existem muitos orando para serem
profetas, mas quando olhamos para o chamado dos profetas do Antigo
Testamento os vemos recusando, dando desculpas, pois sabiam que
servir a Deus requer um preço, que para os profetas sempre foi altíssimo.
Paulo diz que “todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus
serão perseguidos” (II Timóteo 3.12).
Você ainda não se perguntou por que vivemos numa época de
tanto conhecimento, tantos doutores, tantos teólogos, tantos “profetas”,
tantos “homens usados”, porém tanta frieza espiritual, tanto pecado,
tanta iniquidade, tanta injustiça, tanta incredulidade e tanta falta de
amor dentro e fora da Igreja?
Será que estes ‘homens usados’ estão sendo porta vozes de Deus
ou estão se esforçando para levar palavras que agradam o povo? Será
que estão, por amor a Deus, derramando suas vidas como “oferta de
libação” ou estão enchendo-se com os aplausos dos ouvintes? Será que
estão bradando contra o pecado ou estão dando outros nomes ao pecado?
Será que estão edificando o reino de Deus ou estão construindo impérios
para si? Será que estão, como João Batista, denunciando as autoridades
corruptas (civis e religiosas), ou estão, como Elimas, o encantador,
tentando impedir que as autoridades conheçam os retos caminhos do
Senhor? (Atos 13.8).
Oremos para que o Senhor da seara envie obreiros...

Mas, o que é viver pela fé? Temos que olhar para a Bíblia para
respondermos tal pergunta.
Quando Jesus começou seu ministério público, após ir ao Jordão
e ao deserto para ser tentado, ele se dirigiu à praia do lago da Galiléia
em busca de companheiros. Ao encontrá-los, chamou-os para o seguirem.
Eles, convencidos pelo Espírito Santo, abandonaram suas atividades que
lhes serviam de fonte de renda, e seguiram o Mestre.
Não é fácil entender isto! Lemos que Pedro tinha família (Mateus
8.14). Paulo nos faz entender que Pedro não era o único apóstolo que
tinha família (I Coríntios 9.5). Mas eles deixaram tudo e seguiram Jesus.
Sabe por que não é fácil entender isto? Porque não se consegue entender
quem vive pela fé.
Mais tarde Pedro declarou o que deixou, pelo chamado:

“Então Pedro começou a dizer-lhe: Nós deixamos tudo para seguir-te”


(Marcos 10.28).

Certo discípulo empolgou-se e quis candidatar-se a viver pela fé,


e disse para Jesus: “Eu te seguirei por onde quer que fores”. Jesus
afastou a empolgação dele e disse a realidade de quem vive pela fé em
Deus:

“As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho
do homem não tem onde repousar a cabeça” (Lucas 9.58).

No Antigo Testamento Deus chamou alguns para viverem pela


fé. O escritor aos Hebreus, no capítulo 11, nos esclarece muitas coisas;
ele diz que uns alcançaram promessas (versículo 33), enquanto outros
morreram e não alcançaram a promessa (versículos 13 e 39). Uns, pela
fé, mataram leões; outros, pela mesma fé, foram devorados por eles. Uns,
pela fé, foram feitos reis, juízes e estadistas, e comeram o melhor desta
terra; outros, pela mesma fé, “foram torturados e recusaram ser
libertados, para poderem alcançar uma ressurreição superior; outros
enfrentaram zombaria e açoites; outros ainda foram acorrentados e
colocados na prisão, apedrejados, serrados ao meio, postos à prova,
mortos ao fio da espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelhas
e de cabras, necessitados, afligidos e maltratados. O mundo não era
digno deles. Vagaram pelos desertos e montes, pelas cavernas e grutas”
(versículos 35 a 38).
Viver pela fé é viver a vontade do Senhor, que pode ser para uma
vida de fartura, mas pode ser para uma vida de escassez. Viver pela fé é
aprender a viver contente, não importando as circunstâncias (Filipenses
4.11-13).
Viver pela fé é aprender a suportar a dor da escassez e viver
satisfeito com o que Deus providencia. Prosperidade é uma dádiva
divina; e por não entenderem isto alguns se aventuram atrás de riqueza,
e veja o que acontece com quem assim procede:

“Mas as pessoas que querem ser ricas logo começam a fazer toda espécie de
coisas erradas para ganhar dinheiro, coisas que lhes causam danos e as
tornam malvadas, e finalmente as mandam para o próprio inferno” (I Timóteo
6.9 – Bíblia Viva).

Viver pela fé é depender do Senhor e esperar nele pelo pão diário,


confiando na providência divina. É não se preocupar com o dia de
amanhã (Mateus 6.25). Quem vive para acumular ou estocar
mantimentos não confia nos constantes cuidados do Senhor. Como um
tolo, só consegue algum descanso em sua vida quando armazena grandes
quantidades. Estes costumam dizer, em seus corações: “E direi a mim
mesmo: Você tem grande quantidade de bens, armazenados para muitos
anos. Descanse, coma, beba e alegre-se” (Lucas 12.19).
Quem vive pela fé não exige valor algum para pregar ou cantar.
Quem vive pela fé se lança na obra do Senhor, sabendo que Deus cuida
e supre suas necessidades. Como Felipe, deixa o conforto dos grandes
centros urbanos e os apelos das grandes multidões e se lança no deserto,
em obediência à voz do Senhor (Atos 8.26,27). Quem vive pela fé não
anda atrás de recursos, anda em busca de vidas; se lhe for dado um
milhão de reais, volta satisfeito, pois sabe que recebeu do Senhor; mas
se nada lhe for dado, seu coração não muda de atitude, pois sabe que só
pode receber o que do céu lhe for dado.

“Uma pessoa só pode receber o que lhe é dado dos céus” (João 3.27).

O servo de Deus que exige ou pede algum valor, por menor que
seja, para ministrar numa igreja, há muito deixou de viver pela fé.
Deixou de confiar no Senhor. Isto é comércio; está impondo condições
para fazer algo que o Senhor já o mandou fazer [de graça]. Está
comercializando o que não é seu - Deus o mandou dar.
A oferta virá se Deus quiser dar. Quem determina o valor é o
Senhor, se quiser. Não me refiro às despesas de locomoção e outras
necessárias, que se tornam um dever de quem convida, refiro-me ao
pagamento pelo serviço. Esta cobrança nenhum servo de Deus, por mais
espiritual que seja, foi autorizado a fazê-la. Esta cobrança escandaliza a
obra de Deus. Esta cobrança revela os desejos do coração de quem a faz.
Esta cobrança envergonha os verdadeiros homens de Deus, entristece o
Espírito Santo e causa prejuízos financeiros às comunidades cristãs,
pelas razões já expostas anteriormente. Esta cobrança vicia e adoece o
coração, fazendo nascer raízes danosas que corroem como câncer. Esta
cobrança revela que há amor ao dinheiro, que a Bíblia chama de “raiz de
todos os males” (I Timóteo 6.10).
Por fim, quem vive pela fé já aprendeu a não amar as coisas deste
mundo e há muito vive para o mundo vindouro. Quem vive pela fé pensa
e busca as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra
de Deus (Colossenses 3.1,2). Quem vive pela fé acumula riquezas onde a
traça e a ferrugem não corroem. Quem vive pela fé entendeu que “a
piedade com contentamento é grande fonte de lucro” (I Timóteo 6.6).

“Porquanto, foi mediante a fé que os antigos receberam bom testemunho”


(Hebreus 11.2 – KJA – grifo do autor).

Querido, antes de continuar ore um pouco. Que bom que o Senhor


fala conosco!
Quinto capítulo

Deus quis matá-lo!


Entre as muitas narrativas marcantes encontradas no livro de
Êxodo, encontramos uma que, à vista da maioria, parece não merecer
especial atenção. Trata-se de quando Deus foi ao encontro de Moisés e
quis matá-lo, mesmo antes deste realizar a tarefa de tirar Israel do
Egito, fato registrado no capítulo 4 e versículos de 24 a 26.
Lembramos facilmente do relato do sofrimento dos Israelitas no
Egito, da morte dos meninos, do nascimento e providência divina acerca
do menino Moisés, sua educação na corte do Faraó, do assassinato e fuga
para o deserto, das dez pragas, da abertura do mar, do Sinai, do
Tabernáculo etc., mas o fato de que Deus veio disposto a acabar com a
vida de Moisés, mesmo depois de tanto preparo e promessas, fica
despercebido aos olhos da maioria, mesmo nos dando lições
importantíssimas acerca do relacionamento entre Deus e os seus
ministros.
Acerca deste episódio encontramos muitas explicações. Muitas
são as opiniões em volta deste texto bíblico.
Deus estava há 80 anos preparando Moisés para a tarefa de
liderar Israel na libertação do cativeiro egípcio. Escondido por três
meses, liberto do perigo das águas do rio Nilo, resgatado pela filha do
Faraó, instruído em toda a ciência dos egípcios, educado por um
experiente sacerdote midianita, experimentado no trabalho pastoral no
deserto, impactado pela experiência da sarça em chamas e outros fatos
sobrenaturais conduzidos por Deus, mas, agora, à beira da morte por
não conhecer a santidade do Senhor.
Assim diz o texto bíblico:

“Numa hospedaria ao longo do caminho, o SENHOR foi ao encontro de


Moisés e procurou matá-lo. Mas Zípora pegou uma pedra afiada, cortou o
prepúcio de seu filho e tocou os pés de Moisés. E disse: ‘Você é para mim
um marido de sangue!’ Ela disse ‘marido sangue’, referindo-se à circuncisão.
Nessa ocasião o SENHOR o deixou” (Êxodo 4.24-26).
A nenhum homem, por mais erudito que seja, é permitido fazer
uma exegese ou aplicar regras de hermenêutica para negar, distorcer ou
diminuir a força do texto bíblico traduzido, sob pena de causar um dano
infinitamente maior, que é desacreditar a tradução da Bíblia para nosso
idioma. Foram estas traduções existentes em português que
transformaram (e transformam) milhões e milhões de vidas ao longo de
muitos séculos. Lançamos mão da exegese e das regras da hermenêutica
para lançar mais luz à declaração bíblica, com o fim de atingirmos o real
alcance do texto, dentro do contexto em que foi escrito.
O texto em questão diz claramente que Moisés seria morto
naquela estalagem, não fosse a intervenção de uma esposa que conhecia
a vontade de Deus.
Veja esta declaração bíblica em outras traduções, antigas e
modernas:

“E aconteceu no caminho, numa estalagem, que o SENHOR o encontrou, e


o quis matar” (Almeida Corrigida e Fiel).

“Aconteceu que no caminho, numa hospedaria, IAHWEH veio ao seu


encontro, e procurava fazê-lo morrer” (Bíblia de Jerusalém).

“Ora, sucedeu no caminho, numa estalagem, que o SENHOR o encontrou,


e quis matá-lo” (Revista e Atualizada).

“Durante a viagem, Moisés parou para passar a noite numa pensão. Ali o
SENHOR apareceu e ameaçou matar Moisés” (Bíblia Viva).

Deus estava disposto a matar Moisés por causa de sua


desobediência à Palavra - o pacto da circuncisão (Gênesis 17.1-14). O
texto fala que Zípora, esposa de Moisés, circuncidou seu filho, mas até
então não temos registro da circuncisão de Moisés, haja vista as
circunstâncias que o envolveram em seus dias de criança e posterior
criação no palácio de Faraó, vivendo como um egípcio.
O texto em tela deixa uma pequena penumbra quanto a se Deus
veio matar Moisés por este não ter circuncidado seu filho (ou os dois),
mas quanto ao fato de que o Senhor estava disposto a ferir de morte
Moisés, o texto não deixa a menor dúvida, conforme já lemos em várias
traduções.
Difícil imaginar isto. Depois de tanto investimento em Moisés,
tantas manifestações sobrenaturais (ver Êxodo 3 e 4), o Senhor querer
acabar com tudo!
O fato é que tudo acabaria ali; Moisés seria morto e a obra do
Senhor em nada sofreria prejuízo. Tudo que Deus quer fazer Ele faz,
conosco ou com outros. Acostume-se com a verdade de que o Senhor é
Soberano Absoluto (Daniel 4.35). Se não tiver ninguém para falar, o
Senhor abre a boca de uma jumenta ou outro animal (Números
22.28,30); se não tiver uma espada, uma queixada de jumento serve
(Juízes 15.15); se não tem guerreiro valente para enfrentar o gigante,
tem um pastorzinho de ovelhas com uma funda na mão para derrotá-lo;
se não tem homem para ouvir a voz de Deus, tem menino deitado à beira
da cama só esperando uma oportunidade (I Samuel 3). Glória a Deus!
Moisés ainda não conhecia a santidade do Senhor. Muitos
ministros hoje também não conhecem a Sua santidade. Acham que por
terem recebido algumas profecias, algumas promessas e uma chamada
envolvida pelo sobrenatural, podem deixar de observar, com zelo,
algumas ordenanças do Senhor e continuar ileso. Como resultado, mais
cedo ou mais tarde, Deus o encontrará e o matará (muitos já morreram,
e são cadáveres espirituais ambulantes). O que há de latas vazias nos
púlpitos evangélicos hoje! Tiveram que arrumar escudos de bronze, pois
todo o ouro foi levado (I Reis 14.25-27).
Deus não rebaixa seus padrões morais nem muda sua Palavra
para adequar-se aos nossos miseráveis padrões. Alguns querem andar
com Deus de qualquer forma, imaginando que Ele aceitará, entenderá,
perdoará e até o ajudará em tudo quanto empreenderem fazer. Peçamos
insistentemente e com muito temor ajuda para vivermos de maneira
digna do Evangelho.
Outro fato, que para muitos passa despercebido, é que há prática
que em si não é pecado, mas se constitui embaraço que pode, fatalmente,
levar o homem de Deus ao pecado. É “cavalo de Tróia”. Por isso o escritor
aos Hebreus nos aconselha a deixar não só o pecado, mas também todo
embaraço (Hebreus 12.1).
Ao homem nunca foi dado o direito de pecar. O direito, que
também podemos chamar de privilégio, garantido na obra da cruz, foi ao
perdão e posterior vida de obediência, haja vista anteriormente termos
vivido sob a escravidão do pecado. Apoiar-se na misericórdia do Senhor
para praticar o que sabemos ser pecado ou embaraço, é negócio
perigosíssimo. Todo homem de Deus sabe que esta negociação de valores,
esta cobrança para ministrar a Palavra ou o louvor, é prática detestável
aos olhos de Deus, mas alguns continuam fazendo. Estes, se
continuarem, um dia receberão a visita do Senhor, como foi com Moisés
– para matá-los.
Para alguns, deixar tal prática constitui-se num grande
“sacrifício”, haja vista terem deixado a vida simples e se embrenhado no
luxo. Manter tal padrão de vida exige um alto custo, razão pela qual se
atiram a práticas pecaminosas para ganharem dinheiro. Falaremos
disto mais adiante.
Os líderes de Igrejas também devem refletir sobre sua conduta.
Negociar com estes ministros também não é obra agradável ao Senhor.
Ao invés de colaborar para acabar com esta prática, alimenta ainda mais
e promove o pecado, ao invés de denunciá-lo e combatê-lo. Como os falsos
profetas de Jerusalém, estão encorajando os que praticam o mal
(Jeremias 23.14).
?

A morte de Uzá

Davi segue para Baalim de Judá, junto com seus oficiais e o povo
de Israel (II Samuel 6). A missão era buscar a Arca da Aliança do Senhor
para introduzi-la no coração de Jerusalém e do povo. A festa era
tremenda. Deram o melhor de si para aquele tão esperado dia. O zelo
parecia ser muito grande quando apresentaram um carro novo para
levar aquela caixa de madeira revestida com ouro. Tudo parecia
espiritual, mas com um detalhe, sem obediência à palavra do Senhor.
Deus já havia instruído Israel acerca do transporte dos utensílios
sagrados, sobretudo da Arca. Ela deveria ser conduzida nos ombros dos
levitas filhos de Coate, não num carro de boi, mesmo que fosse novo
(Números 4.4,5,15; I Crônicas 15.2). Israel desobedeceu, os bois
tropeçaram, o carro tombou, Uzá tentou segurar a Arca e Deus o matou.
Imagino a festa, os cânticos, os sacrifícios, enquanto os bois
puxavam a Arca. Alegravam-se fora da Palavra. Imagino o Senhor
observando o povo pulando, dançando, sorrindo, dando gritos de aleluia
e glória, se envolvendo numa adoração sem observar a Sua vontade.
Muitas igrejas vivem assim. Muitos ministros já não observam mais
certas coisas; são pequenas e antiquadas demais para serem praticadas.
“Se os famosos dos púlpitos e os pastores das grandes igrejas vivem desse
jeito, também posso fazer o mesmo!”, pensam. O púlpito já não
representa o que devia representar. De lá de cima alguns vêem as
ovelhas com a visão de criadores, não de apascentadores. Os criadores
as olham pela perspectiva do lucro; os apascentadores sabem que terão
que prestar contas de cada uma delas.
Levando a vida assim, como Israel levava naquela ocasião, mais
cedo ou mais tarde “os bois vão tropeçar” e, inevitavelmente, vai morrer
gente.
Em nossos dias alguns querem andar com Deus a seu próprio
modo e em suas próprias conveniências, sem atentar para a Sua palavra.
Crentes casam-se hoje, divorciam-se amanhã, casam-se novamente e
continuam na casa do Senhor, às vezes sentados em lugares de honra.
Ministros e mais ministros (da Palavra e do louvor) fazem o mesmo. Não
deu certo, larga! São as diferenças irreconciliáveis, ou melhor, as
incompatibilidades de gênios; e o rastro de sofrimento vai ficando para
trás. E tome festa! E o Senhor continua dizendo: “Eu odeio o divórcio”
(Malaquias 2.16). Quando chegar o dia da prestação de contas, na
eternidade, tenho certeza que uma pergunta o Senhor não deixará de
fazer a muitos que ali comparecerem: “Onde está a mulher da tua
mocidade?” (Malaquias 2.14).
O número de divórcio é cada vez maior, tanto fora como dentro da
igreja. Fora não nos admira, pois apesar das regras de casamento serem
universais, sabemos que o homem que não conhece o Senhor também
não o teme. Mas este mal chamado divórcio é cada vez mais visto onde a
palavra do Senhor deveria ser honrada e obedecida: na igreja. Deixam o
cônjuge e ainda os acusam de infidelidade, para ficarem “limpos” diante
do povo de Deus. Ouvimos constantemente: O pregador, ou cantor,
Fulano se separou; a esposa o traiu!
Pergunto, onde estão as mensagens sobre este assunto? Quanta
importância ele tem na Palavra e quase não ouvimos acerca disto!
Falamos o tempo todo que a família foi instituída antes da igreja, mas
isto não passa de palavras, não é? O dinheiro está por trás de tudo isto.
Os altos dízimos e as grandes ofertas têm tapado a boca de muitos
líderes e pregadores, conhecidos como “profetas”.
Cito um exemplo, mesmo estando um pouco desconectado com o
tema do livro, mas não com a realidade bíblica.
Além da banalização das regras do casamento, vemos em muitos
locais, o povo que se diz de Deus andando seminu. Roupas que em nada
glorificam a Deus, pois não cobrem o corpo. Mas parece que ninguém ver
isto. Já ouvi até um pastor, pasmem os leitores, num debate na TV (Rede
Boas Novas) defendendo o nudismo. Onde vamos parar?
Agora está em alta os ‘Shows gospel’, que mais parece as loucuras
do mundo. É jovem escanchada nos ombros de outro jovem; é rock, funk,
“pedradas” etc, “rolando solto”, conforme eles mesmos dizem. Os
“artistas gospel” são sensuais, com roupas coladas ao corpo, levando as
fãs ao delírio – “Tá tudo dominado, mesmo!”. Eles ditam a moda para os
jovens crentes. Roupas sensuais, pulseirinhas do amor; é a onda do
cabelo arrepiado, assanhado, longo, tingido e moicano. A moda dos
jovens agora é imitar o sensualismo feminino; alguns parecem uma
mocinha, com roupas coladas, brinco e cabelos compridos, resultado da
influência dos demônios que tentam perverter a imagem masculina
criada por Deus.
Certa feita, vi um jovem escandalizado com o que viu num destes
shows. Para começar, entrou em cena um cantor famoso da música
gospel no Brasil, com roupas coladas ao corpo e quase transparentes
(camiseta tarrafa). As irmãzinhas quando viram o “ídolo” entrar, foram
ao delírio. Ouviam-se assovios e outros sons iguais àqueles que os filhos
da desobediência fazem em seus shows quando entram em cena seus
ídolos.
Mas o nome de Jesus é pronunciado do começo ao fim, como que
para aliviar a consciência da massa presente. Chamam as músicas de
evangélicas ou gospel só porque a letra da música faz alusão, vez por
outra, a Jesus ou a algum personagem da Bíblia. Como temos sido
ingênuos! A letra é de Jesus, e o resto é de quem? O Deus santo não
recebe nem tem parte neste negócio.
Se você conversar com alguns dos promotores destes eventos, que
são pastores e pregadores, em sua maioria, você ouvirá a citação de
muitos textos da Bíblia, todos distorcidos para justificar seus eventos. O
pior de tudo é que são líderes com grande poder de persuasão.
Interpretam inescrupulosamente o texto bíblico de acordo com o “zelo”
que há em seus corações...
O alvo de tudo isto é a dinheirama que é arrecadada em cada um
destes shows. Não há nenhum interesse em promover o Reino de Deus,
mas de maximizar os ganhos dos estelionatários e estabelecer seus
Impérios (que ousam chamar de Igrejas). Alguns líderes até vêem a
malignidade destes eventos, mas o dinheiro tapa-lhes a boca.
Satanás tem alcançado seus objetivos. Na mente das pessoas há
uma confusão total: não é preciso mais renunciar a nada, Jesus aceita
tudo mesmo! É só dizer que é crente.
É doidão? Bom, agora vai ser um doidão de Jesus! É regueiro?
Agora vai ser um regueiro de Jesus! É pop star? Agora vai ser um pop
star de Jesus! É roqueiro? Agora vai ser roqueiro gospel, ou roqueiro de
Jesus! Vem do jeito que é e com tudo que tem, que tudo é gospel e tudo
é de Jesuuuuuus! Mas quando olhamos para a Bíblia, vemos um
importante conselho de quem conheceu a vontade de Deus:

“Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem


semear, isso também colherá. Quem semeia para a sua carne, da carne
colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a
vida eterna” (Gálatas 6.7,8).

Hoje (dia 09/10/2010, pela manhã) assisti a uma entrevista na TV


e vi algo que fiquei estarrecido, mais uma vez. Um cantor famoso da
música gospel no Brasil dizendo que coleciona calcinhas e sutiãs. É que
quando ele está fazendo seus shows (evangélicos), algumas mulheres
jogam calcinhas e sutiãs com número de telefone. Ele mesmo disse que
algumas calcinhas são usadas. E ele coleciona. São estas coisas que
acontecem nos shows evangélicos. Mas alguns insistem em dizer que é
tudo de Deus, só porque a letra da música faz menção às coisas de Deus...
Cuidado, pais! O espírito que opera nestes ‘artistas’ tem legalidade para
operar nos que recebem a ministração deles! Falaremos disto mais
adiante.
São shows, mensagens, testemunhos que não produzem
convicções, somente emoções que anulam a espiritualidade e abrem
porta para o pecado. Eles reúnem dezenas e centenas de milhares de
jovens, interditam ruas e praças com seus eventos, para promoverem
seus ídolos, por isso nenhuma mudança de vida é vista (leia e analise II
Pedro 2.17-19).
Deus está assistindo tudo isto. Um dia o carro tropeça e começa
a morrer gente...
Há pouco tempo vi uma igreja, em época de carnaval, fazendo o
bloco de Jesus na rua. Na época dos festejos juninos, vão para o “arraial
do povo de Deus” (os organizadores usam diversos nomes). Isto é
saudade dos velhos tempos. A velha natureza pecaminosa, ainda viva,
domina e os leva para onde a carne, junto com os demônios, se deleitam;
mas como a consciência os acusa, por fazerem parte de um grupo social
chamado Igreja, que todos sabem que não participa de tais festividades,
então vão para o arraial, mas do “povo de Deus”; vão para o carnaval,
mas para o “bloco de Jesus”.

“É por essa razão que nunca podem agradar a Deus aqueles que ainda
estão sob o controle de sua própria natureza pecaminosa, inclinados a
seguir seus antigos desejos malignos” (Romanos 8.8 – Bíblia Viva).

O que satanás manda a igreja engole. Os pops stars, os famosos,


os doidões vêm trazendo seus lixos (que deveriam jogar fora) e nós temos
que ir engolindo! Só porque o camarada era da pesada e tem um
testemunho impactante, temos que aceitar sua “doutrina” de vida?
Muitos destes famosos vêm, implantam seus “costumes”,
influenciam nossos jovens e, após um tempo, desviam-se, voltam para o
mundo ou migram para igrejas que aceitam tudo. Mas a semente
maligna ficou plantada.
Jesus disse o que deve fazer quem quiser segui-lo. E a primeira
exigência foi:

“Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz


e siga-me” (Mateus 16.24 – grifo do autor). sua cruz e siga-me” (Mateus
16.24 – grifo do autor).
“Da mesma forma, qualquer de vocês que não renunciar a tudo o que
possui não pode ser meu discípulo” (Lucas 14.33 - grifo do autor).

“Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ela


nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de
maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente” (Tito 2.12 - grifo do
autor).

Não posso dizer que foi só um parêntese, pois deste tamanho mais
parece um colchete ou chave.
Podemos esperar qualquer coisa de quem não teme ao Senhor. Às
vezes encontramos dificuldade para entender que há muitos
estelionatários nos púlpitos das Igrejas evangélicas, mas se você conhece
um pastor homem de Deus, converse com ele sobre este assunto. Deixe-
o à vontade, afirmando que não deseja saber de nomes, somente dos
fatos. Você ouvirá muito mais do que leu aqui.
Sexto capítulo

Iludidos pelas riquezas


Novamente Jesus está diante de uma grande multidão (Mateus
13) e, como de costume, ensinando por parábolas as realidades do Reino.
Agora Ele olha as multidões e revela o coração dos presentes, dividindo-
os em 4 classes distintas. Era como se dissesse: Olhem vocês mesmos as
milhares e milhares de pessoas aqui reunidas, são pessoas de variadas
tribos, e línguas, e povos e nações, cada uma diferente da outra, têm suas
peculiaridades, suas tradições e costumes; umas mais claras, na cor da
pele, outras mais escuras; umas mais baixas, na estatura, outras mais
altas; umas mais cultas, outras leigas; umas religiosas, outras não;
vejam que é uma multidão bastante heterogênea, mas quando ouvem a
minha Palavra posso classificá-las em apenas 4 tipos.
Após contar a Parábola do Semeador, Jesus explica que o
semeador é Ele mesmo ou seus ministros; a semente é a boa Palavra de
Deus; o campo é toda aquela multidão e outras que ainda se agregariam.
Embora tanta diversidade, como dissemos antes, há somente
quatro tipos de terrenos (corações) onde a semente é lançada. A semente
é uma só, mas os terrenos são diversos. A semente é boa, mas há terrenos
não tão bons assim. A semente é de excelente qualidade, mas há terrenos
não muito férteis.
Jesus diz que há terrenos batidos, à beira do caminho, terrenos
rochosos, terrenos onde há espinhos e terrenos bons, perfeitos para a
semeadura.
O terreno à beira do caminho é, geograficamente, o mais próximo,
onde não é necessário tanto esforço físico para semear; por isso é muito
pisado e a terra se torna dura, batida e impermeável, impossibilitando
que a semente seja absorvida, e brote. É neste tipo de terreno onde as
aves facilmente encontram alimento, que ficam expostos. Pessoas que já
foram magoadas, traídas e decepcionadas tendem a fechar-se, tornando-
se impermeáveis a quaisquer relacionamentos. Por serem mais
acessíveis, essas pessoas ouvem todo tipo de pregações, variados
ensinos, são tantas sementes ruins que já não se permitem ser ajudadas
por ninguém.
Jesus treinou seus discípulos por três anos e meio, e antes de
enviá-los a semear, ordenou-lhes que ficassem em Jerusalém, até que
recebessem o Companheiro que iria capacitá-los na tarefa da
semeadura. Ele não enviou nenhum que não tivesse cheio dele. Hoje se
envia qualquer um e, como resultado, terrenos são pisados e tornam-se
duros. Triste é saber que os não enviados por Jesus, na maioria das
vezes, vão até a beira do caminho. Quão duros ficam estes corações!
Outras sementes caíram em terrenos rochosos; geograficamente,
um pouquinho mais distante. A principal característica deste lugar é não
ter terra suficiente para as raízes se firmarem e extraírem sustento, em
razão da camada rochosa logo abaixo. São pessoas que recebem a
Palavra de Deus com alegria. No início manifestam muita gratidão e
fidelidade ao Senhor, testemunham bênçãos, evangelizam e convidam
amigos para as reuniões da igreja, até empolgam as pessoas com seus
testemunhos, mas não buscam profundidade no seu relacionamento com
Jesus. Não se envolvem seriamente e se satisfazem em seguir a Jesus
de longe, como Pedro quando negou a Jesus (Lucas 22.54).
Quando vêm as tempestades da vida (tribulações, perseguições,
calúnias etc.), não aguentam e abandonam a Cristo.
Ainda outras sementes caíram em terreno onde havia muitos
espinhos. Este é o tema deste capítulo, onde falaremos um pouco mais
adiante.
Por último, o semeador lançou as sementes em terreno bom,
perfeito para a semeadura. Vejam que o terreno bom foi o mais distante,
bem diferente do terreno mais próximo.
Geograficamente, demandou o maior esforço. Numa segunda
tarefa de semear, qualquer semeador experiente, após ver os resultados,
seria tentado a não desperdiçar suas sementes nos primeiros três
terrenos e concentraria seus esforços no terreno mais distante. Além de
poupar suas boas sementes, um semeador experiente pouparia seus
esforços e se concentraria onde a colheita é melhor e maior.
Os ministros do Senhor são tentados a isto o tempo todo. Ter
menos trabalho, menos fadiga e maior colheita. Mas não deve ser assim
na semeadura espiritual. Primeiro, a semente do ministro não é dele;
não deve ser feita economia. [Devemos pregar, mesmo onde sabemos que
o povo não vai nos dar ouvidos. Leia Ezequiel 2.3-5; 3.7]. Segundo, na
semeadura espiritual as experiências anteriores não são fatores
determinantes das próximas semeaduras – cada semeadura é uma
experiência singular. Terceiro, nenhum semeador espiritual sabe
diferenciar terreno, qual é bom e qual não é; razão pela qual Jesus, o
perfeito Semeador, foi deixando cair sua boa semente em todos os
terrenos por onde passava.
Mesmo sendo terra boa, ainda houve uma subclassificação desta
terra. Jesus disse que mesmo sendo tudo terra boa, uma parte produziu
colheita a 100, outra parte a 60 e, por fim, a 30, para cada semente
semeada. Creio que não foi ao acaso que a ordem dada, aqui, foi
decrescente, pois ele encerra o relato dizendo: “Aquele que tem ouvidos
para ouvir, ouça!” (versículo 9).
Se você perguntar a qualquer lavrador (semeador) se ele
desejaria deixar sua profissão em troca de outra onde há mais lucro e
menos desgaste físico, a resposta, creio que quase na totalidade deles,
seria sim. Há uma tendência natural a abandonar a vida de semeador.
A semeadura cansa e desgasta e, por fim, o resultado sempre é
imprevisível. Após lançar as sementes, o semeador depende diretamente
da chuva, e esta em quantidade certa. É uma profissão que exige esforço
fora do comum e paciência.
A ordem decrescente (100, 60 e 30) da colheita chama a nossa
atenção para a realidade da vida espiritual. Os ministros do Senhor
também são tentados a abandonar o trabalho árduo e aderir à “lei do
menor esforço”; são tentados a procurar meios onde alcancem maiores
colheitas com menores esforços. Devemos ter cuidado com a canseira
espiritual e a inclinação à vida luxuosa. Como o lavrador, que quase
sempre deseja uma profissão menos fatigante e busca uma vida com
mais conforto material, o fiel ministro do Senhor é tentado a fazer o
mesmo.
À medida que o homem vai experimentando uma vida cercada de
facilidades e luxo, menos disposição tem para retornar à rotina anterior.
Lembra quando as pilhas do controle remoto do seu televisor falharam
e você teve que retornar ao velho costume de levantar para trocar de
canal? Tenho certeza que você não demorou em adquirir pilhas novas.
Isto é uma tendência natural – o comodismo.
A colheita começou a 100, não é? Mantê-la constantemente nesse
nível de fecundidade sempre foi o desafio dos fiéis ministros do Senhor.
Aderir ao luxo é, inevitavelmente, assinar um contrato com o “demônio”
do comodismo. Ninguém conseguiu manter uma colheita a 100
abandonando a simplicidade da vida cristã. Quando o luxo entra, junto
vem o comodismo. Não dá mais para voltar a ficar levantando e sentando
para mudar de canal...
A vida cercada de conforto e luxo é pior do que muitos pensam, e
com certeza é por isso que os maiores exemplos de fé estão ligados à uma
vida simples e sem luxo. Os desejos espirituais não coabitam com os
desejos materiais. Quem vive atrás de luxo jamais encontrará os
tesouros espirituais. Conforme disse Jesus, não se pode servir a dois
senhores (Mateus 6.24).
A vida de luxo traz a velha preguiça e demanda maior quantidade
de recursos. Estas duas coisas devem andar em grandezas inversamente
proporcionais – maior a preguiça, menos recursos; menor a preguiça,
mais recursos. Inverter estas grandezas implica em sérios males.
O que acontece quando uma pessoa tem desejo muito forte de
possuir algo e tem preguiça de lutar por aquilo?
Espiritualmente acontece desta mesma forma. A quebra desta
relação produz prejuízos espirituais. Daí surge os 171. Acham o preço da
obediência muito alto e, a todo custo, desejam uma colheita a 100.
Existem muitos ministros do Senhor que ficaram preguiçosos,
não suportam mais o preço da fadiga da vida simples e desgastante de
semeador e aderiram à vida de luxo, mas querem colheitas a 100.
Os homens de bom testemunho de fé, encontrados na Bíblia e nos
anais da história da igreja, foram homens tão envolvidos e dados ao
trabalho da semeadura que não tiveram tempo de olhar para o luxo
oferecido pelo mundo.
A sedução das riquezas

“Outra parte caiu entre os espinhos, que cresceram e sufocaram as plantas... Quanto
ao que foi semeado entre os espinhos, este é aquele que ouve a palavra, mas a
preocupação desta vida e o engano das riquezas a sufocam, tornando-a infrutífera”
(Mateus 13.7,22 – grifo do autor).

Depois de vermos três dos terrenos onde o semeador lançou a


semente, agora veremos o terreno espinhoso. Após dizer que a semente
caiu entre os espinhos, Jesus disse que estes cresceram e sufocaram as
plantas. Dando-nos a ideia de que era um terreno onde já existiam
pequenos espinheiros ou a raiz destes. Somente após algum tempo os
espinheiros cresceram, desenvolvendo-se junto com as plantas e,
posteriormente, sufocando-as. Veja que, diferentemente das sementes
que caíram à beira do caminho e no terreno pedregoso e não resistiram,
esta cresceu, criou raízes e permaneceu, apenas foi impedida de dar
frutos.
A explicação dada por Jesus foi bem clara. Trata-se de um tipo de
discípulo de Cristo que ouviu a Palavra, desenvolveu-se espiritualmente,
criou raízes, mas foi impedido de frutificar. Frutificar aqui significa
produzir resultados vantajosos, conforme a semente que caiu em terra
boa.
O evangelista Marcos acrescenta uma observação importante,
veja:

“Mas os cuidados deste mundo, e os enganos das riquezas e as ambições


de outras coisas, entrando, sufocam a palavra, e fica infrutífera” (Marcos
4.19 – ACF - grifo do autor).

Jesus nos revela aqui que satanás lança estas sementes malditas
na direção dos verdadeiros discípulos e, se penetrarem no coração,
sufocam a Palavra, impedindo-a de produzir frutos.
Esta semente maligna não vem para matar a planta, pois esta
cresceu, lançou raízes e permanece firme. Satanás sabe que não
consegue destruir estes discípulos, mas com esta arma consegue impedi-
los de frutificar. Ainda que ligados a Cristo, têm as preocupações da vida
e os desejos materiais dominando o coração.
Com esta observação acrescentada por Marcos temos uma
terceira possibilidade. É certo que o terreno não havia sido bem
preparado (quando aceitou a Jesus não houve uma limpeza completa no
coração). Ou havia raízes de espinheiros, ou estes ainda eram
plantinhas, aparentemente inofensivas, ou, ainda, foram semeados
posteriormente, mas numa terra muito propensa a desenvolver tais
‘ervas daninhas’.
Seja qual for a possibilidade, certo é que a terra não era boa. As
duas primeiras possibilidades acima mostram pessoas que não “se
despiram do velho homem com suas práticas” (Colossenses 3.9), o corpo
do pecado ainda não foi desfeito (Romanos 6.6) e ainda são escravos do
pecado (Romanos 6.7). Creram na mensagem da cruz, mas ainda amam
as riquezas, ainda amam este mundo com suas concupiscências, ainda
são inclinados aos prazeres da vida material; ainda se sentem atraídos
pelas glórias humanas, pela fama, pelo desejo de grandeza, buscam
prestígio entre os homens; gostam de ser considerados importantes,
gostam de exibir-se com vestes e bens luxuosos e de ostentar suas
posições; encontram grande prazer e conforto acumulando riquezas.
A Bíblia de Jerusalém nos dá um entendimento mais claro sobre
o terreno espinhoso. Lucas diz que os espinheiros nasceram com a planta
(Lucas 8.7). E diz o resultado desta convivência: “Aquilo que caiu nos
espinhos são os que ouviram, mas, caminhando sob o peso dos cuidados,
da riqueza e dos prazeres da vida, ficam sufocados e não chegam à
maturidade” (verso 14).
Estes desejos e inclinações não podem permanecer em nós. Vez
por outra temos nossa atenção atraída pelas coisas deste mundo, mas o
nosso amado Senhor nos aconselha: “Quanto a antiga maneira de viver,
vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por
desejos enganosos” (Efésios 4.22 - NVI). Também o Senhor nos diz:
“Assim, façam morrer tudo o que pertence à natureza terrena de vocês”
(Colossenses 3.5 - NVI). “... Se afastem dos prazeres malignos deste
mundo; eles não são para vocês, pois lutam contra suas próprias almas”
(I Pedro 2.1c - BV). Como vimos, se permitirmos viver com nosso coração
sobrecarregado pelos cuidados desta vida, desejos por riquezas e as
demais ambições, seremos, inevitavelmente, sufocados e não daremos
frutos. Estas coisas não podem conviver conosco, elas nos dominarão. O
Espírito de Jesus Cristo liberta o homem destas prisões.
Se você, que lê este pequeno livro, se sente atraído ou entrou por
algum destes negros caminhos descritos acima, não se desespere; há um
caminho de libertação. Há um meio bíblico de sermos libertos destes
entranhados desejos malignos. Talvez você já reconheceu que precisa ser
transformado, mas nunca obteve respostas. Pois bem, agora o Senhor te
responde.
A obra do novo nascimento é operada pelo Espírito do Senhor
(João 3.5,6), com uma pequena cooperação sua. Posso dizer que o vento
soprou em tua direção hoje (verso 8).
Logo quando terminares de ler este livro, adquira urgentemente
o livro CELEBRAÇÃO DA DISCIPLINA, de Richard J. Foster. É da
Editora Vida. Você precisa ler este livro. Ele te conduzirá pelo caminho
bíblico da verdadeira transformação segundo imagem de Cristo. Este
livro foi um presente de Deus para minha vida, e sei que será para a sua.
A terceira possibilidade, citada por Marcos, é atualmente a mais
usada por satanás e também uma arma poderosa. Veja que ele diz:
entrando, sufocam a palavra. Dá-nos a ideia de algo que é semeado e, se
encontrar terra receptiva, produzirá danos terríveis.
Paulo nos alertou: “Não se deixem enganar: ‘As más companhias
corrompem os bons costumes’” (I Coríntios 15.33). Para os Israelitas,
antes de tomarem posse da terra da promessa, o Senhor alertou:
“Acautele-se para não fazer acordo com aqueles que vivem na terra para
qual você está indo, pois eles se tornariam uma armadilha” (Êxodo
34.12).
Se você é um jovem com grandes promessas e está sendo
poderosamente usado por Deus, ou está experimentando grande
crescimento ministerial, nunca esqueça este conselho acima: não faça
acordo com aqueles que vivem na terra para onde o Senhor está te
levando; é uma armadilha para você; “ao contrário, derrube os altares
deles, quebre as suas colunas sagradas e corte os seus postes sagrados.
Nunca adore nenhum outro deus [dinheiro, fama, luxo, etc.], porque o
Senhor, cujo nome é Zeloso, é de fato Deus zeloso” (Êxodo 34.13,14 –
colchete acrescentado pelo autor).
O Senhor alertou o famoso rei Salomão: “Vocês não poderão
tomar mulheres dentre essas nações, porque elas os farão desviar-se
para seguir outros deuses” (I Reis 11.2). Este texto revela algo muito
importante sobre nosso tema. Salomão não se desviou dos caminhos do
Senhor logo que se uniu às suas muitas mulheres. O texto é claro e
afirma que: “À medida que Salomão foi envelhecendo, suas mulheres o
induziram a voltar-se para outros deuses” (I Reis 11.4). As mulheres
ganhavam força à medida que o coração de Salomão enfraquecia. À
medida que o zelo pelas coisas do Senhor diminuía, as más influências
prevaleciam no seu intento. Enquanto Salomão vivia inflamado de amor
e zelo pelas coisas do Senhor nada o influenciou, mas o tempo da
“velhice” vem para todos. “Salomão foi envelhecendo”.
O Senhor quer que tenhamos por companheiros aqueles cujos
corações ardem de zelo por Ele. Todos nós temos momentos de fraqueza
– a “velhice”. Aqui ou acolá somos apanhados por situações difíceis.
Momentos de tristezas também sobrevêm ao coração dos que amam a
Deus, mas se estivermos próximos de quem ainda serve ao Senhor com
zelo seremos poderosamente animados a retomar as forças. Mas se
estivermos na companhia de quem não possui temor e ainda vive na
prática da velha natureza pecaminosa, o estado de fraqueza que o fiel
discípulo se encontra não lhe dará condições de resistência e,
inevitavelmente, a semente maligna penetrará no coração e paralisará
a obra da frutificação.
Existem homens de Deus que foram nocivamente influenciados
por outros. Começaram bem, foram crescendo, lançaram raízes
profundas e desenvolveram-se a ponto de chamar a atenção de muitos.
Lembra que a semente maligna do engano das riquezas ataca discípulos
no processo de crescimento, impedindo a frutificação?
A satanás foi entregue, ainda que temporariamente, o governo
deste sistema político, econômico, social e religioso, e ele pode oferecê-lo
a quem quiser. As glórias dos reinos da terra o pertencem e, da forma
como os ofereceu a Jesus no deserto, continua oferecendo aos ministros
de Deus. Ao contrário de Jesus, muitos têm trocado a glória do alto pelas
glórias deste mundo; trocaram o alto preço da semeadura cristã pelo
luxo, dinheiro, bens e prazeres mundanos.
Estes obreiros cresceram e se desenvolveram no ministério;
alguns começaram a pregar em grandes cruzadas e congressos, outros
em conferências, mas não puderam continuar a frutificar. Logo tiveram
seus olhos e corações voltados para as riquezas e cuidados desta vida.
Antes andavam pela fé e não pediam ou exigiam nenhum valor para
ministrar, mas agora, por terem sido influenciados por outros,
comercializam seu ministério. A semente penetrou através das más
companhias e dos maus testemunhos. A terra (o coração), que já era
muito propícia ao cultivo de ervas daninhas, fez os espinheiros se
desenvolverem rapidamente, que vieram posteriormente a sufocar a
Palavra.
A ideia maligna que se proliferou no Cristianismo moderno é
esta: “Veja, ele é usado por Deus, reúne multidões, sua Igreja cresce e
ele é por todos reconhecido, até internacionalmente, e exige dinheiro
para pregar, tem mansões, fazenda, carros importados, vive em luxo,
afinal o nosso Deus é dono do ouro e da prata! Se ele faz isto e Deus opera
no ministério dele, então posso fazer também”, pensam.
Satanás ganhou força na vida de alguns através da ganância, e
esta brecha transformou-se numa porta. Pedro relaciona o pecado da
ganância com pecados sexuais (leia e medite em II Pedro 2.3,14).
Já ouviu falar da queda de alguns grandes pregadores? Sei que
ouviu falar de muitos que se envolveram em pecados sexuais. Pois é, só
tomamos conhecimento do pecado sexual, mas veja o quanto seu coração
estava embriagado pela ganância por dinheiro antes do adultério. “Um
abismo chama outro abismo...” (Salmo 42.7). Ao tempo em que se
tornaram exploradores financeiros, foram dominados por muitas
concupiscências, e conforme vemos em alguns textos da Bíblia, o pecado
da ganância está estreitamente ligado aos pecados sexuais (Cl 3.5; I Co
6.9,10; II Pe 2.14).
Amados, cuidado com estes e estas que exigem dinheiro para
pregar ou cantar. Como vimos acima, a ganância é só uma das
manifestações carnais da grande lista. Não deixa estas pessoas terem
acesso ao púlpito de sua igreja, nem ao seu lar. Quando você, amado
pastor, autoriza estes obreiros 171 ministrarem à sua igreja, você está
autorizando o espírito, que opera neles, operar a mesma obra nos que
recebem suas ministrações. Da mesma forma no seu lar.
Seja mais cuidadoso com a igreja do Senhor e com teu lar. Temos
visto muitos testemunhos deploráveis. Estes ministros 171 têm
introduzido em muitos lares e igrejas espíritos de prostituição, contenda,
ganância etc.
Na hora da pregação deles é um barulho enorme e muita emoção.
Mas barulho maior vem depois de algum tempo, quando coisas horríveis
começam a acontecer e não sabemos o porquê. Algum tempo depois,
alguns aparecem com rebeliões na igreja e em casa, surgem divisões no
corpo, quedas por prostituição e a lista continua – é a ação do espírito
maligno.
Cuidado também na escolha dos músicos! Eles também
ministram à igreja. O espírito que neles opera, opera naqueles que
recebem a ministração deles. Para o Senhor, a questão principal não é
talento musical, mas vida no altar e chamado para ministrar o louvor.
Precisamos buscar perseverantemente no Senhor os nomes
daqueles que virão ministrar em nossa igreja. Quando é enviado por Ele,
a igreja desfruta as maravilhas celestiais. O que estava torto se
endireita e o caminho do Senhor é preparado.
O pior é que a maioria destes obreiros 171 nem sabem que são
causadores de tantos males. Como Sansão, pensam que ainda têm o
Espírito de Deus (Juízes 16.20).

Quantos obreiros com grandes promessas de Deus, agora


paralisados! Satanás conseguiu paralisar muitos que tinham poderosos
ministérios. Começaram com força espiritual tal que incomodou o
inferno e abalou as estruturas deste sistema religioso frio e corrupto,
mas foram paralisados. Ministérios que deram, em pouco tempo, grande
impulso ao avanço do reino de Deus na terra, mas se tornaram
infrutíferos. Como disse anteriormente, os desejos materiais e
espirituais não podem compartilhar o mesmo coração; ou nos dedicamos
totalmente a Deus ou à busca de riquezas.

“Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro,


ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus
e ao Dinheiro” (Mateus 6.24 – grifo do autor).

Isto tem sido comprovado claramente em nossos dias. Não precisa


ser espiritual para ver que o povo de Deus, em sua maioria, vive sufocado
pelo desejo de ter, e de exibir. Saímos da era da informática e entramos
na era da glorificação do corpo. As academias andam lotadas, os salões
de beleza recebem agenda com semanas de antecedência. Todo canto de
rua tem uma butique de roupas de moda. Nunca se ouviu falar tanto em
cirurgia plástica como agora. Puxa aqui, estica ali, afina acolá, muda
isto, tira aquilo...; pessoas mudam de cor, implantam silicones, próteses,
cartilagens; já se perdeu a conta do número de mortes em cirurgias de
lipoaspiração. Está ficando cada vez mais difícil saber quem é quem.
Hoje tem cabelos pretos e olhos castanhos; amanhã é loira de olhos azuis.
A indústria dos remédios para emagrecimento é cada vez mais crescente;
o comércio dos óculos da moda e das lentes de contato coloridas é
disputadíssimo. A anorexia virou a doença do século. Não se pode chorar,
pois as lágrimas são negras, coloridas pelos cosméticos, que já é um dos
maiores comércios do mundo. Este é o retrato de nossa era. E a igreja
segue este curso, com raríssimas exceções. O coração do povo de Deus foi
conquistado pelo glamour do mundo moderno. Vivemos o mundo da
moda, do charme, da elegância e extravagância. Tudo que embeleza e
exalta o corpo ganhou inestimável valor social. A vaidade inundou o
coração e mente da “geração eleita”. Olhe para o cristão moderno! Olhe
para o penteado dos seus cabelos! Veja quanto glamour em seus estilos!
Olhe suas grifes! O ouro voltou a enfeitar o corpo do ‘crente moderno’.
Perdeu o verdadeiro ouro (a glória de Deus), e agora quer brilhar com
pedras preciosas penduradas no corpo. E o mundo, cada vez mais pávido
com as catástrofes que assolam o planeta, procura Deus, mas só ver
vaidade naqueles que se autodenominam cristãos. O mundo não
consegue ver Deus na vida da igreja moderna. A igreja caiu no descrédito
do povo e virou motivo de chacota – desceu ao nível de uma instituição
desacreditada.
Na defesa de tudo isto há uma teologia fraudulenta, que apoia e
sustenta a superficialidade religiosa, em detrimento de uma vida cheia
do Espírito de Deus. Com certeza alguns vão achar que estas palavras
são exageros, que não há nada de errado acompanhar tendências
modernas, que não há vaidade alguma, apenas alguns costumes, mas
Jesus nos ensinou que o que é externado é o resultado direto do que há
em abundância no coração (Mateus 12.34).
Dê uma observada nas reuniões de adoração da igreja moderna.
Olhe para os cultos de domingo. Leia um pouco o livro de Atos dos
apóstolos, e veja a simplicidade da vida cristã e quanto poder de Deus!
Agora olhe para o mundo, seus costumes, suas maneiras de falar,
proceder, vestir e responda com quem parecemos mais, com a igreja-
modelo de Atos dos apóstolos ou com o mundo? Vejam se os líderes das
igrejas mais se parecem com os apóstolos do Senhor ou com os líderes
religiosos vazios que perseguiram e crucificaram o Filho de Deus?
Como espinheiros, estas coisas sufocaram a palavra de Deus no
coração de muitos cristãos e os frutos espirituais desapareceram. Quem
não dá fruto é estéril, e há algum outro fim para uma árvore, que foi
plantada para frutificar, mas tornou-se estéril?

“Então contou esta parábola: Um homem tinha uma figueira plantada em sua
vinha. Foi procurar fruto nela, e não achou nenhum. Por isso disse ao que
cuidava da vinha: Já faz três anos que venho procurar fruto nesta figueira e
não acho. Corte-a! Por que deixá-la inutilizar a terra? Respondeu o homem:
Senhor, deixe-a por mais um ano, e eu cavarei ao redor dela e a adubarei. Se
der fruto no ano que vem, muito bem! Se não, corte-a” (Lucas 13.6-9).

das
Sétimo capítulo

Dignos de dupla honra


No capítulo 10 de Lucas, Jesus está enviando setenta discípulos
à obra missionária, e dá orientações acerca da conduta exigida aos
obreiros itinerantes. Cidades e mais cidades seriam percorridas. Dias,
meses e até anos, passavam fora de casa os primeiros evangelistas. A
orientação era, e é:

“Também, em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei


do que puserem diante de vós” (Lucas 10.8 – ARA – grifo do autor).

Eles já haviam recebido poder sobre os espíritos malignos e para


curar os doentes e enfermos (Lucas 10.19), e isto, inevitavelmente,
levaria o povo a ter grande admiração e respeito por eles (leia Atos 5.13).
Sabendo disto, o Mestre os alertou a que não desejassem ser festejados
pelo povo: comei do que puserem diante de vós...
Pois bem, o homem (ou mulher) de Deus que vem pregar ou
cantar em nossa congregação não é nenhuma estrela ou qualquer outro
astro para merecer tratamento diferenciado, porém também não é
nenhum anjo caído que não deva obter nenhuma consideração da parte
da igreja. São homens e mulheres de Deus.
Paulo explica a Timóteo que existem alguns obreiros que são
dignos de dupla remuneração:

“Os presbíteros que administram bem a igreja são dignos de dobrados


honorários, principalmente os que se dedicam ao ministério da pregação e
do ensino” (I Timóteo 5.17 – KJA).

O que Jesus nos ensina é que o homem de Deus não deve querer
ser festejado, achando-se no direito de exigir determinado valor para
ministrar numa igreja, como se suas lutas e seus sacrifícios pela obra
representasse alguma dívida da Igreja ou do Senhor, para com ele; mas
isto não desobriga o povo de Deus de honrar (com boa soma de valores,
segundo o texto acima) os dedicados ministros do Senhor. Veja que isto
está entre a igreja e Deus, o ministro apenas é autorizado a receber,
nunca a definir ou exigir quantidades.
Paulo, apesar de não fazer uso deste direito, reconhece a
necessidade de abençoar, com abundância de recursos, os bons pastores
e os fiéis pregadores da palavra de Deus.
Existem igrejas abençoadoras. Não só abençoam homens (ou
mulheres) com ministérios conhecidos internacionalmente, mas a todos
que trazem a boa mensagem do Senhor, seja pregando ou cantando.
Há, é verdade, os exigentes, que querem passagem de avião na
primeira classe, hotéis de inúmeras estrelas, carro de luxo para apanhá-
los no aeroporto e para transportá-lo do hotel para a igreja ou outro local
etc. Estes se recusam a aprender com o Mestre, e têm conceitos
elevadíssimos acerca de si mesmos. Podem até cantar bonito ou ter
muita erudição e eloquência na palavra, mas nunca conheceram a Jesus,
que é humilde de coração (Mateus 11.29).
Mas da mesma forma entendo que nada disto desobriga a igreja
a se esforçar para dar as melhores condições de transporte e estadia aos
ministros convidados, bem como uma boa oferta (dentro de suas
limitações). O número de estrela do hotel não deve ser levado em conta,
mas a igreja deve escolher bem o local onde vai hospedar um homem de
Deus.
A igreja quando convida ministros de fora de sua localidade
geralmente está em festa, mas o ministro convidado não. Ele deve estar
concentradíssimo naquilo para o qual foi chamado. Quem é espiritual
sabe do peso da responsabilidade de assumir a tribuna de uma Igreja.
Certa feita, fui convidado para pregar numa cruzada evangelística
numa cidade bem distante, em nosso Estado. Quando preguei na
primeira noite, que era a abertura, o Senhor me fez entender o quanto
satanás trabalhou e estava trabalhando para impedir o derramar do
poder de Deus. Era uma cidade onde os moradores eram muito idólatras
e as igrejas evangélicas não conseguiam prosperar.
Ao retornar da reunião tentei ficar sozinho com o Senhor, em
oração e meditação, mas era impossível. Hospedaram-me na casa do
pastor, e creio que não tinha menos que vinte pessoas dividindo três
pequenos quartos. Era um entra e sai daqueles! Imaginem a fila de
espera na hora do banho!
Não tive coragem de dizer ao amado pastor que queria outra
hospedagem, mas desde então comecei a pedir aos pastores que me
convidam para ministrar, que reservem um local onde eu possa ter
condições de orar e meditar, seja um hotel ou uma casa onde haja
tranquilidade.
Reconheço que devemos priorizar a comunhão dos irmãos. Uma
viagem é mais uma oportunidade para compartilharmos novas
experiências. É também momento em que conhecemos melhor o obreiro
da igreja; tomamos conhecimento de suas lutas e dificuldades, ocasião
em que nossa presença pode ser de grande utilidade. Mas há lugares que
o Senhor nos envia que as lutas espirituais são fortíssimas. Parece que
a atividade maligna se concentra em maiores forças. Não sei meus
companheiros que viajam para pregar, mas nestas horas sinto o impulso
do Espírito do Senhor para recolher-me em oração.
Recentemente, fui convidado para pregar num retiro de quatro
dias, durante o período de carnaval. Quando recebi o convite logo pedi
ao pastor que reservasse uma hospedagem em local reservado, pois o
Espírito do Senhor me fazia entender que haveria muita resistência
espiritual naquele encontro.
Toda a igreja estava acampada no local do retiro, e o pastor,
embora com alguma dificuldade financeira, entendeu nossa solicitação
(minha e da minha esposa) e providenciou uma hospedagem num pequeno
hotel da cidade. Ainda faltando alguns dias para a viagem, o Senhor
começou a mostrar as lutas espirituais que travaríamos. Chegando lá,
já no hotel, Ele continuava mostrando as lutas. Na primeira noite de
ministração não orei pelos enfermos nem pelo derramar do Espírito
Santo. Havia sonhado na noite anterior e vi que os demônios, de alguma
forma, ainda prevaleciam em sua resistência. Senti que deveria jejuar e
orar mais, e assim o fiz. Na madrugada seguinte tive outro sonho:
Pessoas corriam com medo de um bandido encapuzado (símbolo de um
demônio), foi então quando peguei uma arma de fogo e atirei nele. O
bandido ainda deu algumas passadas e caiu, derrotado.
Na manhã seguinte foi a segunda ministração, mas entendi que
ainda não era a hora de começar a ministrar libertação e cura, pois
entendi que a pequena demora antes do bandido cair indicava que eu
deveria ministrar somente à noite, quando seria a próxima ministração.
Pela manhã demos o tiro fatal na resistência. Foi uma manhã de muita
adoração e lágrimas. Deus havia preparado o ambiente para manifestar
seu poder.
Passei a tarde toda aos pés do Senhor. No final da tarde, deitado
no chão e orando, ouvi uma voz falando no meu interior: “Vou te mostrar
o quanto o Senhor é fiel”. Creio que o Espírito de Deus me deu esta
palavra porque me viu já preocupado com tanta resistência maligna.
Veio-me, então, uma alegria inexplicável, levando-me, em
seguida, a entender que todas as forças demoníacas que agiam naquela
cidade haviam sido amarradas.
À noite, após pregar a mensagem comecei a ministrar cura e
libertação. Não sei se você acredita nestes mistérios, mas Deus começou
a mover-se naquele local como nunca. Pessoas caíam arrebatadas e
anestesiadas e o Senhor realizava cirurgias espirituais ao vivo. Pessoas
vomitaram doenças e algo lindo aconteceu: o Espírito Santo começou a
mover-se sobre as crianças e jovens que choravam copiosamente
enquanto eram batizados com o Espírito Santo e com fogo.
Nos dias seguintes as coisas aconteceram livremente e Deus foi
poderosamente glorificado. Pessoas se decidiram por Cristo, muitas
foram batizadas no Espírito Santo e curadas.
Quando conversei com o pastor da igreja sobre os sonhos, ele me
falou que também havia tido sonhos de guerra espiritual e estava orando
pela madrugada com alguns irmãos.
Aquela igreja hoje desfruta os seus melhores dias e experimenta
um genuíno avivamento, como resposta de vários anos de oração e
súplica.
Um hotel para um ministro ficar sozinho com o Senhor não é luxo,
às vezes é uma necessidade. A mulher sunamita deu ao profeta Eliseu
um lugar de honra em sua casa (II Reis 4.10).
Mas entendi que, não se tratando de local onde somos levados
para combater guerras espirituais tão fortes, o melhor mesmo é estar
junto com a igreja que nos convida.

Não devemos esquecer que quem dá um copo de água a um


homem de Deus recebe galardão (Mateus 10.42). Devemos entender que
os verdadeiros homens de Deus são simples e humildes, mas possuem
necessidades materiais. Dissemos anteriormente que é antibíblico um
homem de Deus pedir ou exigir quantias para pregar ou cantar, mas é
bíblico a igreja abençoá-lo, dando duplos honorários aos que se dedicam
à pregação e ensino da Palavra e fazem com fidelidade e dedicação a obra
do Senhor.
Sabemos que existem os preguiçosos que não querem trabalhar,
e vivem andando por aí atrás de ofertas e venda de materiais. Mas
existem os obreiros chamados para viverem pela fé, andando de cidade
em cidade e de estado em estado. Há outros que até ultrapassam as
fronteiras do país. São homens que receberam um ministério diferente.
São homens que receberam do Senhor uma mensagem que deve ser
compartilhada com muitos.
Suas experiências com o Senhor precisam ser conhecidas nos
mais diversos lugares. Foi Ele quem decidiu que deveria ser assim.
Estes precisam da ministração da igreja. E o que é tirado para
estes obreiros o Senhor recompensa abundantemente.
Aos ministros 171 que querem negociar as coisas santas do
Senhor, cobrando valores para ministrar, acredito que se tornaram
indignos de receberem algo da igreja. Acredito até que a igreja que aceita
negociar valores com estes ministros, está participando dos pecados
alheios, incentivando uma prática que em nada glorifica o nome do
Senhor e dando as ofertas que foram depositadas no altar a quem não
honra as coisas de Deus.
Últimas considerações

Quando os oficiais do templo viram Jesus com um chicote de


cordas na mão, virando mesas e cadeiras, derrubando tudo e expulsando
todos que negociavam, não entenderam nada e, revoltados,
perguntaram: “Que sinal de autoridade nos mostras, para agires dessa
forma?” (João 2.18 – KJA). Jesus já lhes havia respondido, porém eles
não observaram o grande sinal dado.
Jesus havia dito: “não façais da casa de meu Pai, casa de
comércio” (verso 16). Ou seja, Jesus disse que, apesar de não ser um
oficial do templo, um sacerdote ou membro do Sinédrio, possuía a
autoridade de Filho do Deus do templo. Como Filho ele jamais poderia
ver tanta corrupção na casa do Pai e ficar quieto, sem nada fazer. Como
filhos, também não podemos ficar quietos. Podemos até não ser oficiais
do templo, mas a Casa é do nosso Pai – é do meu Pai!
Por mais que o homem tenha plantado e regado, ainda que
sozinho, mas nosso Pai deu o crescimento e tudo foi edificado sobre o
nome do Filho.
Não importa quem esteja dirigindo, governando, liderando ou
mesmo mandando, o que importa é que a Casa ainda é do Pai. As pessoas
vieram convencidas pelo Espírito do Pai, e o Filho as libertou, não o
homem ou algum profeta. Em razão disto, também somos possuidores
de grande autoridade, cabendo a nós, por dever, a responsabilidade da
limpeza. Seja qual for a igreja, seja qual for o Ministério, tudo que foi
edificado em nome de Jesus tem que se submeter à Sua autoridade.
Enquanto os oficiais do templo viram Jesus como um baderneiro
ou fora da lei, os discípulos, ao verem o Filho de Deus agindo daquela
forma, lembraram do Salmo 69.9. Eles viram que a atitude do Mestre,
aparentemente grosseira e antiética, era resultado de muito zelo pelas
coisas do Pai.

“Pois o zelo da tua casa me devorou, e as afrontas dos que te afrontam


caíram sobre mim” (Salmo 69.9).
Vi que há algo que considerei mais grave do que tudo o que foi
exposto neste livro; e esta foi a razão de escolher este tema. Fiquei por
demais preocupado quando comecei a observar a maneira dos cristãos
reagirem a estes fatos que se introduziram em nosso meio. Vi o povo de
Deus aceitando isto como sendo normal, aceitável. Parece que
legitimamos o ilegítimo por causa do uso. A indignação não veio ao
coração. O zelo pela obra do Senhor não consumiu. E aí entramos por
um caminho mais negro ainda, onde o que é pecado deixa de ser pecado
e o que há de Deus em nós não repulsa o que a Deus desagrada (leia e
medite em II Pedro 2.6-8).
Não sei de qual forma alguns vão reagir às palavras deste livro,
se vão me pedir, desnecessariamente, um sinal de autoridade ou vão
entender que o zelo pela Casa do Senhor me consumiu.
Posso dizer que o zelo pela obra do Senhor me consumiu, levando-
me a escrever mais este livro.
Quero encerrar estas poucas páginas lembrando a você que,
mesmo sabendo de tanta picaretagem que se infiltrou no meio
evangélico, somos forçados a admitir que a obra de Deus tem
permanecido. Há muito joio, mas ainda há trigo. Isto se dá porque o
Senhor ainda tem seus ministros na terra. Homens fiéis. Eles foram
chamados por Deus para fazer algo e não podem contar com muitos.
Sofrem porque se recusam a usar histórias fraudulentas para tomar o
dinheiro e bens do povo. Eles sabem da necessidade da obra, mas se
preocupam com a situação financeira das pessoas. Na verdade, seus
maiores anseios é o bem estar de todos (II Coríntios 8.13). Eles foram
enviados para abençoar a igreja do Senhor.
Não feche seu coração para estes ministros do Senhor. Não
permita ver nenhum deles passar necessidade. Faça o que for possível
para ajudá-los, seja na realização da obra ou na assistência às suas
necessidades materiais e de sua família. Eles não pedem nem recebem
ajuda de nenhuma instituição financeira.
Você e eu fomos chamados para sustentar financeiramente tudo
que pertence ao Senhor na terra.
Lembre-se que Jesus disse que é inevitável que venham os
escândalos (Mateus 18.7), pois, segundo Paulo, eles vêm para mostrar
quem são os aprovados (I Coríntios 11.19). Acostume-se com isto. Como
mostramos anteriormente, isto não começou agora. Mas você e eu não
podemos deixar de abençoar os verdadeiros só porque existem os falsos.
Satanás produz o falso para nos confundir em relação ao verdadeiro.
Deixar de ministrar este serviço (ministração de oferta) só porque
existem ministros estelionatários é entrar no jogo de satanás, que sabe
que se você e eu não sustentarmos a obra ela vai sofrer muito e o mal vai
avançar.
Assim como os terroristas do oriente médio atacam os comboios
que levam suprimentos aos soldados que estão fazendo frente à guerra,
satanás tem tentado interceptar os “comboios” de ajuda aos fiéis
ministros, destruindo ou desviando para outros que não estão alistados
no exército do Senhor. Sem alimento e munição nenhum exército
subsiste.
Nosso adversário sabe que não pode ir lá e vencer nossos
ministros, em razão disso tenta cortar seus suprimentos, ou seja, tenta
semear dúvidas no coração da igreja e impedi-la de ministrar este
importante serviço. Sem dinheiro não há programas no rádio e na TV,
não há missão nem missionários, não há evangelismo, não há cruzadas,
não há festividades, não há publicações, não há templo, não há obreiros
dedicados exclusivamente à obra do Senhor etc.
Se você buscar a ajuda do querido Espírito Santo, ele deixará
claro para você quem são os ministros e Ministérios que foram
divinamente postos aos teus cuidados (materiais e espirituais). Lembre-
se, Jesus disse que as suas ovelhas “conhecem a sua voz” (João 10.4).

O azeite não cessará

A viúva pobre estava prestes a perder seus dois filhos para o


credor (II Reis 4). Seu marido, em vida, havia servido ao Senhor com
temor, porém deixou uma grande dívida. O historiador judeu Flávio
Josefo, em seu livro História dos Hebreus (página 433), afirma que o
marido desta viúva fora Obadias, mordomo do rei Acabe. Obadias
escondeu 100 profetas em duas cavernas e os alimentou, no tempo em
que a rainha Jezabel começou a matar os profetas do Senhor (I Reis 18).
Alimentar a todos lhe custou muito caro, mas ele não permitiu que
matassem os profetas de Deus. Preferiu contrair muitas dívidas a ver
Israel sem os homens de Deus.
Observe que visão tinha este homem! Assumiu, por amor, o
sustento dos homens de Deus. Como não dispunha de condições
financeiras para tal, contraiu dívidas. Que exemplo para alguns que
Deus tem prosperado! [Alguns irmãos prósperos gastam fortunas em
passeios e divertimentos, e vêem sem nenhuma tristeza no coração,
homens de Deus vivendo em aperto e não fazem nada. Por outro lado, há
Igrejas que investem em obras no mundo inteiro, há dinheiro para tudo,
mas seus obreiros ganham salário de fome. Que pena!
Agora estava a pobre viúva com muitas dívidas, mas não
desamparada pelo Senhor. Deus não se esquece de nada que fazemos
pelos seus ministros.
Depois de contar ao profeta Eliseu sua situação, recebeu
orientação para fazer algumas coisas. Tudo que tinha em casa era uma
única botija de azeite, e era tempo de muita escassez em Israel. Deveria
ela pedir muitas vasilhas vazias para os vizinhos e enchê-las.
Que mulher de fé! Nem mesmo indagou ao profeta sobre como se
daria tal fato, haja vista só possuir uma botija cheia. Trancou-se com
seus dois filhos em sua casa e obedeceu a voz profética. Com sua botija
cheia enchia uma botija vazia, mandava separá-la à parte e, quando
olhava para sua botija, estava completamente cheia novamente. Assim
aconteceu até encher todas que estavam vazias. Encheu a de todos os
seus vizinhos com apenas uma. Eu fico pensando naquela mulher
olhando para sua botija enchendo a de todos os vizinhos e permanecendo
cheia! Assim acontece com todos que obedecem a voz do Senhor. Sempre
ficará algo cheio na casa de quem é fiel, mesmo estando em momentos
de aperto financeiro. Os que semeiam alegremente na seara do Senhor
serão instrumentos de Deus na terra para encher “botijas” de azeite de
vizinhos e não vizinhos.
Quando é um homem de Deus que fala o milagre acontece a olho
nu. Por isso o Senhor nos diz que “mais bem-aventurada coisa é dar do
que receber” (Atos 20.35), pois quando damos daquilo que temos, seja
pouco ou seja muito, recebemos da inesgotável fonte sobrenatural de
Deus. Quão grande privilégio é para os homens poderem receber a
ministração direta do Todo-Poderoso!
Que Deus te guarde em paz.

Amém!

la

Suas experiências com o Senhor precisam ser conhecidas nos


mais
O autor possui outra obra, veja:

U ngidos
Senhor do

Uns aprovados, outros rejeitados

George Antonio

“Ninguém é capaz de reunir habilidades suficientes para liderar a igreja de Deus, se por Ele não
for chamado, ungido e capacitado. Só a chamada não é suficiente. Uma unção poderosa, também
não. Tamanho era o poder na vida de Davi que ursos e leões eram como bichinhos de pelúcia.
Tinha a chamada e a unção, mas ainda foram necessários muitos anos de preparo para poder
liderar o rebanho do Senhor. Saul também foi chamado e ungido por Deus, mas a falta do preparo
levou-o à soberba, a ponto de rebelar-se contra o Senhor, perseguir Seus ungidos e matar Seus
ministros. “O pastor não deve ser um cristão novato, pois poderia ficar orgulhoso de ter sido
escolhido tão depressa, e o orgulho vem antes duma queda...” (I Timóteo 3.6 – Bíblia Viva)”.
Este livro é, sem dúvidas, um brado profético contra práticas repugnantes que acontecem dentro
da Igreja em nossos dias. Temas até então intocáveis são abordados. Nele o autor fala, sem rodeios,
do despreparo e ganância de muitos pastores, das conseqüências do nepotismo no Ministério, da
escandalosa negociação do voto dos crentes por parte de alguns líderes, bem como das ‘ajudinhas’
financeiras dos políticos. Mas o tema central é a questão da “unção intocável”. Com certeza você
já ouviu alguém dizer: “Não toque no ungido do Senhor!”. Eu creio que já. Protegido por estes
tabus muitos pastores fazem o que querem com as ovelhas; fizeram-se semideuses!
Este livro, escrito numa linguagem muito simples, desmistifica esta “unção intocável”. O profeta
Samuel não tocou na unção de Saul, mas o denunciou e mostrou que o homem pode ter sido
chamado e ungido, mas em razão de sua má conduta, ser rejeitado pelo Senhor. O que é tocar no
ungido do Senhor? Como poderemos saber se um ungido é aprovado ou rejeitado pelo Senhor? O
que fazer com um ungido rejeitado?
Estas e outras perguntas são respondidas neste livro. Por fim, há uma mensagem aos ungidos
aprovados.

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