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COBRAS NO SAGUÃO

Scott MacLeod

Índice
Introdução por Rick Joyner
Prefácio
Parte I – Interpretações e Escrituras
Parte II – A Visão
Parte III – o Renascimento está chegando

“Pois a verdade é que Deus fala, ora de um modo, ora de outro,


mesmo que o homem não perceba. Em sonho ou em visão... ele pode
falar aos ouvidos deles e aterrorizá-los com advertências, para prevenir
o homem das suas más ações e livrá-lo do orgulho, para preservar da
cova a sua alma...”. Jó 33:14-18

Dedicatória

“Cobras no Saguão” é dedicado aos músicos e artistas, bem como a todos


aqueles que foram chamados a trabalhar com estas pessoas criativas.

Que venhamos a alcançar nosso objetivo em Jesus Cristo.

Que venhamos a glorificar e honrar ao Rei em tudo que viermos a fazer, para
podermos ouvir o seguinte: “Muito bem, servo bom e fiel”.

Um agradecimento especial a Lyla MacLeod, minha mãe, por sua ajuda na


editoração, pelo seu amor e pelo apoio que você tem me dado no decorrer da minha
vida. Eu te amo!
Introdução

Este livro tem abalado a indústria da música cristã, e deve vir a abalar a igreja
também. As decepções e fortalezas que assolam a indústria da música são apenas o
reflexo do que tem assolado a igreja. Por esta razão sentimos que este livro serve
para toda a igreja.
Ilustrações como as encontradas nesta visão podem ser de grande ajuda à
medida que tentamos identificar as fortalezas do inimigo. A partir do momento que
vemos e compreendemos uma fortaleza já estamos com meia batalha ganha.
Satanás habita nas trevas e quando a luz o expõe ele é enfraquecido. Portanto, eu
creio que o conhecimento das fortalezas reveladas nesta visão resultará em
liberdade para muitos.
Precisamos ter em mente que não estamos lutando com carne ou sangue,
mas contra potestades. Aqueles que estão aprisionados pelo inimigo, até mesmo
aqueles que têm sido usados por ele, não são nossos inimigos, são vítimas apenas.
Esta visão não tem o intuito de criticar ou condenar ninguém, pelo contrário, de
libertar os cativos. Se esta visão te desafiou a repensar suas ações, não se ofenda,
muito pelo contrário, liberte-se! Arrependa-se, pois seguir em frente de acordo com
os caminhos desta era cheia de iniquidade irá te custar muito mais do que o mundo
poderá te oferecer. Tiago nos fala:

De onde procedem as guerras e contendas que há entre vocês? Não vem das
paixões que guerreiam dentro de vocês? Vocês cobiçam coisas, e não as têm;
matam e invejam, mas não conseguem obter o que desejam. Vocês vivem a lutar e a
fazer guerras. Não tem porque não pedem. Quando pedem, não recebem, pois
pedem por motivos errados, para gastar em seus prazeres.

Adúlteros, vocês não sabem que a amizade com o mudo é inimizade com
Deus? Que quer ser amigo do mundo faz-se inimigo de Deus.

Ou vocês acham que é sem razão que a escritura diz que o Espírito que ele
fez habitar em nós tem fortes ciúmes? Mas ele nos concede graça maior. Por isso
diz as Escrituras, “Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes”.

Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e ele fugirá de vocês.

Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês! Pecadores limpem as


mãos, e vocês que tem a mente dividida, purifiquem o coração. (TIAGO 4:1-8)

A liberdade começa com o arrependimento, Deus não perdoa justificativas;


Ele perdoa o pecado quando nos arrependemos. Não seremos capazes de levar o
plano de Deus a termo através dos caminhos que o mundo oferece e que têm se
infiltrado no Cristianismo moderno.
Nunca seremos capazes de alcançar o mundo sendo amigo dele. A natureza
fundamental do verdadeiro Cristianismo consiste em ser uma afronta, uma pedra à
natureza básica desta era iníqua. Portanto, não podemos mudar ou nos
comprometer. Como Tiago nos fala acima, compromisso com o mundo é adultério
espiritual que vem a nos transformar em inimigos de Deus.

Até mesmo quando somos pegos nesta armadilha de compromisso com o


mundo, existe a graça por aqueles que se humilham. Podemos vir a pensar que
estamos tão dentro do buraco que para nós não há saída, mas através do
arrependimento e humildade, podemos sair de qualquer armadilha que possamos ter
vindo a cair. Nós seremos livres! Vitoriosos! O que inimigo planejou de maldade para
nós será transformado em grande benção.
Eu conheci Scott MacLeod há alguns anos, e o reconheço como um guerreiro
no espírito. Creio que a mensagem deste livro é verdadeira, extremamente
importante. Não é uma “estória para boi dormir”, mas sim um chamado para
acordarmos, sacudirmos a poeira que tem nos cegado juntamente com as correntes
que tem nos aprisionado, tomando posicionamento no que se refere à verdade e
integridade.

Prefácio

Recebi esta visão juntamente com a sua interpretação. Ela marcou muito
minha ida como também produziu algumas mudanças, creio e oro para que ela seja
de ajuda a você também e a todos aqueles que têm estado confusos, desiludidos e
machucados pelo que hoje chamamos de indústria cristã da música. Esta visão foi
recebida enquanto um dos grupos estava orando contra os principados e potestades
que estavam e estão no controle da referida indústria.

Creio que este livro nos ajudará a compreender e a expor o real inimigo.
Temos gasto muito de nosso tempo e energia lutando, competindo com, e criticando
o inimigo errado – uns aos outros. É exatamente isto que satanás quer. Se acaso
continuarmos com esta linha se pensamento e não objetivarmos nosso olhar na
realidade espiritual, não seremos vitoriosos e não poderemos atingir nosso objetivo
como indivíduos criativos em Cristo. “Porque a nossa luta não é contra o sangue e a
carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste
mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes”.

Acredito que muitos dos principados expostos nas páginas subsequentes são
os mesmo inimigos que tem assolado a igreja como um todo. A igreja já foi julgada
abertamente, mas estas forças das trevas são uma ameaça constante. Elas poluem
e controlam vários ministérios, igrejas e indivíduos. É crucial que identifiquemos os
esquemas do inimigo.
Esta visão fala também das coisas que ainda estão por vir. Existe um novo
horizonte para aqueles que querem andar nos caminhos do Senhor, o melhor ainda
há de vir, mas haverá ainda um grande tremor e purificação antes que chegue a luz
deste novo dia.
Fui compelido pelo Senhor a escrever este livro e gostaria de encorajá-lo a
buscar a verdade que existe nesta visão. Como a palavra diz: “Não apaguem o
Espírito. Não tratem com desprezo as profecias, mas ponham à prova todas as
coisas e fiquem com o que é bom. Afastem-se de toda forma de mal” (1
Tessalonicenses 5:19-22).
PARTE I

A VISÃO

O Saguão

Esta é a visão: eu estava parado no saguão de um hotel bem conhecido, no


qual eu literalmente estive naquele mesmo dia, pois eu estava participando de uma
conferência muito conhecida sobre música. Na visão, o mesmo saguão estava
repleto, como usualmente está cheio de homens e mulheres por todos os lados.
Muitos são artistas, músicos ou pessoas diretamente envolvidas nos negócios da
música. Cada um estava ocupado com seus afazeres, seus negócios, cada um
vestido com seu traje de show.
Para minha surpresa e terror, eu vi o que parecia ser uma enorme cobra
deitada no saguão. Era impossível calcular seu tamanho, mas ela cobria facilmente
a extensão da sala; seu ventre tinha no mínimo dois metros de altura por seis metros
de largura, e estava evidentemente bem estufada. Surpreendentemente, as pessoas
estavam se encostando sobre ela!
Não podia acreditar no que eu estava vendo. Tive o impulso de gritar e avisar
todo mundo, mas hesitei porque ninguém parecia perceber aquilo, apenas
continuavam com seus negócios. Muitos estavam envoltos e outros totalmente
aprisionados nos seus monstruosos rolos e mesmo assim pareciam não perceber.
Todos estavam em grande perigo. Não posso dizer se as pessoas não estavam
vendo aquilo que eu via ou se eles haviam simplesmente se acostumado com o
monstro, pois ele até parecia ser bem vindo.

Pensei: “Quem deixou esta coisa aqui? Pela proximidade e tranqüilidade das
pessoas, com certeza este bicho deve estar morto”.
Então aconteceu... ELA SE MOVEU! Não podia acreditar que algo que
parecia tão pesado pudesse realmente se mexer, mas mexeu. Vagarosamente ela
deslizou por entre alguns grupos de pessoas que estavam muito preocupados para
notá-la; ninguém percebeu ou teve noção do perigo que corria. Para mim isto foi um
tanto confuso, tive a impressão que muitos naquele ambiente, seja por qualquer
razão, haviam baixado sua guarda totalmente. Obviamente, isto parecia loucura em
razão do que eu estava vendo. À medida que eu permanecia ali totalmente perplexo
por este cenário, fui inundado pela terrível percepção do que havia outras cobras
naquele local.

Relutante e cuidadosamente, olhei em volta da sala. Estávamos cercados!


Havia serpentes enormes por todos os lados! À medida que continuava a observar a
situação, minhas emoções, que a princípio eram de puro choque e terror, se
transformaram em frustração, pois ninguém parecia notar as referidas cobras. Aos
poucos fui cheio de um sentimento de compaixão pelas vítimas que estavam cegas
e finalmente por um ódio enorme pelo fato das cobras terem se infiltrado de alguma
maneira naquele lugar.

É isto. Foi isto que eu vi e soube imediatamente que as enormes cobras que
eu havia visto nesta visão eram os principados e potestades, dominadores deste
mundo, que têm controlado e manipulado a música. Eu
sabia que havia visto exatamente o que o nosso grupo de oração havia orado e lhes
contei o que eu havia visto. Era como se uma pequena tela tivesse aparecido diante
de mim e tivesse me mostrado aquelas coisas.
Esta visão permaneceu por 24 horas e, pelo fato de não ter sido algo
agradável, eu esperei que aquilo que eu havia visto fosse tudo, mas ela permaneceu
muito vívida em minha memória a ponto de literalmente me enojar. Minha
curiosidade começou a crescer e passei a questionar a respeito do significado
daquilo tudo. Acreditando que havia uma razão para tal cena, passei a perguntar a
Deus qual era o significado total da visão.
Ele disse, e isto é o que me foi revelado...

A Maior

Eu fui levado de volta ao mesmo saguão e me foi mostrada cada cobra com
todos os seus detalhes.
A primeira cobra que me foi revelada foi a mesma que eu havia visto
anteriormente. Com certeza era a maior, pois facilmente enchia o saguão com seu
corpo se enrolando por todos os cantos. Ela tinha uma tonalidade cinza e tão grande
que levou algum tempo para que eu pudesse localizar sua cabeça. Quando
finalmente eu a vi, percebi que ela possuía um olhar vazio e faminto. Uma palavra
veio à minha mente: FOME. Observei que ela havia acabado de engolir algo ou
alguém. Instintivamente soube que era uma pessoa. Esta cobra estava se
alimentando das pessoas que estavam no saguão, e mesmo assim ninguém parecia
reparar!
Esta serpente tinha a habilidade de enrolar lentamente suas vítimas em seu
corpo e engolir elas inteiras antes mesmo que elas pudessem se aperceber. Eu
sabia que, em razão de seu tamanho e inchaço, ela já havia engolido muitas vítimas.
Para minha surpresa, eu podia ver que as pessoas ainda estavam vivas em seu
interior, pois elas moviam-se dentro do corpo da criatura e conversavam com as
outras pessoas do saguão à respeito de seus planos ambiciosos.

O nome desta serpente era “Ambição”.


Muitas das vítimas não tinham notado que haviam sido consumidas pela
ambição, mas algumas, para minha surpresa, realmente permitiram conscientemente
que a serpente os engolisse, pois eles tinham o mesmo objetivo: o de ser maior, o
maior.

A Encantadora

A segunda cobra que vi estava do meu lado esquerdo – uma belíssima


criatura , que quase me fez esquecer do horror da primeira. Era um tipo de
camaleão, pois mudava constantemente de cor e aparência à medida dos desejos
daqueles que estavam sob o seu poder. Ela podia ter a forma do que você quisesse:
homem, mulher, jovem, velho, inocente, sedutor, e dançava uma dança hipnótica
indo para frente e para trás. Fui atraído por ela, bem
como muitos outros também o foram, mas subitamente, encolhi repugnante. Era a
“Luxúria”. De tão fascinante não a reconheci no princípio.
Havia um grupo de pessoas que a rodeavam. Elas literalmente flertavam e
dançavam com ela e entre si. Sem perder o ritmo, Luxúria picava
seus parceiros de dança. Com línguas bifurcadas, exatamente iguais à da serpente,
estas pessoas lisonjeavam enganosamente uns aos outros, pois perceberam que
eles podiam usar o poder desta cobra para ganhar atenção e poder para si mesmos,
e conseguir aquilo que queriam mais rapidamente usando o poder da Luxúria. Pude
perceber que muitas das vítimas que estavam cativas na barriga da Ambição
primeiramente haviam sido mordidas e envenenadas pela Luxúria.

Quando alguém era mordido pela Luxúria, o veneno proporcionava uma


tremenda viagem, mas não muito depois disto a vítima ficava doente, e para
conseguir algum alívio ela retornava para receber uma nova mordida, pois o veneno
causava o vício, antes que ele ou ela fosse consumido pelo veneno. A vítima, por
sua vez, mordia a outros e dessa forma a doença se alastrava. Eu não olhei para a
Luxúria por muito tempo, pois tinha consciência de que seu poder de enfeitiçar era
tremendo e mortal.

Duas Cobras

A próxima cobra que vi, na realidade, eram duas cobras enormes. Elas
estavam enroladas entre si da mesma maneira que as cobras fazem quando vão se
acasalar, pois isto era o que elas estavam fazendo. Uma era vermelha e a outra
amarela. Elas se entrelaçavam sem parar, produzindo um som desagradável que
permanecia pelo local. À medida que elas faziam isto, davam a impressão de que
estavam se picando. Imediatamente compreendi que se tratava do “Orgulho” e da
“Insegurança”; elas se alimentavam de si mesmas e reproduziam sua própria
espécie.
Quando olhei à minha volta vi pessoas ficando amarelas e vermelhas.
Amarela era a cor da Insegurança e vermelha a do Orgulho. As pessoas mudavam
de coloração da mesma maneira que as cobras no seu entrelaçar mudavam de cor.

Todo o saguão pareceu se iluminar com estas cores. As duas trabalhavam


bem em conjunto, mas parecia que uma irritava a outra. Havia uma atmosfera de
nervosismo, que me deu vontade de gritar. Estas serpentes faziam com que as
pessoas que estava sob o seu controle (o que era a maioria delas, de uma certa
maneira) se sentissem infelizes. Contudo, ninguém queria admitir, porque seu
orgulho os fazia pensar que poderiam aparentar fracos, inseguros ou até mesmo
fracassados. Portanto, o entrelaçar continuava: Orgulho, Insegurança, Orgulho,
Insegurança. Orgulho etc.

Carne ao Invés de Escamas

Surpreendi-me com o fato de que pude perceber o que foi revelado em


seguida. Sei que só pude ver, porque o Senhor me permitiu ver, pois eu jamais
perceberia sozinho. Vi algo que a princípio parecia ser alguém que havia caído, mas
percebi que era muito longo para ser uma pessoa, estava escondido na parte de
baixo na frente do balcão emaranhado nos pés das pessoas.

A razão de ter tido a impressão de que era uma pessoa foi porque a cobra
parecia ter pele e carne, bem como o que parecia ser uma cabeça
humana. Apesar de ter cor de pele e não ter escamas mesmo assim ainda era uma
cobra.
Esta era o “Medo”, ela não tinha muito que fazer, pois o Orgulho e a
Insegurança faziam praticamente todo o trabalho, ela simplesmente ficava lá parada
movendo sua cabeça quase humana para frente e para trás horizontalmente. Foi
então que percebi que as pessoas que estava no recinto estavam fazendo
exatamente a mesma coisa como se estivessem em transe, só prestavam atenção
em quem era quem e como eram vistos pelos outros, de tal forma que eles nem
percebiam o mal ao seu redor. Esta criatura cegava suas vítimas para o temor a
Deus e injetava nelas o medo.
Pessoas estavam tão atarefadas observando umas às outras que não
conseguiam perceber que haviam sido enredadas pelo Medo.elas discretamente se
enrolavam nos pés de suas vítimas até elas serem incapazes de se mexer; elas
ficavam totalmente paralisadas pelo medo. Lembrei da palavra: “Quem teme ao
homem arma ciladas” (Provérbios 29.25).

Acima

Escutei um barulho que vinha de cima e instintivamente olhei para lá, mas
para meu desgosto vi outra serpente enrolada no mezanino. Seu rabo enorme
descia pela escada rolante, ela era de um verde vivo, como estas cobras de árvore –
acostumadas com altura. Esta era “Inveja” e ela estava literalmente “verde de
inveja”, respirava pesadamente e parecia que tinha fogo em seus olhos; eu poderia
dizer que ela estava pegando fogo por dentro. Eu não queria que ela percebesse
que eu estava olhando para ela, porque tive medo, ela parecia estar pronta para
explodir a qualquer momento.
A Inveja dominou os lugares altos, pois ela não aguenta estar por baixo, seu
hálito liberou uma nuvem de competição que encheu toda a sala, vi que todos os
que estavam respirando naquele meio, embora estivesse educadamente
conversando com seus pares, tinham o mesmo fogo queimando em seus olhos
como a serpente também tinha. Eu tinha certeza de que eles atacariam a qualquer
que estivesse nestes lugares elevados para obter para si os seus lugares. Muitas
destas pessoas se tornavam presa fácil para Ambição.

Em Cima do muro

No meio desta confusão, um grupo de pessoas chamou a minha atenção, pois


estavam fora da área de ação das serpentes. Senti-me aliviado; eu diria que eles
sabiam que havia algo de errado, eles falavam entre si e apontavam para o meio da
sala, pareiam aborrecidos com a direção que as coisas tomavam e o modo que as
pessoas se comportavam.
Meus olhos perceberam um movimento de rotação, o chão em volta daqueles
que não se envolviam com as serpentes estava vivo. Em volta de seus pés havia
centenas de pequenas cobras, que no mesmo instante soube que eram filhotes do
Orgulho e da Insegurança. Elas pareciam inofensivas se comparadas às grandes,
mas as pessoas eram mordidas constantemente e a cada nova mordida recebiam
uma pequena dosagem de veneno.
O veneno era “Amargura”, “Crítica”, “Rancor”, “Autocomiseração” e
“Arrogância”. Quanto mais mordidas as pessoas levavam, mais elas se aproximavam
sem medo das serpentes grandes, algumas inclusive foram as pessoas a quem eu vi
se encostando sobre o corpo destas criaturas descomunais. Quando o veneno se
acumulava no corpo da vítima ele causava cegueira espiritual – o que eu era
desastroso, pois estas criaturas só podiam ser vistas na dimensão espiritual,
conseqüentemente, as vítimas tornavam-se indefesas e vulneráveis ao ataque do
inimigo. Eu começava a entender como tantas pessoas eram aprisionadas pelas
serpentes grandes sem perceber.

O Ajudante

Comecei a gritar, “Como isto pode estar acontecendo? Que confusão terrível!
Como é que ninguém vê isto?”
Então, para minha surpresa, uma voz respondeu: “Ainda há uma cobra que
você não viu. Olhe para sua direita”, ela disse. Seu estava me aproximando cansado
e não queria ver mais nada, mas eu olhei, muito mais por curiosidade do que por
obediência ou coragem. Eu esperava ser aterrorizado, mas eu não vi nada a não ser
um grupo de pessoas conversando.

Ouvi a voz dizer, “Olhe novamente... com atenção”. Imaginei quem poderia
estar falando comigo. Ouvi a voz novamente, “Olhe com atenção e você verá”.

“Quem é você?”, perguntei. Não sabia dizer se a voz estava vindo de dentro
de mim ou de alguém, parecia fazer parte de mim, mas eu não estava falando
comigo mesmo.
Eu sou o seu Conselheiro, sou o seu Ajudante, Eu te guiarei em toda a
verdade e naquilo que ainda virá, disse aquela voz maravilhosamente calma. Ouvir
aquela voz, sem mencionar as palavras maravilhosas, deixou-me relaxado, me
questionei como eu podia estar em tamanha paz no meio de tanto tumulto, mas eu
estava. Não há tempo a perder, o tempo é curto e Eu estou sempre com você, você
precisa ver o que Eu vou te mostrar. Olhe novamente... com atenção. A voz num tom
gentil, mas com muita autoridade.
Olhei, e desta vez comecei a ver...

A Cobra Branca

A princípio era quase invisível ou transparente, mas à medida que firmei meus
olhos com atenção ela começou a imergir – uma cobra branca brilhante era menor
que as outras, mas tinha um tamanho considerável, não era tudo o que eu esperava,
parecia surpreendentemente agradável e tranquila; havia uma luz que irradiava dela
para toda a sala. À medida que eu a observava ela me parecia boa, praticamente
perfeita, tão respeitável e atrativa que tive dificuldade de me convencer que era uma
cobra que eu estava vendo. Ela tinha um sorriso estranho, ma convidativo, seus
olhos estavam semi-abertos. Esta cobra parecia inofensiva e não atacava como suas
antecessoras; ela não incomodava a ninguém.
Ouvi a mesma voz dizer, “Olhe novamente... mais perto”. Olhei, só que desta
vez seu sorriso mudou, parecia que ela estava zombando de mim e por trás daquele
sorriso pude ver a maldade. Um calafrio percorreu a minha espinha quando vi seus
olhos albino-avermelhados. Pude sentir uma sede irresistível e insaciável por poder
e controle. Comecei a ver Orgulho, insegurança, Luxúria, Inveja, Ambição e Medo,
virtualmente todas as outras cobras estavam escondidas por esta. À medida que a
maldade que havia nesta sedutora era exposta ela inflava em altura e largura,
rapidamente ela cresceu seis vezes o seu tamanho.

“Religião”, este é o espírito da “religiosidade”, exclamei. Em parte com alivio


por sua natureza ter sido revelada, em parte me repugnava de como esta cobra
traiçoeira podia dissimular tanta maldade.
Pensei intrigado, “Isto pode ser verdade? Como algo que aparenta ser tão
bom e puro pode ser tão mau?”
Repentinamente, lembrei das outras cobras que vi no saguão e num impulso
procurei por elas, elas não estavam em lugar algum. “Onde elas estariam?”, pensei.
Tentei não entrar em pânico, pois sei que só existe algo pior que um inimigo, e é o
inimigo que não podemos ver. Ainda nada à vista; encolhi-me aterrorizado. “Onde?
Eu sei que elas estão aqui”, disse para mim mesmo sem me atrever a mexer um
dedo sequer.

Uma Vaga Luz

Olhei para trás e, direção à cobra branca e ela também havia sumido, no seu
lugar havia somente uma vaga luz, passei a duvidar de tudo o que havia visto. “Devo
estar ficando doido”, pensei. No saguão tudo parecia normal e organizado, as
pessoas estavam sorrindo graciosamente, não havia nenhum sinal de problemas.

Inesperadamente, ouvi “O que as pessoas vão pensar de você? Vão pensar


que você é um doido por acreditar em monstros. Tudo vão bem, vai muito bem aqui.
Você não tem nada com o que se preocupar, tudo está na mais perfeita ordem,
come exceção de você, você é o problema, você é o que está errado. Esta é uma
atividade cristã, tudo aqui é feito em nome de Jesus e para Jesus, é você quem é o
religioso. Todos pensarão que você é que é o doido, cheio de orgulho, mal educado,
crítico, invejoso que se acha melhor que todo mundo. Quem você pensa que é?
Você acha que isto é um absurdo? Ninguém vai acreditar em você, olhe a sua volta,
você é a minoria. Não consegue ver o sucesso disto? Deus está abençoando tudo
isto, relaxe, fique tranquilo, você está tenso, acompanhe a maré, não seja um
estraga prazeres”.

Estava pronto para gritar no meu espírito, pois eu sabia que o que eu estava
ouvindo não estava certo, não podia ser – não havia paz em nada daquilo. “Pare!
Pare com isso! Já deu. Cale a boca!” Eu precisava silenciar aquela voz, não sabia
dizer se ela vinha de mim ou de alguém ou de alguma outra coisa; era muito
confuso.
Lá longe podia ouvir um coro, “Crucifica-o, crucifica-o!” O que poderia causar
tanto ódio? Então tudo ficou claro. Esta era a voz da Religiosidade, o mesmo poder
que havia atingido meu Salvador e que tinha logrado por estes séculos a multidões
em seu caminho enganoso de arrogância e orgulho. Este
espírito tem duas facetas: ela faz com que as pessoas cometam maldades, ou as
tolerem, crendo que estão certos e até trabalhando para Deus.
“Eu sei que vi o que vi” Sei também que existe aqui um perigo terrível
juntamente com uma grande maldade! Preciso ver de novo! Porque eu não vi? A
verdade! Preciso ver a verdade, chega de mentiras. Chega! Chega!”
Fé, use sua fé, veio aquela voz tão familiar e bem vinda de meu Auxiliador.

“É isto – fé!”, exclamei, assombrado pelo fato de ter esquecido, foi como se
uma luz houvesse sido acendida em meio à escuridão. Eu havia sido enganado e
havia permitido que o Medo me aprisionasse, já não estava olhando com os olhos da
fé, mas com meus olhos carnais, o que foi inútil, fiquei chocado em como a
Religiosidade havia me enganado enquanto eu estava em sua presença ou sob seu
poder.
“Precisei encarar meu próprio medo, perdoe minha descrença”, questionei
ansiosamente ao Senhor, e naquele exato momento um grande peso saiu de mim.

“Você precisa ter certeza do que você não vê”, a voz continuou repetindo.
Então olhei novamente e desta vez cheio da maior fé que podia encontrar, olhei com
redobrada intensidade, então todo o grupo de serpentes apareceu – meio indistintas
no começo, mas à medida que minha fé ia se fortalecendo, elas se tornavam nítidas.
Senti um grande alívio, aquele que um cego tem quando recupera a visão no meio
do campo de batalha. Pude então ver uma cobra lustrosa vermelho-sangue saindo,
pois ela estava envolta aos meus pés, foi revoltante porque eu sabia que esta
criatura estava cheia de maldade havia estado ali, tão próxima.

“Você precisa ver com os seus olhos espirituais e não com os carnais”, disse
a voz, “senão você estará completamente cego”. Senti-me fraco e enojado, pois o
Medo havia tentado sugar a minha vida e quase tinha conseguido.

Agora eu entendia como tantas pessoas estavam cegas para a precariedade


de nossa situação. “Senhor, perdoa-me por julgar aqueles que não podem ver”,
surpreendi-me ao falar, pois isto praticamente saiu do meu espírito, justamente na
hora em que eu estava começando a fazer pouco caso daqueles que não podiam
ver aquilo que eu podia ver; eu havia permitido que o orgulho tivesse tomado conta
de mim. “Senhor, perdoa-me pelo meu orgulho”. Meu pecado ficou mais do que
evidente. “Eu não sou merecedor da Sua misericórdia, pois sou um pecador repleto
de maldade, como estas serpentes, tirando o Senhor, nada em mim vale a pena. Eu
caminhei com o inimigo!” Eu estava chocado com a minha própria maldade, mas
neste momento um alto e irritante som que eu estava ouvindo simplesmente parou.
Fiquei surpreso, não só pelo fato de ter parado como também de eu não ter
percebido antes, somente no momento em que parou, lembrei então que este era o
barulho irritante que as duas serpentes faziam, Orgulho e Insegurança. Eu não tinha
idéia de quanto este som estava me afetando.

Ouvi aquela voz tão bem vinda de meu Conselheiro com uma clareza
cristalina: “O orgulho precede a queda, preciso permitir que você caia para que você
compreenda a pobreza de seu espírito. Esta é minha misericórdia, pois preciso
mostrar a maldade não só em você como também em todos os
lugares; nada ficará escondido enquanto você permanecer na minha luz. Minha luz é
a verdade, nem sempre é fácil aceitá-la, porque a humanidade adora as trevas, mas
é a Minha luz que vai libertá-lo se você permanece nela. Você quer continuar?”,
perguntou gentilmente.
“Sim!”, respondi.
“Você já calculou o custo?”, perguntou-me meu Auxiliador.
De alguma maneira eu sabia que se eu permanecesse na verdade isto me
custaria muito mais do que eu poderia ter planejado. Ponderei por algum tempo e
respondi, “Sim”.

Reintegrado

Então eu vi uma estrutura de madeira se erguendo sobre mim. Era áspera e


desgastada – era uma cruz. Como que em câmera lenta caiu uma gota de sangue,
sangue precioso, o sangue do Cordeiro, que havia sido crucificado. Ela caiu
diretamente em mim e de alguma maneira aquela gota lavou todo o meu ser. Eu fui
lavado. Eu estava limpo. Eu estava liberto. Senti um poder regenerador correndo por
mim. Estas palavras foram ditas:
“A mensagem da cruz é o poder de Deus para a Salvação”.
Depois destas palavras me derreti num rio de paz, perdi a conta de quanto
tempo se passou, tudo o que eu sabia era o que havia sido restaurado. Agora eu
compreendia que era somente pela graça de Deus que qualquer verdade espiritual,
revelação ou entendimento era permitido a nós, e sabia que esta revelação não era
somente para mim, senti, portanto, o peso desta informação, pois quanto mais lhe é
dado mais lhe será cobrado.
A partir de agora você começará sentir o amor verdadeiro – o amor de Deus –
pelos cegos. Se você quer andar com o Senhor, você precisa andar em humildade,
pois é ela que é a porta para a graça. A graça divina será a sua ajuda, e somente
com esta ajuda é que você conseguirá amar aos outros, pois Ele é amor, permaneça
Nele e Ele permanecerá em você. Seu amor nunca falha. Senti-me fortalecido e
rejuvenescido.
Fui lembrado destas palavras: o Senhor é o meu ajudador, não temerei; o que
me podem fazer os homens? Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo;
e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Estas palavras para mim são como
vida, minha confiança foi renovada, minha fé foi restaurada e minha mente se
posicionou.
Olhei para baixo e me surpreendi ao ver uma espada sendo segurada
firmemente por minha mão direita, havia sangue sobre ela, o que era estranho, pois
não me lembrava de ter atingido nada.
Pude ver aquela impostora branca, a “Religiosidade” novamente, só que desta
vez aquele olhar arregalado desprovido de expressão, juntamente com a mudança
daquela cor branca brilhante para um branco fosco. Ela ficou lá parada como se a
sua falta de movimento fosse a sua última forma de defesa contra o fato de ter sido
exposta. Pude ver que ela estava queimando de raiva, mas não atacou, era como se
estranhamente ela estivesse com medo de mim. Incrível, porque a Religiosidade era
a mais perversa de todas as cobras – era a mestra enganadora, ela possuía dentro
dela a maldade de todas as outras.
É por causa da luz, disse uma voz confiante, a verdadeira luz. Religiosidade
tem medo da luz, porque ela não pode se esconder, explicou a Voz. Esta serpente
projeta sua falsa luz só para confundir, distorcer e enganar, a verdadeira luz faz com
que este embuste seja inútil. Antes ela não tinha medo de você porque ela podia se
esconder na escuridão que havia em você, mas quando você se arrependeu e
confessou o pecado que havia em seu coração, você passou a caminhar na luz. A
verdadeira luz é a presença de Deus onde nenhum pecado consegue sobreviver.

Estas foram as palavras reveladoras e reconfortantes para mim, mas eu ainda


não tinha noção exata de onde vinha esta luz verdadeira de que estávamos falando.

A Armadura

“Onde está a luz da qual você falou?”, perguntei. “Ela


vem da armadura”, foi a resposta.
Olhei para baixo e vi que estava usando uma armadura e segurando uma
espada poderosa. Ambas estavam brilhando com uma luz tão maravilhosa que fez
com que aquela outra luz (“luz” esta que eu sabia não ser luz alguma) ficasse mais
pálida e parecesse lamentavelmente barata. Mediante tudo isso, tive certeza de que
em todos os momentos eu estava sendo protegido, mas não tive consciência, até
então, de estar portando tal armadura, o que me deixou aliviado quando percebi. Sei
que pude usar tamanha proteção divina pela graça e misericórdia do Senhor por
mim, mas o que me surpreendeu foi o fato dela servir como uma luva, não era nem
desajeitada e muito menos pesada, era como se tivesse sido feita sob encomenda
para mim.

“Ela foi feita para você, e é sua, porque este é o seu destino Nele”, disse o
Conselheiro.
Quando ouvi estas palavras pude perceber outras luzes brilhantes se
movendo pelo saguão. Fiquei surpreso por não ter visto isto antes, mas vi que a luz
verdadeira vinha somente daqueles que portavam uma armadura brilhante
juntamente com uma espada em punho. Eu estava extasiado por saber que eles
também tinham consciência do mal naquela sala, e para minha surpresa, as
serpentes tinham medo e evitavam aqueles que estavam vestidos de armadura, pois
havia sido dada a eles grande autoridade. Respirei aliviado, pois era reconfortante
saber que eu não estava sozinho nisto.

“Esta é a armadura completa de Deus que você e seus companheiros estão


usando, ela consiste no capacete da Salvação, no escudo da Fé, no cinto da
Verdade, nas sandálias do Evangelho da Paz, na couraça da Justiça e na espada do
Espírito que é a Palavra de Deus. Quando tudo está no seu devido lugar uma luz
gloriosa é emanada. Você precisa portar a armadura completa para que possa
enfrentar o engano e a maldade da qual você agora tem conhecimento. Ore no
Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica, caso contrário, você
estará vulnerável aos ataques do inimigo e certamente você será uma presa fácil”.

Ao ouvir isso passei a observar mais cuidadosamente as pessoas que


estavam no local e me espantei pelo fato de haver tantas sem a armadura ou
qualquer tipo de arma, ali com certeza era um campo de batalha e mesmo assim as
pessoas não estavam trajadas apropriadamente nem ao menos em defesa própria.

Outros estavam vestindo a armadura, mas ela estava embaçada e escura.


Isto me deixou confuso, pois eu sei que a armadura deve resplandecer. Estas
pessoas parecem exaustas.
“Estes são aqueles que há muito tempo não desembainham suas espadas
para se defender das serpentes. Eles ficaram cansados e foram derrotados”, disse a
voz. “Eles ainda não estão sob o total controle das serpentes, mas também não
estão caminhando em vitória para a qual foram chamados”. Suas armaduras
estavam frouxas e perigava deles as perderem a qualquer minuto por causa dos
ataques do inimigo, e mesmo assim eles não desembainhavam suas espadas para
revidar. O que vi a seguir realmente me aterrorizou. Eu vi uma cobra bem pequena,
mas muito letal, cujo nome era “Amargura”, escorregar para dentro da couraça de
um dos soldados; ela permaneceu lá escondida sem que o soldado a percebesse.
Ele possuía toda a armadura, mas ela não brilhava; pude ver por sua fisionomia
azeda que ele possuía ressentimento e rancor, ele estava sendo devorado de dentro
para fora.

Havia muitas outras pessoas que tinham perdido partes da armadura, alguns
haviam perdido suas espadas, outros o escudo, a outros ainda faltava a couraça, o
capacete, o cinturão que segurava todo o resto em seu devido lugar, e assim por
diante. Havia todos os tipos de combinações de equipamentos ou a sua falta. A
muitos faltavam retidão e integridade; estar em falta com qualquer destas partes era
desastroso, pois o inimigo atacava sem trégua as áreas que estavam expostas, onde
houvesse carne à mostra as serpentes atacavam.

Finalmente, vi alguns que não possuíam armadura alguma. Era ridículo, pois
eles eram, literalmente, presas fáceis. Olhei novamente para a minha armadura (não
me lembro exatamente de quando a havia vestido), mas ainda me sentia estranho
em portar um equipamento tão nobre, sendo conhecedor do pecado e engano que
havia em meu interior. Tive medo de que ela tivesse sido dada a mim por engano ou
que a tivesse conseguido desonestamente, não me sentia merecedor de forma
alguma.

O Sangue e a Espada

Você não é digno sem o sangue – é o sangue do Cordeiro que lava todo o
pecado do mundo e é por causa dele que você se tornou digno. O sangue te lavou.
Todo aquele que recebeu o sangue tem este equipamento celestial esperando por
ele. É a vontade do Senhor que esta armadura seja dada a você para que, não
somente tenha o poder e seja vitorioso na conquista do inimigo, mas que possa
fazer grandes coisas para o Reino, principalmente para que o Cordeiro possa ser
visto através de você, porque quando você está com a armadura você se torna como
Ele.
“Foi pela graça de Deus que você pôde escolher o que é certo e bom –
colocar a armadura, como você pode ver nem todos que foram lavados pelo sangue
escolheram vestir a armadura, alguns vestiram somente alguns pedaços, mas ela só
se torna gloriosa quando se está vestido com toda ela.
Quando você está vestido com a armadura você está vestido em Cristo: Ele é a sua
Salvação e a sua Justiça, Ele é a Verdade, a Palavra, é as Boas Novas da Paz, é a
Verdadeira Essência da Fé; todos temos a chance de estarmos vestidos em Cristo”,
explicou- me a voz.
Olhei novamente para o sangue carmesim que estava em minha espada, pois
estava curioso. Cri que aquele sangue só podia ser do inimigo apesar de não ter a
mínima idéia de quando o feri.
“Este sangue foi colocado em sua espada por você ter lutado o bom combate
da fé. Isto não é o sangue de nenhum demônio, besta ou homem, mas é o sangue
do Cordeiro”, disse a Voz. “Isso é tudo o que você precisa para ter a vitória porque
lembre que a sua luta não é contra carne ou sangue. Satanás e suas serpentes
jamais lutarão contra você se eles virem o sangue e a espada, pela simples razão de
que eles sabem que já foram derrotados pelo sangue do Cordeiro e Sua Palavra.
Eles já foram julgados e condenados pelo Juiz, e seu destino já foi selado para o
tempo certo. Se você entregar sua vida a Deus, você terá conseqüentemente toda a
autoridade para resistir ao inimigo e ele fugirá de ti”.

Vou te mostrar como s usa a espada, mas lembre-se de que ela não é para
ferir ou matar, mas somente para curar e trazer vida. Esta é a espada da verdade, é
a Palavra de Deus, é ela quem faz separação entre o bem e o mal. À medida que
você aprender a usá-la, minha Palavra se tornará a sua palavra e a sua palavra
passará a ser uma espada. Com suas palavras você pode ferir ou curar, construir ou
destruir, trazer vida ou morte, escravidão ou liberdade. Portanto, é imperativo que
você nunca a use para machucar ou escravizar a seu irmão, mas somente para
libertar a todos os cativos.
Se você usar esta espada sempre enxergará, pois você estará andando na
Verdade, sua luz lhe mostrará o caminho, mas se você não usá-la, com certeza será
vencido pelas grandes decepções desta era negra. Com esta espada, com o escudo
da fé e a minha ajuda você será capaz de continuar no caminho, passando por todo
tipo de trevas.
O mais importante é aprender a amar da mesma maneira que Cristo amou
você. A maior batalha que você enfrentará será a busca da verdade e do amor, mas
permita ser conquistado os inimigos da sua alma. Esta conquista só será possível
porque Eu estou em você e Eu sou a Verdade e o Amor. Vá adiante e fale a verdade
em amor!

Pureza

“Da mesma maneira que a serpente enganou Eva com sua astúcia, existem
muitas outras serpentes hoje em dia querendo enganar e aprisionar. É fundamental
que você seja sincero na pureza de sua devoção a Cristo. Ele precisa ser prioridade
em seu coração – seu primeiro amor. Busque com todo o coração. Não permita que
este compromisso seja afetado de alguma maneira, pois do contrário você seria uma
presa fácil. Permaneça nEle e você se tornará puro porque você compartilhará de
Sua natureza divina. Você estará vestido com Cristo; busque somente a pureza de
Cristo, o filho perfeito de Deus, porque está escrito: “Seja santo, porque eu sou
santo”.
“Puro e Santo!”, exclamei. “Eu podia ser tudo menos isto!” Estas palavras
soaram muito estranhas para mim, podia sentir o desânimo
surgindo bem lá no fundo, pois eu sabia que jamais poderia viver neste padrão. Para
falar a verdade, eu raramente pensei nelas, elas eram como que uma ofensa!

“Um dia você será como Ele, pois todo aquele que tem este desejo se purifica
Nele, porque é puro. Todo aquele que é purificado torna-se um vaso nobre, sagrado
e útil para o Senhor para fazer um bom trabalho. Para os que são puros todas as
coisas são puras. Não se preocupe em demasia, você só precisa cooperar neste
trabalho, pois o Pai é fiel em completar aquilo que começou em você, e Ele com
certeza fará!”
“Como devo buscar essa pureza?”, perguntei.
“Purifique-se obedecendo à verdade. A Sua Palavra é a verdade”. Houve um
silêncio momentâneo e então meu Ajudador continuou como se Ele estivesse
sussurrando um segredo. Se você for HUMILDE e quiser APRENDER, Deus fará
imensamente mais, muito mais do que você pode imaginar ou querer. Ele me disse:
Não se desencoraje, Eu te ajudarei, não tente entender tudo, apenas humilhe-se
diante do Senhor, gaste tempo em Sua presença, aprenda a conhecê-Lo, e você se
apaixonará, porque conhecê-Lo é amá-Lo, e só então você aprenderá a obedecê-Lo,
pois se você O amar, O obedecerá; o amor nunca falha!

Este é o grande chamado do Senhor. Viver uma vida digna do evangelho de


Jesus Cristo – de amor, amor puro. Não desanime, esta é uma caminhada diária –
um dia por vez. Todo dia você precisa negar a si mesmo, pegar a sua cruz e seguir a
Jesus, seu Senhor.
Comecei a relaxar, e uma onda de paz surgiu novamente em mim. Descansei
no fato de que santidade e pureza eram o meu destino e tudo aquilo que ele havia
declarado iria acontecer, o que eu preciso é apenas confiar e obedecer a Sua
Palavra.

Amor e Perdão

“Você precisa de um outro tipo de amor para poder ir adiante. Pode-se


perceber o seu amor pelo Pai, e não existe nada que possa alegrá-lo mais do que
ver você aprendendo a amar; mãos o que você está precisando é do seu divino
amor para poder continuar nesta jornada. É o amor que abençoa mesmo quando é
amaldiçoado. Atualmente, você ama aqueles que te amam, mas este é um amor
muito superficial e terreno. Para que seu amor se torne perfeito você precisa
aprender a amar seu irmão – houve uma pausa – e o seu inimigo. Você deseja este
tipo de amor?”
“Sim, eu quero, eu quero aprender como o Pai ama”, respondi com o máximo
de entusiasmo que eu podia ter, considerando o fato de que o meu amor havia sido
qualificado como superficial, no mínimo, por todo o céu. Eu estava magoado, mas de
alguma maneira eu sabia que esta era a verdade e eu realmente queria mudar. “O
que eu preciso fazer para aprender a amar desta maneira?”, perguntei ao meu
Ajudador.
“Você precisa aprender a perdoar... e orar por aqueles que te ofenderam ou te
magoaram” – esta foi a resposta. Houve um silencio não sei por quanto tempo, mas
sabia bem no meu íntimo que o custo disto seria muito maior caso eu quisesse amar
daquela maneira, pois eu precisaria ter uma grande
fé no Pai. Esta era uma nova dimensão, como se uma porta tivesse sido aberta na
minha frente, com um horizonte vasto e maravilhoso.
“Perdoar não é fácil, mas é necessário. Algumas vezes pode até ser doloroso.
Você gostaria de experimentar este tipo de sofrimento?”, perguntou-me meu
Ajudador. Neste momento eu sabia que eu seria um bobo se voltasse atrás, pois eu
podia ver um futuro belo e glorioso à minha frente.
“Sim”, respondi surpreso com a minha resposta, mas senti uma força divina
me fortalecendo quando disse isto.
“Bom, quando você aprender o verdadeiro perdão, você aprenderá o
verdadeiro amor”.
Imediatamente fui levado a uma viagem pelas lembranças das pessoas que
eu não havia perdoado, ou não completamente. Foi com uma ajuda sobrenatural que
pude perdoar a muitos. Pedi também perdão ao Senhor por todas as coisas ruins
que eu havia feito aos outros, sabendo que eu deveria ir pessoalmente até eles e
pedir perdão também. Foi tremendo, pois tive que encarar lágrimas, raiva e dor, mas
quando terminou me senti livre e muito mais leve.

“Você é perdoado na medida em que você perdoa”.


Com lágrimas nos olhos agradeci ao Senhor pelo Seu grande amor e perdão.
Estas duas palavras, Amor e Perdão, passaram a ter um novo significado para mim,
elas passaram a ser preciosas celestiais e reais.

A Irmandade

“Existe mais uma coisa que precisa ser feita. Não é bom para você ficar
sozinho. Ninguém alcançará a vitória se estiver só. Você precisa de verdadeiros
irmãos”, enfatizou meu Conselheiro ao trazer um guerreiro brilhante até mim. ”É
certo você se arrepender e confessar a Deus quando você está convencido do seu
pecado, mas você precisa também confessar a seu irmão. Você precisa aprender a
orar pelos outros para que todos sejam totalmente curados, porque seu irmão faz
parte de você e você dele. Se vocês forem honestos e reais vocês se afiarão
mutuamente e então terão um relacionamento. Isto é uma parte do que significa
andar na luz”.
Senti mãos serem colocadas nos meus ombros. Era um nobre guerreiro, meu
irmão, estava em pé do meu lado orando por mim. Foi humilhante, a princípio, mas
ao começar a confessar meus pecados a ele fomos envolvidos por uma luz gloriosa
que se tornou tão brilhante que mal pude enxergar. Para minha surpresa, ele não só
se identificou comigo, como também entendeu minhas lutas, até os pecados que
guerreiam contra minha alma, pois ele possuía as mesmas lutas que eu.

Compartilhamos nossos corações, me senti seguro e compreendido. Então,


orei por ele da mesma maneira que ele havia feito por mim; as suas fraquezas foram
aperfeiçoadas pelo poder do Pai. Fomos renovados, revigorados, descansados.
Rimos juntos e então passamos a praticar nossas espadas da Verdade. Ele era
muito bom, ele sabia alguns movimentos que eu nunca havia visto, mas pude
acompanhar, desafiamos e estimulamos um ao outro. Ao sentar-me para pegar um
fôlego, percebi pela primeira vez como eu precisava de um irmão na fé. Estar só
nesta guerra era pura loucura; nós precisamos uns dos outros.
Nós nos comprometemos a amar e a servir nosso grande Deus e Rei, e a
amar um ao outro. Nós éramos compadres, estávamos juntos nisto, defenderíamos
um ao outro em tudo o que viesse. Começava a entender meu propósito e missão –
nossa missão.

A Cobra Negra

De repente, me vi rodeado pelos movimentos estranhos no nosso saguão tão


familiar, mas desta vez eu estava ansioso para encontrar outro guerreiro com sua
armadura, pois sabia que deveria haver outros com quem eu devia estrategicamente
entrar em contato. Só então fui interrompido por alguma coisa que vi pelo canto do
olho. Ela estava nas sombras preparando o bote. Pensei tê-la visto alguns minutos
antes, mas pude identificar o que era, pois a cada minuto que eu olhava na sua
direção ela simplesmente desaparecia.

Mas desta vez pude ver: era preta como piche, pude ver o rabo de uma
grande serpente negra. Ela movia-se rapidamente para fora do campo de visão
quando ela achava que havia sido vista. Tenho certeza de que eu já havia visto ela
por uma grande janela de vidro que fica na parte do hotel. Provavelmente não
prestei atenção muita atenção naquele momento porque eu estava horrorizado por
aquilo que eu estava vendo, mas agora eu estava dentro do prédio. Apesar de não
poder vê-la eu sabia que ela estava lá, ela mantinha-se escondida pelas sombras e
corredores.
Neste exato momento, uma atmosfera de desespero tomou conta do saguão
inteiro. Esta sensação foi acompanhada de um cheiro terrível, como se algo
estivesse podre. Aconteceu tão rápido que me pegou desprevenido; fiquei enojado e
precisei lutar contra um sentimento de depressão. Sentia-me pesado, tão pesado
que era difícil manter minha cabeça erguida. Sentei, comecei a lembrar de cada
decepção que tive, me senti tão deprimido que mal podia me mexer, fiquei por algum
tempo fitando o vazio e então me encostei na parede, fiquei sentado, inerte.

“Para que continuar?”, pensei. “Não há nenhuma saída ou esperança, para


que viver assim, sofrendo tanto?” Nada tinha valor, nada mais importava. Não havia
mais esperança. Procurei alguém que pudesse ajudar, mas todos naquele local
estavam ficando no mesmo estado que eu. “Onde estavam meus amigos naquela
hora? E os outros guerreiros?” Sentia-me totalmente sozinho, isolado, me
desesperei, eu estava tão cansado, tão cansado...

Era tão terrível o que eu estava sentindo que eu mal conseguia respirar, era
como se eu estivesse num funeral. Mas de quem? “NÃO O MEU!”, gritei. “Eu te
repreendo no nome de Jesus, saia daqui agora!” neste mesmo instante aquela
nuvem negra começou a dissipar.
Levantei, peguei e ergui minha espada três vezes enquanto declarava o
seguinte: “Foi me dada vida, e vida em abundância!” Com estas palavras e minha
espada pude cortar aquela sensação depressiva e sentir um fôlego regenerador, a
Vida retornou para mim, meu coração se encheu de gratidão e então louvei ao
Senhor. Passei a agradecer até pelos momentos difíceis e decepções pelas quais eu
já havia passado. Olhando para trás, pude perceber como aquela situação tinha
ocorrido para o meu bem. À medida
que eu O louvava, pude ver que Ele é sempre fiel e age de acordo com a Sua
vontade. Louvei, orei e agradeci por todas as coisas, levantei meu escudo da fé,
sabia que nada podia me tocar. A nuvem se dissipou totalmente.
Voltando a mim mesmo, lembrei daquela cobra negra e sabia como eu tinha
sido afetado por ela. Ainda não podia vê-la, mas podia senti-la. “Que poder é esse
que veio sobre mim?”, imaginei. “Isto está me matando e aos outros também!”

Ao ponderar comigo mesmo o que poderia ser isto, estas palavras vieram a
minha mente: “O salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23). Soube então que
aquela serpente totalmente desprovida de luz Ra ninguém mais que a “Morte”. Ela
estava circulando ou, mais precisamente, espreitando – espreitando a mim ou a
qualquer um que ela pudesse engolir. Sei que a morte é o salário recebido quando
permitimos que o pecado continue. A morte é o resultado do pecado. “Isto deve
significar morte espiritual e não morte física”, disse eu ao meu conselheiro, tentando
me distrair um pouco daquela situação lúgubre.

O que pode ser pior? Estava ponderando esta questão, eu estava em silêncio
e antes mesmo que eu pudesse responder, a resposta à questão veio: na realidade
já houve morte física e espiritual, pois o pecado afeta ambos os reinos – o natural e
sobrenatural. Por já ter visto anteriormente morte atacar, inclusive no meio daquelas
pessoas, eu sabia que isto era verdade e jamais me esqueceria. Mas com certeza é
muito mais reconfortante pensar na morte como algo não tão real, final ou definitivo.
Agora conseguia compreender que a morte espiritual é o ponto final, pois ela afeta a
eternidade.
É sempre mais fácil negar a morte ou minimizá-la do que enfrentar os fatos de
que nossos pecados nos denunciarão. Fui lembrado da verdade que diz: “o homem
colhe aquilo que planou”. É só uma questão de tempo para saber se foi plantada
uma semente boa ou má, pois a colheita vem e Deus não pode ser enganado. Esta
é a lei da criação, os frutos já estão maduros para a colheita, mas receio que a
maioria das sementes plantadas aqui não tenham sido boas sementes.

Sabia que algo devia ser feito, e logo! As coisas não podiam continuar deste
jeito, já podia sentir o cativeiro, até a Morte já estava à minha porta.
“É por esta razão que as cobras estão sendo reveladas”, disse o Conselheiro.
“O Senhor julgará todo o pecado. Ele tem permitido que as pessoas continuem em
seus maus caminhos – este é o seu julgamento. Em breve Ele abalará tudo aquilo
que não foi construído sobre a verdadeira fundação, a Rocha, que é Jesus, o
Ungido. Aquele que ouve as suas palavras e põe em prática é aquele que tem
construído sobre a Rocha”.

Os Guardiões

Ao olhar novamente para o saguão, havia uma interação tanto natural quanto
sobrenatural. Perguntei-me: “Como aquelas cobras chegaram ali, e de que jeito
ficaram tão inacreditavelmente grandes?” Sei que as cobras, como todos os répteis,
crescem durante toda a sua vida, diferentemente dos mamíferos, que chegando a
uma certa idade deixam de crescer. Julgando pelo tamanho, poderíamos dizer que
estas criaturas estiveram crescendo por
muito tempo, provavelmente eram pequenas e pareciam inofensivas, mas eu ainda
não entendia quem havia permitido a sua entrada ali.
“Isto é porque você ainda não viu os guardiões”, disse a voz.
“Guardiões?”, foi a resposta.
Olhei e é isto que vi em seguida: vi pelo menos uma dúzia de misteriosas
figuras, que deduzi que fossem humanas; moviam-se o mais rápido que podiam,
para frente e para trás, respiravam pesadamente e suavam profusamente. Podia
supor que eles estavam sob um grande estresse e pressão à medida que
trabalhavam para colocar com suas pás, e transportar num carrinho de mão, algo
que parecia duro, verde e dourado. Para minha surpresa, eles estavam alimentando
as cobras, algumas vezes usando suas pás para alimentá-las diretamente e outras
vezes fazendo um monte próximo às suas bocas; em ambos os casos aquilo era
devorado prontamente. Em todo caso, aquelas bestas tinham grande apetite por
aquilo, e então eu pude entender como aquelas serpentes haviam crescido tanto.
Isto parecia loucura para mim. Porque alguém iria querer alimentar algo tão terrível?
Era como alimentar o fogo com combustível. “Que tipo de comida é esta e quem são
estas criaturas?”, perguntei totalmente frustrado.

A comida da cobra era dinheiro – isto explica a cor esverdeada que eu havia
visto; as pás e os carrinhos que eu havia visto eram os meios do mundo; as figuras
escuras eram os guardiões, eles haviam se tornado os
Escravos da Ganância.
Ouvi um som tinindo. Era o som de correntes. Para minha surpresa, cada um
dos guardiões estava preso a ferros, mas o que a seguir foi o que realmente me
deixou chocado: os escravos eram acorrentados ao corpo das serpentes. Realmente
eu não podia imaginar estar em uma situação mais delicada do que esta, porque
eles estavam totalmente à mercê das serpentes, e eu duvido que elas possam ter
sido alguma vez conhecidas por sua misericórdia.

À medida que elas eram alimentadas elas permaneciam quietas, mas se caso
elas sentissem fome, elas moviam seu corpo de maneira que seus escravos eram
jogados de um lado para outro como se fossem bonecos de pano. Percebi então que
havia algumas correntes conectadas ao corpo das serpentes que estavam vazias;
parecia que alguns escravos puderam fugir ou ser libertos de alguma maneira. Creio
que alguns fugiram, mas pude observar que algumas destas correntes bem na ponta
estavam cortadas e torcidas. Fui atingido por aquele pensamento, pois compreendi
que alguns daqueles escravos haviam sido devorados pelas gigantescas serpentes
por não terem sido capazes de manter o ritmo da alimentação delas.

Compreendi que os guardiões foram aqueles que originalmente permitiram a


existência e permanência destas serpentes neste lugar, pois pensaram que
poderiam controlá-las e usar seu poder em seu próprio benefício ou em benefícios
de sua causa. Aquela luz difusa da “Religiosidade” distorceu sua visão e por esta
razão e por esta razão eles foram enganados. Aparentemente, estas serpentes
cresceram tão rapidamente e com tanto poder que os guardiões ficaram sujeitos a
seu poder e passaram a trabalhar somente para alimentá-las. Fui lembrado das
escrituras: “Porque o amor do dinheiro é a raiz de todos os males” (1 Timóteo 6:10).
“Você só pode amar e servir a um único senhor, caso contrário você amará
um e odiará outro. Só existe um Senhor que é repleto de amor e justiça, o outro
como você pode ver, inevitavelmente te devorará”, acrescentou a voz. Todos os
homens são escravos, ou da justiça ou do pecado. Portanto, o homem é escravo de
tudo que o controla.

Um Desfile Enganador

Na realidade, eu primeiramente ouvi o que veio a seguir. Era um som de uma


ou várias melodias, soava como muitas vozes, mas de alguma maneira como uma
única voz. Eram muitos instrumentos e ao mesmo tempo único, aquele som era tão
encantador que parecia um tipo de musica inocente e alegre, aquele tipo que
cantamos seguindo a bolinha branca. Então o compasso da melodia mudou para
algo mais lento e sedutor tornando-se triste e até depressivo, de repente mudou para
mais agressivo e violento. Este som causava todos os tipos de emoções.

Pude ver o que parecia um desfile que chegou como uma banda marchando
bem no centro do saguão que estava lotado, me pareceu estranho, mas
assustadoramente familiar. Algo chamou minha atenção, era uma figura alta,
colorida que estava e liderando a procissão, ela era no mínimo uma cabeça e meia
mais alta que todo mundo. Era integrante a forma como ela estava vestida, era de
uma cor e estilo antigo e ao mesmo tempo novo. Ela tinha um andar proeminente e
preciso, todos os seus passos pareciam ser extremamente calculados. Era
fascinante olhá-la, ela movia-se tão graciosamente, que eu não tinha vontade de
parar de olhar, porque eu estava curioso para saber o que ela faria em seguida.

Vi então que ela estava tocando um instrumento, parecia um flauta, mas eu


sabia que era muito mais do que isto. Esta criatura estava criando a musica que
estava embalando a procissão, à medida que ela se aproximava o volume
aumentava. Era irresistível, tamanha atividade e excitamento, senti um desejo
intenso para que eu me colocasse na fila, mas alguma coisa me disse para não
fazer, era tão intenso como se fosse o puxar de um magneto.
Eu nunca havia visto nada igual, pois esta figura tão colorida exercia muita
influencia sobre as pessoas, elas a seguiam cantando, dançando, tocando todos os
tipos de instrumentos, usavam todos os estilos, cores e gostos. Muitos lembravam
artistas populares de hoje em dia – outros eram como sósias. Poderíamos dizer que
eles se achavam muito originais, mas era claro que eles estavam apenas imitando a
seu líder, cada um a sua maneira, mas havia uma conformidade geral no que s
refere ao estilo, ritmo e som que o líder emitia.

De tempos em tempos o líder parava de tocar seu instrumento e gritava


alguma coisa, em seguida ele imediatamente iniciava uma nova música. Toda a
procissão tentava acompanhar mudando até de roupa e estilo; as músicas mudavam
em conformidade com o líder. Aquela figura ria muito à medida que a procissão se
atrapalhava para imitá-lo no que parecia uma melodia assustadora. À medida que
eles conseguiam acompanhá-la, ela novamente mudava o ritmo, trazendo muita
confusão. Cada um tentava desesperadamente ouvir a nova música, era uma
grande confusão.
Toda a multidão se comportava de uma maneira muito rude, empurrando,
pisando naqueles que haviam caído – cada um tentando chegar na primeira fila da
procissão, gastando então toda a sua energia para manter o seu lugar, para escutar
o novo lançamento. Com exceção de alguns que estavam na primeira fila, muitos se
sentiam frustrados e cansados. E depois de algum tempo eles aparentavam estar
vazios e infelizes, apesar de tentarem manter ritmo a todo o custo, pareciam estar
em transe. O mais assustador para mim era o fato de que muitos em percebiam que
estavam seguindo este tipo de menestrel, talvez seja pelo fato daquela luz
bruxuleante sobre os que estavam na procissão.

Sem nenhum aviso, aquela figura alta – o menestrel – agarrou duas pessoas
que estavam mas próximas, levantou-as cada uma em um braço, e com tremenda
força passou a arremetê-las ao ar, jogava-as como se fossem bonecas, cada vez
mais alto. Todo o local ficou num alvoroço; não sei dizer se as pessoas estavam
torcendo ou gritando, eu penso que ambas as coisas. Quanto mais alto os artistas
voavam, mas altas as coisas ficavam. Era um grande entretenimento, pois chamava
a atenção de todos, mas eu temia que alguém pudesse sair ferido, até as serpentes
estavam prestando atenção.
O que eu tanto temia aconteceu. O líder, após ter jogado alguns ao ar,
subitamente pegou apenas um ao invés de dois, tenho certeza que houve um
barulho surdo quando o artista atingiu o chão, mas não pude ouvir por causa da
gritaria. Quanto ao outro ele foi pego e imediatamente jogado ao lado. Uma risada
horrenda saiu daquela boca que estava se preparando para tocar em sua flauta uma
nova melodia assustadora. O artista ferido havia sido pisoteado pela miríade de pés
ambiciosos.
À medida que o menestrel iniciava uma nova canção, ele prosseguia com sua
extravagante procissão e acenava para cada uma das outras serpentes que estavam
no saguão; parecia ser um aceno de reconhecimento, um cumprimento. Em
resposta, as outras paravam aquilo que estavam fazendo e acenavam, mostrando
respeito pelo menestrel – esta reação foi algo que eu não esperava destas bestas
selvagens.
“Quem é este cara que merece tamanho respeito, até destas criaturas
horrendas?”. Eu realmente não queria saber, era como se o menestrel e as
serpentes estivessem juntos em tudo isso.

O Flautista Mágico

“Este é o flautista mágico. Você sabe quem é ele”. O Conselheiro sempre


sabia o que eu estava pensando. Bem no fundo eu sabia quem ele era, mas por ser
perturbador tal pensamento, eu não queria reconhecer.
“Ele sempre foi um músico excepcional, desde a sua queda”, informou o
Conselheiro.
“Mas de que forma ele pode exercer tamanho controle sobre tudo isto e sobre
estas pessoas?”
“As músicas que você ouviu ele tocar são as canções da Babilônia, são
músicas do mundo. Muitas destas pessoas são verdadeiras filhas de Deus a quem
foi dado o dom da criatividade, mas o flautista tem mantido esta criatividade cativa
por muitos anos. Por esta razão, muitos filhos de Deus têm buscado e imitado a
criatividade do mundo; eles não buscaram que as
inspirações divinas de seu Criador fluíssem deles. Na realidade, como você pode
ver, eles estão sob uma maldição, eles se tornaram o rabo e não a cabeça”.

Os meios pelos quais o mundo age são diametralmente opostos aos de Deus.
Estas pessoas criativas perderam o propósito e plano original de Deus, não só para
eles como para os seus dons, ao invés de serem luz para o mundo, eles se tornaram
exatamente como o mundo. Eles não adoraram a Deus com todo o seu coração,
muitos até tomaram para si a glória que deveria ter sido dada ao Senhor; eles
usaram seus somente em benefício próprio. Eles adoraram e serviram a coisas
mundanas como popularidade, dinheiro, prestígio e a própria música. Eles amam e
escutam os louvores aos homens do que os louvores a Deus, e com corações
divididos perderam-se do seu primeiro amor e tornaram-se presa fácil para as
serpentes e para o Flautista. A verdadeira criatividade é uma expressão honesta do
coração.
Desviei meu olhar por seu muito penoso para eu olhar aquela situação; meu
coração chorava por eles. Eu sabia muito bem que tipo de poder eles estavam
enfrentando, justamente pelo fato de eu também já ter estado marchando na mesma
procissão. Mas somente agora deste ponto de vista, é que eu posso compreender o
tamanho do engano em que as pessoas estão metidas e quão distantes estão dos
propósitos originais de Deus para cada uma delas. Não posso culpá-las, pois eu
também já estive na mesma situação, mas eu gostaria imensamente de poder avisá-
las.
“O Flautista tem pleno conhecimento do tremendo poder que a música e as
artes exercem”, explicou o Conselheiro. “A verdadeira criatividade, quando glorifica
totalmente a Deus, é uma das mais poderosas armas conhecidas, tanto no céu
como na terra. É por isso que o Flautista faz tanta questão de controlá-la”.

Então, eu ouvi uma voz maior do que toda aquela confusão. “Saiam dela,
vocês, povo meu, para que vocês não participem dos seus pecados, para que as
pragas que vão cair sobre ela não os atinjam, pois os seus pecados acumularam-se
até o céu, e Deus se lembrou dos seus crimes!”

Ponderei estas palavras estranhamente poderosas; eu sabia que elas falariam


novamente a respeito da Babilônia – os meios pelos quais o mundo havia se
infiltrado naquelas pessoas e inspirado suas canções. Eu tinha certeza de que estas
palavras chegaram no tempo certo e eram de extrema urgência. Eram como uma
sirene tocando.
A última coisa que vi foram pessoas que, uma a uma, e em pequenos grupos,
foram deixando aquela procissão. Aquilo que parecia tão unido no princípio estava
se dividindo, se fragmentando. Creio que alguns ouviram a Voz e estavam
respondendo a ela. Outros já deixavam a procissão muito mais por frustração e para
buscar outras oportunidades. O restante continuava marchando. Olhei para o
Flautista uma última vez quando ele passou por mim e virou. Percebi algo caindo de
debaixo de seu traje colorido: era o rabo da Serpente!

Limpando Primeiramente o Interior


Após ver todas estas coisas fui lembrado da Palavra: “Contudo, se vocês
abrigam no coração inveja amarga e ambição egoísta, não se gloriem disto, nem
neguem a verdade. Esse tipo de sabedoria não vem dos céus, mas é terrena; não é
espiritual, mas é demoníaca. Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão
e toda espécie de males” (Tiago 3:14-16).

Todas as espécies de males, ambição e inveja eram mais do que aparentes,


elas floresciam naquele local. Eu ainda podia ouvir à distancia as canções da
Babilônia, o que me levou a lembrar do significado da palavra Babilônia, que é
“confusão”. Que as pessoas naquele saguão estavam extremamente confusas era
um fato, mas muitas delas conseguiam manter algum sucesso; o que me levou a
lembrar do que Jesus disse aos lideres religiosos daqueles dias, que eles
exteriormente pareciam bem, mas no interior eles estavam cheios de “ganância e
cobiça”. Jesus lhes advertiu:
“limpem primeiro o interior ... para que o exterior também fique limpo”
(Mateus 23:25-26). Eu sabia que era primordial haver uma limpeza de nossos
corações ou seremos culpados da mesma hipocrisia.
“É esta a confusão da qual sua Palavra nos fala?”, perguntei ao Senhor. Foi
neste momento que ouvi uma voz falando comigo, mas com um novo peso e
autoridade.
“A confusão será vista por todos, mas haverá muito balbúrdia quando o
Senhor trouxer seu julgamento sobre as pessoas, cobras e inclusive sobre o
Flautista”. Era como se um trovão tivesse atingido a terra, porque o meu corpo inteiro
estremeceu ao ouvir aquela Voz ecoar. Soava como a voz de meu Conselheiro, mas
um tanto diferente. Era como se ela houvesse partido de algo interior para o exterior,
a voz soava diretamente sobre mim; era tão poderosa que hesitei por um momento
antes de procurar de onde ela vinha.
Quando olhei, comecei a ver luz, muita luz, e então mais luz. Parecia que eu
estava olhando para o sol, quando pensei que não seria capaz de ver nada, comecei
a distinguir algo bem no centro.

Dois Grandes Olhos

Tudo que pude focalizar foi o que pareciam ser dois grandes olhos envoltos
por uma silhueta. À medida que meus olhos foram se acostumando com a luz passei
a distinguir maiores detalhes. Com certeza eram olhos, mas como nada que eu
pudesse ter visto até então. Eram enormes e estavam completamente abertos;
quando olhei para dentro deles fui atingido por uma série de emoções ao mesmo
tempo. Eu estava aterrorizado, excitado e apreensivo com aqueles que olhos
pareciam uma fogueira, estremeci, estava sufocando com tanta luz.

Aqueles olhos de um grande caçador, não eram só extremamente acurados,


mas eles podiam ver bem através de mim. Percebi que eu estava bem diante da
Revelação, Conhecimento e Sabedoria, minha mente não podia calcular a
profundidade de tamanho encontro, sentia em chamas.
Nunca me senti tão vulnerável e exposto. Temi muito mais por aquilo que eu
ainda veria do que as coisas que já havia visto, pois aquelas serpentes pareciam
sem importância. Nunca me senti tão pequenino, olhei
para os lados, pois eu queria correr, me esconder, ... morrer. Cai no chão. Era muito
para mim, muito intenso, eu estava pegando fogo!
Então, gentilmente, mas como um trovão, Ele falou: “Não tenha medo, fique
em paz agora”. Foi como água esfriando o fogo. Comecei a voltar a mim, a respirar
normalmente quando o fogo e a luz diminuíram para uma intensidade suportável,
meu temor diminuiu e eu fiquei em paz. Depois do que eu acabara de presenciar, me
perguntei por que eu havia sentido medo antes; eu era muito grato por simplesmente
estar vivo.
“Quem... quem é você?”, perguntei surpreendentemente calmo, considerando
tudo aquilo que eu havia passado.

O Temor do Senhor

“Eu sou o TEMOR DO SENHOR, foi a resposta, que ainda soava como um
trovão à distância. Você provou um pedacinho da gloria e você foi cheio de um temor
santo, o que é certo, porque Eu devo ser temido acima de qualquer coisa, nada fica
encoberto na Minha presença, Eu já te preparei para que você possa me olhar
novamente”.
“Não, não. Eu não posso olhar”, falei aterrorizado, apesar de lá no fundo eu
não ver a hora de olhar novamente, sabia que eu não era digno ou capaz de olhar
tamanho esplendor. Eu só queria mesmo era deitar e me esconder, eu me sentia
sujo e nu.
Passei a louvar com minha face coberta, quando ouvi: Não tenha medo. Era
muito mais gentil, praticamente como a do meu Conselheiro. Você foi preparado
para estar na minha presença pelo fogo santo. Agora você pode olhar para mim.

Quando olhei para a luz que pairava sobre mim, comecei a ver algo
estupendo. “Podia ser?”, perguntei. “Será que isto pode ser o que eu estou vendo?”.
Duvidei do meu próprio julgamento. Fechei os olhos, tomei um fôlego e espiei
novamente. Era mesmo. O que eu via era um CORUJA magnificamente grande;
enchi-me de admiração.
Ela apareceu primeiramente branca como a neve, mas à medida que a luz foi
diminuindo pude ver que a luz que dela brilhava era prateada, ela era coberta de
penas brancas que cintilavam prateado. Os olhos que no princípio eram enormes
agora estavam calmos e serenos, eles lentamente piscaram para aliviar aquele
olhar. “Como algo tão austero pode ser tão amável e... e.... puro?”, ponderei.

Então, ao estudar mais detalhadamente tal pássaro solene, nossos olhos se


encontraram, minha mente estava voando alto com tamanha admiração que minha
boca sussurrou algo. “Sa.... Sa.... SABEDORIA. Sabedoria das eras!”, proclamei.

Sim, o temor do Senhor é o princípio da SABEDORIA, respondeu a Coruja.


Eu sou o espírito da Sabedoria, ela continuou. As pessoas esqueceram-se do temor
do Senhor, por esta razão eles não sabem como discernir entre o bem e o mal. O
temor do Senhor é odiar aquilo que é mau. Sem isto não pode haver santidade e
sem santidade ninguém pode vê-Lo.

Estas pessoas reuniam-se em busca do Seu amor, bondade e graça, mas


elas se esqueceram da santidade e severidade do Senhor. É necessário
conhecer tanto o amor quanto o temor do Senhor para realmente poder conhecê-lo.
Eles esqueceram que Ele é um Deus que pune o pecado, e escolheram somente as
partes que mais lhes agradam. Então a Coruja disse para todos que estavam no
local: O homem deve viver de toda Palavra que procede da boca de Deus!

A Coruja sábia ficou em pé neste momento, e continuou: “Preste atenção à


Palavra do Senhor: “Ai daqueles que não temem ao Senhor, eles cantam sobre mim
e usam Meu nome e o do Meu Filho Amado, mas os seus corações estão muito
distantes de mim. Exploram e pisam uns nos outros em beneficio próprio, mentem,
trapaceiam, bajulam uns aos outros, atrasam o pagamento de seus funcionários,
vivem em luxo desprezando os mais fracos, misturam o Santo com o profano, tudo
em Meu Nome! Chega do barulho de suas músicas e de sua falsa humildade!

Se eles continuarem por este caminho, eu virei num dia em que não esperam
e numa hora que não sabe, os punirei severamente e lhes darei um lugar com os
infiéis! Eu irei separar o joio do trigo!”
A Grande Coruja se aproximou e falou veementemente: “O Senhor é um Deus
de misericórdia e amor, mas também um juiz justo que irá julgar e purificar Seu povo
com o fogo do ourives, porque Ele é um fogo consumidor. Todo o feno, madeira e
palha serão consumidos. O Senhor terá um sacerdócio puro”. Houve uma pausa e
então ele falou num tom gentil: “Ele terá uma noiva pura”.

Perdi a fala, pois estas palavras eram como fogo, e tenho certeza que vi
inclusive lágrimas nos olhos da Grande Coruja quando ela falou da noiva.

O Começo e o Fim

“Quando, quando acontecerão estas coisas?”, perguntei à Coruja. Esta foi a


resposta: “Os tremores já começaram, eles podem ser vistos e
sentidos por todos aqueles que tem olhos para ver e ouvidos para ouvir. Sete será o
começo e oito o recomeço. O Senhor derramará sua ira sobre as serpentes
enganadoras, esmagará suas cabeças e em breve tirará o controle do Flautista, o
fim deles está próximo”.
Achei que eu sucumbiria pelo peso destas palavras. A Coruja sábia olhou
para mim e deve ter percebido que eu ia cair. “Não tenha medo. Em breve o Deus da
paz esmagará satanás por debaixo dos seus pés. Não há motivo para ter medo – a
não ser que você tenha alguma razão. Quando estas coisas acontecerem haverá
muita destruição para aqueles que estão sob o controle das serpentes. Muitos
passarão por terríveis sofrimentos, à medida que as Serpentes feridas agonizarem
todos e tudo em seu caminho estarão correndo muito perigo”.

“O que será de nós? Existe alguma esperança?”, perguntei preocupado.

A Coruja respondeu num tom excitado: “O Senhor preparou seu exército de


santos para este dia. Ele será o seu escudo, refúgio, força e música. Eles serão os
guerreiros dos últimos dias, equipados com toda a armadura e o sangue do
Cordeiro; eles estarão em Cristo e não recuarão nem diante da morte, pois quem
quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem quer perder a sua vida por causa do
Senhor, a encontrará.
Aqueles que fazem parte deste exército são guerreiros da liberdade, eles
carregam consigo o poder da cruz – o evangelho de Jesus Cristo – para um mundo
agonizante. Quando o Senhor liberar o comando, eles se levantarão e sairão para
cortar o ventre das Serpentes e libertar os cativos em nome de Jesus e pelo poder
do Seu Espírito. Eles serão vasos de cura, misericórdia e amor, um real exemplo de
Verdade, jamais comprometendo Sua Palavra Santa”.

À medida que a Coruja dizia estas palavras, olhei em volta e percebi que os
guerreiros que portavam todas as partes da armadura estavam aumentando em
número, eles pareciam prontos e fortes. Uma onde de ânimo atingiu-me ao ver que o
Senhor estava preparando Seu povo.
“Quando o inimigo vier nos atacar como uma enchente, o Espírito do Senhor (nos
levantará) irá estabelecer o padrão!”, gritei em resposta a um sentimento de vitória
que estava sentindo.
A Coruja me olhou como se estivesse sorrindo. É isto mesmo, meu filho.
Aquele pássaro prateado se aproximou de mim, e eu surpreendentemente não
estava nem um pouco nervoso, ele parecia estar muito acessível, havia uma doce
fragrância no ar, devo ter parecido muito tolo, pois eu estava cheirando aquele
aroma repetidamente. Ao falar novamente, o som da sua voz me acordou daquele
estado em que eu estava, que parecia quase um sonho. A presença do Espírito de
Sabedoria era revigorante, mesmo eu estando no meio do campo inimigo.

Preste atenção: você precisa estar alerta, pois tudo que te falei é a pura
verdade. Se você permanecer no Senhor você verá a vitória sobre o inimigo, todos
os que clamarem pelo nome do Senhor e permanecerem até o final serão salvos.
Muitos já se perderam, mas o Senhor não os perdeu de vista, porque Ele é amoroso
e bondoso e tem compaixão pela sua criação.
O Senhor permitiu que muitos seguissem seus próprios caminhos, mas da
mesma forma que Jonas se arrependeu e se humilhou dentro da barriga do peixe,
ou como o filho pródigo se arrependeu quando estava se alimentando junto com os
porcos, muitos também se arrependerão. Eles estarão prontos para abandonar seu
egocentrismo e voltar para casa, então haverá grande alegria e celebração na casa
do Pai. Infelizmente, muitos não irão se arrepender e continuarão com seus maus
caminhos e sofrerão; outros escaparão com que pelo fogo, não terão nenhum
mérito, pois suas obras foram carnais. “O espírito dá vida; a carne não produz nada
que se aproveite” (João 6:63).

Misericórdia ao Invés de Julgamento

Houve uma pausa. Esperei, ponderei estes fatos e então aquele pássaro
prateado continuou num tom sossegado: “o Senhor quer mostrar a sua misericórdia
e não o seu julgamento para com todos, no entanto o Seu julgamento é
misericordioso. Eles não só não ouviram suas várias tentativas de dialogar, mas
foram insensíveis a Sua Palavra. Aqueles que não amam a verdade serão
seriamente enganados. Muito em breve, o Senhor derramará a sua ira ara que
alguns possam sair de seu estupor, se arrepender e serem salvos. Ele disciplina
aqueles a quem Ele ama, e a todos os que chama de filhos.
Preste atenção à palavra, convite e benção do Senhor: ‘repreendo e disciplino
aqueles que eu amo. Por isso, seja diligente e arrependa-se. Eis que estou à porta e
bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele
comigo. Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo no meu trono.... Aquele que
tem ouvidos ouça o que o Espírito diz’ (Apocalipse 3:19-22).

‘Se continuarmos a pecar deliberadamente depois que recebemos o


conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados, mas tão somente
uma terrível expectativa de juízo e fogo intenso que consumirá os inimigos de
Deus’(Hebreus 10:26-27”.
Então, a Sábia Coruja inclinou-se sobre mim e sussurrou: “Você tem visto
estas coisas como um aviso, porque muitos se acham em segurança e salvos, mas
não estão. Portanto, você precisa soar o alarme. Nada disto foi revelado a você
anteriormente, porque como você pôde perceber você também estava sob o controle
das Serpentes, mas por você estar aprendendo o temor do Senhor, pois Ele confia
naqueles que o temem. Você precisa estar ciente de que, se você se acha seguro,
preste atenção: cuide para não cair, pois você mesmo já viu como é fácil para o
orgulho e para o engano entrar em teu coração”.

Estremeci diante destas palavras, e então a Coruja me disse: “não é errado


ter medo, temor, mas saiba que eu estarei contigo até o final dos tempos!”

Aquela gloriosa Coruja passou a esticar suas enormes asas, cada pena
brilhava como diamantes, e à medida que elas começavam a bater a sala se encheu
de vento como que de um tufão, era impressionante sua majestade. Ela começou a
se elevar e então eu ouvi uma voz como a de um trovão declarar: “O TEMOR DO
SENHOR É PRINCÍPIO DA SABEDORIA... O
TEMOR DO SENHOR É PRINCÍPIO DA SABEDORIA... O TEMOR DO SENHOR É
PRINCÍPIO DA SABEDORIA”. Ela falou três vezes, e a cada vez que ela
pronunciava estas palavras, sentia mais forte em meu espírito, até que me senti
mudado.
Enquanto ela vagarosamente levantava vôo, pude ouvir três palavras: “Eu sou
o temor do Senhor, eu sou o caminho para a Sabedoria, eu estive presa por muitos
anos, mas agora eu estou voltando para a igreja, para que o Senhor tenha um povo
santo, feito a sua imagem. Quando minha volta se aproximar, meu povo passará a
me ver e a me conhecer como realmente sou, pois eu sou o Espírito da Santidade”.

Eu podia sentir que aquela Sábia Coruja estava se preparando para partir,
mas havia tantas coisas que eu gostaria de perguntar, então deixei escapar: “O que
devo fazer agora que vi todas estas coisas? O que eu devo dizer aos outros?”

“Aquilo que foi revelada precisa ser de conhecimento de todos; o tempo é


curto, e o que você precisa fazer acima de todas as coisas: Ame ao Senhor de todo
o teu coração, de toda a tua alma, e com todo o teu entendimento. Adore ao Senhor
teu Deus e só a Ele preste culto. A este eu estimo: ao humilde e contrito de espírito,
que treme diante da minha palavra. Você precisa se apresentar diante dele
quebrantado. Aquele que cair sobre a Rocha será despedaçado, e aquele sobre
quem ela cair será reduzido a pó. Aquele que deseja deixar de lado seus próprios
caminhos e
desejos, este sim estará livre para se apaixonar por Jesus – a Rocha da nossa
salvação. Ame o seu irmão com o mesmo amor que você recebeu do Senhor.
Este é o meu mandamento: amar uns aos outros!”

Saiam!

O vento parou. Olhei para cima e fiquei feliz em ver que a Sábia Coruja ainda
estava lá. Então, o Espírito da Sabedoria falou pela última vez em voz alta: Saiam,
saiam dela povo meu! Desta vez todas as pessoas que estavam no saguão olharam
para cima e ouviram estas palavras. Por um instante todas as coisas pareceram
parar, alguns responderam imediatamente, enquanto outros agiram como se não
tivesse ouvido absolutamente nada e continuavam a tagarelar ainda mais; muitos
outros pareciam estar confusos.
Neste momento, a grande Coruja olhou para as malignas Serpentes com um
olhar tão penetrante que vi Ambição perder seu apetite, pois não só parou de comer
como passou a vomitar suas vítimas; Luxúria parou de flertar, dançar e morder;
Orgulho e Insegurança finalmente pararam de parar de girar; Medo finalmente olhou
e gelou com um temor santo; Inveja fez um estrondo ao cair no chão; Religiosidade
parou de sorrir maliciosamente e murchou até ficar do tamanho de uma cobra
pequena; a Morte negra ficou pálida. Todas se encolheram de terror, até as menores
tentaram se esconder rapidamente, porque à medida que as cobras grandes ficavam
nervosas mais elas destruíam as coisas ao seu redor, todo o local começou a
tremer. Tanto as cobras quanto as pessoas causaram uma grande devastação por
todo o saguão.

Tudo havia mudado. O Flautista não estava em nenhum lugar, sua música
havia parado, até a procissão, já bem fragmentada, estava terminando em brigas;
cada um só olhava para si mesmo. Desde que a música parou, o que uma vez havia
transparecido unidade agora havia se tornado em caos. As pessoas que estavam
sob o poder das cobras agora olhavam nervosamente à sua volta, pois elas sabiam
que alguma coisa estava acontecendo. Olhei para a Coruja, seus olhos haviam se
tornado os olhos de uma caçadora novamente, suas asas chamavam a atenção e
clamavam por ação, suas garras passaram a abrir e fechar, balançando com ritmo.
Não há palavras para descrever a intensidade do olhar penetrante da Coruja –
exceto o temor do Senhor.

Enquanto eu via esta cena, estas criaturas passaram a ter vida. “O Senhor
julgará o seu povo. Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo!”
(Hebreus 10:30-31). A Coruja parecia estar pronta para atacar a qualquer momento.
Subitamente, ela foi envolta numa luz muito brilhante e houve um som tão alto que
me ensurdeceu. Soou como um laser cortando algo, me abaixei sem saber o que
estava acontecendo. Quando aquele barulho parou, houve um silencio muito bem
vindo. Olhei em direção à Coruja, mas algo havia ocupado o seu lugar; a Coruja
havia se transformado.

A Pomba

Uma POMBA, branca e pura, era a criatura mais bela e doce que eu já havia
visto. O local se enche com a sua presença de uma luz âmbar e de
serenidade; o ar tinha uma frescura como num dia de primavera. A deliciosa
fragrância que eu havia sentido anteriormente estava agora por toda a parte, era
deliciosa. Toda maldade, confusão e engano que antes eram tão presentes, agora
se desvaneciam à distância. Era como se todo o poder do universo houvesse
enchido o local, e realmente havia, pois o ar estava repleto de vida e energia.

A pomba tinha nove penas em sua cauda e isto havia chamado minha
atenção, pois eram: AMOR, ALEGRIA, PAZ, PACIÊNCIA, AMABILIDADE,
BONDADE, FIDELIDADE, MASIDAO E DOMÍNIO PRÓPRIO. Eu podia sentir todas
estas qualidades ao mesmo tempo me envolvendo, eu estava completamente
protegido e em paz. Abri os olhos (sem saber exatamente quando eu os havia
fechado) e vi que eu estava embaixo das asas daquela ave Divina. Todo sofrimento
e desgraça da vida foram desvanecendo e ficando para trás, pois eu estava
protegido pelo poder do Altíssimo. Poderia ter ficado ali para sempre, mas a grande
asa levantou e eu fiquei ali em pé debaixo de sua sombra olhando maravilhado para
esta ave Maravilhosa.
Ao olhar para aqueles olhos transparentes e reveladores, havia humildade,
bondade e honestidade como até então eu nunca havia visto. Ficar em sua presença
fez-me sentir mais humilde do que nunca, como se eu não tivesse nada a provar ou
a perder – esta sim era a verdadeira liberdade. À medida que eu continuava a olhar
para aqueles olhos compassivos, senti como se estivesse olhando para uma Mãe.
Parecia estranho, mas era real; ao olhar para os olhos desta ave santa me senti tão
amado como nunca havia sentido antes.

“Conselheiro!”, eu disse com grande admiração. “Você tem estado comigo por
todo este tempo!”. A Pomba olhou diretamente para mim e balançou sua cabeça
lentamente. Eu não podia acreditar no que eu estava vendo; sorri e fui cheio de
admiração e reverência. Este era o meu Conselheiro, Ajudador, Professor, Amigo,
mas o que mais me tocou foi o fato dele ser o meu Consolador. Eu sabia que não
sobreviveria um minuto sem a ajuda do meu Conselheiro; eu estava envolto pela
revelação de seu amor eterno. Era tremendo. Eu estava salvo. Como eu amei e
havia sido amado por este gracioso pássaro.

Percebi um olhar triste nele, como se ele estivesse carregando um fardo em


seu coração. Nossos pensamentos se cruzaram e eu soube que o peso que ele
carregava era um fardo por toda a humanidade. Apenas por estar em sua presença
eu podia sentir também, era claro como a neve. Caí no chão. Pensei que eu ia ser
esmagado pelo peso de tudo o que estava sentindo; era muito pesado, acho que eu
poderia chorar por toda a eternidade, pelas almas perdidas de todo o mundo. Eu
queria correr, gritar, dizer a todos o que se passava em minha mente, em meu
coração; as cobras..., o Flautista,... a armadura e a espada..., o Cordeiro que foi
sacrificado..., o sangue purificador..., a Coruja. Era tudo muito pesado, eu mal podia
me mover. Sentia como se meus ossos fossem quebrar mediante tamanho peso.

Um Fardo Leve
Foi então que a Pomba disse: “Isto é muito para você carregar”. Quando ela
falou isto, ela tirou uma de suas penas e colocou-a sobre meu ombro. “Isto sim é
para você meu filho. Se você quiser, é mais leve e fácil, pois eu te darei graça e
poder para que você possa realizar tudo o que eu te disser”.
Senti-me bem, cheio de energia, vivo e com uma nova visão, pois aquela
pena servia como uma luva, ela se prendia em minha armadura como uma capa.
Veio à minha mente a passagem que para mim passou a ter um novo significado:
“Vocês serão revestidos do poder do alto” (Lucas 24:49).
Era como se eu tivesse recebido um pedaço do coração da Pomba – o que eu
sabia ser exatamente o que eu havia recebido, pois eu me sentia diferente. A Pomba
disse: Olhe ao seu redor. Tudo estava diferente, especialmente as pessoas, pois eu
as estava vendo sob outra luz, eu as via por uma perspectiva divina – cada um com
grande valor e propósito. Surpreendi-me com o fato de eu não tê-las visto desta
maneira anteriormente; era tão óbvio, era verdade.

Estas foram as últimas palavras da Pomba: Digo-lhes a verdade: o que vocês


fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram. Ela abriu suas asas e
declarou: o maior entre vocês deverá ser servo. Contudo, muitos primeiros serão
últimos, e muitos últimos serão primeiros.
Então, ela graciosamente levantou vôo até o teto do saguão. Ao chegar ao
topo, ela transformou-se numa bola muito brilhante, como um raio e um trovão ela
fragmentou-se em inúmeros pequenos pedaços que brotaram fogo nos guerreiros
encouraçados que havia ali. Logo após, milhares de penas brancas começaram a
flutuar no ar e a pairar sobre os ombros de cada um.

Uma Canção Divina

O saguão foi se enchendo de uma melodia magnífica – era a Canção da


Libertação. Era a maior canção de amor que eu já tinha ouvido, ela tocou-me tão
fundo que trouxe lágrimas novamente aos meus olhos – ela restaurava meu espírito.
Até o momento eu não tinha noção do quanto eu precisava e sentia falta disto. Os
guerreiros que estavam no saguão cantavam. Surpreendi-me quando ao me juntar
com eles eu sabia não só a letra, mas a melodia também, aquela música estava
ligando Espírito a espírito, era como se o céu tivesse se aberto, era divino. A luz que
era pálida havia sumido e substituída pela verdadeira luz, tudo ficou claro e visível;
ao iniciar esta canção as Serpentes se contraiam e se torciam em agonia.

A presença e a gloria do Senhor varreram a sala, era como se vivessem


dentro daquela música. A verdadeira criatividade permeava aquele local trazendo
vigor e renovando a vida de todos. Percebi que alguns dos feridos que eu havia visto
estavam se fortalecendo e sendo equipados com toda a armadura, passando a
brilhar tremendamente com a glória do Senhor à medida que cantavam. Aqueles que
haviam sido enfraquecidos e envenenados pelas picadas das cobras estavam
também se revigorando, havia lágrimas de arrependimento fluindo, homens e
mulheres estavam sendo libertos de suas escravidões.

À medida que as pessoas recobravam sua visão elas passaram a fugir das
serpentes, vi até alguns guardiões serem libertos dos grilhões que os aprisionavam,
eles auxiliavam a outros. Uma vez totalmente libertos, os ex-
guardiões possuíam grande autoridade para resgatar os outros das cadeias das
Cobras e do Flautista, porque agora eles eram conquistados.
A intensidade e a força da canção aumentaram, era tremendo. Era uma nova
canção, eu diria que ela ecoava, reverberava e ressoava por toda a terra. Sabia que
o que eu estava ouvindo era o começo de algo que iria se espalhar como fogo e
tocar toda a humanidade. Esta era a criatividade do Senhor, onde literalmente o seu
Espírito habita, pois toda a criação espera e geme por isto. A verdadeira adoração
tem a habilidade de libertar os cativos, transformar vidas, enfim, criar nova vida. Ela
tocou todos os que ouviram, mas aqueles que a cantaram, louvaram de todo o seu
coração e foram verdadeiramente transformados.

Posso afirmar que todos aqueles que estavam à minha volta realmente estava
se apaixonando pelo Senhor, e pela primeira vez senti um amor genuíno e um senso
de comunidade crescendo naquele local. Podíamos sentir o amor do Pai não só por
todos os cantos como também a brilhar na face das pessoas. Ficamos maravilhados.
“Foi por esta razão que fomos criados”, pensei. “Para amar e louvar a Deus, e para
amar uns aos outros”.

Agora eu estava seguro, a atmosfera de competição havia desvanecido, e


todos passaram a ajudar e a honrar uns aos outros até em cima de si mesmos. Meus
olhos se encontraram com os do irmão que havia orado por mim, não precisávamos
dizer nada, pois não existiam palavras para descrever o que sentíamos, então
apenas sorrimos um ao outro e cantamos. Nosso Pai está no controle.

Liberdade

Pude ver algumas pessoas começarem a correr como nunca, não tinham
medo do que os outros poderiam pensar, estavam libertos! Todos nos reunimos
numa marcha grandiosa que circundava e envolvia o local. Fortalezas estavam
sendo demolidas! Podia sentir os muros da hostilidade e divisão sendo derrubados.
Novamente, éramos como crianças: rindo, cantando, gritando e pulando de alegria.
Todos à sua maneira louvavam ao Senhor. Ouvi estas palavras: “Onde está o
Espírito do Senhor, ali há liberdade” (2 Coríntios 3:17).

Eu estava maravilhado com a magnitude do poder transformador que estava


sendo liberado através desta canção, desta dança, deste louvor! Não havia como
descrever, mal podia acreditar que eu estava no mesmo lugar, com as mesas
pessoas, mas eu estava. Certamente não éramos mais os mesmos. Deus habitava
ali. Parado, totalmente maravilhado, pude ouvir aquela voz tão familiar novamente.
Meu Conselheiro disse: “Darei a vocês um coração novo e porei um espírito novo em
vocês; tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne. Porei o
meu espírito em vocês e os levarei a agirem segundo os meus decretos e a
obedecerem fielmente às suas leis” (Ezequiel 36:26-27). Ao ouvir estas palavras
compreendi que isto era exatamente o que tinha acontecido conosco. Só o Espírito
poderia fazer tal coisa, pois houve um amolecer, fortalecer e um renovar em cada
um de nós.
De repente percebi um serpentear familiar; havia serpentes por todos os
lados. “Não! Agora não! De novo não!”. Apavorei-me, mas ao olhar novamente me
surpreendi com o fato de que, à medida que cantávamos e dançávamos, as
serpentes estavam debaixo de nossos pés! Era uma dança de guerra e uma canção
de vitória. Como era bom adorar ao nosso grande Deus e Rei e ao mesmo tempo
esmagar o inimigo! Agora, todas as serpentes aparentavam estar totalmente
desamparadas, pareciam como minhocas diante do Senhor, e muitas delas
passaram a agredir umas às outras, pois quanto mais nos uníamos, mais elas se
dividiam, se destruíam e devoravam umas às outras. Todo o saguão se inundou com
o Espírito de Santidade.
Ouvi um grande brado, tão alto que balançou o lugar, pois dizia
“LIBERDADE!”; um por um, eles foram se unindo e produzindo um som
ensurdecedor. O saguão foi envolto por um canto, um grito de liberdade subindo aos
céus; eu creio poder ouvir os céus cantando em conjunto. A bondade do Senhor
podia ser sentida por todos nós, era como uma chuva caindo sobre uma terra seca,
podia sentir Água Viva do Espírito caindo como uma cachoeira que refrescava e
lavava uma miríade de almas secas e sedentas. Fomos inundados com uma alegria
inexplicável, alegria da Salvação, a alegria da Vida que trouxe unidade e paz, mas
acima de tudo,
Adoração, Glória e Honra ao Rei!
Então veio o Grande Comando. Ouvi em alta voz: “DEIXE O MEU POVO IR
PARA QUE ME PRESTE CULTO! Para me adorarem em ESPÍRITO e em
VERDADE”. A última coisa que vi foi um exército de guerreiros santos liberados para
cumprir a sua ordem. Eles foram imediatamente cumprir estas ordens, suas
armaduras brilhavam e empunhavam suas espadas. Eles iam cortando as amarras
que prendiam as pessoas pela sala.
Houve um silêncio, e a visão acabou. Ouvi estas últimas palavras:
Você precisa se libertar da servidão do pecado, do mundo e de você mesmo.
Seja santo porque Eu sou Santo, porque as trevas virão sobre o mundo como nunca
antes. Eu quero que a minha canção seja cantada, minha glória seja conhecida, e
que meu Espírito seja derramado sobre todas as pessoas. Novamente estou
enviando Meus menestréis à frente do Meu exército. Você precisa estar preparado,
purificado e incólume para receber tamanha honra. Muitos foram convidados, mas
poucos os escolhidos, porque são poucos os que se dispõe a pagar o preço de
serem escolhidos. Muito em breve o mundo será inflamado com a Minha glória. Eu
habitarei nestas canções e o mundo provará e verá que eu sou bom. EU SOU O
SENHOR DEUS TODO

PODEROSO, JESUS O MESSIAS, QUE É, ERA E SERÁ!


Anjos começaram a cantar: “Levante-se, refulja! Porque chegou a sua luz, e a
glória do Senhor raia sobre você. Olhe! A escuridão cobre a terra, densas trevas
envolvem os povos, mas sobre você raia o Senhor, e sobre você veja-se a Sua
glória. As nações virão à sua luz e os reis ao fulgor do seu alvorecer” (Isaías 60:1-3).

A canção terminou com as seguintes palavras, soando e ressoando:


“Mas o amor leal do Senhor, o seu amor eterno, está com os que o temem” (Salmos
103:17).
PARTE II

INTERPRETAÇÕES E ESCRITURAS

O Saguão. Havia muitas pessoas na entrada. Elas estavam muito ocupadas


buscando posição, poder e suas próprias coisas.

As Cobras. Poderosos espíritos malignos que assolam e controlam a indústria


fonográfica cristã e o meio cristão. Eles têm o poder de controlar todos aqueles que
se permitiram continuar a cometer estes tipos de pecados. Eu realmente não sei se
eles se parecem realmente com cobras, mas esta foi a forma com que eles
apareceram para mim nesta visão. Basicamente eles atuam através do engano.
Creio que eu os vi como cobras, porque no princípio a serpente foi a primeira
enganadora. É também atribuído o nome de satanás como a “antiga serpente
chamada Diabo ou Satanás, que engana o mundo todo” (Apocalipse 12:9).

A Maior delas – Ambição. “Pois todo aquele que a si mesmo se exaltar será
humilhado, e todo aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Mateus
23:12). Os construtores da torre de Babel disseram: “Vamos construir uma cidade,
com uma torre que alcance os céus. Assim nosso nome será famoso” (Gênesis
11:4). “Não é do oriente nem do ocidente, nem do deserto que vem a exaltação. É
Deus quem julga: humilha a um, a outro exalta” (Salmos 75:67).

A Encantadora – Luxúria. “Assim façam morrer tudo o que pertence à natureza


terrena de vocês: imoralidade sexual, impureza, paixão, desejos maus e a ganância,
que é a idolatria” (Colossenses 3:5). “Pois tudo o que há no mundo – a cobiça da
carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens – não provem do Pai, mas do
mundo” (1 João 2:16).

As Duas Cobras – Orgulho e Insegurança. “O orgulho vem antes da destruição; o


espírito altivo, antes da queda” (Provérbios 16:18). “Mas bendito é o homem cuja
confiança está no Senhor, cuja confiança nele está” (Jeremias 17:7).

A Cobra de Carne – Medo. “Quem teme o homem cai em armadilhas, mas quem
confia no Senhor está seguro” (Provérbios 29:25).

A Cobra Verde – Inveja. “O rancor é cruel e a fúria é destruidora, mas quem


consegue suportar a inveja?” (Provérbios 29:25). “O coração em paz dá vida ao
corpo, mas a inveja apodrece os ossos” (Provérbios 14:30). “Não inveje os
pecadores em seu coração; melhor será que tema sempre o Senhor”
(Provérbios 23:17).

As Pequenas Cobras Venenosas – Amargura. “Pois vejo que você está cheio de
amargura e preso pelo pecado” (Atos 8:23). “Livrem-se de toda amargura,
indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade” (Efésios
4:31). “Cuidem que ninguém se exclua da graça de Deus; que nenhuma raiz de
amargura brote e cause perturbação, contaminando muitos” (Hebreus 12:15).

A Cobra Branca – Espírito de Religiosidade. “Ai de vocês, mestres da lei e fariseus,


hipócritas! Vocês são como sepulcros caiados: bonitos por fora, mas por dentro
estão cheios de ossos e de todo tipo de imundície. Assim são vocês: por fora
parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade”
(Mateus 23:27-28). “Serpentes! Raça de víboras! Como vocês escaparão do
inferno?” (Mateus 23:33).

O Conselheiro – o Ajudador, que é o Espírito Santo. “Mas quando o Espírito da


verdade vier, ele os guiará à toda a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas
o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir” (João 16:13).

A Armadura. O poder transformador do Espírito Santo que está ao alcance de todos


os que se propuserem a deixar de lado o seu antigo eu para ser revestido em Cristo
– armadura completa – para que nos dias maus que virão (se ainda não vieram,
virão), eles possam resistir. Ele fala a respeito do caráter de Cristo (veja Efésios
6:11-18).

Os Guardiões. As pessoas que, tendo o conhecimento ou não, estiverem sob o


poder e permitiram que o mundo entrasse na música cristã. “Ninguém pode servir a
dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o
outro. Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro” (Mateus 6:24). “Inclina o meu
coração para os teus estatutos, e não para a ganância” (Salmos 119:36).

O Flautista. Da mesma forma que na fábula o flautista encantou os ratos e as


crianças e os levou para fora da cidade com uma música, hoje em dia aqueles que
são liderados pelo mundo ou por satanás estão numa competição desmedida. Esta é
a situação da música e da mídia que tem enganosamente levado a nova geração
para longe da “cidade de Deus”, ou para longe de Deus. Eu creio que satanás
pessoalmente tem controlado muito da música hoje em dia, ele é conhecido como o
principal músico caído dos céus.

A Coruja. Este foi o símbolo mais surpreendente e significativo para mim. A Coruja
sempre foi um símbolo de sabedoria, mas à medida que fui estudando a respeito das
corujas descobri muito mais. Ela é a amiga do fazendeiro, pois se alimenta de
roedores e cobras que poderiam roubar e destruir a boa semente (a Palavra) e a
safra. Seu vôo é silencioso e por esta razão sua chegada é imperceptível; ela é uma
ave que caça basicamente à noite – nas trevas. É conhecida também como
“sentinela da noite”, porque literalmente possui uma visão binocular. Sua audição é
fenomenal, pois detecta o movimento de um taro à distância de dois campos de
futebol. Creio que esta visão e audição tão acuradas nos referem ao “discernimento”,
que é o que tem faltado no corpo de Cristo. Discernimento e sabedoria retornarão
à igreja assim como o “temor do Senhor”. Precisamos aprender a ver mesmo nas
trevas de engano que nos cercam, pois vivemos em tempos em que “mesmo os
eleitos” podem ser enganados, se for possível. Precisamos desesperadamente do
temor do Senhor, para que o “Espírito da Sabedoria” retorne a nós.

A Pomba. O Espírito Santo ou o Espírito de Deus.

Uma Canção Celestial. A criatividade que o Senhor tem derramado e irá ainda
derramar sobre o seu povo é para abençoar não só a igreja, mas o mundo, pois ela
glorificará a Deus e abençoará toda a humanidade.

Referências Bíblicas:

“Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: tema a Deus e obedeça a
seus mandamentos, porque isto é o essencial para o homem. Pois Deus trará a
julgamento tudo o que foi feito, inclusive tudo o que está escondido, seja bom seja
mau” (Eclesiastes 12:13-14).

“Os olhos do Senhor estão em toda a parte, observando atentamente os maus


e os bons” (Provérbios 15:3).

“Ame o Senhor seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de
todo o seu entendimento. Este é o primeiro e maior mandamento e o segundo é
semelhante a ele: ame o seu próximo como a si mesmo” (Mateus 22:37-39).

“O temor do Senhor é fonte de vida, e afasta das armadilhas da morte”


(Provérbios 14:27).

“O que o Senhor exige: pratique a justiça, ame a fidelidade e ande


humildemente com o seu Deus” (Miquéias 6:8).

“Hoje, se vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração” (Hebreus 3:7-
8).
PARTE III

O RENASCIMENTO

Surpreendentemente, o hotel que serviu de cenário para a visão de “Cobras


no Saguão” mudou seu nome. Atualmente se chama Renascença. Um membro de
nossa equipe pesquisou o significado desta palavra e maravilhou-se com o fato de
significar: renascimento, renovação ou avivamento das artes e literatura. O Senhor
até escreveu no horizonte de Nashville, cidade conhecida como a cidade da música
dos EUA: o renascimento está chegando!

Está chegando uma grande mudança e reforma para a igreja e para o mundo.
Parte é o renascimento das artes e a criatividade será um veículo poderoso para
atingir nossa cultura e o mundo através da mensagem de Jesus Cristo.

Olhando historicamente para o passado, há um período conhecido como


“Renascença”, nos séculos XIV e XV. Foi um período em que se pode sair de uma
era de estagnação chamada “Era das Trevas”.
A Renascença foi um período de grande renovo na criatividade, pensamento
e literatura, motivados pela “busca da retórica”. Os clássicos gregos e romanos se
tornaram um modelo de retórica em todas as áreas da vida. Foi destas culturas
antigas que os sábios da Renascença encontraram uma nova inspiração e ensino
causando muitas mudanças positivas das quais nós nos beneficiamos até hoje. Este
“século feliz” transformou o governo, educação e a teologia cristã, concebeu ainda
uma das mais altas formas de arte e música que o homem já pôde ver.

Enquanto o foco da Renascença estava em restaurar a cultura, a humanidade


em si tornou-se o centro das atenções. A renascença, portanto, trouxe ao mundo o
que podemos chamar de “humanismo”, que basicamente é egocentrismo. Este
Humanismo inundou nossa cultura moderna e vem a negar a relevância, ou até a
existência, de Deus.
O Senhor me disse: “Eu Sou o Criador, onde todas as coisas se originam. Eu
usarei minha criatividade para proclamar minha santa mensagem para toda a terra”.
Disse ainda que a renascença que virá desta vez não se inspirará na “busca da
retórica”, mas sim na “busca da obediência” a Ele. Não produzirá egocentrismo, mas
o sim o “Deus-centrismo”, não trará glória ao homem, mas a Deus. “Mas a terra se
encherá do conhecimento da glória do Senhor” (Habacuque 2:14).

A Onda

À medida que eu orava por esta Renascença, tive uma visão tremenda no
espírito, que me encheu de grande alegria e medo. Vi uma onda gigantesca, à
medida que ela se aproximava da praia ela cresceu ainda mais em tamanho e força.
Soube instantaneamente que esta onde se referia a algo poderoso do Senhor.
Parecia, ao mesmo tempo, perigoso e emocionante, era muito maior do que tudo o
que tudo o que eu já havia visto ou imaginado; eu sabia que não havia nada igual
até então. Sabia que quando a onda
atingisse a praia nada permaneceria o mesmo – tudo viria a ser transformado.

Perguntei ao Senhor o que era aquilo e o se significado, e Ele me respondeu:


Este é o move do meu Espírito que está vindo sobre a terra.
“Desde o poente os homens temerão o nome do Senhor, e desde o nascente,
a sua glória. Pois ele virá como uma inundação impelida pelo sopro do Senhor”
(Isaías 59:19). O sopro do Senhor vem do seu Espírito que se move como uma
grande inundação.
“E depois disso, derramarei o meu Espírito sobre todos os povos. Os seus
filhos e as suas filhas profetizarão, os velhos terão sonhos, os jovens terão visões.
Até sobre os servos e as servas derramarei do meu Espírito naqueles dias antes que
venha o grande e temível dia do Senhor” (Joel 2:28-29, 31).

Obediência Necessária

Vi então pessoas na água com pranchas de surfe. Alguns estavam na parte


rasa e outros na praia, mas eu sabia que somente aqueles que estivessem em
águas profundas é que teriam condições de pegar aquela onda gigantesca. A água
se refere ao Espírito Santo. Percebi que a prancha daqueles que estavam
aguardando em águas profundas tinha escrito em vermelho vivo a palavra
“obediência”, mas quanto aos que não tinham prancha eu sabia que seriam
sobrepujados pelo que estava por vir.
Havia pessoas esperando nas águas com todos os tipos de prancha, mas em
nenhuma delas estava escrito “obediência”, eu sabia que sua investida em surfar
esta onda seria inútil, pois para pegá-la era necessário ter muita fé para não sair
correndo à primeira vista. Aquele que estiver disposto a arriscar tudo (ter a
verdadeira fé) é quem conseguirá. Na realidade, aqueles que se apavorarem estarão
em grande perigo, pois o lugar mais seguro será estar na crista da onda.

Verdadeira Adoração – Humildade e Quebrantamento.

Da mesma forma que nenhum surfista sonharia pegar onda em mar bravio
com suas mãos cheias, ninguém pode esperar pegar esta onda com ídolos em suas
mãos. Apenas os verdadeiros adoradores terão condições de manter o equilíbrio e
permanecer no topo da que está por vir. Não podemos ter nenhum ídolo diante do
Senhor! O Senhor deve estar em primeiro lugar nas nossas vidas sendo o nosso
primeiro amor.
A definição do dicionário Webster para a palavra adoração é “devoção
extrema e amor intenso”. Adorarmos o Senhor significa amá-lo! Jesus disse em João
14:15: “Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos”. O verdadeiro
amor e devoção (nossa adoração) a Deus tornam-se evidentes através da nossa
obediência.
Eu sabia que para pegar esta onda com sucesso era preciso posicionamento,
se estivéssemos no lugar certo pegaríamos a onda das nossas vidas, mas se não,
ela viria a ser devastadora. Perguntei ao Senhor onde nós deveríamos estar quando
ela viesse e Ele respondeu que deveríamos estar na posição de humildade e
quebrantamento.
Eu sabia que estar na água (no Espírito), com a prancha da obediência não
era suficiente para pegar a onda, pois estar somente ali sem se posicionar na
verdadeira humildade e quebrantamento produziria apenas farisaísmo – a pior forma
de orgulho. Deus exalta apenas os humildes.
A fim de pegar e não ser esmagado pelo poder do que está por vir,
precisamos quebrar nossa vontade e modo de vida, ser humildes de coração e nos
submetermos a uma obediência radical ao Senhor.
“Mas a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas
enchem o mar” (Habacuque 2:14). Esta onda inundará a terra com a glória do
Senhor e o seu conhecimento, será um chamado para a igreja em primeira instância
que vem a ser a misericórdia do Senhor; não é o julgamento final apesar de muitas
casas construídas em egocentrismo ruirão, esta é a oportunidade para as pessoas
se arrependerem e reconstruírem seus caminhos nos do Senhor. Jesus disse:
“Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem
prudente que construiu a sua casa sobre a rocha” (Mateus 7:24). Esta onda testará a
qualidade das obras de cada homem, algumas casas ruirão e outras permanecerão,
tudo o que permanecer em pé depois do impacto Deus usará para inundar a terra
com a Sua glória.

Para espalhar sua santa mensagem, o evangelho, Deus usará de sua


criatividade. Ela será derramada pelos vasos purificados. Uma tremenda unção está
chegando, não apenas na música, mas em todas as formas de arte. Do Gênesis ao
Apocalipse podemos ver Deus mover-se de maneira criativa. Ele não só determinou,
mas aprecia a criatividade, como quando Salomão estava construindo o templo para
o Senhor e o decorou com as mais belas artes visuais da época. “Por isto, manda-
me um homem competente no trabalho com ouro, com prata, com bronze, com ferro
e com tecido roxo, vermelho e azul, e experiente em esculturas, para trabalhar em
Judá e em Jerusalém com os meus hábeis artesãos” (2 Crônicas 2:7).

A Criatividade Divina Está Chegando!

Depois da estagnação na criatividade durante a “era das trevas”, onde a


maioria dos trabalhos produzidos parecia apenas meras imitações baratas do
mundo, o Senhor está liberando novamente ao templo, seu povo, sua divina
criatividade. As músicas e artes são meios primários de comunicação com a nossa
cultura, é uma geração de “som e visão”, as artes são uma linguagem simbólica,
sons e imagens que podem transcender as limitações intelectuais e atingir o
coração.
O pensamento moderno pode ser inflexível nas opiniões causando divisão e
facção, ocultando a verdade. Por causa de nossa racionalidade e preconceito,
podemos rejeitar, descartar rapidamente a mensagem, seja ela verbal ou escrita,
mas a arte não é tão facilmente descartada pois uma música ou uma pintura pode
ter inúmeros significados para pessoas diferentes.

A música e as artes falam a “linguagem do espírito” e podem penetrar onde


outras formas de comunicação não podem. A expressão criativa leva tempo para ser
absorvida intelectualmente e antes até que haja tempo para
compreender, o coração já foi tocado. Eu vi pessoalmente o Espírito Santo usar
música para derreter corações endurecidos em prisões, clubes, na cidade, nas
igrejas. Ela nos permite sentir o amor de Deus e sua presença, podemos provar e
ver que Deus é bom. Muitas vezes antes até que os ouvintes possam compreender
completamente ou até acreditar, eles tiveram a experiência de um toque vindo do
Senhor.
As artes ungidas são com certeza um dos mais poderosos meios de
evangelismo que o Senhor nos deu. A criatividade é nascida do Espírito e é a origem
do Espírito. Jesus nos disse em João 3:6: “O que nasce da carne é carne, mas o que
nasce do espírito é espírito”.
A música, a dança e a criatividade do povo de Deus carregam a mensagem
do evangelho e a própria presença do Senhor por toda a terra, porque o Senhor
“habita nos louvores do seu povo”. Ele ama a música, e por esta razão, Ele a
escolheu como forma de aproximação Dele. Ele não nos fala para nos aproximarmos
dele através da pregação ou ensino, mas com:
“Aclame ao Senhor todos os habitantes da terra! Prestem culto ao Senhor com
alegria; entrem na sua presença com cânticos alegres...
entre por suas portas com ações de graça, e em seus átrios, com louvor; dêem-lhe
graças e bendigam o seu nome” (Salmos 100). A Palavra várias vezes nos diz:
“Louvem eles o seu nome com danças; ofereçam-lhe música com tamborim e com
harpa” (Salmos 149:3). Já no Salmo 32:7, vemos que o Senhor mesmo canta sobre
o seu povo: “Tu és o meu abrigo; tu me preservas das angústias e me cercarás de
canções de livramento”.

Ensinaram-nos que o Senhor vai à batalha e pune as nações ao som da


música: “A voz do Senhor ferirá a Assíria; com seu cetro a ferirá. Cada pancada que
com a vara do Senhor desferir para castigá-la será dada ao som dos tamborins e
harpas, enquanto a estiver combatendo com os golpes do seu braço” (Isaías 30:31-
32).
Em Isaías 42:10, 13 vemos que o Senhor se levantará e triunfará sobre seus
inimigos ao som dos louvores que atingem os confins da terra!
“Cantem ao Senhor um novo canto, seu louvor desde os confins da terra [...]. O
Senhor sairá como homem poderoso, como guerreiro despertará o seu zelo; com
forte brado e seu grito de guerra, triunfará sobre os seus inimigos”.

O Contra-Ataque

Satanás frequentemente tem bombardeado o mundo com sua mensagem


poluída usando a música, a mídia e as artes. Podemos ver que a moral da nossa
nação tem sido corroída pelas mensagens e ideais introduzidos em primeira
instância através das artes. Agora é tempo de um contra-ataque!

Os levitas criativos serão o primeiro exército a ser enviado à batalha; mesmo


agora o exército ao redor do mundo está sendo purificado e preparado para ser
enviado através dos caminhos principais e secundários da nossa cultura, não serão
enviados elos meios do mundo, mas em humildade e quebrantamento de Cristo.
O Senhor habitará todas as formas de criatividade. Seu povo começará a
profetizar através das músicas e dança, evangelizará através de filmes e vídeos,
ensinará e proclamará a verdade através do teatro e da pintura, escultura,
multimídia, literatura etc. Isto será como uma onda gigantesca como nunca antes,
mas não será uma celebração das artes, eloquência ou humanidade, mas sim de
Jesus, nosso Senhor exaltado e eterno Rei. Para todos aqueles que se
comprometeram a “busca da obediência” e, acima de tudo, que fizeram seu objetivo
primordial o “agradar a Ele” (2 Coríntios 5:9), estes realmente embarcarão na maior
jornada de suas vidas!
O renascimento, renovação e avivamento das artes estão a caminho,
inspiradas desta vez não por culturas antigas, mas pelo Senhor de todos os tempos
e de toda a criatividade.
O renascimento está chegando! Vamos pegar esta onda para a Sua glória!

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