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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

SOC002 - CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


Aula 7 - Subjetividade e Cidadania

Aluno: CAIO BORGES MEDEIROS


Matricula: 2020018991
Turma: T08

Profº: JOSE GILBERTO DA SILVA

Data: 14 de maio de 2022

ITAJUBÁ
2022
Entre a fé e a razão

No ano de 1327, o Papa e alguns monges franciscanos se reúnem em um


monastério beneditino para uma conferência, porém, uma série de assassinatos
interrompe a reunião. Assim, uma investigação para desvendar o enigma é iniciada.
Nesse meio tempo, o inquisidor Bernardo Gui surge em cena com o objetivo de
erradicar a heresia dominante do mosteiro. Utilizando-se de tortura e tendo como alvo
principal seu antigo desafeto, o monge William de Baskerville juntamente com seu
auxiliar o noviço Adso nos crimes. Este é o enredo do filme “O Nome da Rosa” que é
baseado no livro, de mesmo nome, de Umberto Eco. O best-seller dos anos 80 colocou
o autor italiano entre um dos expoentes da literatura contemporânea, alcançando
prestigio internacional como romancista. Marcada pela ironia de Eco, a narrativa é
repleta de mistérios com símbolos secretos e manuscritos codificados.
A trama se passa em um remoto mosteiro no norte da Itália em plena Idade
Média. William de Baskerville, um monge franciscano, e o seu ajudante noviço Adso de
Melk começam a investigar as misteriosas morte dos monges no local. Ao contrário dos
demais clérigos, que acreditavam que as mortes eram obras da ação demoníaca e sinais
do apocalipse, os protagonistas William e Adso são movidos pelo conhecimento
racional, pela experiência, pela investigação e a dedução. Assim, eles começam a
desconfiar que a chave do mistério está na imensa biblioteca do mosteiro, cujo acesso é
restrito a poucos monges. Com isso, eles passam a associar as pistas e por meio da
razão e da lógica encontram a verdade.
O filme trabalha diversas camadas de situações que marcaram a Idade Média e
consegue colocar em pauta questões contemporâneas. Retratando a ciência como o
caminho que leva à verdade e ao saber. A investigação de William e Adso é baseada em
evidências, na lógica e no pensamento racional. Entretanto, ao longo do filme, fica claro
como a ciência ficava subordinada às questões eclesiásticas.
Em uma época em que a Igreja era detentora de total poder, os mosteiros
poderiam ser comparados a uma espécie de universidade. Já que eram espaços para o
estudo da teologia, filosofia, literatura e eventos naturais sob o ponto de vista da
religião. Visto isso, por muito tempo, os mosteiros foram os responsáveis pela
preservação e, é claro, o controle da cultura e dos conhecimentos da época. Os
pensamentos só poderiam ser formados a partir do que ali era pregado. Logo, os monges
eram uma espécie de guardiões da cultura. Assim, o clero, mantinha um monopólio do
conhecimento.
Seguindo todas as pistas que puderam encontram, William e Adso finalmente
descobrem o que motivou os assassinatos. A biblioteca do mosteiro guardava obras não
aceitas pela Igreja Medieval, incluindo muitas obras filosóficas. Uma delas era um
suposto livro de Aristóteles que abordava a comédia e o riso, temas esses que eram
condenados pela igreja como um ato que levaria os homens à desobediência a Deus. Por
isso, visando evitar a propagação daquelas ideias, um dos monges colocava veneno em
suas páginas resultando na morte de alguns personagens. Assim, pode-se afirmar que
tanto na época em que se passa a história quanto atualmente, a comédia é vista, por
muitos, como um gênero menor, que não é tão importante como o drama. Fazendo-se
importante reflexão sobre o tema, não apenas como o riso pelo riso, mas como uma
forma de crítica.
Portanto o monge franciscano William aparece no filme como uma
representação de um período posterior, que já se aproximava da época retratada e que
abalaria boa parte do conhecimento adquirido pela humanidade até então, esse período é
o Renascimento. Colocando a razão em primeiro lugar, exaltando a ciência e a
tecnologia, campos como a arte, a religião e a própria maneira de encarar aspectos
cotidianos foram repensados e influenciados pelo movimento. Por meio das
investigações de cunho racional e fazendo da lógica um caminho para alcançar a
verdade dos fatos, William deixa os ideais da Igreja de lado em prol da ciência.

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