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LUTERO, M.

  Uma prédica para que se mandem os


filhos à escola [1530]. In: Martinho Lutero:Martinho
Lutero obras selecionadas. São Leopoldo:
Comissão Interluterana de Literatura, 1995, v. 5, p.
R E L I G I Ã O , R E F O R M A P R O T E S TA N T E E T E O R I A 326-363.
DA SECULARIZAÇÃO
WEBER, Max.  A ética protestante e o espírito do
capitalismo. São Paulo. Companhia das Letras
(pag. 27 - 84)
INFÂNCIA, REFORMA PROTESTANTE E
O NASCIMENTO DA ESCOLA PUBLICA

Objetivo

Pensar o surgimento de tecnologias de universalização da escola na Europa a partir da


conjunção de três acontecimentos:

1. A episteme moderna: o homem como objeto de conhecimento


2. A criança como foco das primeiras politicas da vida
3. A universalização da escola: Reforma Protestante e o paradigma da escola útil
VELÁZQUEZ
-1656
Jan van Erick
- 1483
VELÁZQUEZ
-1618
VELÁZQUEZ
- 1644
1- A infanta Margarida, a primogênita dos reis, é a figura principal.
2- Dona Isabel de Velasco
3- Dona Maria Agustina Sarmiento de Sotomayor
4- Mari-Bárbola é a anã hidrocéfala que vemos à direita
5- Nicolasito Pertusato, italiano, está ao seu lado e aparece batendo com o seu pé
6 - Dona Marcela de Ulloa está detrás de Dona Isabel
7- O personagem que está ao seu lado, meio em penumbra, é um guarda-damas
8- Dom José Nieto Velázquez (talvez parente do pintor) é a personagem que se vê ao
fundo do quadro
9- À esquerda e diante duma grande tela, o espectador vê ao autor da obra,
Velázquez
10 e 11- Filipe IV e a sua esposa Mariana de Áustria, na distância do quadro,
refletem-se num espelho detrás do pintor.
OBJETIFICAÇÃO DA INFÂNCIA: CRIANÇA
COMO OBJETO DE CUIDADO PÚBLICO
* Das superstições privadas, o contato direto com a mãe à necessidade de se pensar a
infância como responsabilidade dos governantes

* a criança pública
A) e a vontade de se salvar a criança (pelo desejo de salvar-se)
B) e a infância como vida urbana (o afastamento da natureza)
C) e a família nuclear
- afastamento da família comunitária
- separação entre fecundidade e cuidado com os filhos
ESCOLA COMO NEGAÇÃO DA
NATUREZA
“ essa transferência do privado para o público coincide com a vontade do poder
político e religioso de controlar o conjunto da sociedade” (Jacques Gèlis, p. 314)

“Colocar a criança na escola equivale a tirar da natureza” (p. 314)

A escola pública se constitui enquanto:


“espaço destinado a integrar a criança na coletividade para que incorpore os interesses
e os sistemas de representação, da linhagem, facilitando o desenvolvimento de suas
aptidões” (p. 315)
REFORMA PROTESTANTE E O
DEBATE SOBRE ESCOLAS PÚBLICAS

Martinho Lutero

(Eisleben, 10 de novembro de 1483


— Eisleben, 18 de fevereiro de 1546)
MARTINHO LUTERO

foi um monge agostiniano e professor de teologia germânico que tornou-se


uma das figuras centrais da Reforma Protestante. Levantou-se
veementemente contra diversos dogmas do catolicismo romano, contestando
sobretudo a doutrina de que o perdão de Deus poderia ser adquirido pelo
comércio das indulgências. Essa discordância inicial resultou na publicação
de suas famosas 95 Teses em 1517, em um contexto de conflito aberto contra
o vendedor de indulgências Johann Tetzel. Sua recusa em retratar-se de seus
escritos, a pedido do Papa Leão X em 1520 e do imperador Carlos V em
1521, resultou em sua excomunhão da Igreja Romana e em sua condenação
como um fora-da-lei pelo imperador do Sacro Império Romano Germânico.
SOBRE CRIAR ESCOLAS E
MANDAR OS FILHOS PARA AS
ESCOLAS
Tema: educação pública

Problema geral: Quem deve governar e preparar os jovens para o governo do público –
debates acerca dos limites entre o religioso e o secular

Objetivo: Defender a instrução como uma responsabilidade dos governantes e não da


igreja católica, defender a inserção do estudo das “ciências do homem e das línguas”
como instrumento de governo

Abertura de escolas como missão divina


SOBRE CRIAR ESCOLAS E MANDAR
OS FILHOS PARA AS ESCOLAS
* A quem Lutero destina os textos?
Prefeitos das cidades alemãs
* Quais são os argumentos?
1. as escolas e universidades estão abandonadas – defesa da escola como uma
prioridade de governo
2. há homens de conhecimento linguístico e científico fora dos mosteiros
3. Há um mandamento que ordena que os pais se responsabilizem pela educação dos
filhos.
A EDUCAÇÃO PÚBLICA
(CRISTÃ) DEVE
1. Não desprezar as outras formas de conhecimento
2. Focar no aprendizado das línguas ( a bíblia deixa de ser obscura)
(p. 309-314)
3. Defender o secular versus o clerical
4. Focar no Ensino e na Disciplina
5. Defesa da importância do Ensino da História
6. Deve ser seriada (durar poucas horas por dia)
7. Para meninos ( com maior duração) e para meninas
GOVERNO E EQUIPAMENTOS
URBANOS
* A Reforma Protestante faz emergir a defesa religiosa da sociabilidade urbana

Lutero defende que as prefeituras criem livrarias e bibliotecas

Defende a instrução na esfera secular:


“do mesmo modo como no reino de Cristo um teólogo piedoso e um pregador honesto
é chamado de anjo de Deus, salvador, profeta e sacerdote, assim também se pode, no
reino secular do imperador, perfeitamente chamar um jurista de piedoso e um erudito
honesto de profeta, anjo e salvador. Por outro lado, assim como no reino de Cristo, um
herege e falso pregador é o diabo, um jurista falso e desonesto no reino secular é um
diabo de todo o reino” ( Lutero, p. 349)
MAX WEBER
Grande parte de seu trabalho como pensador e estudioso foi reservado para
o estudo do capitalismo e do chamado processo de racionalização e 
desencantamento do mundo. Mas seus estudos também deram contribuição
importante para a economia.
Sua obra mais famosa são os dois artigos que compõem 
A ética protestante e o espírito do capitalismo, com o qual começou suas
reflexões sobre a sociologia da religião. Weber argumentou que a religião
 era uma das razões não exclusivas do porquê as culturas do Ocidente e do 
Oriente se desenvolveram de formas diversas, e salientou a importância de
algumas características específicas do protestantismo ascético, que levou
ao nascimento do capitalismo, da burocracia e do estado racional e legal
nos países ocidentais. Em outro trabalho importante, 
A política como vocação, Weber definiu o Estado como "uma entidade que
reivindica o monopólio do uso legítimo da força física", uma definição que se
tornou central no estudo da moderna ciência política no Ocidente. Em suas
contribuições mais conhecidas são muitas vezes referidas como a "Tese de
Weber".
A ÉTICA PROTESTANTE E O
ESPÍRITO DO CAPITALISMO
A temática das relações entre religião e capitalismo foi uma
questão central do pensamento social alemão. Do ponto de vista
da análise do capitalismo, o estudo de Weber foi precedido pela
obra de Georg Simmel - A filosofia do dinheiro (1900) -, sem
esquecer do escrito de Karl Marx, intitulado O Capital (1867).
Weber mostra a preferência educacional dos católicos por uma
formação humanista (artes liberais), enquanto os protestantes
preferiam formação técnica (artes mecânicas). Ao mesmo tempo,
mostrou as diferenças profissionais entre ambos os segmentos.
Weber rejeita a explicação (superficial e aparente) de que a 
espiritualidade católica, fundada no ascetismo, predisporia o
indivíduo para o estranhamento do mundo e, desta forma, para a
indiferença para com os bens deste mundo; enquanto os
protestantes seriam materialistas. Alega que os puritanos se
caracterizavam pelo oposto da alegria para com o mundo. Ao
contrário, ele sugere que há um íntimo parentesco entre
estranhamento do mundo, ascese e participação na 
vida aquisitiva.
ESPÍRITO DO CAPÍTALISMO
"espírito do capitalismo” : individualidade histórica.
Tomando como exemplo máximas colhidas de escritos de Benjamin Franklin, tais
como "tempo é dinheiro" ou "dinheiro gera mais dinheiro" ou ainda "o bom pagador é
dono da bolsa alheia", Weber mostra que o espírito do capitalismo não é
caracterizado pela busca desenfreada do prazer e pela busca do dinheiro por si
mesmo. O espírito do capitalismo deve ser entendido como uma ética de vida, uma
orientação na qual o indivíduo vê a dedicação ao trabalho e a busca metódica da
riqueza como um dever moral. Weber acentua claramente que o 'espírito' do
capitalismo não deve ser confundido com a 'forma' do capitalismo. Por forma, Weber
entende o capitalismo enquanto sistema econômico, cujo centro é representado pela
empresa capitalista, reunião de meios de produção, trabalho organizado e gestão
racional. Ele esclarece que as variáveis tratadas no seu livro tem a ver com a moral
protestante e a dimensão comportamental (habitus) que serve de base ao sistema. O
espírito do capitalismo só pôde triunfar ao vencer as formas tradicionalistas de
comportamento econômico.
ASCESE INTRAMUNDANA:
CONTRIBUIÇÃO DO
LUTERANISMO
Martinho Lutero, ao contrário da concepção católica, "vocação" deixa de ter o sentido
de um chamado para a vida religiosa ou sacerdotal e passa a ter o sentido do
chamado de Deus para o exercício da profissão no mundo do trabalho. Com Lutero o
ascetismo praticado pelos monges fora do mundo é transferido das celas dos 
mosteiros para o mundo secular, nasce daí o ascetismo intramundano. Todavia, o
próprio Max Weber reconheceu que o luteranismo ainda possui uma visão
tradicionalista da vida econômica: apesar da ênfase no trabalho, a vida aquisitiva ainda
não possui um valor em si mesma e o indivíduo está acomodado no seu círculo social.
Analisando todo o processo em seu conjunto, Weber verifica que dos dogmas e, em
especial, dos impulsos morais do protestantismo, derivados após a reforma de Lutero,
surge uma forma de vida de caráter metódico, disciplinado e racional. Da base moral
do protestantismo surge não só a valorização religiosa do trabalho e da riqueza, mas
também uma forma de vida que submete toda a existência do indivíduo a uma lógica
férrea e coerente: uma personalidade sistemática e ordenada.

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