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Acadêmico

CÍNTIA MILOCA DE AMORIM


RA: 239845
RESENHA CRÍTICA – FILME: O NOME DA ROSA

1. INTRODUÇÃO
O filme O nome da Rosa é um roteiro adaptado do livro de Umberto Eco, com uma duração
de aproximadamente 130 minutos, o filme foi gravado na Alemanha com direção de Jean
Jacques Annaud e lançado no ano de 1986, possui uma linguagem construída na terceira
pessoa, a narrativa do filme é feita pelo noviço Adso, porém já mais velho, onde ele
descreve uma aventura vivida por ele e William a quem ele considerava seu mestre.

Protagonizaram o filme Sean Connery no papel do sábio e religioso, também ex-inquisitor


William de Baskerville, acompanhado do noviço e também narrador da historia Adso Von
Melk vivido pelo ator Christian Slater, Helmut Qualtinger no papel do irmão Remigio de
Varagine, o bibliotecário-chefe Malachia responsável por tomar conta da entrada para a
biblioteca secreta interpretado por Volker Prechtel, o venerável monge cego Jorge (Feodor
Chaliapin Jr) que era a grande dificuldade para se obter acesso aos livros proibidos devido a
sua avareza, Salvatore vivido por Ron Perlman que era o demente irmão em que o enigma
do filme começa a se desenrolar, o inquisidor Bernardo Gui interpretado por F. Murray
Abrahan e a atriz que interpreta a jovem camponesa que vendia o seu corpo por troca de
comida é Valentina Vargas.

O período que o filme faz critica é a Baixa Idade Média é marcada pela desintegração do
feudalismo e formação do capitalismo na Europa Ocidental. Ocorrem assim, nesse período,
transformações na esfera econômica (crescimento do comércio monetário), social (projeção
da burguesia e sua aliança com o rei), política (formação das monarquias nacionais
representadas pelos reis absolutistas) e até religiosas, que culminarão com o cisma do
ocidente, através do protestantismo iniciado por Martinho Lutero na Alemanha em 1517.

2. DESENVOLVIMENTO
O mosteiro possuía uma imensa biblioteca, que é centro desse romance, na qual estavam
guardados, em grande número, códigos preciosos: parte importante da sabedoria grega e
latina que os monges conservaram através dos séculos, onde poucos monges têm acesso
às publicações mais antigas que não são permitidas para que qualquer monge tenha
acesso, são obras que a Santa Madre Igreja considerava profanas. Nesse período são muito
comuns as bibliotecas dos mosteiros não permitir que monges tenham acesso as livros que
tinhas conhecimentos científicos e filosóficos, muitas vezes esses eram raspados e por cima
era escrito orações.

No ano de 1327, o Papa e monges franciscanos se reúnem em um monastério beneditino


para uma conferência; porém, uma série de assassinatos a interrompe. Inicia-se uma
investigação para desvendar o enigma. Nesse ínterim, o inquisitor Bernardo Gui surge em
cena com o objetivo de erradicar a heresia dominante do mosteiro.

O filme tem inicio com a chegada de William de Baskerville interpretado por Sean Connery,
um monge franciscano e um noviço que o acompanha Adso Von Melk (Christian Slater) a
um mosteiro no norte da Itália. Com o acontecimento de assassinatos que acontecem no
mosteiro, que para os padres tratavam-se ser obra do Demônio, ao contrario do que
imaginava William de Baskerville que apesar da fé fazia uso também da razão, juntamente
com o noviço os levaram a investigar as mortes que se mostram bastante misteriosas, pois
as vítimas sempre apareciam com os dedos e as línguas azuis. Ao dar inicio a investigação
em uma visita a biblioteca Willian e Adso percebem que existem poucos livros, o que é
estranho tratando-se de um lugar famoso por obter muitos livros importantes sendo assim,
eles vão em busca de pistas para descobrirem onde estariam os livros daquela biblioteca,
em meio as investigações o noviço Adso acaba se envolvendo com uma camponesa pela
qual ele se apaixona. Continuando a busca por pistas dos assassinatos eles acabam
descobrindo que o mosteiro esconde uma imensa biblioteca secreta em forma de labirinto
onde nela esta guardado um tesouro: o Conhecimento, na qual poucos monges tinham
acesso onde havia existência de obras que não eram aceitas pela igreja cristã na Idade
Média, entre elas havia um livro que estava escrito em grego, logo eles chegam à conclusão
de que as mortes no mosteiro estavam relacionadas ao conteúdo daquele livro, pois aqueles
que o liam eram mortos. Em meio à investigação chega ao mosteiro a Ordem Franciscana, a
Delegação Papal, e também a Santa Inquisição, onde o Grão-Inquisidor era Bernardo Gui
(F. Murray Abraham) que não se entendia com Willian e que estava pronto para torturar
suspeitos de heresia e que tenham feito assassinatos em nome do Diabo. Ao acontecer
outra morte, três pessoas acabam sendo suspeitas a camponesa que foi considerada uma
bruxa, um homem foi considerado seu ajudante e outro o causador das mortes, eles acabam
sendo condenados, mas ao pronunciar que com a condenação dos três as mortes no
mosteiro não chegariam ao fim Willian de Baskerville é considerado por Bernardo Gui o
assassino das vitimas. No dia seguinte, em que ocorreriam as execuções dos presos,
Willian e o noviço retornam a biblioteca secreta e descobrem o verdadeiro assassino era
Jorge o monge cego que tinha a posse do livro proibido que tratava-se de um texto da
”Comédia de Aristóteles” o livro estimulava a comédia e para o monge não era aceitável o
homem rir de tudo, pois pensaria assim em rir até mesmo de Deus o que seria um caos para
o mundo, por isso ele envenenou as paginas do livro para que ninguém pudesse ler, o que
explica os dedos e as línguas azuis nas vitimas. Na tentativa de destruir o livro o monge
cego come pedaços da pagina do livro e morre envenenado, logo se inicia um incêndio na
biblioteca e o fogo se espalha em todo mosteiro, mas William e Adso se salvam. No final a
população se revolta contra a igreja católica e vira a carruagem na qual estava o Grão-
Inquisidor Bernardo Gui que acaba morrendo dando inicio a uma nova época, quando Adso
reencontra a camponesa que foi salva pelos servos enquanto ocorria o incêndio, mas ele e
William vão embora dali para seguirem a sua jornada. Ao final do filme ele narra que até
hoje não esqueceu o rosto da camponesa pela qual se apaixonou e nem ao menos sabe o
nome dela, descreve também que recebeu de presente os óculos de leitura de William a
quem ele tinha muito respeito e admiração.

3. CONCLUSÃO

O Nome da Rosa pode ser interpretado como tendo um caráter filosófico, quase metafísico,
já que nele também se busca a verdade, a explicação, a solução do mistério, a partir de um
novo método de investigação. E Guilherme de Baskerville, o frade franciscano detetive, é
também o filósofo, que investiga, examina, interroga, duvida, questiona e, por fim, com seu
método empírico e analítico, desvenda o mistério, ainda que para isso seja pago um alto
preço.

O filme “O nome da rosa” é retratado na idade média, conhecida também como idade das
trevas, em que se deixava na ignorância todos os outros. É marcada de forte poder
inquisitivo da igreja católica, onde as pessoas, e, até mesmo os mais nobres, não sabiam ler
e escrever, pois somente os membros da igreja possuíam este poder.

A história se passa em um monastério na Itália Medieval, onde ocorre uma série de


assassinatos que são retratados pelos monges como obras do Diabo. Porém, o monge
franciscano, Willian de Baskerville, ex-inquisitor, chega ao mosteiro para investigar os casos,
discordando das ideias apocalípticas dos demais. Para isso, ele usa de métodos científicos
e práticas até então, desconhecidas na época para investigar os casos.
O diálogo entre fé e razão era central na Idade Média. Assim, uma vez que a razão foi dada
por Deus ao homem, e Aristóteles era tão exímio no uso dela, será que a vontade de Deus
não estaria sendo também descoberta por Aristóteles? E por que a questão do riso? Na
regra beneditina, o riso estava associado com orgia. Para Jorge, o riso aniquilava o medo.
"E Sem medo não pode haver fé. Sem o medo do Diabo, não há necessidade de Deus”.

De certa forma, observa-se no filme a existência de várias correntes de pensamento.


Mesmo sendo um momento histórico dominado pelo teologismo cristão, essas outras formas
do pensar humano se expressam (senso comum, ciência, filosofia grega), pois estes
conhecimentos já tem existência histórica anteriores.

A hegemonia da Igreja Católica, cujo apogeu se deu durante o período medieval, estaria em
risco se fossem reveladas as contradições e a hipocrisia existentes no mosteiro. Adso e seu
mestre descobrem os autores dos assassinatos que impediam o acesso à biblioteca dos
monges, pois os livros continham informações que os incriminavam. As pessoas, ao
manusearem um livro que esclarecia os acontecimentos, eram envenenadas por uma
substância mortífera.

O clima de penumbra existente em todo o filme realizado dentro do monastério enfatiza a


hipocrisia e o falso moralismo que havia na Igreja Católica durante a Idade Média. Conclui-
se então que, de um lado estão os monges e o povo medieval, céticos pela fé e pela
obediência dos dogmas cristãos, do outro, está o monge Baskerville que se baseia no
materialismo, no factual e principalmente, na razão.

REFERÊNCIA

ANNAUD, Jean Jacques. O NOME DA ROSA. São Paulo: Globo Filmes e Produções. DVD
(114 min).
RESENHA DE
FILMES
Resenha Critica sobre o Filme "O Veredicto"

O filme o Veredicto nos trás a trajetória do advogado alcoólatra Frank Galvin, que
vive de bar em bar, mas sem que tenha nenhum centavo no bolso, entretanto logo
no inicio do filme Galvin recebe uma nova chave para reverter a situação em que
se encontra, e lhe dado um caso de fácil solução podendo ser solucionado apenas
com um acordo, o caso em questão trata de um erro medico cometido dentro de
um hospital administrado pela igreja, erro este que levou a uma jovem gravida ao
estado de coma. Os familiares da vitima deixam claro que não desejam ir a
julgamento. Podemos perceber que em um primeiro momento Galvin acha tudo
isso perfeito, visto que perdeu todos os últimos casos em que atuou, só que num
segundo momento ele tem uma crise de consciência que não o deixa seguir pelo
caminho mais fácil que seria o acordo, isso acontece quando ele vai visitar a jovem
em coma, nesse momento o vemos mudar de atitude e decidir ir em busca de
justiça e não do dinheiro fácil, decidindo enfrentar um poderoso grupo , que é
defendido por um renomado e ardiloso advogado. Em sua busca por justiça Galvin
se esquece de perguntar a família da vitima se isso que eles querem, pois tudo que
Sally e Kevin, queriam era uma boa indenização não por serem pessoas ruins pois
se mostram no decorrer da trama sendo pessoas de ótimo coração, o que queriam
era apenas a indenização para colocar a irmã em uma clinica razoável e
recomeçarem a vida longe dali, mais nesse o advogado já recusou o acordo, nesse
momento vemos o advogado beberão do inicio do filme voltar pois tomado de
autoestima por achar que o caso vai ser de fácil solução ele começa a beber de
novo para comemorar, nessa parte podemos perceber que mesmo querendo se
redimir dos erros que cometeu no passado velhos hábitos são difíceis de perder,
nesse momento Galvin percebe que foi enganado e que deve correr atrás do
prejuízo. No decorrer da trama há a inclusão de um médico negro, mostrando todo
o preconceito que acontecia na sociedade norte-americana da época, quando o
advogado coloca os olhos no doutor Thompson ele não consegue esconder a
certeza de que sua testemunha, poderia mais atrapalhar do que ajudar em seu
caso, devido ao preconceito que ele bem sabe ainda existe. Do outro lado,
Concannon inclui um advogado negro em sua equipe. Essa crítica a uma
sociedade racista e nada respeitosa aos cidadãos mais velhos e negros dura
poucos minutos, mas deixa o expectador pensativo sobre a forma que tratamos as
pessoas de raças e idades diferentes. Percebemos em todo o decorrer da trama a
vontade do advogado de defesa em convencer Galvin de que ele estaria
cometendo um erro ao ingressar em um julgamento e depois percebemos sua
vontade em derrotar o rival. Numa cena crucial, quando o filme está se
encaminhando para o desfecho, o cineasta opta por enquadra Mick e Gavin ao
mesmo tempo de uma forma simples e genial, nesse momento e quando Mick tem
uma notícia terrível, apavorante, chocante para dar a Gavin, nessa parte o
espectador se prende a trama para descobrir qual seria a noticia mais de uma
forma genial o cineasta deixa o filme em mudo, para que o próprio expectador
toma suas conclusões a cerca do final do caso. E simplesmente um filme que nos
prende a cada detalhe que e mostrado, nos faz refletir sobre a carreira jurídica que
muitas vezes nos leva a aceitar um acordo sem pensar na real justiça para a
vitima. Podemos fazer uma ligação entre a trama apresentada e a vida cotidiana de
um advogado fora das telas de cinema, que muitas vezes se esquecem de lutar
pela justiça só para aceitar um acordo que ira “engordar” sua conta bancária, nos
fazendo refletir por vezes se os advogados por vezes estão fazendo o que e certo
ou e que e mais fácil, cabe dizer ainda que esta e uma questão ética, pois se só e
buscado o ganho final e o caminho mais fácil estamos passando por cima do real
significado de buscar justiça.
RESENHA CRÍTICA FILME: “A CORRENTE DO BEM"

Esta resenha tem como objetivo analisar criticamente o filme A corrente do bem que
retrata a historia de um professor e de seus alunos na Educação Básica. O professor
da trama incita os alunos a desenvolver um trabalho para proporcionar uma
mudança no mundo em que vivem, essa seria a atividade para um semestre letivo,
mas dependendo do envolvimento das pessoas, poderia se transformar num projeto
de vida. A metodologia utilizada foi pesquisa teórica sobre as temáticas relativas à
relação professor aluno, bem como num segundo momento uma discussão coletiva,
numa das sessões do Cinema Universitário do Projeto de Extensão Formação
Continuada dos Egressos e Licenciados do Departamento de Computação, do
Campus Universitário Vale do Teles Pires em Colider/MT, na Universidade do
Estado de Mato Grosso (UNEMAT). Os resultados encontrados sinalizam uma
sensibilização dos professores envolvidos na atividade para a busca de melhoria das
atividades desenvolvidas no espaço escolar. Assim, a sala de aula transforma-se
num espaço de relações pedagógicas e a relação professor-aluno deixa de ser uma
relação vertical e de imposição, para ser compreendida como um momento de
construção de um conhecimento coletivo e participativo.
RESENHA CRÍTICA – FILME: DE SALTO ALTO

1. INTRODUÇÃO

No filme De Salto Alto de Pedro Almodóvar, partindo da análise do Psicanalista Freud,


afirma-se que a mente age no sentido de diminuir uma tensão desagradável e, assim, obter
o prazer. Sendo assim, para Rebeca, o prazer seria estar com sua mãe e, para tanto, ela
não media esforços. Contudo, como o passado retorna, sempre novas formas de obstáculos
se interpõem na relação entre Rebeca e Becky. O empecilho agora é representado pela
carreira artística da mãe. Becky, viúva, viaja para o México, mas sem levar a filha, apesar da
promessa anterior.

Neste filme, o apelo formal mais forte está nos figurinos, especialmente nos brincos
escandalosos e nos saltos dos sapatos. Quando criança, Rebeca se perde pelas ruas de
Caribe para procurar os brincos que sua mãe havia lhe comprado (brincos idênticos aos de
Becky) – como se, perdendo os brincos, ela perderia também o reconhecimento que tinha
recebido há pouco de sua mãe. No aeroporto, no momento do reencontro, nada mais natural
que Rebeca reponha seus brincos. Mãe e filha se veem, sem que a primeira reconheça de
imediato a segunda.

O distanciamento e o abandono por parte da mãe, no desenrolar da história, impulsionam a


vida de Rebeca, que tem suas ações todas voltadas para o intuito de conquistar e aproximar
sua mãe, já que é visto como uma noção psicanalítica de relação passado-presente.

Os personagens de Almodóvar têm sempre que lidar com a culpa. Muitas vezes, o ato da
confissão aparece como uma necessidade de expiação por acontecimentos que quase
nunca estão relacionados com o tema propriamente dito da confissão. Assim, em De Salto
Alto, é Becky que se confessa por um assassinato que não realizou, como forma de
compensar o sofrimento e o abandono que ela infringiu à sua filha Rebeca.

2. DESENVOLVIMENTO

O filme começa com Rebeca (Victória Abril), no aeroporto de Madri, esperando a chegada
de sua mãe, Becky (Marisa Paredes), que tinha vivido durante 15 anos no México devido à
sua carreira de cantora e atriz. Rebeca, enquanto espera, recorda uma viagem ao Caribe
que realizou com sua mãe e o padrasto, na qual ela se perde durante um passeio. Quando
encontrada por comerciantes na rua, seu padrasto, por brincadeira, finge querer trocá-la por
cocos. Sua mãe se diverte com a cena, e a criança foge. Becky acusa o marido de ter
voltado a traumatizar sua filha. A sequência denota claramente que a rejeição sofrida pela
criança não era uma experiência nova, mas uma repetição de algo que já havia ocorrido
anteriormente. Rebeca criança sente que o padrasto em realidade é um empecilho para sua
aproximação de Becky.

Enquanto espera, a lembrança de outra cena da infância vem à mente de Rebeca: sua mãe
sendo convidada para filmar no México, e o padrasto não aceitando a ideia. Como Becky
havia prometido levá-la junto, o padrasto novamente se apresenta como obstáculo à sua
ligação com a mãe. A menina, então, prontamente resolve esse problema trocando os
comprimidos de seu padrasto por soníferos. Ele morre em um acidente de trânsito, ao que
tudo indica, por ter dormido na direção.

A partir de então, a vida de Rebeca torna-se uma busca constante de reconstituição desse
relacionamento, uma aproximação repetida de tudo que sua mãe representava. Casa-se
com um ex-amante de Becky, Manoel, numa tentativa de se colocar no lugar de sua mãe.
No entanto, esse homem se mostra, a seguir, uma nova barreira na relação mãe-filha.
Quando Becky retorna à Madri, os dois voltam a se encontrar como amantes. Rebeca, em
mais uma tentativa de se unir à mãe, mata o marido.

Num aeroporto, uma jovem mulher, Rebeca, está sentada esperando e uma fusão faz surgir
um flashback, depois outro. Ambos são momentos fundadores da relação de Rebeca com
sua mãe, Becky del Páramo, cantora pop e estrela de cinema. É ela, aliás, que Rebeca
espera, depois de quinze anos sem vê-la. O encontro das duas arremata o que os
flashbacks já supunham: enquanto a filha venera a mãe, a mãe no fundo pouco se importa
com ela, preferindo a companhia dos fotógrafos e jornalistas matar as saudades de sua
filha. A primeira meia hora do filme se desenrola como um melodrama. Aos poucos,
sobretudo a partir da aparição do Juiz Domingues e de sua mãe, o filme ganha ares de
comédia e, em seguida, de intriga policial. A história da relação da mãe com a filha se
adiciona outra, a do assassinato de Manuel, e posteriormente a do amor que o juiz nutre por
Rebeca. A sobreposição de histórias, ao contrário dos filmes mais recentes, não serve para
dimensionar a história principal, mas justamente como efeito de ligeira irreverência pós-
moderna, criando um sentimento de imperfeição lúdica muito frequente.

3. CONCLUSÃO

Em De Salto Alto, como na maior parte de seus filmes, Almodóvar cria um universo de
drama, paixões fulminantes, personagens que precisam desesperadamente de atenção,
egoísmos, traições e lutas pelo poder. A novidade é que essa disputa vai ser travada ao
mesmo tempo em que o senso de maternidade precisa ser reencontrado: Becky precisa se
reconciliar com seu país, com sua filha e até com a casa em que nasceu. Ou seja, quer
voltar à barriga da mãe. Rebeca, por sua vez, em breve vai dar à luz, possivelmente
prolongando o circuito de neuroses criado pela relação com sua mãe. Mas, entre as duas,
um segredo é selado, um segredo que redime a mãe e dá nova chance à filha. Um segredo
que, para funcionar, precisa da imperícia do olhar do juiz, daquele que só vê o que quer,
porque ele também está fulminado pela paixão. Almodóvar partilha conosco essa sua
fascinação por personagens confusos, imperfeitos, cheios de reações improváveis, e,
curiosamente, cujas inconstâncias e incoerências são muito parecidas com a experiência
que temos em nossas vivências cotidianas. Uma atenção profunda ao detalhe, aos
pequenos pecados que cometemos sem nem perceber, e às marcas deixadas pelas
grandes paixões. De Salto Alto não é o melhor filme de Pedro Almodóvar. Mas certamente é
um dos mais gostosos de assistir.

REFERÊNCIA

Almodóvar, P. (Diretor). De Salto Alto [Filme]. (Distribuidores no Brasil em vídeo Top Tape
Video, 1992). (Título original Tacones Lejanos, Espanha, 1991).
RESENHA CRÍTICA – FILME: AMISTAD

1. INTRODUÇÃO

O Filme Americano “Amistad”, dirigido por Steven Spielberg, lançado no ano de 1997, narra
a história do navio espanhol La Amistad, capturado na costa americana, tendo a bordo
supostos 53 “escravos”, sendo homens, mulheres e crianças. A história se passa no século
XIX, mais precisamente no ano de 1839, período pós-abolição do tráfico transatlântico. Em
sua abordagem temática, o filme resgata a discussão da manutenção do tráfico
transatlântico pós abolição e as diferentes perspectivas dos agentes envolvidos, ou seja,
representantes do partido abolicionista, conservadores dos Estados do Sul dos EUA,
ingleses, entre outros.

Entre os que defendiam a manutenção da escravidão e propriamente do tráfico de escravos,


a construção do argumento perpassavam pela justificativa da necessidade dos escravos
africanos para o desenvolvimento da economia brasileira. Havia ainda os representantes do
governo brasileiro que consideravam a abolição não como uma questão humanitária, mas
como questão política. Perdurava a dificuldade em se cumprir os acordos estabelecidos com
a Inglaterra. Entre 1826 a 1830 vai ocorrer uma exacerbação do tráfico de escravo no Brasil,
a fim de abastecer o mercado interno, antes da proibição do tráfico em 1830. Entretanto, pós
1830, novas formas de manutenção do trafico vão surgir. Segundo Mattos, o período de
1830 a 1840 é visto uma exacerbação do tráfico ilegal de escravos, configurando-se novas
formas de burlar essa ilegalidade. Entre 1834 e 1837 tinha-se a duplicação do numero de
escravos que entravam no Brasil de forma ilegal. Mecanismos internos de repressão foram
criados em 1832, mas não deram conta da real situação. A impopularidade das leis entre a
população estruturava-se na ideia de que não se podia ter “africanos boçais” emancipados,
tendo em vista que existiam escravos crioulos e mestiços ainda na condição de escravos.
Assim como aparece no filme Amistad, traficantes de escravos criavam mecanismos para
que não fossem descobertos, o próprio ensino da linguagem portuguesa, pois dessa forma
comprovariam que os que ali estavam entrando não eram mercadorias ilegais, pois já
tinham minimante o domínio da língua. Esse era um fator de peso na entrada e saída dos
portos. Para além do tráfico ilegal pós-abolição, também passa a ocorrer o tráfico interno de
escravos.

2. DESENVOLVIMENTO

É neste contexto, que o julgamento dos negros amotinados do navio espanhol “La Amistad”,
ganha contornos épicos, pois os rumos da decisão judicial afetarão o destino da florescente
nação dos Estados Unidos. Isto se torna claro, a partir do primeiro julgamento, quando o
Secretário de Estado John Forsyt, a coroa espanhola, a marinha dos Estados Unidos e o
comandante do “La Amistad”, Jose Ruiz, promovem um verdadeiro embate de “petições”,
para reclamar a posse do navio e de toda a sua “carga”. A acusação de assassinato pesou
contra os negros e em sua defesa, o advogado Roger Baldwin (especializado em
propriedades) conseguiu provar que a condição de cativos não era legitima, pois a captura
dos negros aconteceu no protetorado de Serra Leoa, o que descumpria os termos do acordo
de supressão do tráfico negreiro, em águas vigiadas pela coroa britânica. Durante o período,
em que se desenrolou o julgamento no Tribunal Distrital, Roger Baldwin e Theodore Jodson
(um ex-escravo dono de uma frota mercante), solicitaram o apoio do ex-presidente John
Quincy Adams, que os instigou a conhecer a história dos africanos e saber quem eles
realmente eram. Através disto, Baldwin conheceu Cinqué, um negro de origem mênde, que
demonstrou através de seus relatos, todo o complexo sistema de funcionamento da
escravidão. A captura, a comercialização e o transporte sob condições degradantes, são
apresentados por Cinqué, de modo impactante e constituem uma nova fase para a
escravidão, quando a sociedade começava a despertar, para a realidade cruel que se
impunha a uma grande parcela da humanidade. Nos Estados Unidos, a questão da
escravidão estava ainda mais acentuada, pois demonstrava o nível de separação em que se
encontravam o norte e o sul, cada vez mais propensos a se enfrentar nos campo de
batalhas. O grande receio de uma absolvição, fez com que o então presidente Martin Van
Buren, substituisse o juiz que iniciou o processo, colocando em seu lugar, o relutante e
católico, juiz Colin. Pressionado pela coroa espanhola, pela elite escravista do sul e
almejando a reeleição, Van Buren acabou vítima do “próprio veneno”, pois o advogado
Roger Baldwin conseguiu provar a irregularidade do julgamento dos insurgentes e com isto,
a absolvição dos africanos. O medo de uma iminente guerra civil provocada pela
repercussão desta absolvição, fez com que o executivo dos Estados Unidos, apelasse para
as instâncias do Tribunal de Circuito e posteriormente, na mais alta representação judicial
dos Estados Unidos, a Suprema Corte. Esta reviravolta obrigou Baldwin a solicitar a ajuda
de John Quincy Adams, na defesa dos africanos. Durante o julgamento, Adams calcou sua
oratória nos princípios proclamados pelos país fundadores do país, evocando
constantemente, o direito natural a liberdade, afirmando que aqueles negros não eram
propriedade de ninguém, nem de Cuba, nem da Espanha, mas provinham da Costa do
Marfim, onde haviam sido injustamente capturados. A postura de John Quincy Adams era
firme, em relação a eminência de uma guerra civil, e em suas palavras “(...) se a guerra
precisar acontecer, que aconteça(...) pois somente assim, poderemos efetuar o trabalho
iniciado pelos pais fundadores desta nação (...)” Sua postura demonstra claramente a
condição em que se encontrava o país naquele momento. A independência trouxe
autonomia, mas também a divisão e as profundas desigualdades e a soberania plena,
somente seria alcançada, com a unificação, mesmo que sob condições traumáticas. Ao
evocar o direito natural, John. Q. Adams conseguiu dissuadir o júri sobre a verdadeira noção
de justiça. Segundo Adams, os negros tinham pleno direito a vida e a liberdade e
desconhece-las era renegar o passado, romper a tradição e sobretudo, fragilizar os
preceitos defendidos pelos pais fundadores da nação. Cinquê já havia demonstrando, em
conversa com Adams, que segundo a tradição mendê, todos somos o resultado da soma de
nossos ancestrais e a justiça, deveria estar presente no sangue de cada um, negro ou
branco, pesando sobre os valores humanos.

3. CONCLUSÃO

O júri acabou favorável a libertação de Cinquê e os demais negros e mesmo que o filme,
supervalorize os acontecimentos reais que envolveram o motim do navio “La Amistad”, é
importante constatar alguns elementos cruciais a questão da escravidão e do tráfico
negreiro, sobretudo nos Estados Unidos: a revolta do Amistad, foi o resultado das cruéis
condições impostas aos negros, no tocante a escravização forçada; a escravidão sob o
pretexto da “raça” não discrimina etnias. Por esta razão, é possível identificar vários
agrupamentos de cativos, que se amotinaram no Amistad, entre eles alguns muçulmanos.
Outra cena que exemplifica esta colocação, é o momento em que um negro morre na prisão
e os membros de sua etnia, querem enterrá-lo, conforme os rituais da sua cultura; A
“coisificação” tende a considerar o escravo uma mera propriedade, passível de venda, sem
qualquer preocupação com laços de parentesco; Mesmo com a proibição do tráfico em
águas controladas pelo império britânico, muitos navios se utilizavam de subterfúgios como
a utilização de bandeiras de países “neutros”, como foi o caso do navio mercante português
“Tecora”; Theodore Jodson, o ex-escravo que conseguiu comprar sua alforria, nasceu no
estado sulista da Geórgia, mas conseguiu prosperar em Connecticut (norte dos EUA), como
dono de uma frota mercante. Esta é uma clara alusão, à respeito das oportunidades e da
prosperidade, existentes nos estados do norte.

O tráfico de escravos era extremamente rentável, mesmo com as mortes de grande número
de cativos, durante as travessias marítimas; A abolição da escravidão, possuía como
objetivo principal, devolver ao cativo, a sua condição natural de liberdade, exatamente como
argumentou John Quincy Adams.

John Quincy Adams acreditava que o direito a liberdade, nos Estados Unidos, não discernia
raça, etnia ou cultura. Ela estava pautada no desejo daqueles que fundaram o país.

A presença de um sistema econômico ainda rudimentar e a dependência da mão-de-obra


escrava, foram fatores que contribuíram para o atraso da economia do sul.

De forma a concluir, a escravidão esteve no cerne do processo da formação do Estado


nacional, mas também na base da política externa, frente a política de Estado britânica. Até
1850 a defesa do tráfico constituía-se como política do Estado Brasileiro, comprovada
também pela proteção da propriedade ilegal. Pode-se observar que no processo de
independência do Brasil, a escravidão não se tornou um entrave, do ponto de vista político,
econômico e social, mas manteve-se como instituição fundamental para o desenvolvimento
econômico, seguindo a lógica de mudar para manter, ou seja, mudar o sistema vigente,
pautado no pacto colonial, para um sistema baseado nos ideais liberais, mas que permite a
manutenção de estruturas que eram presentes no sistema anterior.

REFERÊNCIAS

Amistad: 1997, EUA, Steven Spielberg. Paramount Home Vídeo. Duração: 155 minutos.
RESENHA CRÍTICA – FILME: PULP FICTION

1. INTRODUÇÃO

Pulp Fiction - Tempos de Violência, o um longa-metragem dirigido por Quentin


Tarantino, filme considerada como um dos mais importantes e influentes do cinema
contemporâneo. O filme ganhou o Palma de Ouro, o prêmio máximo do Festival de
Cannes. No Oscar, o filme venceu na categoria de Melhor Roteiro Original, tendo
sido indicado também aos prêmios de Melhor Filme, Diretor, Ator (John Travolta),
Ator Coadjuvante (Samuel L. Jackson), Atriz Coadjuvante (Uma Thurman),
Fotografia e Edição. No Globo de Ouro, ele ganhou o prêmio de Melhor Roteiro,
tendo recebido indicações nas categorias de Melhor Filme - Drama, Diretor, Melhor
Ator - Drama (John Travolta), Melhor Ator Coadjuvante (Samuel L. Jackson) e
Melhor Atriz - Drama (Uma Thurman).

É impressionante a quantidade de cenas marcantes nesse filme, principalmente na


primeira hora dele. Já começamos com o diálogo do casal no restaurante, passamos
para a apresentação dos personagens de John Travolta e Samuel L. Jackson, que
culmina na famosa cena da citação de Ezequiel 25:17, temos então, a cena do
encontro de Vincent com Mia, a lanchonete retrô, o milk shake de cinco dólares e,
claro, a dança. Aí vem a cena da overdose. E para não ficar apenas nesse núcleo,
cito ainda a surreal cena da história do relógio do pai de Butch, personagem de
Bruce Willis.
2. DESENVOLVIMENTO

Em seu desenvolvimento, Pulp Fiction constrói pequenas tramas, que vão se


conectando de alguma forma até o final do filme. Tem por exemplo a história de
Butch Coolidge (Bruce Willis), um boxeador que combinara de vender uma luta
importante e que se mete em uma grande encrenca por isso e a de outros
personagens de menor relevância, que de alguma forma são envolvidos na trama. À
primeira vista, o longa parece um emaranhado de eventos aparentemente
desconexos, como os que acontecem na noite em que Vincent leva a Junkie Mia
Wallace (Uma Thurman), a esposa de Marsellus, para um passeio, todavia o roteiro
amarra todos estes eventos, percorrendo estas diversas ações, sem aprofundar
tanto em nenhuma delas e nem em nenhum dos personagens, neste percurso o que
se constrói é uma teia de mensagens e significações que não conseguem transpor
a barreira que há além do superficial, mas não se enganem, isto não é um defeito, é
na verdade a principal característica que determina a estética do filme.

3. CONCLUSÃO

Enfim, não por acaso, esse filme teve grande bilheteria. Em 1994, o público não
esperava algo tão inventivo, com tantos elementos, referências, ironias,
brincadeiras, em uma trama que seria um policial dos mais violentos. Ao mesmo
tempo que o roteiro é inventivo, é extremamente simples em suas tramas. Olhando
em separado, nada demais. Um casal de assaltantes que já vimos aos montes no
cinema. Um cara que sai com a esposa do seu patrão mafioso e tem que se
comportar, idem. E um boxer que arma um plano em cima de outro plano, também.
Na verdade, duas coisas encantam e chamam a atenção no roteiro de Pulp Fiction,
a estrutura e os diálogos.

De certo modo, a forma como Tarantino desenrola suas tramas é envolvente,


criativo e extremamente hábil. Ele trabalha o tempo inteiro nos intervalos das ações.
Por exemplo, não vemos a tal luta que acaba em morte, assim como nunca vimos o
assalto em Cães de Aluguel. Não vemos o desfecho do personagem Jules de
Samuel L. Jackson, assim como pouco vemos do casal interpretado por Amanda
Plummer e Tim Roth. Ele se demora em conversas triviais como os nomes dos
hambúrgueres em Paris e no significado de uma massagem no pé, subvertendo
manuais de roteiro que afirmam que toda cena tem que fazer a narrativa andar. Fora
as ironias tão descaradas como um determinado personagem atravessar a rua em
um momento inoportuno que não podemos sequer chamar de Deus Ex-Machina.
São detalhes que nos encantam.

Entretanto, a overdose é um dos pontos mais polêmicos do filme. A personagem Mia


confunde o saquinho de heroína de Vincent Vega com cocaína, cheia e claro, tem
um treco que quase a leva a morte. Todo o desespero de Vincent para não ter a
esposa do padrão morta em suas mãos nos da uma sequência angustiante, com
uma adrenalina em alta, regada a detalhes que deixou muita gente passando mal.

Tantas referências, tantas reconstruções, tantos filmes marcantes fizeram mesmo de


Pulp Fiction um marco no cinema, que apresentou Quentin Tarantino definitivamente
para o mundo, gerou uma legião de fãs e tornou o seu nome um dos maiores
símbolos da cultura pop. Um grande filme, sem dúvidas.

REFERÊNCIAS

TARANTINO, Quentin. Pulp Fiction – Tempo de Violência. A Band Apart, Jersey


Films e Miramax Films / USA, 1994.
RESENHA CRÍTICA – FILME: FAHRENHEIT 451

1. INTRODUÇÃO
O filme “Fahrenheit 451” é um documentário sobre o ataques de 11 de setembro, que tem
por finalidade analisar a sociedade americana e o período conturbado que estava vivendo.
Pode se dizer também que se trata de um documentário de leitura crítica, baseada em
entrevistas, pesquisas, e na visão da realidade norte-americana.

Os ataques terroristas de 11 de setembro, aliados à insatisfação da população americana


com o governo Bush e o uso da guerra para suprir seus interesses, foi o embrião para o
desenvolvimento do documentário de Michael Moore.

Fahrenheit 451 ou Farenheit 451, como ditos no Brasil, foi uma adaptação cinematográfica
do romance escrito por Ray Bradbury e foi dirigido por François Truffaut em 1966. A direção
fotográfica do filme foi feita por Nicolas Roeg e a trilha sonora é de Bernard Herrmann.

Sendo assim, pode-se dizer que, documentário é uma corrente cinematográfica


caracterizada pelo compromisso com a verdade. Contudo, não se pode afirmar que ele a
represente fielmente já que toda verdade é multifacetada e pode ser enxergada de ângulos
muito diversos. Além disso, o documentário, assim como o cinema de ficção, é uma
representação parcial e subjetiva da realidade. Atualmente, há uma série de estudos cujos
esforços se dirigem no sentido de mostrar que há uma indefinição de fronteiras entre
documentário e cinema de ficção.

A produção faz uma crítica severa, repleta de metáforas a uma sociedade que ignora os
livros como fonte de conhecimento e formação humana, tornando as pessoas padronizadas
em todas as maneiras possíveis: moradias, formas de agir, pensar e ser, atingindo
diretamente sua memória, pois assim não se lembram de se um dia foram felizes, quais
experiências viveram e se sequer vivenciaram mesmo a realidade na qual se encontram.

Fahrenheit 451 é um filme com uma crítica muito devastadora, porque se já naquela época a
sociedade era alienada, fetichista e comunista, como seria o mundo de hoje no pensamento
dele?

A grande mágica do filme é isso, mostrar o quão está decaindo no mundo, decaindo na
cultura, literatura. Mostra o quão estamos ficando alienados, desde muito tempo atrás. Uma
crítica que apesar de muito tempo, continua atual.

2. DESENVOLVIMENTO

O filme começa mostrando o desespero e o pânico da população de New York. Civis,


militares, agentes e bombeiros chocados com as torres pegando fogo. Por ironia, o
presidente Bush estava indo a uma escola primária e, no caminho, ele fica sabendo que um
avião bateu numa das torres, mas decide continuar. Já na sala de aula ele é avisado que o
país estava sob ataque e fica alguns minutos calado sem tomar uma atitude política.

Expõe-se também que Bush recebeu um relatório que abordava que Bin Laden estava
determinado a atacar os Estados Unidos, mas ignorou-o. Os tumultos nos aeroportos e os
voos cancelados: todos os aeroportos fecham são ironizados no filme quando se mostra que
até Rick Martin não pode voar.

O 11 de setembro foi usado como motor de lucro, pois com ele a produção bélica foi
aumentada. Isso nos leva a refletir de como esse fato foi tratado, com hipocrisia, pois
enquanto se criava memoriais para as vítimas numa outra circunstância havia comemoração
por parte das empresas.

Em um futuro, os livros e todos os jeitos de escrita são proibidos por conta de um regime
totalitário e com a argumentação de que isso faz as pessoas mais tristes, improdutivas,
infelizes.

Se alguma pessoa fosse flagrada lendo alguma coisa, era preso e tinha de ser reeducado.
Caso as pessoas morassem em casas que continham muitos livros e alguém próximo o
denunciar, os bombeiros eram chamados para incendiá-la. Guy Montag é um dos
bombeiros, aspirante e capitão, no qual era chamado para agir nessas casas no qual havia
muitos livros. Era casado com Linda, uma mulher fetichista, capitalista e fútil, que era
ausenta de leitura. Entretanto, Guy conhece Clarisse, companheira de metrô e sua vizinha,
no qual fez amizade e que era uma mulher no qual era dona de uma mente livre, idealista e
filosófica.

Em Fahrenheit o livro é substituído pela televisão. Linda passa os dias na frente da TV,
relacionando-se mais com as apresentadoras do programa (chamadas de primas, porque
fazem parte da Família) que com seu próprio marido. A programação da TV é manipulada,
inventada, sempre favorável ao regime totalitário. Bombardeadas com tanta informação e
tanta atividade inútil, mas que dão a falsa sensação de movimento, as pessoas, na realidade
apenas se arrastam. Foram moldadas ao sistema, estão conformadas, não questionam
nada, pois têm a falsa sensação de uma vida preenchida e feliz.

A personagem Linda e as suas amigas, encarnam na perfeição este cidadão-tipo, célula da


grande massa anônima, que não questiona, não protesta, pelo contrário, está “feliz” com o
atual estado de coisas.

Já o bombeiro Montag, decide descobrir o que há de tão subversivo nos livros e acaba por
encontrar a redenção para todos os dilemas que sempre o perseguiram ao longo dos anos,
como a esposa Linda que mais parece um fantoche humano. A partir de suas leituras, cada
vez mais sucessivas, e do encontro com a jovem idealista Clarisse, começa a indagar o
sistema imposto e decide romper com a estrutura vigente, vindo a se tornar, como tantos
outros insatisfeitos, um excluído.

Clarisse o incentivava muito e compartilhava com ele nas duvidas referentes à questão
principal do filme “por que não podemos ler os livros?”, e com isso, Guy começa a se
questionar, questionar seus ideais, ficar em duvida se ele realmente estava sendo feliz e
satisfeito com o trabalho que tinha. E foi então que ele foi chamado pra “trabalhar” em uma
casa, no qual tinha muitos livros e no qual a mulher que era dona, não aguentou ao saber
que teria que queimar todos seus livros e suicidou-se. Guy ao visitar a casa, acabou ficando
curioso com um título de um livro e começou a furta-los e começa a ficar fascinado pela
leitura e pelo conhecimento que há neles e no que ele adquire. Por fim, sua esposa Linda,
acaba-o denunciando.

Sem saber o que fazer, Guy resolve fugir por motivos de estar sendo perseguido, então
Clarisse resolve o levar para a terra dos homens-livro (uma espécie de resistência ao
totalitarismo representado no filme), um local exilado da sociedade, no qual todos de lá leem
obras e decoram todas as paginas, para quando não for mais proibidos de ler, eles fossem
publicados, ou seja, onde cada homem deve decorar uma obra para passá-la a posteridade,
salvando-a do esquecimento..

3. CONCLUSÃO
Conclui-se, então, que Fahrenheit 451 é um filme com um senso crítico muito bom de filme,
ambientado numa sociedade totalitária onde é provocado com muita alienação e no quais
livros são proibidos de ler e queimados. Portanto, ele mostra muito o lado de alienação, no
qual o fato é discutido até hoje.

O contexto do filme não é basicamente só por alguma história com heróis, exceto o
protagonista, no qual tem sua crise ideológica e começa a questionar-se do seu
comportamento, que acaba se rebelando e mudando seus conceitos.

Fahrenheit 451 aborda de forma notável o potencial criador e ao mesmo tempo destruidor
do homem para com o mundo que o rodeia e para com o seu semelhante. Ao aproximar a
obra de nossa realidade podemos perceber que, embora as formas totalitárias de governo
tenham sido rejeitadas, as formas de sociabilidade vigentes nos dias atuais não se
distanciam muito de uma perspectiva que acaba por propagar as possibilidades dos homens
viverem como “mortos-vivos”. Truffaut realizou o filme em 66, dois anos antes dos
acontecimentos de maio de 68, em meio aos movimentos de contracultura que questionava
valores centrais vigentes na cultura ocidental. Fahrenheit 451 não deixa de ser uma crítica a
esses valores.

O filme é muito bom, principalmente porque a abordagem da alienação, no qual o


conhecimento das pessoas nos dias de hoje estão tornando idiotas, no qual prefere uma TV
a procurar sobre culturas, literatura.

É um filme também que faz todos refletir sobre a sociedade de como era no filme, refletindo
no que ainda é hoje, não literalmente, mas ideologicamente.

Diante da análise do filme, basicamente o que importa, é que ele nos mostra que temos o
privilégio de viver numa sociedade que hoje é democrática, livre, apesar com pouco
incentivo à leitura, hoje ela é livre, todos somos livres para fazermos e ler o que quisermos
ter nossos pensamentos, etc. O livro é bem interessante e é bem recomendado a todos.

REFERÊNCIAS

FAHRENHEIT 451. Direção: François Truffaut. Roteiro: François Truffaut e Jean-Louis


Richard. London: Universal Pictures, 1966 (112 min) VHS son. Color.

ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. São Paulo: Comp. das Letras, 1989.
RESENHA CRÍTICA – FILME: LUTERO

1. INTRODUÇÃO

O filme Lutero é de origem alemã e foi dirigido por Eric Till, um premiado diretor inglês. O
longa-metragem aborda o conflito religioso que permeia a vida do personagem principal, os
confrontos entre suas ideias – inicialmente “reformistas” e posteriormente, após a ruptura
com a Igreja Católica, “protestantes” – e as reações da igreja romana.

Contudo, faz-se necessário avaliar as tendências e enfoques históricos que são


privilegiados no filme Lutero e relacioná-los com pesquisas historiográficas mais atualizadas,
o que nos permitirá refutar, ou pelo menos relativizar certas abordagens e apontar quais
delas estão mais próximas dos estudos históricos mais recentes sobre o assunto.

A princípio, os idealistas do filme tentam demonstrar trajetória através da qual Lutero


desenvolveu sua crítica reformadora de dogmas e práticas da Igreja. O filme mostra um
Lutero mais humanizado, cheio de dúvidas e com uma forte crise “espiritual’. O contrário do
estereótipo austero, revolucionário, heróico, comumente associado a imagem do que seria
um “típico alemão”.

O personagem surge como um indivíduo comum que buscava, a partir de seus próprios
questionamentos, uma maneira de reformar alguns princípios da Igreja, tais como a venda
de indulgências, a necessidade de uma igreja institucionalizada para intermediar a relação
entre Deus e o indivíduo e a maneira de como a Igreja exercia seus poderes diante da
sociedade. Entretanto ainda percebe-se uma imagem de um Lutero “santificado” fragilizado
quase “franciscano”, uma vez que o roteiro do filme omite ou pelo menos não enfatiza o seu
lado político-estratégico.

A proposta do diretor foi a de mostrar como foi a luta de Lutero a favor de uma reforma da
Igreja, que não permitia que houvesse contestações internas na instituição. Não houve uma
grande preocupação em mostrar as influências que Lutero sofreu antes de sua “crise
espiritual”, ou seja, suas rejeições contra as ideias humanistas e suas críticas ás práticas da
Igreja.

A produção do longa-metragem, ao término, coloca Lutero como um homem à frente de seu


tempo. Um homem que lutou contra os princípios conservadores da Igreja e conseguiu fazer
com que pessoas de diversas localidades disseminassem sua crença e suas ideias
protestantes pela Europa. Devemos lembrar que o filme foi desenvolvido com o apoio de
uma instituição ligada à Igreja Luterana e, com isso, houve uma tendência à exaltação da
crença luterana e de uma demonstração sem muitos questionamentos plausíveis à História
e aos historiadores, devido ao fato da narrativa fílmica ser incorporada facilmente pelo senso
comum.

Nessa perspectiva, para Lutero a Igreja não exerce um elemento catalisador para se
alcançar a salvação, sua convicção está em afirmar que todo individuo que for cristão fiel
pode se relacionar com Deus, sem necessidade de qualquer intermediário. Esse
pensamento luterano ficou evidenciado em diversas cenas do filme bem como as tentativas
de Lutero em possibilitar aos fieis a leitura própria da Bíblia, ao traduzi-la para o alemão,
como afirma Skinner, afim de reiterar que a salvação se dá pela fé.

2. DESENVOLVIMENTO

A história começa mostrando Martinho Lutero, enfrentando uma tempestade. Quando um


raio cai próximo a ele, o mesmo acredita "ser um chamado" e sente-se impelido a desistir do
curso de direito e ingressar em um mosteiro. O filme em seguida, narra a peregrinação de
Lutero a Roma e mostra pessoas nos degraus da igreja comprando indulgências para seus
familiares, supostamente para salvar suas almas do purgatório. Lutero decide comprar uma
indulgência para seu avô e logo, se vê atormentado pelas práticas da Igreja Católica.

Sua aflição ao voltar de Roma e sua recém-adquirida ênfase em seus sermões sobre o
amor ao invés da ira de Deus, levam seu tutor a recomendar outra viagem, desta vez para
que Lutero pudesse estudar teologia. Lutero avança em seus estudos até se tornar
professor. Neste posto ele ridiculariza as indulgências e defende a vida, exaltando o amor
de Deus, tendo se convencido através de seus estudos que o Seu amor sobrepujava a sua
ira.
Lutero então se rebela contra a Igreja e escreve um ensaio de 95 teses que prega nas
portas da igreja. Alguns membros da Igreja, assim como Lutero esperavam reformas, mas
muitos deles consideravam que ele estava indo longe demais em suas críticas. A situação
começou a ficar fora de controle quando as pessoas passaram a acreditar que elas eram
oprimidas politicamente e espiritualmente. Ele passa então a ser perseguido pela igreja que
o força a se defender. Obrigado a se redimir publicamente, ele se recusa a negar seus
escritos até que a Igreja Católica consiga provar que suas palavras contradizem a Bíblia.

Preso, excomungado e banido pelo Papa e pelo imperador, ele foge e se exila em uma
torre, onde traduz todo o Novo Testamento para o alemão, passando a viver como um
criminoso não desistindo, porém, da luta para que todas as pessoas tivessem acesso a
Deus. A tradução alemã de Lutero da Bíblia é usada ainda hoje. A Alemanha hoje é metade
católica e metade protestante.

Entretanto, a história mostra como sua profunda fé e convicções fizeram deste reformador
tanto um rebelde quanto um líder, embora ele fosse apenas um jovem que cria que pudesse
ser o intermediário da conciliação entre um Deus Sagrado e uma humanidade pecadora.
Lutero mudou o mundo de maneira significativa. Depois dele, a Europa e o mundo nunca
mais foram os mesmos. Lutero, o filme procura contar essa história tão importante de uma
maneira um pouco mais leve.

Assim que a Igreja tomara conhecimento dos pensamentos de Lutero com respeito às
"verdades" do catolicismo, o Papa Leão X designou um de seus cardeais para conversar
pessoalmente sobre o assunto. Lutero respeitou tal solicitação e conversou com um
representante oficial do Papado. Nesta ocasião, muitos achavam que Martin revogaria suas
afirmações em respeito à Santa Igreja.

3. CONCLUSÃO

Contudo, a consolidação da Igreja Luterana apresentada no filme Lutero faz parecer que foi
uma aceitação do novo modelo religioso no momento em que os príncipes alemães
ajoelham-se diante do imperador Carlos V e protestam o direito á nova fé, afrontando a
igreja romana. Porém é questionável essa submissão da nobreza alemã como um ato
apenas religioso, pois como a Igreja Católica detinha vastas terras na Alemanha e o sistema
feudal já não garantia uma vida de luxos, era conveniente para os nobres a ruptura com a
Igreja para apoderarem dessas terras e aumentarem seus poderes abalados com a
decadência feudal.

A produção cinematográfica traz à tona elementos que há muito tempo foram renegados
pela historiografia e que condizem com as pesquisas mais atuais, como por exemplo, a
imagem “humanizada” de Lutero. Deste modo Lutero torna-se ótima obra para se trabalhar
em sala de aula, isso, se tiver um estudo bem conduzido, que esteja em sintonia com as
práticas mais atualizadas de ensino e uso do cinema na escola.

Com base na analise critica, o filme “Lutero”, pode-se afirmar que a obra trata de uma
maneira objetiva e bem formulada a história do Alemão Martinho Lutero, que foi um monge
copista chegando a ser padre e professor de teologia. Acima de todas as suas qualidades
era um homem integro, sendo também o primeiro a instituir uma reforma protestante na
Igreja católica da idade média.

Sua vida foi inteirada em completa dedicação religiosa, empenhando-se a construir obras
que agradassem a Deus, como era grande estudioso buscou também o aprendizado do
grego e do hebraico para que dessa forma pode-se se aprofundar nas origens das escrituras
bíblicas, buscando sempre uma interpretação mais apurada.

A partir de observações feitas sobre as várias irregularidades e injustiças vigentes naquela


sociedade religiosa, principalmente sobre as classes sociais menos favorecidas com a oferta
das indulgências a os fieis, Lutero percebeu que esse modo de se empregar a salvação
poderia levar as pessoas a confiar apenas nas indulgências deixando de lado a confissão e
o verdadeiro arrependimento dos erros cometidos.

Com novas opiniões ele buscou de forma incessante lutar contra o poder totalitário da Igreja,
sendo em primeiro plano ameaçado de excomunhão por tal ato, contudo sofreu também
grande risco de morte, causado pelos seus fundamentos um tanto polêmicos, e após
escrever suas 95 teses condenando o que ele chamava de avareza, paganismo e abuso
partindo da igreja, chegou de certa maneira a ofender o papa Leão X, que por sua vez
acatava todas as fraudes desumanas e passou a considerar Lutero como um herege. Essas
mesmas teses logo foram traduzidas para o alemão e espalhadas muito rapidamente
provocando uma reflexão de quem as liam, pois eram bem fundamentadas. Ao ver o
tamanho da revolução ocasionada, o papado deu poucos dias para que Lutero
desconsiderasse algumas teses, chegando ao ponto dele ser incentivado a negar suas
crenças, porém continuou a defendê-las, pois suas virtudes, principalmente a da
honestidade estava acima de todos os perigos que ele estava a passar. Suas obras então
começaram a serem queimadas. Todavia durante o filme é notável a coerência das suas
ideias ao mesmo tempo em que é indiscutível a falta de bom censo e transparência dos
membros do catolicismo, mas é preciso tomar cuidado a observar e culpar não a religião
Católica nesse contexto e sim os membros que faziam parte dela naquela ocasião, pois
foram eles que adotaram dogmas cruéis e desumanos para com a sociedade, fazendo com
que a imagem do catolicismo fosse manchada por séculos sendo vista por muitos como uma
seita sanguinária, distanciada do contexto de religião.
Com isso era notável a falta de caráter, pois além de tudo, a farsa da venda da salvação
divina, de relíquias religiosas e cargos eclesiásticos importantíssimos, se tornava uma prisão
voltada principalmente para os “leigos” que não eram poucos, tendo em vista que era um
período na História que a educação não estava a disposição da sociedade como um todo.
Ao mesmo tempo em que era o lucro da “igreja”, caracterizando sobre uma visão formulada
ao assistir o filme, uma condenação divina daqueles que pregavam tais atos injustos se
dizendo ser um intermediador das vontades divinas, salvação e absorção dos pecados
cometidos na terra, onde na realidade muitos eram lobos com pele de cordeiro, e porque
não dizer diabólicos, desumanos e infelizmente proprietário de um poder que estava acima
de qualquer outro.

REFERÊNCIAS

Lutero: 2003, Alemanha/EUA, Eric Till.

W. A. Elwell. Enciclopédia Histórico-Teológica. Edições Vida Nova. 1990.

Walter Altmann. Lutero e a Libertação: Releitura de Lutero em Perspectiva Latino-


Americana. São Paulo, Ática/Sinidal, 1994.
RESENHA CRÍTICA – LIVRO: “POR QUE LER OS CLÁSSICOS” –
ÍTALO CALVINO

1. INTRODUÇÃO

O que podemos dizer quando fazemos uma resenha de um livro de resenhas? Parafrasear o
método e técnica de análise? Parafrasear as ideias discorridas a partir de uma leitura
experiente dos textos visados? Ou simplesmente alimentar o nosso gosto e curiosidade pela
leitura? A terceira alternativa é a mais vibrante. Calvino teoriza e analisa com leituras
interessantes grandes clássicos da cultura mundial, tanto do ocidente quanto do oriente,
apresentando-as sobre um enfoque do “novo” e do “curioso” aperfeiçoando a perspectiva do
fantástico tanto no ocidente quanto no oriente, apresentando-as sobre um enfoque estético
como elemento maior de toda a literatura.

Como bem diz Ítalo Calvino (1991), um clássico é sempre uma obra que nunca ninguém
está lendo, e sim re-lendo; faz parte da nossa formação intelectual uma antologia variada de
grandes clássicos, obras que marcam uma época e que aceitam ser objeto de dissecação
das mais variadas formas de crítica: sociológica, psicológica, psicanalítica, etc. Falar sobre
um clássico é antes de tudo estabelecer um critério para caracterizar uma obra como tal;
uma das grandes marcas das obras clássicas é a atemporalidade, ou seja, esta
universalidade que lhe é própria, marcada e determinada por falar de temas que não se
esgotam e nunca são datados ou remarcados, sendo assim, não “esfriam”. Por outro lado,
como podemos chegar a um clássico pela sua linguagem, pelo seu campo semiótico de
representação sem perceber sua literalidade como marca fundamental, seja na inesgotável
riqueza de conteúdos possíveis através do arranjo de signos, seja pela possibilidade de
encantar e tornar grande qualquer coisa que o discurso literário toque, recriando os
mistérios que nos aprazem e nos fazem ir além do padrão.

O livro é de uma escrita simples e reflexiva, recheada de perguntas direcionadas ao leitor,


objetivando o seu pensamento sobre as razões apresentadas. "É, ele próprio, um clássico
segundo sua própria definição, que merece ser lido e relido sem jamais esgotar o seu
potencial. A todos aqueles que valorizam e amam a literatura e querem conhecê-la para
dela tirar o melhor, “Por que ler os clássicos” é leitura obrigatória.

2. DESENVOLVIMENTO

No primeiro capítulo, busca-se a definição de "clássico" para o qual Italo Calvino dá


quatorze sugestões, entre as quais "os clássicos são aqueles livros dos quais, em geral, se
ouve dizer: 'estou relendo ' e nunca 'estou lendo...'" e "um clássico é um livro que nunca
terminou de dizer aquilo que tinha para dizer". Nessa introdução, Ítalo Calvino chama a
atenção para tanto a universalidade dos clássicos como para a sua parte mais restritiva.

Os capítulos seguintes são ensaios literários bastante elucidantes, nos quais Calvino
apresenta alguns dos seus clássicos favoritos e explica como eles adquirem um significado
universal. O primeiro clássico defendido por Calvino é a Odisseia de Homero, um dos
primeiros grandes épicos escritos do Ocidente, mostrado por Calvino como uma Odisseia
cheia de diversas outras odisseias, ou, nas palavras do próprio escritor, "o mito de todas as
viagens". Assim sendo, além de ser tudo aquilo que já sabemos - exaltação das virtudes
pagãs, identidade de povo, etc. - a Odisseia possui significados que mesmo ao leitor
contemporâneo não são estranhas: a perda da memória, a persistência nos objetivos, a
queda de um herói (posteriormente incorporada ao gênero da tragédia), entre vários outros.

Seguindo esse mesmo padrão, o livro fala de diversos outros clássicos, como Robinson
Crusoe, Candide, Doutor Jivago, As Metamorfoses, Our Mutual Friend, além de autores
como Jorge Luis Borges e Joseph Conrad.

O livro é de uma escrita simples e reflexiva, recheada de perguntas direcionadas ao leitor,


objetivando o seu pensamento sobre as razões apresentadas. "É, ele próprio, um clássico
segundo sua própria definição, que merece ser lido e relido sem jamais esgotar o seu
potencial”. A todos aqueles que valorizam e amam a literatura e querem conhecê-la para
dela tirar o melhor, Por que ler os clássicos é leitura obrigatória.

O primeiro artigo “Porque ler os clássicos” (que dá nome a obra) é bem humorado, refinado,
simplicidade de ideias etc.... tudo colabora para o prazer da leitura. Os outros artigos do livro
cumprem (às vezes) sua missão de gerar interesse futuro por determinada obra do autor.
Mas o importante é que sempre algo de bom saí de tudo isso.
Este livro fornece várias respostas a diversas perguntas, algumas consensuais, outras
polêmicas, mas todas certamente enriquecedoras. Em verdadeiro trabalho amoroso de
ourivesaria, Calvino desentranha as diversas facetas do que seja um clássico, para depois
iluminar com uma leitura penetrante seus próprios clássicos, ou seja, alguns dos autores
mais importantes da tradição literária e intelectual do Ocidente.
A razão definitiva que Calvino dá a essa pergunta é tão simples como as grandes verdades:
a única justificativa que se pode apresentar é que ler os clássicos é melhor do que não os
ler.

3. CONCLUSÃO

Muito se pode discutir dos clássicos e da própria percepção de clássico envolta nos ramos
teóricos da teoria literária e da tradição poética de séculos. Mas o que devemos entender,
além da proposta desta obra necessária e intrigante, assim como estimuladora que é Por
que Ler os Clássicos, é o universo humano que está escondido nas linhas e envolto nas
imagens, diálogos, personagens e vivências experimentares que contemplamos e
absorvemos nas obras mais importantes da literatura Universal. Universal porque contempla
não qualitativamente um modo de escrever soberbo e único, mas porque sobeja a face
cultural do homem em toda a sua diversidade. Ler os clássicos é poder partir rumo aos
âmbitos mais intrigantes da língua, da cultura e do universo, interior e exterior da
humanidade. Os sábios sabem reconhecer os clássicos e nós devemos ao menos tocar
nesta sabedoria.

REFERÊNCIAS

CALVINO, Ítalo. Por que ler os clássicos. 9ª reimpressão. São Paulo: Companhia das
Letras, 2002.
RESENHA CRÍTICA – LIVRO: “NO CAMINHO DE SWANN” –
MARCEL PROUST

1. INTRODUÇÃO

Marcel Proust, em sua obra No caminho de Swann, fornece-nos um percurso da


formação da sensibilidade artística do protagonista Marcel (seu possível
desdobramento no mundo ficcional). Entre leituras, apreciação de arquitetura, de
pintura, de esculturas, de música, entre outras artes, o protagonista informa- nos
como são seus primeiros contatos com este vasto campo cultural que tomará conta
de toda sua vida. A arte como jogo lúdico e afastado das necessidades práticas da
vida será um dos caminhos a ser seguido pelo protagonista desta engenhosa obra
que abre o projeto maior de composição que é A procura do tempo perdido.

A narrativa No caminho de Swann, de Marcel Proust, abre a grande aventura


literária que é a obra Em busca do tempo perdido. Junto a outros seis volumes
contínuos, esta narrativa estrutura-se como uma sinfonia em que, no primeiro
movimento, somos apresentados aos principais temas, que serão minuciosamente
desenvolvidos nos demais volumes seguintes.
Ler os livros de Proust é uma aventura sem precedentes, é como percorrer trilhas
desconhecidas e ao mesmo tempo familiares, por paisagens da nossa própria
memória. O leitor acompanha as buscas do narrador, sua viagem pelo passado,
suas descobertas e revelações, e sente-se maravilhado com a possibilidade de
resgatar o próprio tempo perdido, lendo e relendo as páginas passadas sob novos e
surpreendentes ângulos.

O narrador-protagonista, no primeiro volume desse exercício estético e memorialista,


encontra-se na fase adulta e imerge na recordação de sua infância e adolescência
vividas na pequena vila de Combray. Experiências de vida intensas são envoltas
pelas relações familiares com seus pais, avós, tias-avós e a comunidade de uma
cidadezinha que funciona como contraponto para a agitada Paris do final do século
XIX.

2. DESENVOLVIMENTO

Na primeira parte deste volume, intitulada ‘combray’, o narrador se apresenta


através de uma cena clássica da história da literatura, com certeza uma das mais
belas – ao mergulhar um bolinho tradicionalmente conhecido como ‘madeleine’ em
uma xícara de chá, recuperando assim o sabor da mesma iguaria tomada nas
manhãs dominicais de sua infância, ele resgata a cidade de Combray e com ela
seus anos de menino, nas férias pascais, nestas paisagens que agora sobrevivem
apenas em suas lembranças. Narrado logo no início do livro, este é um dos
episódios principais desta obra. Na fictícia Combray de Proust, dois caminhos ligam
a cidadezinha aos campos e sítios que a envolvem – o de Méséglise, mais curto,
que passa pelas terras de Swann, e o mais longo, o de Guermantes, vereda fluvial
que desemboca no castelo dessa família.

Mais que meras referências espaciais, estas trilhas revelam-se para o menino, que
mais tarde torna-se o narrador deste livro, uma opção de vida. Viajar pela senda de
Swann é para o protagonista construir sua identidade adotando como modelo a
experiência daquele personagem, seus amores, seus ciúmes, suas dores, o contato
com a arte. O narrador percorre exaustivamente cada detalhe destes caminhos,
revelando ao leitor atento o aprendizado conquistado em cada um deles, a
importância de cada uma destas veredas em seu amadurecimento, o quanto elas
foram determinantes para o seu futuro, para a formação de seu caráter.
Em um segundo momento, seremos levados à vida de Swann, um dos vizinhos e
amigos da família, em suas investidas amorosas, em suas relações conturbadas na
aristocrática sociedade parisiense e, mais importante para nossos interesses, ao seu
comportamento diante das práticas e interesses artísticos de seu meio e época.
Interessa-nos de perto o primeiro momento da narrativa proustiana, aquele que diz
respeito a como o pequeno Marcel entra em contato com o mundo artístico, com a
pintura, a escultura, a música, a arquitetura e, em especial, com a literatura e as
concepções de arte advindas desse processo.

Finalmente, na terceira parte deste livro, intitulada ‘nomes de terras: o nome’, o herói
retoma a narrativa na primeira pessoa e, da mesma forma como inicia o primeiro
capítulo, descrevendo os quartos nos quais adormeceu ao longo de sua vida, ele
aqui delineia a importância dos nomes em sua trajetória, os quais conferem às
cidades de sua imaginação – Balbec, Veneza, Florença, entre outras -, mas que por
outro lado também existem fora do tempo imaginário e do espaço abstrato,
aspectos, cores e sonoridades as mais distintas. Estes nomes evocam para o herói
terras desconhecidas, imagens confusas às quais ele associa elementos
despertados em sua mente pela pronúncia de cada um deles, pela riqueza de sons
que inspira sonhos e desejos de viagens. São belíssimas as descrições das
paisagens que o herói espera encontrar em cada recanto, a partir do significado
extraído dos nomes mais ou menos exóticos que desfilam em suas fantasias.

3. CONCLUSÃO

Proust revela-se um profundo conhecedor da psicologia humana, e em sua narrativa


caminha pelas esferas mais variadas do conhecimento humano, desde teorias
estéticas, artísticas e literárias, até as artes do amor, a Música, deliciosas descrições
gastronômicas, passando pelo contexto sócio-político da França, que inicia seu
despertar sob a Terceira República. As passagens que narram os primeiros contatos
do menino com o amor, a arte, a morte, a Natureza – elemento primordial nesta
primeira parte do livro -, a Literatura, os ciúmes – da mãe, pois o protagonista
mostra-se extremamente edipiano nesta fase de sua vida – e com outros fantasmas
e desafios que surgem em seu caminho, são primorosas e perfeitamente editadas,
compondo um texto harmonioso e fluido, no qual cada abordagem cede lugar à
outra, cada lembrança encadeia-se a outras recordações, sem qualquer solução de
continuidade. É assim também com a passagem da primeira para a segunda parte,
quando o narrador – no final do capítulo sobre ‘Combray’ – retoma os elos de suas
recordações iniciais, retornando ao quarto em que desperta na abertura do livro, e
introduz as lembranças de um amor antigo de Swann, este personagem misterioso e
intrigante, assíduo frequentador dos melhores salões de Paris, que fascina – tanto
quanto sua filha, Gilberte – o menino que o terá mais tarde como modelo no amor e
na arte. No desenrolar da narrativa, o protagonista recua no tempo para narrar,
quase sempre na terceira pessoa, ‘um amor de swann’, o segundo bloco deste livro.

O aprendizado da sensibilidade estética, dessa forma, segue seu curso,


despertando as sensações advindas de estadas no campo, de passeios ao lado de
rios cheios de nenúfares, de histórias de desgraças amorosas, de cheiros de
comidas campesinas que exalam da cozinha, de caminhos de Swann.

REFERÊNCIAS

PROUST, Marcel. Em Busca do Tempo Perdido - No caminho de Swann (vol.1).


Tradução: Mário Quintana - Editora Globo – São Paulo.
RESENHA CRÍTICA – LIVRO: “O PROCESSO”: FRANZ KRAFKA

1. INTRODUÇÃO

Um dos maiores romances do século XX, "o processo" relata a história de Joseph K.
Um jovem funcionário de um grande banco que ao acordar no dia de seu aniversário
de 30 anos, depara-se com dois vigias em sua guarda, dentro do seu quarto na
pensão onde morava, impedindo-o de trabalhar. Surpreso, K. pensou que aquela
situação não passava de uma brincadeira imposta pelos seus colegas de trabalho
devido à comemoração de seu aniversário.

A situação, porém toma maiores proporções e K. sente-se incomodado, o que o leva


a pedir explicações sobre o que realmente estava acontecendo. Os vigias por sua
vez nada dizem, além de que estão cumprindo ordens e que ele deveria esperar por
informações vindas de um representante.

Joseph K. é forçado a colocar a sua melhor roupa para que pudesse ir ao encontro
desse representante e mais uma vez K. indaga aos vigias para saber o por quê de
tudo aquilo. Joseph é então informado de que cabia a ele um processo. Sem
maiores detalhes sobre a razão de estar sendo acusado, informam-lhe que deveria
continuar seguindo com sua vida profissional e social normalmente, comparecendo
sempre que solicitado aos tribunais.

Ele procura explicações para esse imenso equívoco e tenta se comunicar com a
dona da pensão em que morava. Esta, no entanto, mostrou-se por vezes impaciente
e outras condolentes quando importunada por Joseph. Aproxima-se também da
moradora Burstner, uma Srta. jovem e bem aparentada que não demonstra
interesse em ajudá-lo.

Joseph K. é convocado para o seu primeiro interrogatório. Sua primeira dificuldade


já foi o acesso ao tribunal e a falta de informações pertinentes, como o horário. Ao
chegar, encontra algumas pessoas em pé e outras sentadas, todas falando muito
alto. Alguém lhe informa que está atrasado para a audiência, fato que irrita-o muito.
Revoltado, manifesta-se discursando sua insatisfação sobre a forma com que sua
acusação foi gerada e com a falta de informações sobre esse estranho processo que
beira o surreal.

A narrativa evolui com K. descobrindo que a justiça que o está julgando é outra,
apesar de também possuir juízes e tribunais, e que o processo contra ele é algo que
paulatinamente consumirá todas suas energias a fim de provar sua inocência contra
uma acusação que ele jamais descobrirá qual é.

"O Processo", traz à tona todo o universo característico de pesadelo e sonho


sempre presentes nas obras do autor.

2. DESENVOLVIMENTO

Neste livro, o autor narra a história do Sr. Joseph k. que um dia ao acordar
esperando que a proprietária da pensão onde mora, fosse lhe trazer o café da
manhã, não aparece. Logo batem a sua porta e é deparado com dois homens que
lhe dão voz de prisão. Primeiramente, o Sr. Joseph K., acreditou se tratar de uma
brincadeira dos amigos do banco em que trabalhava, pois não acreditava e não
entendia o que estava acontecendo.

Com o decorrer da história, Joseph k. luta para que tudo fosse esclarecido, pois não
sabia do que estava sendo acusado, quem o acusava e com embasamento em que
lei. Logo foi também chamado para um interrogatório onde pensava que seria
compreendido, porém se deparou com um inspetor arrogante e agressivo que o
ameaçava e logo sua luta foi em vão ao tentar obter esclarecimentos sobre o
processo que decorria contra ele, pois nem o inspetor, muito menos os guardas
sabiam.
Logo o caso do bancário se complica, parecendo tudo se tratar de uma conspiração
do Governo o qual não teria escapatória. Em sua primeira audiência ele percebe a
oportunidade de declarar toda sua indignação contra o sistema judiciário que o
acusava e de manter convicção perante sua inocência. Tudo o que ele diz, parece
coerente e logo houve um aplauso da assembléia que faz transparecer em um apoio
ao seu discurso, porém logo Joseph identifica que todos os presentes na ali, fazem
parte do Governo, são todos funcionários.

Em sua trajetória na tentativa de compreender este processo ele contrata e conversa


com advogados que não dão mera importância ao seu problema, estudantes,
industriais, pintor, comerciante, sacerdote, sendo que todos estavam envolvidos com
o governo, como se fosse realmente uma conspiração, não obtendo ele nunca
nenhum resultado para seu caso. Ele se depara no decorrer do processo com
acusadores e testemunhas que apresentam atitudes duvidosas. O livro do Juiz ao
invés de leis ou outros tipos de conteúdo relacionado ao seu caso ele se depara com
páginas de pornografia.

Ao fim da trama, Joseph K. ao perceber a gravidade do fato, chega ao ponto onde


questiona, onde está a justiça? Onde está o juiz? Desta forma desistindo de tudo
pelo qual tentou lutar, ficando totalmente apático, literalmente a beira da loucura. Há
interpretações no capitulo X, que pode se entender que o protagonista, combinou
para que dois senhores o tirassem a vida o qual é feito no final do livro, duas
facadas em seu peito. Este é o triste fim do Sr. Joseph K.

3. CONCLUSÃO

Contextualizando "O processo", podemos verificar que somos ferozmente tocados


pela sensação de limitação à que K. se expõe no texto. Quando se é acusado de
algo que não se tem culpa, ou ainda, como no caso do protagonista, sem ao menos
saber qual é a acusação, a sensação que predomina é a de impotência, sem saber o
que fazer.

Através da leitura do livro, entende-se que o autor ao escrever tal obra, tem a
intenção de criticar o sistema judiciário, desgaste do sistema, onde transparece um
autoritarismo da Justiça que tem o poder de condenar qualquer indivíduo sem que
este tenha a possibilidade de se defender. Além disso, pensamos também em
possibilidades, argumentos e questões que acreditamos que pudessem ser
reveladas durante todo o enredo, porém as situações vividas pelo protagonista só se
complicam e a obra sempre deixa muitas dúvidas, mistério a respeito do porquê e
quem o acusou.

Pode-se ver nesta história que o sistema judiciário e a lei podem conter falhas e
limitações de direito de defesa que ferem a dignidade humana, pois o protagonista
foi torturado, tentou se defender não de algo que estava sendo acusado, mas sim de
acusações que este nem sabia do que se tratava.

Concluindo, o livro dá margem há varias interpretações e questões e até mesmo


semelhanças com várias situações que podem acontecer ao nosso redor, no mundo
de hoje.

REFERÊNCIAS

KAFKA, Franz. O processo. Tradução Torrieri Guimarães. São Paulo: Abril Cultural,
1979.
RESENHA CRÍTICA – LIVRO: “A NÁUSEA” – JEAN PAUL-SARTRE

1. INTRODUÇÃO
Em 1938, Jean-Paul Sartre publicou seu mais importante romance: “A Náusea”, livro
considerado não apenas um romance comum, Sartre criou uma obra prima, passando por
diferentes manuscritos, que mistura filosofia e uma acessível narrativa, e com ela esboçou,
usando a arte como artifício, o existencialismo. Como se fosse um diário, esta história trata
da falta de sentido das relações entre as pessoas.

Tal obra, é um livro extremamente reflexivo e passível de inúmeras interpretações. Ele


aborda a questão que o homem mais anseia solucionar em toda sua vida, o sentido da
existência e o quão irracional isso pode ser. Ele é ideal para quem quer se iniciar na
aventura intelectual que é a filosofia e com ela tornar a vida muito mais consciente.

“A náusea”, sendo marcado pelo existencialismo, é considerado pelo autor e pela crítica, o
mais perfeito livro de Sartre, onde Antoine Roquentin é símbolo de uma geração que
descobre a ausência de sentido da vida e tem de lidar com todos os desdobramentos que
essa experiência pode suscitar.

Nesse diário, Roquentin narra uma série de acontecimentos que estavam ocorrendo em sua
vida sem que ele os compreendesse. Havia mudanças na sua relação com o mundo, com
os objetos.
As reflexões do personagem principal, narradas em forma de diário, versam sobre o
significado da existência e atingem seu ponto máximo quando o sentimento de vazio
começa a gerar náusea em Roquentin.

Cercada de um niilismo exacerbado e elucubrações de alta profundidade intelectual, "A


Náusea" nos mostra um protagonista despadronizado e repelido pelas próprias
contestações que faz a respeito da existência e sua falta de sentido, ou seja, a respeito da
gratuidade e ilogicidade da existência, por si só desprovida de essência. Trata-se, portanto,
da saga de um personagem conturbado e por vezes beirando a loucura, tal é a nudez
existencial a que ele se expõe.

2. DESENVOLVIMENTO

A história se baseia nos diários de Antoine Roquetin, um fictício historiador que viajou a
Europa inteira e se estabeleceu em uma pequena cidade portuária da França: Bouville. E é
justamente nesse último acontecimento de sua vida que ele começa a escrever o diário.
Roquetin, mora sozinho em Bouville, e à medida que vai ficando absorto em sua solidão, se
descobre com estranhas ideias acerca do sentido da existência e o quanto ela pode ser
vazia e sem significado. Quando Roquetin se depara com a realidade ele sente náuseas por
acreditar que essa realidade é inócua e sem embasamento.

Antoine Roquetin discorre sobre a sua nova concepção da existência, e muitos dos seus
pensamentos são indigestos por tocarem em pontos sensíveis da sociedade moderna. Ele
acha que sua própria liberdade física e mental é inútil e por isso crê que a existência
humana chega a ser muitas vezes ignóbil e medíocre.

Antoine é um jovem de trinta anos, solitário, observador e introspectivo que logo no início de
seu trabalho se desencanta e se sente desestimulado pela história da vida do marquês e
pela sociedade da cidade da França Bouville.

Até que ele começa sentir uma estranha sensação de aversão ao ser humano e sua
condição existencial e muitos dos seus pensamentos são indigestos por se tratarem de
temas sensíveis da sociedade moderna se sente medíocre e acredita que sua liberdade
física e mental é inútil.

A história aborda a existência humana e o seu sentido, sendo que, Antonie vive uma eterna
angústia e acredita que as ocupações que os seres humanos procuram na realidade são
como artimanhas para disfarçar a angústia que todo o ser humano possui.

Ele considera que não há nenhuma razão para existir e mesmo assim comemos e bebemos
para conservar nossa própria existência.
Antonie é um personagem que conturbado beira á loucura quando acredita que a existência
humana é vazia sem sentido, ele acredita que pela falta de essência o ser humano se torna
cada vez mais iludido e busca por vários mecanismos para que sua existência se torne mais
suportável.

Ele faz uma analogia à alegoria da caverna, de Platão, o homem imagina-se conhecedor de
todo o universo, enquanto na verdade busca conhecer minuciosamente cada parte (por
menor que seja). Ao se deixar tocar pela música pode ocorrer uma certa mudança de
sensações no seu humor e só ela o ajuda a se lembrar do passado onde viveu muitas
aventuras e então o tédio e a náusea acabam por aumentar e ele não sabe o que fazer de
sua existência procurando existência para ela e no final ele acaba por encontrar sua ex-
namorada que ele acreditava ainda gostar , porém depois de algumas horas juntos descobre
que entre eles não há mais nada e ele acaba por sair da cidade de Bouville e antes de sua
partida ele resolve terminar suas reflexões usando seus conhecimentos e fala sobre a sua
caverna sem jamais vislumbrar seu exterior e isso é mais um engano sadio para a
manutenção da existência.

No livro Roquetin acredita que a consciência da existência, o sentir-se existir é algo horrível
e acredita que a única forma de fugir de sua existência é fugir do pensamento como que do
através do “pensar” que se dá a existência.

Antoine Roquentin se relaciona com poucos personagens ao longo da história, um deles é o


autodidata que trabalha na biblioteca que ele frequenta do encontro dos dois ocorrem várias
discussões de alta profundidade intelectual, pois o autodidata possue uma orientação
filosófica bastante diferente de Antonie que representa o humanismo que crê nas
capacidades humanas diferenciadas .

No começo da história, Antonie ouve uma música de jazz, e após ouvi-la ele entende que
existência definitiva e as existências simplórias e marquês acaba por ser apenas uma fuga
de sim mesmo.

3. CONCLUSÃO

A Náusea foi um dos mais importantes romances de Jean Paul-Sartre e podemos dizer que
se trata de um livro filosófico onde a arte é usada como saída para expressar
profundamente o existencialismo de um historiador solitário que vive através do sentido da
existência e o quanto ela pode ser vazia e sem significado até que se mostra totalmente
num estado melancólico e se diz nauseado com as respostas que obtém de suas
observações.
Devemos ter em vista, ainda, que "A Náusea" é uma obra que cresceu numa mente inquieta
e repleta de conceitos complicadíssimos e, até certo ponto, chocantes a mente de Sartre.
Inegavelmente, a ela traz conceitos revolucionários e dissonante de qualquer forma
filosófica precedente, sendo amada por uns e renegada por outros, sem, todavia, perder sua
importância no cenário da filosofia do século XX.

É um livro que possibilita inúmeras interpretações, denso e longo, onde o personagem


principal vive em depressão e sem amigos e sem muito o que fazer, se relaciona com a
dona do café perto de onde mora ; porém ela tem vários amantes e ele é só mais um deles.
Incomoda-se de estar só e acaba por reencontrar sua antiga namorada que já não vê há
quatro anos.

Ele passa todo o tempo da história na verdade por um descontrole emocional e depressivo,
no qual causa-lhe náusea , e assim, consegue momentos de fuga apenas quando ouve
música.

Contudo, vimos acima que, Sartre utiliza a via romanesca para explicitar suas elaborações
técnicas. Dessa maneira, através de seus romances, de seus empreendimentos biográficos,
Sartre viabiliza sua psicologia existencialista, no sentido de explicitar uma forma de
compreensão rigorosa do homem concreto, inserido no mundo, com seus suores e suas
dores, seus impasses psicológicos. Fornece, com isso, uma grande contribuição no
entendimento dos caminhos de uma nova forma de realizar a psicologia clínica.

Sartre, através de seu romance, deixou muito claro todos os elementos essenciais para a
realização de uma intervenção psicoterapêutica, apesar de ele mesmo não a ter realizado,
por não ser um clínico e não ter ido para a prática clínica. Sua psicanálise existencial
fornece, no entanto uma teoria e uma metodologia fundamentais para se pensar a psicologia
clínica em novos moldes. Só o que é preciso é colocá-la em prática, como era intenção do
próprio autor.

REFERÊNCIAS

SARTRE, Jean-Paul. A Náusea. 10 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

MOUTINHO, L. D. Sartre: Psicologia e Fenomenologia. São Paulo: Brasiliense, 1995.


RESENHA DO LIVRO: Por amor e por força

1. INTRODUÇÃO

A autora, Maria Carmen Silveira Barbosa, possui graduação em Pedagogia pela

Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS (1983), especialização


em Alfabetização em classes populares pelo GEEMPA (1984) e em
Problemas no Desenvolvimento Infantil pelo Centro Lidia Coriat (1995), mestrado
(1987) e doutorado (2000) em Educação pela UFRGS e Universidade Estadual
de Campinas, respectivamente. É pesquisadora do Grupo de Estudos em
Educação Infantil – GEIN, militante do Movimento Intre fóruns de Educação
Infantil e professora da UFRGS,Faculdade de Educação, Departamento de
Estudos Especializados. Tem experiência na área de Educação Básica, com
ênfase em Educação Infantil, publicações de livros, artigos e capítulos de livros
além de orientar teses e dissertações nos seguintes temas:educação, educação
infantil, infância, formação de educadores, creche.O livro “Por amor e por força:
rotinas na educação infantil” conta com 12capítulos, nos quais a autora apresenta
discussões do processo social que constituiu as rotinas na educação infantil.
Segundo Barbosa (2006) o livro não tem como meta defender ou criticar
negativamente as rotinas, mas sim refletir, questionar e analisar como essas
são desenvolvidas, ou seja, seguem o princípio da emancipação ou da
dominação. Ao decorrer da produção a autora expõe informações coletadas
em sua pesquisa que embora tenha sido realizada em instituições estrangeiras
e instituições públicas e privadas de diferentes lugares são encontradas similitudes
nas propostas de rotina. Neste sentido, a autora coloca que apesar das propostas
de rotinas das creches transmitirem a idéia de que são algo particular e singular às
unidades educativas, essas estão diretamente ligadas à organização social e
política, isto é as rotinas não são construídas naturalmente e sim conforme as
“regras” impostas pela sociedade. Assim, a rotina pedagógica é um componente de
grande importância para estruturar e organizar os tempos e espaços das instituições
de educação infantil levando em consideração as especificidades dos sujeitos
envolvidos.

Ao introduzir a discussão sobre as rotinas Barbosa (2006) apresenta um


apanhado histórico da situação e avanços conquistados pela educação infantil, além
de dados e procedimentos utilizados em sua pesquisa. Segundo a mesma, a partir
da década de 1970, a educação das crianças de 0 a 6 anos começa a ter um novo
caráter no que se refere às políticas públicas e teorias educacionais. No ano
de 1988 através da Constituição Federal as crianças e os/as adolescentes
começam a ser considerados/as enquanto sujeitos de diretos e a oferta de
atendimento gratuito tornou-se um direito da criança. Todavia, esse contexto não
esteve isento de contradições, visto que o mesmo governo que apoiou a aprovação
da lei criou políticas públicas de financiamento que não contemplavam a oferta
de uma educação infantil de qualidade. Barbosa (2006) também explana sobre
o crescimento da produção bibliográfica sobre educação infantil, a qual a partir dos
anos de 1980 contou com um expressivo aumento no número de autores/as
nacionais discutindo essa temática.

Outro ponto abordado pela autora está relacionado às propostas pedagógicas


para primeira infância (crianças de 0 a 6 anos), nas quais se torna necessário
conhecer cada criança que está no ambiente da educação infantil, respeitando
os seus limites, desejos e anseios. Esses pressupostos remetem a não
homogeneização das práticas, considerando as crianças como seres singulares,
elementos estes que precisam ser considerados nos momentos de elaboração
das rotinas. Portanto, o adulto precisa observar e ter sensibilidade perante os
comportamentos das crianças para não reproduzir práticas de rotulações.
A regularidade que as rotinas pedagógicas apresentam foi aspecto discutido pela
autora, no sentido de refletir acerca de determinados elementos que estão
implicitamente articulados, como por exemplo, a hora do sono, que repercute
cotidianamente. Nessa discussão, o uso do tempo precisa ser pensando e
planejado pelos/as profissionais, pois nos constituirmos num processo histórico em
que cada vez mais a institucionalização do tempo nas escolas foram mecanismos
rígidos. As crianças nos espaços de educação infantil geralmente não participam da
discussão sobre o uso do tempo nas atividades realizadas, sendo determinadas na
maioria das vezes pelos adultos.

A respeito do ambiente nas instituições infantis, a autora acredita que a


arquitetura da construção de uma instituição de educação representa parte da
proposta político pedagógica, influenciando diretamente nas expressões corporais
das crianças. É preciso pensar em cada detalhe dessa construção levando em
consideração as particularidades das crianças pequenas, no sentido de criar
diferentes possibilidades para a ampliação do universo cultural e conceitual das
crianças (BARBOSA, 2006, p.135).

2.DESENVOLVIMENTO

Considerando a elaboração das rotinas, a autora destaca as semelhanças das


escolas com as fábricas, já que os modos de organização do trabalho no setor fabril
são muito parecidos com os das creches, principalmente no que tange ao
funcionamento hegemônico. A partir daí, surgem às questões referentes às
classificações das idades e das matérias; subdivisões internas das instituições;
conteúdos de ensino, entre outros.

Nessa direção as rotinas não são práticas exclusivas das instituições educacionais.
Retomando a questão sobre o que está previsto e o que realmente acontece nas
rotinas das instituições, Barbosa (2006) salienta que os adultos também se
encontram presos aos aspectos de homogeneização, sendo preciso considerar
nos momentos de organização das rotinas a consideração de que estas estão
sendo elaboradas para crianças heterogêneas, com vivências diferenciadas que
precisam ser respeitadas.

Dentre os pontos abordados que envolvem a rotina na educação infantil também


estão as formas de organização e representação das rotinas, entre elas visual e oral.
Na primeira são apresentadas para as crianças, geralmente através de cartões com
figuras, para simbolizar a próxima ação da rotina. Conforme a autora essa
estratégia pode facilitar a participação das crianças e das famílias. A outra é na
modalidade oral, em que através de conversas é colocado o que já foi realizado e o
que ainda há por vir. Os materiais também são elementos extremamente
importantes na organização das rotinas, sendo que esses proporcionam a criação
de alternativas de atividades para os grupos. Com relação às atividades da rotina,
a autora ressalta duas interpretações, entre elas: Atividades de socialização,
como por exemplo: Entrada, saída, refeição, sono; e Atividades consideradas
pedagógicas. As primeiras costumam ser demarcadas por divisões de tempos
institucionais, sendo de comum acordo com todos os grupos pertencentes à
instituição.

Diante desse assunto Barbosa (2006) relata sobre a questão da separação


nas atividades de rotina entre os cuidados e a educação. Nessa direção, a
mesma proporciona reflexões que remetem a indissociação entre o cuidar e o
educar. Nas proposições da autora, “(...) sob uma ação de cuidado, há um projeto
educativo e que todas as propostas pedagógicas precisam avaliar a dimensão dos
cuidados necessários para sai plena realização.” (BARBOSA, 2006, p. 169).

A respeito da organização temporal a autora observou que nas rotinas destinadas às


crianças pequenas as atividades são mais lentas, exigindo um tempo mais amplo
e sem a exigência de que as crianças cumpram as ações no tempo previamente
definido. Já na pré-escola, as rotinas apresentam-se mais próximas do modelo
escolar. Sobre a flexibilidade das rotinas, Barbosa (2006) ressalta dois pontos
chave. Primeiro a importância de respeitar os horários de cada criança e a partir daí,
montar as rotinas, e segundo a questão da dita “organização”, em que através
das rotinas as crianças sentem-se mais seguras com relação à disposição das
ações. Ela ainda afirma que na educação infantil as propostas são definidas pelo
tempo, impondo um ritmo as atividades e tendo espaço para certa flexibilização, já
nas series iniciais isso não é tão permitido, devido a carga de conteúdos. Com
relação à padronização a mesma levanta o debate sobre a homogeneização das
práticas de rotinas, enquanto uma prática de controle social. Sendo assim, as rotinas
seguem um padrão fixo e universal, no que tange a formulação, estrutura e
representação. Todavia, ao apresentarem-se de maneira universal não estão
sendo consideradas as questões referentes às particularidades e singularidades de
cada criança. Isto é, os modos de padronização das rotinas tende a criar um
discurso único.

A autora indica também que as transformações atingidas na sociedade


contemporânea, realizaram mudanças acerca das discussões em torno da
educação infantil. Isso porque, a vida moderna passou a exigir algumas
demandas como o autocontrole e a interiorização de regras. Assim, as
pedagogias passaram a valorizar questões como a criatividade, livre expressão,
trabalhos em grupo que, segundo a autora, resultou em uma maior exibição
dos resultados realizados pelas crianças. No entanto, os processos pelos quais
se alcançavam esses resultados não levavam as especificidades das crianças.
Dessa forma, Barbosa (2006) indica a importância da atuação dos/as
professores/as na elaboração de propostas que considerem as crianças como
sujeitos de direitos capazes de participar na elaboração de propostas e organização
dos tempos e dos espaços na instituição que convivem.

3.CONCLUSÃO

Finalizando destacamos que ao decorrer do livro a autora vai expondo questões


referentes às rotinas na educação infantil, considerando o universo abrangido em
sua pesquisa. Em meio aos seus relatos podemos depreender que embora as
rotinas apresentem-se com propostas flexíveis, em alguns casos acabam
sendo universais e padronizadas. Contudo, conforme a autora as rotinas também
podem ser analisadas por outro ângulo, no qual os rituais servem como maneira de
criação da identidade social, criando assim sentidos para as crianças. Em face ao
debate reiteramos a necessidade de reflexões sobre as rotinas, de tal forma que
as regras e normas sejam discutidas, construídas e reconstruídas
constantemente. A partir daí, aumentam-se as chances das crianças serem
respeitadas na sua totalidade, enquanto sujeitos ativos e de direito

REFERÊNCIAS

Resenha do Livro: BARBOSA, Maria Carmen Silveira. Por amor e por força: rotinas
na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2006
Resenha do livro “Literatura infantil e juvenil: do literário a outras
manifestações estéticas”

Sistema literário cuja legitimação é cada vez mais consensual, a literatura para a
infância e a juventude tem suscitado renovado interesse, norteando-se cada vez
mais por uma expansão baseada na assimilação e integração, na própria gênese da
escrita, de potencialidades e matrizes originárias de outras áreas artísticas. Entre o
literário e outras manifestações estéticas, nesse encontro expressivo e fértil, situa-se
a literatura especialmente vocacionada para a criança e para o jovem, objeto que se
reveste de particular relevância na sua formação leitora e literária. Resultante dos
trabalhos concretizados no VI Seminário de Literatura Infantil e Juvenil (VI SLIJ) e I
Seminário Internacional de Literatura Infantil e Juvenil e Práticas de Mediação
Literária (I SELIPRAM), realizados na Universidade Federal de Santa Catarina, o
volume intitulado Literatura Infantil e Juvenil. Do Literário a outras manifestações
estéticas, editado, em 2016, sob a coordenação das Professoras e Investigadoras
Eliane Debus, Dilma Beatriz Juliano e Nelita Bortolotto, congrega um conjunto de
dez estudos com enfoques diversos que testemunham a vitalidade da investigação
encetada em torno da produção literária e artística que tem na criança e no jovem os
seus destinatários preferenciais. As abordagens reunidas centram-se em tópicos
como: a literatura infantil e juvenil; as técnicas e/ou procedimentos de mediação de
leitura; a literatura, a cultura e o ensino; a educação infantil e a construção do leitor;
os processos de aprendizagem das estratégias de leitura; o texto poético; a
intertextualidade, entre outros.

Assinados por pesquisadores brasileiros – com a exceção da investigadora Ana


Margarida Ramos, portuguesa e professora auxiliar na Universidade de Aveiro
(Portugal) –, todos com reconhecidos currículo, como se pode ler na secção
intitulada «Sobre os autores», os estudos compilados, pela seriedade e pela
propriedade das reflexões que avançam, representam um contributo muito válido
para a área científica em que se situam. Depois da «Apresentação» da obra, na qual
as coorganizadoras explicitam a gênese do volume aqui em recensão e sintetizam,
em breves linhas, o núcleo problemático e/ou temático de cada um dos capítulos,
sucedem-se dez pertinentes estudos, nos quais se pressentem o posicionamento
teórico e pessoal de cada um dos investigadores. «Leituras literárias e de outras
linguagens: a mediação em perspectiva», da autoria precisamente das
coorganizadoras da obra, equaciona a linguagem ficcional em diálogo com outras
dimensões e vivências culturais enquanto meio de formação do leitor em espaços
educativos. Ana Margarida Ramos, em «Tendências contemporâneas da literatura
portuguesa para a infância e a juventude: desafios atuais», apresenta uma
pertinente panorâmica de autores e ilustradores consagrados, linhas ideotemáticas,
tendências estéticas, entre outros, da literatura portuguesa. A estes aspectos,
rigorosamente tratados, com o poder de síntese exigido no contexto de divulgação
do estudo em causa, acrescenta uma referência às casas editoriais especializadas
em emergência e em consolidação, bem como a algumas acções de legitimação da
literatura infantil e juvenil portuguesa. José Nicolau Gregorin Filho, em «Literatura
infantil e juvenil, cultura e ensino», incide, por sua vez, na infância e na juventude,
para versar a questão da educação e da presença da literatura na sala de aula. O
papel da escola na formação literária e/ou cultural da criança e do jovem é
equacionado por este estudioso, preconizando uma mudança de paradigma que
deveria assentar na aproximação das práticas escolares do contexto cultural do
próprio leitor que, assim, a partir da literatura, se sentiria mais “habilitado” para “ler o
mundo”.
Em «Educação infantil e a gênese do processo de construção do leitor literário», de
Mônica Correia Baptista, Celia Abicalil Belmiro e Cristiene Galvão, pode ler-se uma
sustentada reflexão acerca dos contactos precoces da criança, ainda bebé, com o
texto literário, juntando-se considerações várias acerca da linguagem e da sua
aquisição, enquanto substrato também para a aprendizagem da linguagem escrita.
Preconiza-se que o brincar, a imitação, a imaginação, a repetição, a beleza e o
grupo de pares são fundamentais na relação da criança com a literatura. Renata
Junqueira de Souza, em «Para compreender os processos de aprendizagem das
estratégias de leitura», revisita uma metodologia norte-americana que tem origem
nos estudos da metacognição, e incide igualmente nos processos de mediação de
leitura, colocando especial ênfase no papel do professor, muito especialmente na
criação de inferências, e nas conexões texto-leitor, texto-texto e texto mundo. A
investigadora salienta a relevância da promoção de um ensino de leitura
diferenciado, defendendo o recurso a textos literários diversos e a formas distintas
de estimular o contacto com estes objectos. Revelando o seu empenho em defender
um contacto fruitivo com literatura, desde os contactos primordiais e, mais
concretamente, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, Jilvania Lima dos Santos
Bazzo chama a atenção para a componente estética do texto literário e para a sua
importância, na escola, no ensino da leitura e da escrita. Regina Michelli, por sua
vez, em «Pelas veredas da poesia», igualmente focada na questão da promoção do
gosto pela literatura, advoga a valorização e a presença da poesia na infância,
entendendo-a como fundamental do ponto de vista da «construção de um espaço
significativo de relação com o próprio eu, com o outro e com o mundo, descobrindo-
se o sentido de palavras que redimensionam a vida.» Partilha, ainda, uma proposta
de oficina que intitula sugestivamente «Vamos brincar à poesia?» com interessantes
pistas e cuja replicação dará certamente resultados muito positivos. A narrativa A
bicicleta que tinha bigodes, de angolano Ondjaki, é o objecto de estudo de Celso
Cisto em «Literatura, ideologia e cidadania: o pequeno leitor como foco do diálogo
entre história e ficção em A bicicleta que tinha bigodes, de Ondjaki». Exemplo da
ainda parca literatura africana de língua portuguesa para a infância, o conto relido é
perpassado por fios intertextuais, muitos de âmbito histórico-político e literário (o
escritor Manuel Rui transmuta-se ficcionalmente no Tio Rui), colocando num plano
equivalente os adultos e as crianças. Tópicos com a História de Angola, o seu
passado e o seu presente, ou a consciência cívica e o papel comunitário das
crianças, por exemplo, plasmados no texto de Ondjaki, são interpretados com
perspicácia pelo investigador. Daniela Bunn, em «Texto e imagem: a
intertextualidade, o estranhamento e os gênero textuais no cotidiano escolar»,
defendendo a mobilização de diferentes linguagens e gêneros na escola, discute
questões como a forma como se escolhem os livros ou os textos literários, as
estratégias através das quais se pretende apurar as habilidades de reflexão e crítica
dos leitores mais novos, bem como as suas capacidades de identificar intertextos
não apenas na literatura, mas também, por exemplo, em outras manifestações
artísticas. Propõe um percurso de leitura, análise ou exploração do texto, da imagem
e do texto-imagem, partindo do pressuposto que o professor deve optar por
selecionar criteriosamente textos híbridos. Por último, o estudo «Entre olhares e
linguagens: a construção da metáfora na literatura e no cinema», de Cristiano
Camilo Lopes, Joana Marques Ribeiro e Juliana Pádua S. Medeiros, sem deixar de
avançar com exemplos textuais concretos, de latitudes ou distintas geografias,
aborda a questão da metáfora ilustrativa na literatura para a infância, assim como da
ativação de estratégias visuais comuns na esfera cinematográfica, por exemplo, o
travelling e zoom, também nos livros para crianças. A presença da metáfora nas
produções audiovisuais, entendida como recurso estético assíduo, é também
problematizada. Em síntese, genericamente, o discurso dos estudos coligidos no
volume em pauta é simples, coerente, rigoroso e devidamente fundamentado como,
aliás, se exige em exercícios acadêmicos deste gênero. Esta obra plural, do ponto
de vista da autoria e da própria perspectivarão, é, pois, mais uma consubstanciação
do fato da literatura infantil e juvenil se singularizar como um importante objeto
formal de investigação, cada vez mais reconhecido acadêmica e socialmente. Por
tudo aquilo que foi dito, Literatura Infantil e Juvenil. Do literário a outras
manifestações estéticas representa uma importante referência bibliográfica e/ou
apoio para professores, investigadores e/ou outros mediadores de leitura.

REFERÊNCIAS

DEBUS, Eliane; JULIANO, Dilma Beatriz; BORTOLOTTO, Nelita. (Orgs.) Literatura Infantil e
Juvenil: do literáriao a outras manifestções estéticas. Tubarão: Copiart; Unisul, 2016.
Educação a distância: sobre discursos e práticas

O organizador, Oreste Preti, é Mestre em Educação, professor do Departamento de


Teorias e Fundamentos da Educação do Instituto de Educação da Universidade
Federal de Mato Grosso – UFMT e Coordenador do curso de Pedagogia na
modalidade Licenciatura para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental do Núcleo de
Educação Aberta e a Distância (Nead) da UFMT. O livro é uma produção conjunta
com reflexões, pesquisas e práticas educativas inovadoras valendo-se da
modalidade a distância. No prefácio à 1ª edição, Onilza Martins, Doutora em
Administração da Educação, Coordenadora Geral do Cead/Facinter (Faculdade
Internacional de Curitiba), destaca o Ensino a Distância, a partir da aprovação da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20/12/96), não apenas
como instrumento de maior democratização ao acesso às universidades, mas pelas
discussões que provoca sobre novos paradigmas educacionais.

A formação de professores é o tema inicial de discussão no livro, com dois artigos. O


primeiro, A formação do professor na modalidade a distância: (dez) construindo
meta narrativas e metáforas, de Oreste Preti discute a (re) qualificação do
trabalhador na educação; a Educação a Distância - EaD como uma nova prática ou
um novo discurso; e descreve a experiência do Núcleo de Educação Aberta e a
Distância (Nead) da Universidade Federal de Mato Groso - UFMT. O autor
esquadrinha a experiência na UFMT que em construção pelo Nead permitiu
(re)construir práticas e (re)significar discursos sobre a formação do professor e a
modalidade a distância que trazem no seu bojo o amadurecimento de propostas
formativas ensaiadas ao longo de três décadas e são os resultados de
possibilidades construídas coletivamente em parceria, que assumiram
características nacionais e locais. No segundo artigo do tema formação de
professores, Educação a distância e a formação de professores: Possibilidades de
mudança paradigmática, a autora Maria Neder, Doutora em Educação e professora
do Departamento de Teorias e Fundamentos da Educação, do Instituto de Educação
da UFMT afirma que o essencial da EaD está não somente na sua adjetivação (a
distância), mas também naquilo que lhe é susbstantivo (educação). Assegura que
antes de se pensar na organização do projeto pedagógico, se presencial,
semipresencial, ou a distância, é necessário pensar sobre o significado conferido à
educação. Neder percebe que ao pensar em EaD deve- -se pensar antes em
educação, como prática social que contribui para construção de significados,
reforçando e/ou conformando interesses sociais e políticos, refletindo nas questões
contemporâneas como violência, discriminação, desigualdade, exclusão, e na busca
de ações práticas que contribuam na formação de uma ética de convivência mais
solidária.

A segunda parte do livro apresenta quatro artigos sobre práticas discursivas. O


primeiro, Educação a distância como processo semi o discursivo, de Lúcia Possari,
Doutora em Comunicação e Semiótica, professora do Departamento de
Comunicação Social e dos mestrados em Linguagem e em Estudos de Linguagem
do Instituto de Letras da UFMT e do mestrado em Educação da Universidade de
Cuiabá (Unic), afirma que não se prescinde da presença de um corpo para se fazer
significar. O segundo artigo sobre práticas discursivas – A “autonomia” do estudante
na educação a distância: entre concepções, desejos, normatizações e práticas,
elaborado por Oreste Preti, versa sobre a construção da autonomia do estudante e a
experiência do Núcleo de Educação Aberta e a Distância (Nead/UFMT) que oferece
pistas para que o discurso sobre a autonomia do estudante em cursos a distância,
se efetive em práticas de autonomia. Preti enfatiza que um dos objetivos principais
das instituições de EaD é formar estudantes autônomos, não no sentido de
autonomização ou de autodidatismo, mas fazer da autonomia uma construção
pessoal e coletiva. O autor interroga: “Mas como conciliar a individualidade, a
diversidade, com um projeto político-pedagógico institucinal, coletivo?” Segundo o
autor, a experiência do curso de Pedagogia a distância da UFMT oferece caminhos
para compreender as possibilidades da EaD no processo de contrução da
aprendizagem autônoma do estudante. Preti arremata afirmando que cabe aos
educadores envolvidos em cursos a distância, dar conta de sua concretude, de sua
existência, apesar das limitações históricas, institucionais e pessoais. No terceiro
artigo sobre práticas discursivas, A avaliação e a avaliação na educação a distância:
algumas notas para reflexão, desenvolvido por Kátia Alonso, Doutora em Educação,
professora do Departamento de Ensino e Organização Escolar e Coordenadora de
Educação Aberta e a Distância (Nead/UFMT), afirma que a avaliação é parte
integrante da ação educativa, pois se evidencia quando se desenvolve o processo
de ensino/aprendizagem, podendo, se necessário, redirecioná-lo ou reelaborá-lo.
Alonso, também, certifica que o desafio da avaliação em EaD está em desvenciliar-
se da relação direta professor/aluno, uma vez que o processo ensino/ aprendizagem
pode ser mediado por diversos meios tecnológicos. Assim, segundo a autora, esses
elementos formam novos ambientes de aprendizagem, saindo da sala de aula
presencial.

O quarto e último artigo sobre práticas discursivas, Os desafios do sistema de


gestão em EaD, de Onilza Martins atesta que as propostas de EaD devem sediar
suas organizações, estruturas e processos de gestão de sistemas, em espaços
físicos de acesso transparente aos estudantes e à sociedade. Releva que é
necessário garantir, desde o início, a entrega dos materiais aos alunos e todas
informações necessárias para o andamento do curso e que pesquisas tem
assinalado preocupações dos gestores quanto ao custo-benefício em relação aos
resultados alcançados pelos alunos na aprendizagem de qualidade, a diversidade de
cursos, causa provável de evasões e a construção de estratégias para superar
impasses encontrados pelos estudantes. Encerra sua percepção apontando a
importância em reconhecer que o impacto das tecnologias digitais na sociedade e na
cultura que vivemos, reacende os debates tanto nos sistemas de ensino a distância,
como no presencial. O livro busca apontar a EaD como uma modalidade adequada à
formação de professores; que dentre os seus benefícios, contribui para a expansão
e consolidação da educação continuada de seus profissionais, aspecto importante
para o bom desempenho docente. Os autores em sua maioria oriundos da
Universidade Federal de Mato Grosso relatam em seus artigos experiências vividas
naquela instituição de ensino. A provocação no sentido de pensar diferente sobre
planejamento político-pedagógico, formação de professores, construção do
conhecimento e avaliação foi uma constante em todos os artigos do livro. A obra
apresenta ao longo de seus artigos questões para reflexão e descrição de práticas
educativas em EaD que são indispensáveis aos profissionais que trabalham com
educação, não só na modalidade a distância como na presencial. Entretanto, a
leitura deverá ser feita de forma crítica e contextual evitando a panacéia para
solução de todos os males da educação. Com um “olhar” mais perquirido, questões
importantes ficaram ausentes na discussão, como: problemas de evasão, qualidade
dos cursos, avaliação de aprendizagem, métodos de estudo utilizados pelos
estudantes, e a importância do sistema de gestão em EaD.

REFERÊNCIAS

PRETI, O. (Org.). Educação a distância: sobre discursos e práticas. 2. ed. Brasília: Liber Livro Editora,
2012. 192 p
Resenha do livro: Metáforas novas para reencantar a educação -
epistemologia e didática

Apesar do panorama desolador no sistema educacional brasileiro, tanto em termos


de técnicas, metodologias e experiências criativas, o autor defende uma persistência
dos processos de aprendizagem, em que os processos vitais e os de conhecimento
despertem novidades fascinantes e motivações positivas para REENCANTAR a
educação 
As circunstâncias adversas produziram o negativismo, no qual aqueles que dantes
pareciam progressistas e inovadores desembocam, nas palavras do autor, onde as
ecologias cognitivas inexistem. Com o conhecimento e o aprender interagindo como
assuntos obrigatórios, o mercado que promove as tendências de inclusão e exclusão
deve dar lugar a uma relação onde os homens e as máquinas são parte do mesmo
processo, todos agindo em prol da vida, do conhecimento 
E as insensibilidades devem abrir caminho para a explosão dos espaços de
conhecimento, onde a educação sai do mero discurso e promove a revitalização do
tecido social e do conhecimento, com todos os valores a si inerentes. Os processos
cognitivos carecem de uma visão antropológica séria, que mesmo complexa traga
lucidez política e ética, onde a solidariedade produza consensos políticos e
educacionais, onde a criatividade se revista de ternura e felicidade individual e
coletiva. 
Como o prazer e a ternura na educação passa pela experiência sensorial do corpo,
a morfogênese do conhecimento tem que ser dinâmica, prazerosa e curativa, com
uma pluri-sensualidade que passe pelo cérebro, pelas emoções, e se expresse no
corpo. Assim, o monopólio da educação visual-auditiva dará lugar a uma educação
instrutiva e criativa, cheia de encantamentos e acessível, comprometida com o social
e centrada no prazer de aprender e ensinar, e onde a educação se reveste
novamente de encantos. 

REFERÊNCIAS

ASSMANN, Hugo. Metáforas novas para REENCANTAR a educação -


epistemologia e didática. 
Resenha do livro: O construtivismo na sala de aula

O artigo tem por base a fala de uma criança quando questionada sobre como
conseguiu ser aprovada na 1ª série, após haver revelado grandes dificuldades no
processo de alfabetização. É um estudo que faz a relação entre essa fala da criança
e o Construtivismo. Aborda conceitos de Piaget e de pesquisadores sobre o
Construtivismo, que fornecem dados para se compreender o sujeito que aprende.
“Aprender é construir”. A aprendizagem contribui para o desenvolvimento na medida
em que aprender não é copiar ou reproduzir a realidade. Para a concepção
construtivista, aprendemos quando somos capazes de elaborar uma representação
pessoal sobre um objeto da realidade ou conteúdo que pretendemos aprende 
Procurar-se-á aqui encontrar nessa frase conceitos do Construtivismo dentro de
cada parte dela. O aluno, ao ser questionado sobre como conseguira se aprovado,
dando uma definição bem abrangente, que envolve desde a elaboração do processo
até como conseguiu chegar ao final, dentro de sua sabedoria ingênua e simples,
respondeu:
“É assim, Ó, eu fui fazendo, fazendo,
Eu fui tentando e aí eu consegui. (...)
Tem que ir ajeitando na minha cabeça,
Misturando com as outras coisas.” 
Através dessa análise percebe-se que esta criança realmente conseguiu elaborar,
de maneira ingênua e simples, uma frase onde é colocada toda uma sabedoria
infantil e que consegue explicar toda uma concepção. Certo é que não se utilizou de
um discurso lingüístico com diversidades de palavras que até pudessem fazer parte
do seu vocabulário no cotidiano, mas, numa frase curta, ela englobou, de certo
modo, toda uma visão da concepção construtivista.

REFERÊNCIAS

COLL, César e outros. O construtivismo na sala de aula.


Resenha do livro: A autonomia dos professores

Como resultado das mudanças sociais, políticas e econômicas pelas quais estamos
passando hoje existem uma preocupação latente em se realizar pesquisas que
busquem compreender o exercício da docência e dos processos de construção da
identidade, profissionalidade e profissionalização do professor.
Três grandes partes compostas de oito capítulos que versam sobre a preocupação
do autor com a apropriação indiscriminada, banalizada e generalizada dos termos
profissionalização e autonomia de professores
Na primeira parte – A autonomia perdida: a proletarização dos professores
– Contreras analisa o problema do profissionalismo no ensino, em especial o
processo de proletarização pelo qual passa o professor, os vários significados do
que é ser profissional e à profissionalidade.
Na segunda parte – Modelos de professores: em busca da autonomia profissional do
docente –, são discutidos três modelos tradicionalmente aceitos com respeito à
profissionalidade dos professores, a saber: o especialista técnico, o profissional
reflexivo e o intelectual crítico
3ª PARTE=autonomia e seu contexto – é estabelecida uma visão global do que se
deve entender por autonomia de professores.
Contreras toma como bases teóricas as idéias
O professor será autônomo quando a escola for autônoma, ou seja, quando tanto o
professor quanto a escola forem realmente os idealizadores das práticas educativas
e não apenas aplicadores de receitas mágicas prescritas fora dos muros da escola e
sem o aval e a reflexão da comunidade na qual está inserida.
Esta obra, portanto, destina-se à todos aqueles que procuram entender a autonomia
professoral como forma de melhoria do processo educativo, no qual o professor tem
um papel fundamental.

REFERÊNCIAS

CONTRERAS, José. A autonomia dos professores. 

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