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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS -

FMU
CURSO DE HISTÓRIA

Samuel Augusto Gomes, RA: 2349719

O NOME DA ROSA
Atividade N1

São Paulo - SP
2023
QUESTÃO 01 - Em um mosteiro no norte da Itália o padre franciscano William
de Baskervillee e seu aprendiz Adson von Melk reúnem-se com beneditinos
para um debate acerca da pobreza de Jesus Cristo. Nesse cenário, explique a
origem social do noviço, e a importância que a Igreja tinha na manutenção de
privilégios e posições sociais (levar em conta o direito de primogenitura).

O filme mostra a cena onde os franciscanos e os beneditinos discutem sobre


a pobreza de Jesus Cristo. Para a discussão falaremos sobre a manutenção dos
privilégios feitos pela igreja católica, e entender a origem do aprendiz Adson von
Melk. A instituição católica é complexa, tendo assuntos que vão além do próprio
dogma e da fé.
Primeiramente, entenderemos a origem do personagem Adson von Melk e
sua direção na vida eclesiástica. Adson é o filho mais novo do barão de Melk, que foi
mandado pela família para seguir a carreira eclesiástica. Isso acontece, pois os
filhos mais novos não têm direito a herança, a primogenitura é a tradição de herança
de toda a riqueza dos pais passar exclusivamente ao filho homem mais velho. Então
as famílias encaminham para a vida monástica o filho mais novo, isso se constitui
uma prática comum entre os aristocratas da época.
A igreja é sobretudo uma instituição que precisa se manter, isso acontece
mediante doações financeiras, terras, alimentos, entre outras necessidades. Grande
parte era vinda da nobreza, Le Goff diz: “A distribuição de benefícios aos indivíduos,
e sobretudo aos grupos religiosos, às abadias, aos santos, é a manifestação
principal da nobreza.” (LE GOFF, 2007, p. 81). Podemos notar a participação da
nobreza na instituição.
Por último, entender como a igreja justificava a própria manutenção dos
privilégios., devemos lembrar que a igreja exercia papel fundamental na sociedade,
e ela mesma legitima as relações feudo-vassálicas (FRANCO JÚNIOR, 2001, p. 89).
O mesmo, explica usando a citação do bispo Adalberon de Laon:

“O domínio da fé é uno, mas há um triplo estatuto na Ordem. A lei humana


impõe duas condições: o nobre e o servo não estão submetidos ao mesmo
regime. Os guerreiros são protetores das igrejas. Eles defendem os
poderosos e os fracos, protegem todo mundo, inclusive a si próprios. Os
servos, por sua vez, têm outra condição. Esta raça de infelizes não tem
nada sem sofrimento. Fornecer a todos alimentos e vestimenta: eis a função
do servo. A casa de Deus, que parece una, é portanto tripla: uns rezam,
outros combatem e outros trabalham. Todos os três formam um conjunto e
não se separam: a obra de uns permite o trabalho dos outros dois e cada
qual por sua vez presta seu apoio aos outro”(FRANCO JÚNIOR, 2001, p.
89).

O autor explica, que o clero está fora da lei humana, logo o nobre e o servo
estão no plano terreno. Continuando, o nobre teria a genética “de sangue de reis”,
então eles requisitavam os membros da nobreza, mas ao servo foi reservado o
trabalho, que seria uma forma de penitência (FRANCO JÚNIOR, 2001, p. 89).
Assim, não só na sociedade, eles justificaram a manutenção dos privilégios e a
posição social na igreja. Franco Júnior ressalta que “o discurso clerical não negava a
desigualdade, justificava-a através da reciprocidade de obrigações” (FRANCO
JÚNIOR, 2001, p. 90)
Em resumo, Adson é um membro da nobreza, enviado para seguir a carreira
eclesiástica para manter sua posição social, devido à primogenitura. A igreja recebe
grande apoio dos nobres e para justificar a posição e os privilégios deles,
elaboraram uma ideologia para traçar o funcionamento da sociedade. Isso mostra o
quão era ainda é complexa a instituição da igreja católica.

QUESTÃO 02 - Apesar da reconstrução fílmica, seria correto associarmos a


Idade Média a uma “idade das trevas”? Seria possível perceber uma
contradição acerca desse assunto utilizando-se do filme?

A Idade Média é também conhecida como “Idade das Trevas”, onde se


enfatiza a dominação da igreja no pensamento humano e o desprezo do
pensamento racional. Porém no filme “O Nome da Rosa” podemos ter outra leitura a
respeito do conhecimento, logo discutiremos se a Idade Média pode ser chamada
de “Idade das Trevas” e como podemos perceber essas contradições no filme. O
conhecimento em diversos períodos da história se demonstrou pouco
democratizado.
Primeiramente, devemos identificar que esse termo foi empregado em sua
origem de forma pejorativa pelos humanistas do século XVII, para denominar um
período ruim ou de declínio. Porém Le Goff afirma que é “... uma época que não foi
de trevas nem imune ao progresso; ao contrário, foi uma época fértil de invenções
vitais e importantes ….” (LE GOFF, 2007, capa).
Até mesmo o surgimento das primeiras universidades são desse período
histórico, LECLERC nos explica que “Foi pela evolução das escolas catedrais,
assumindo um caráter mais corporativo, que se alcançou o instituto de
universidade…” (LECLERC, 2005, p. 263). Então atribuir ao período medieval como
“Idade das Trevas” é uma afirmação incorreta. Podemos afirmar que o conhecimento
era limitado, porque grandes partes daqueles que sabia ler e escrever estavam
limitados aos monges formados no convento (LE GOFF, 2007, p. 180).
Dentro do filme “O Nome da Rosa” podemos perceber algumas contradições
a respeito da Idade Média ser considerada a “Idade das Trevas”. Podemos ver em
um momentos do filme que o mosteiro é considerado uma das maiores bibliotecas
da cristandade. Porém eles apenas acumulam o conhecimento e o restringe dentro
da igreja o que gera o motivo dos monges estarem morrendo, o acúmulo de mofo
nas pontas das páginas e eles ingerindo essa substância.
Uma das limitações já foi falada anteriormente, e o filme apresenta outra que
é a manutenção da fé ou da crença das pessoas. William de Baskerville estava
discutindo sobre o riso com o Jorge de Burgos, o bibliotecário cego, e diz: “O riso
mata o temor e sem temor não pode ter fé, se não há temor ao demônio não é
necessário ter Deus.”, não só o riso tem esse efeito, mas também o conhecimento
pode desafiar a fé e levantar questionamentos sobre o poder divino. Existiam livros
que eram proibidos até para os próprios monges, temendo que o poder divino fosse
desafiado.
Em resumo, o filme apresenta contradições a respeito do termo “Idade das
Trevas” em sua origem, um termo pejorativo usado pelos humanistas do século XVII
e que não representa o que foi o período medieval. Podemos pensar em uma
limitação do conhecimento pelo letramento das pessoas, onde só os monges liam e
escreviam, e a manutenção da fé da igreja, para que a instituição perdurasse pelas
épocas.

QUESTÃO 03 - Levando-se em conta ser este um curso dedicado à formação


de futuros professores, a partir da análise do filme elabore um quadro
comparativo indicando pontos “vantajosos” e “problemáticos” do uso desta
produção fílmica em sala de aula.
Em sala de aula buscamos a máxima compreensão dos alunos no conteúdo
que está sendo exposto. O filme pode ser uma importante ferramenta pedagógica
para ser usada em sala, mas cabe ao professor entender os pontos positivos e os
negativos ao usar um filme em suas aulas. Com os filmes os alunos podem entender
diversas dinâmicas do mundo medieval, mas devemos problematizadas.
Identificamos algumas vantagens para o uso do filme para uma aula de
história. Primeiramente, usar o filme como proposta pedagógica para tornar a aula
interessante para o aluno. Também, a película pode facilitar o aprendizado do aluno,
onde ele forma paralelos entre a explicação da aula e o filme, além de estimular a
curiosidade dos estudantes. Muitas das vantagens ressaltadas em usar obras
cinematográficas para auxiliar na compreensão do conteúdo.
Porém, existem também pontos negativos a serem considerados pelos
professores no momento de assistir. Ao assistir ao filme, o professor pode reforçar
ou criar estereótipos, nesse caso, da idade média. Além disso, na obra existem
preocupações que não são do homem medieval, mas sim do contemporâneo, logo a
obra não efetua uma reconstrução “total” do passado.
Em suma, o filme é uma interessante ferramenta pedagógica para usar em
sala de aula. Usar o para auxiliar e despertar o interesse nos alunos está entre os
pontos positivos, mas não podemos desconsiderar os negativos, a questão dos
estereótipos e a reconstrução do passado. Então quando um professor for usar uma
obra cinematográfica é importante ter em mente essas questões.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LE GOFF, Jacques. As raízes medievais na Europa. Petrópolis; Vozes, 2007, pp. 76-
142.
LE GOFF, Jacques. As raízes medievais na Europa. Petrópolis; Vozes, 2007, pp.
143- 219.
FRANCO JÚNIOR, Hilário. A idade média, nascimento do ocidente. [2. ed.], rev. e
ampl. São Paulo: Brasiliense, 2001. 201 p. ISBN 8511000550.
LECLERC, Gesuína de Fátima Elias. Os Intelectuais na Idade Média. Revista
Brasileira de História de Educação, v. 5, n. 1, p. 263-269, 2005.

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