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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

SOC002 - CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


Aula 2 - Da ideia de universidade a universidade
das ideias

Aluno: CAIO BORGES MEDEIROS


Matricula: 2020018991
Turma: T08

Profº: JOSE GILBERTO DA SILVA

Data: 09 de abril de 2022

ITAJUBÁ
2022
Síntese do Tema: Da ideia de universidade a universidade das ideias
A missão da universidade definia por Karl Jaspers é “o lugar onde por concessão
do Estado e da Sociedade uma determinada época pode cultivar a mais lúcida
consciência de si própria."
A universidade tradicional tinha funções ligadas à transmissão da cultura, ensino
das profissões, investigação cientifica, educação dos “novos homens das ciências”. A
partir de 1960 em diante, visando a transformação do contexto social e
consequentemente da sociedade, a universidade passa a ter funções de ensino,
investigação e prestação de serviços.
As políticas universitárias geraram para a universidade um caráter de
multiplicidade de funções que terminaram por aumentar a população estudantil e do
corpo docente, uma proliferação de universidades, expansão do ensino e da investigação
universitária e a novas áreas do saber.
Já em 1987 a OCDE expandem as funções da universidade, atribuindo a elas 10
funções principais: educação geral pós secundária, investigação, fornecimento de mão
de obra qualificada, educação e treinamentos altamente especializados, fortalecimento
da competitividade e da economia, mecanismo de seleção para empregos de alto nível
através descredenciamento, mobilidade social para os filhos e filhas das famílias
operarias, prestação de serviços à região e à comunidade local, paradigmas de aplicação
de políticas nacionais, preparação para os papeis da liderança social.
Com isso é correto que podemos afirmar que diante de tantas funções que foram
atribuídas as universidades ao longo dos anos, contradições e incompatibilidades fossem
identificadas entre algumas dessas novas atribuições. Podemos ver que a função de
investigação colide com a função do ensino. Quando falamos no domínio da
investigação, os interesses científicos dos investigadores podem ser mais indiferentes
em fortalecer a competitividade da economia. Já quando diz respeito ao domínio do
ensino, os objetivos da educação geral e de preparação cultural divergem no interior da
mesma instituição, com os da formação profissional ou da educação especializada. As
universidades, estão muito longe de resolver as causas das tensões, elas atuam apenas
como administradoras das tensões, focando em mantê-las sob controle. Quando falamos
nessa gestão de tensões pode ser destacada 3 domínios onde tem se encontrados
problemas maiores:
O primeiro, está ligado a contradição entre a alta cultura e a cultura popular, que
se transpõe nos níveis de conhecimento difundidos ou disseminados na universidade. A
cultura e conhecimento destinados à formação das elites e a cultura e conhecimento
médios e úteis destinados à tarefa de transformação social e formação de força de
trabalho qualificada para o desenvolvimento industrial.
O segundo, está ligado hierarquização dos saberes especializados, o que colide
com as políticas sociais da democratização e igualdade de oportunidades.
E por último o terceiro, que está ligado a autonomia das universidades na
definição de valores e objetivos institucionais e a necessidade de submeter-se aos
critérios de eficácia e produtividade de origem e natureza empresarial.
A contradição entre o conhecimento de alto nível e o conhecimento funcional
leva a uma crise de hegemonia. “Há uma crise de hegemonia sempre que uma dada
condição social deixa de ser considerada necessária, única e exclusiva”. A contradição
entre a hierarquização e democratização gera a crise de legitimidade. “Há uma crise de
legitimidade sempre que uma dada condição social deixa de ser consensualmente
aceite”. A contradição entre a autonomia institucional e a produtividade social gera a
crise institucional. “Há uma crise institucional sempre que uma dada condição social
estável e autossustentada deixa de poder garantir os pressupostos que asseguram a sua
reprodução”.
O modelo de universidade do século XIX e as exigência sociais trazem as
dicotomias: alta cultura e cultura popular, educação e trabalho, teoria e prática. No
século XIX, o modelo de universidade era o modelo alemão, no qual ra caracterizado
por produção exemplar, excelência nos produtos culturais e científicos, criatividade da
atividade intelectual, liberdade de discussão, espírito crítico, autonomia e universalismo
de objetivos. A Universidade era uma instituição isolada, de grande prestigio social e
imprescindível para a formação das elites. É este o modelo que se contrapõe as
exigências sociais do conhecimento médio e técnico para o desenvolvimento econômico
e social.
Esse processo de democratização da universidade acentuou a dualidade entre a
universidade de elite e a universidade de massas. A explosão de cursos, de vagas e de
universidades geraram deficiência na educação, inclusive na formação de professores,
que levam ensino deficiente a estas instituições. Este cenário traçado a partir dos anos
60, trouxe à tona a degradação da produção cultura nas universidades e no anos 80,
houve uma forte tendência para elitizar novamente a universidade, com prevalência da
alta cultura. Visto isso, a transformação das funções da universidade a partir de 1960
buscou primeiramente atender às exigências sociais, o que culminou com o surgimento
das universidades voltadas para cultura de massas; depois, talvez por entender que o
modelo aplicado gerou contradições entre os objetivos tradicionais da universidade e a
aclamação social, assim houve uma tentativa de retornar ao passado, buscando a alta
cultura e o seu isolamento.

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