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O Bode na Maçonaria

Este texto apresenta a opinião de seu autor, José Castellani, maçom renomado e autor de diversos livros
sobre maçonaria, porém não é a opinião de todos os maçons e segundo algumas linhas de estudos a
origem da história pode ser outra.
Confira abaixoo relato segundo José Castellani:

Dentro da nossa organização, muitos desconhecem o nosso apelido de bode. A origem desta
denominação data do ano de 1808. Porém, para saber do seu significado temos necessidade de
voltarmos no tempo. Por volta do III ano d.C. vários Apóstolos saíram para o mundo a fim de divulgar o
cristianismo. Alguns foram para o lado judaico da Palestina. E lá, curiosamente, notaram que era comum
ver um judeu falando ao ouvido de um bode, animal muito comum naquela região. Procurando saber o
porquê daquele monologo foi difícil obter resposta. Ninguém dava informação, com isso aumentava ainda
mais a curiosidade dos representantes cristãos, em relação aquele fato. Até que Paulo, o Apóstolo,
conversando com um Rabino de uma aldeia, foi informado que aquele ritual era usado para expiação dos
erros. Fazia parte da cultura daquele povo, contar alguém da sua confiança, quando cometia, mesmo
escondido, as suas faltas, ficaria mais aliviado junto a sua consciência, pois estaria dividindo o sentimento
ou problema.
Mas por que bode? Quis saber Paulo. É porque o bode é seu confidente. Como o bode nado fala, o
confesso fica ainda mais seguro de que seus segredos serão mantidos, respondeu-lhe o Rabino. A Igreja,
trinta e seis anos mais tarde, introduziu, no seu ritual, o confessionário, juntamente com o voto de silêncio
por parte do padre confessor - nesse ponto a história não conta se foi o Apóstolo que levou a idéia aos
seus superiores da Igreja, o certo é que ela faz bem à humanidade, aliado ao voto de silêncio, 0 povo
passou a contar as suas faltas.
Voltemos em 1808, na França de Bonaparte, que após o golpe dos 18 Brumários, se apresentava como
novo líder político daquele país. A Igreja, sempre oportunista, uniu-se a ele e começou a perseguir todas
as instituições que não governo ou a Igreja. Assim a Maçonaria que era um fator pensante, teve seus
direitos suspensos e seus Templos fechados; proibida de se reunir. Porém, irmãos de fibra na
clandestinidade, se reuniram, tentando modificar a situação do país. Neste período, vários Maçons foram
presos pela Igreja e submetidos a terríveis inquisições. Porém, ela nunca encontrou um covarde ou
delator entre os Maçons. Chegando a ponto de um dos inquisidores dizer a seguinte frase a seu superior:
- “Senhor este pessoal (Maçons) parece BODE, por mais que eu flagele não consigo arrancar-lhes
nenhuma palavra”. Assim, a partir desta frase, todos os Maçons tinham, para os inquisidores, esta
denominação: “BODE” - aquele que não fala, sabe guardar segredo.

Texto do  Ir.'. José Castellani

O bode na maçonaria
- 04/02/2010

Sempre foi comum chamar o maçom de “bode”, sendo esta uma história longa e
interessante...
 
Ninguém consegue penetrar os mistérios da Maçonaria. A Igreja tentou, por todas
as vias, liquidar a Maçonaria, mas nunca conseguiu, embora tenha queimado e
torturado muita gente. A palavra “maçom” quer dizer “pedreiro” (o que “amassa” o
barro). Os maçons reuniam-se em confrarias para estudar. Tudo que faziam era cheio
de segredos.
Guardar segredo, porém, não foi iniciativa dos maçons. A origem do segredo vem
desde o mundo antigo, quando os gregos já chamavam de “Mistérios” os grandes
ensinamentos sobre o mundo, ou sobre os pilares que sustentam o mundo.
Bem mais tarde, no tempo de Cristo, quando os apóstolos espalharam-se para
pregar a palavra de Jesus, respeitavam muitas das tradições do Velho Testamento.
Em muitas cidades que chegavam, praticava-se a tradição de transmitir os pecados
das pessoas para um bode e lançá-lo no deserto. Era o bode expiatório citado na
Bíblia. Há até quem diga que algumas pessoas mais abastadas confessavam os
pecados ao ouvido de um bode, antes de abandoná-lo à própria sorte.
Por que o bode? Diz a tradição que o Antigo Testamento teria escolhido o bode
por ser um animal que não iria transmitir os pecados para mais ninguém. Era símbolo
do silêncio absoluto. Confessou para um bode, estava guardado a sete chaves! Até
hoje, o ritual da expiação dos pecados é seguido pelo Judaísmo, sacrificando um bode
em cada templo, ou comunidade, depois de este ter recebido os pecados das
pessoas.
Depois do sacrifício do bode, no Antigo Testamento, praticado pelos judeus, surgiu
Jesus Cristo, que foi crucificado para pagar os pecados do mundo. Era o novo bode
expiatório.
Depois de Jesus, a própria Igreja Católica substituiu o bode do judaísmo pelo
padre, que passou a ouvir os pecados dos fiéis, num confessionário. O padre, no caso,
é garantia de silêncio absoluto, como o bode, jamais podendo levar adiante o que o fiel
confessou. Nem a Justiça consegue abrir as portas do confessionário religioso. O
padre, portanto, também poderia ser chamado de “bode”.
 
Bode maçom
 
Quando a igreja Católica começou a perseguir os maçons, também estes juraram
manter o silêncio absoluto, seguindo recomendação semelhante a que o Senhor havia
passado para o profeta Daniel, mandando fechar e lacrar as palavras até o final dos
tempos (Daniel 12:4), completando: “muitos serão purificados, esbranquiçados e
refinados, mas os transgressores procederão iniquamente e nenhum dos
transgressores entenderá, mas os sábios entenderão”.
Durante o processo que condenou os Templários, o Papa Clemente V acusou os
guerreiros de idolatria a um pretenso ídolo com cabeça de bode, juntando-se toda
sorte de acusações de sodomia, bacanais em que sempre havia um homem meio-
bode, etc. O resultado é que todos os simpatizantes dos Templários, incluindo o chefe
Jacques de Molay foram martirizados, ficando a Igreja como guardiã dos tesouros dos
Templários.
Durante as perseguições no início do século XIX, na França de Bonaparte, um dos
inquisidores, Chasmadoiro Roncalli, chegou a desabafar, com um superior: “Senhor,
este pessoal maçom parece bode, por mais grave que eu torne o processo de
flagelação, não consigo arrancar de nenhum deles quaisquer palavras”.
Na Maçonaria, “ser como bode” significa trabalhar em silêncio. A imagem do bode
ficou conhecida como símbolo do segredo, do silêncio, da confidência entre irmãos da
doutrina.
 
Modernidade
 
O certo é que o apelido de “bode” tornou-se sinônimo de “maçom”. Hoje, quando
um novo membro é inscrito na Maçonaria, logo quer saber “onde está o bode”, no
templo. Para espanto seu, descobre que não existe bode algum na Maçonaria, para
ser cultuado.
Muitos passaram a se identificar por meio de uma caricatura de um bode, imagem
bem humorada, mas que serviu para que os católicos achassem que era um evidente
sinal de filiação a Satã até recentemente. Aumentou, portanto, o uso da imagem do
bode como símbolo do diabo, na Igreja Católica, tendo em vista condenar a Maçonaria
como se fosse uma religião, o que não é.
Como piadas de bom gosto é comum encontrar a palavra bode associada à
Maçonaria:
- “Esta festa está cheirando a bode” - que significa: “esta festa está cheia de
maçons”.
- “Está pronto para sentar no bode”? - que significa: “está pronto para assumir o
silêncio”?
Os próprios maçons aproveitaram e utilizam, francamente, o bode como figura
bem humorada para caracterizar sua vida por meio de adesivos, chaveiros, camisetas,
bonés, bonecos e estatuetas. O bode, entre os maçons, portanto, virou uma
brincadeira.
 
Maçom sem bode
 
Na verdade, o bode não é símbolo maçônico. É símbolo de bode expiatório e isso
tem a ver com o Velho e o Novo Testamentos. Na Maçonaria, o bode lembra as
fogueiras da inquisição e milhares de vidas arruinadas no decorrer dos séculos. Bode
é lembrança de sombras tenebrosas para o maçom.
Modernos maçons condenam o uso da imagem do bode, mesmo que bem hu-
moradas, pois essa imagem é desnecessária ao cumprimento da missão da Ordem.
Afinal, foi por causa desse símbolo que milhares morreram.
Alguns líderes insistem em que existem “maçons-perigosos”, justamente esses
que ajudam a popularizar a imagem do bode, chegando até a ostentar um certo
orgulho por isso. Estes líderes acham que os enfeites com imagem do bode são
simplesmente ridículos e deveriam ser, definitivamente, abandonados.

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