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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO

GRANDE DO NORTE

ANNA LUIZA DA SILVA SOARES MIRANDA

O NOME DA ROSA
Uma análise do filme

NATAL/RN
2023
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SUMÁRIO
1 CONTEXTO DA PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA.......................................................3
2 MOMENTOS HISTÓRICOS REPRESENTADOS PELA PRODUÇÃO..............................4
3 REFERÊNCIAS.......................................................................................................................8

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1- CONTEXTO DA PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA

O filme “O nome da Rosa” foi dirigido por Jean-Jacques Annaud e lançado em 1986, é
uma adaptação feita para o cinema do livro romântico humônico de Umberto Eco. A produção
foi feita pela 20th Century Fox e a ZDF e os produtores são Bernd Eichinger e Bernd Schaefers,
o filme conta com uma equipe múltipla e talentosa o que fez com que a obra se tornasse tão
marcante. A produção contou com a participação de atores renomados, como F. Murray
Abraham, Ron Perlman e Michael Lonsdale, que desempenharam papéis relevantes na
narrativa.

A história bem elaborada buscava com êxito retratar a Idade Média, a direção de arte e
cenografia, ficou sobre supervisão de Dante Ferretti, que recriou com precisão os cenários da
época, sendo esses: bibliotecas e corredores de mosteiro, trazendo fidelidade a época em que a
trama se passava.

Por sua vez, a fotografia ficou por conta de Tonino Delli Colli, este por meio das mesmas
contribuiu para a criação de uma atmosfera sombria e intrigante, contemplando assim o cenário
de mistério e investigação que a produção busca retratar.

Por conseguinte é importante salientar que a obra atingiu proporções internacionais,


conquistando prêmios como o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para Sean Connery, além de
prêmios o filme também incentivou debates entre fé e razão e levou as pessoas a questionarem
coisas do período retratado, assim incentivando conjuntamente o interesse para com a história.

Em suma o filme se destaca por meticulosidade técnica, pela qualidade do elenco e pela
capacidade de dialogar com questões universais. Sua produção bem feita expande fronteiras
temporais e geográficas, a grosso modo “O nome da Rosa” é um clássico do cinema e traz
consigo um legado duradouro na sétima arte.

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2- MOMENTOS HISTÓRICOS REPRESENTADOS PELA PRODUÇÃO

Agora partindo para o desenrolar da trama em si, trazendo à tona os momentos históricos
retratados o filme se passa no período denominado baixa Idade Média, e traz consigo
características marcantes da época nas suas complexidades políticas e culturais. Vale salientar
que o período retratado apresenta a ruína do feudalismo e nascimento do capitalismo na Europa
Ocidental.

Sobre as ordens religiosas beneditinas e franciscanas (a primeira fundada na Primeira


Idade Média e a segunda na Idade Média Central), grande parte do desenrolar da trama acontece
em um mosteiro beneditino, propiciando uma evidencia da vida monástica da época. Na trama
os beneditinos, são retratados no mosteiro onde se passa os acontecimentos relevantes da
história, os mesmos seguem uma rotina intensa de oração, trabalho e estudo. O abade é o líder
da comunidade, como citado anteriormente a trama busca trazer consigo fidelidade a época
retratada, ou seja, tanto na Idade Média como no filme o mosteiro é tido como um local de
aprendizado e preservação do conhecimento, mas também um ambiente onde o dogma religioso
e a autoridade eclesiástica desempenham papéis fundamentais. Como se percebe a trama se
concentra nos beneditinos, porém não se deve menosprezar a importância dos franciscanos no
desenrolar da história, esses representados pelo personagem William de Baskerville, esse é um
homem que apesar dos conceitos religiosos trás consigo a razão e o gosto pela investigação, ele
representa uma visão mais aberta da fé diferente da visão rígida dos beneditinos. Ambas ordens
desempenham papéis importantes no filme, na busca da relação entre fé e razão, a interação
entre essas ordens contribuiu para a complexidade e popularidade da trama, representando por
sua vez questões teológicas e filosóficas no contexto retratado.

Não se pode falar de “O nome da Rosa” sem falar do poder da igreja na Europa
medieval, esse era muito forte na sua influência na sociedade e na disseminação do
conhecimento, isso fica evidente em alguns aspectos, como: sua autoridade eclesiástica, a trama
se desenvolve em um mosteiro beneditino de autoridade centralizada, diferente da igreja de hoje
naquela época a mesma não detinha só poder espiritual, mas também político e social na
sociedade da época. O filme também demonstra uma espécie de controle do conhecimento já
que na biblioteca existem livros considerados proibidos, livros esse que contestem diretamente
a autoridade da igreja e faça as pessoas contestarem a sociedade em que se encontram. Outro
aspecto a destacar era o papel dos inquisidores, esses eram responsáveis por identificar e
condenar heresias, essa inquisição era utilizada para manter a supremacia católica na época,

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acabando assim com qualquer pensamento que contestasse a autoridade da época. Mais um
aspecto a ressaltar é o conflito entre fé e razão como citado anteriormente o personagem
principal (William de Baskerville) tinha um pensamento mais racional em comparação com os
ideais da época, esse aspecto nos mostra que a busca pelo conhecimento pode entrar diretamente
em conflito com a religião. Por fim sobre esse aspecto vale salientar o medo que a igreja tinha
da heresia, a mesma tinha medo de perder o poder exercido na época, por isso buscava sempre
controlar o pensamento e punir quem se arriscasse a confrontar o mesmo. O filme retrata com
excelência a igreja da época e aborda criticamente a relação entre a igreja e o conhecimento.

A nova mentalidade desafiadora a ser retratada na série será representada pelo


personagem principal já citado nesse artigo, como citado anteriormente William é um monge
franciscano que adota uma abordagem mais racional e científica para entender os mistérios que
ocorrem no mosteiro. Vale apresentar que William defende o método científico e que avalia os
acontecimentos do mosteiro analisando a lógica, a observação e o raciocínio crítico. Ele por sua
vez valoriza o conhecimento empírico, ou seja, busca entender os assassinatos através de pistas,
da interpretação de textos e evidentemente do uso da razão, isso vai diretamente contra o
pensamento na época, já que naquele período tudo era atribuído ao divino e não existia o
questionamento. Essa questão por sua vez implica em um desafio á ortodoxia religiosa, já que
o personagem interpretado por Sean Connery questiona a fé e busca trazer essa visão mais
aberta e racional, fazendo com que o mesmo entre em conflito com membros da igreja. A tensão
e a busca da relação entre fé e razão de William proporcionam mais à frente o desenvolvimento
da ciência e da filosofia. É importante se ter em mente que a biblioteca representada no filme
não trás a ideia de uma simples biblioteca, mas sim de um conhecimento acumulado ao longo
dos séculos, a busca por livros considerados proibidos e a resistência a censura representam a
luta pela liberdade intelectual e a expansão da visão imposta pela igreja católica. Existem
pessoas que digam que a biblioteca é o personagem inanimado principal da história já que lá
acontece todo o desenrolar e também por não ser uma simples biblioteca, mas trazer consigo
todo um significado. Alguns dizem que a “Rosa” que deu nome ao filme seria a biblioteca,
porém essa teoria nunca foi confirmada.

Sobre a estrutura dos mosteiros a arquitetura retratada na trama representa a típica


construção monástica da Idade Média, isso inclui a igreja, o dormitório, o refeitório, a biblioteca
e os claustros, esses locais servem tanto com locais de adoração, mas também como locais de
vida e trabalho para os monges, já que esses vivem a vida dedicada a sua fé. Os claustros servem
de locais de contemplação, meditação e estudo, nos mosteiros é comum a existência de jardins,
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já que esses podem ser usados tanto para alimentação quanto para fins medicinais. Os refeitórios
por sua vez, são onde os monges se reúnem para fazer suas refeições em silêncio,
acompanhados de leituras que acrescentem de alguma forma na sua vida religiosa. Os
dormitórios são grandes salões com celas individuais ou camas separadas para cada um dos
monges, como o próprio diz é o local onde os monges descansam por horas regradas. A
biblioteca também busca trazer veracidade aos fatos, já que os mosteiros medievais abrigavam
coleções de manuscritos. Em sua organização os mosteiros seguiam uma estrita hierarquia
liderada pelo abade, os monges possuíam horários fixos de orações, trabalho e estudo. Em sua
rotina eram inclusos trabalhos manuais como agricultura, produção de alimentos e cuidado nos
jardins.

Atualmente na religião católica muitas das as práticas religiosas do clero regular são
mantidas, porém não são feitas do mesmo modo que em um mosteiro como o retratado no filme,
são elas: orações litúrgicas realizadas em diferentes horas e marcavam as diferentes fases do
dia, no filme essas orações eram realizadas na igreja do mosteiro. A missa diária era realizada
no mosteiro, hoje na fé católica para ser considerado um católico fiel, basta frequentar as missas
aos domingos, porém no filme era uma prática diária e fazia parte da sua devoção religiosa e da
representação da eucaristia. A prática de jejum e abstinência que hoje em dia ainda é comum
para algumas pessoas principalmente durante a quaresma, também era feita pelos monges eram
consideradas formas de disciplina espiritual e purificação, o filme aborda essas práticas como
parte do compromisso religioso. Confissão e penitencia essa prática é representada na cena em
que William ouve confissões e aconselha outros monges, até hoje a prática confissão representa
o arrependimento por parte dos fiéis e a busca pela santidade. Vale ressaltar que apesar de não
ser retratado no filme, os monges faziam votos de obediência, castidade e pobreza, a exemplo
disso atualmente temos o frei Gilson de ordem franciscana que abriu mão de todas as regalias
aos 14 anos de idade para viver o propósito, que segundo ele foi ordenado por Deus.

No contexto paradigma indiciário o mesmo é adotado por William quando decide


investigar os assassinatos, ele como já citado inúmeras vezes tinha a razão junto com sua fé, ou
seja, coletava informações por meio do diálogo com outros personagens e pela interpretação de
pistas, usando a lógica para entender os acontecimentos. O personagem apresenta uma boa
compreensão de indícios, conseguindo por sua vez conectar de diversas maneiras caos que até
então pareciam não ter conexão alguma, conecta elementos, como: livros específicos, símbolos
e comportamentos. Vale salientar que ele não se deixa levar pela cegueira religiosa da época,
buscando por sua vez explicações naturais ao invés de acreditar que as vítimas estariam
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sofrendo punições divinas, desafiando assim a igreja da época. Para concluir é importantes
termos em mente que o mistério não foi solucionado com apenas um indicio, mas com a
sequência deles. O filme retrata um conflito entre as diferentes formas de pensamento na Idade
Média.

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REFERÊNCIAS

O NOME da Rosa. Direção de Jean-Jacques Annaud. Produção de Bernd Eichinger Bernd


Schaefers. Roteiro: Andrew Birkin, Gérard Brach, Alain Godard, Howard Franklin. Klöster
Eberbach: Century Fox, Zdf, 1986. (130 min.), son., color.

O NOME da Rosa: Umberto Eco. In: O nome da Rosa : Umberto Eco. 10. ed. O que os
grandes livros ensinam sobre Justiça (org. José Roberto de Castro Neves): Marçal Justen
Filho, 2019. Disponível em: https://www.justenfilho.com.br/artigos/o-nome-
darosa/#:~:text=O%20Nome%20da%20Rosa%20%C3%A9,da%20capacidade%20criativa%2
0do%20autor. Acesso em: 5 dez. 2023.

FICHA técnica completa: O nome da Rosa. In: Ficha técnica completa: O nome da Rosa.
Brasil: Filmow, Verão [2020?]. Disponível em: https://filmow.com/o-nome-da-rosa-
t5722/ficha-tecnica/. Acesso em: 5 dez. 2023.

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