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All content following this page was uploaded by Alcides José Delgado Lopes on 01 November 2016.
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Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFPE. Contato - e-mail:
tchida.pesquisa@gmail.com.
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REIA- Revista de Estudos e Investigações Antropológicas, ano 2, volume 2(1):2015
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Na seção, Mas voltemos a José e sua costela, a autora narra a sua tentativa de
encontrar pistas da vida pregressa do mestre José. Ela expõe desde as informações do
Padre Murilo, às revelações feitas a ela pela a própria madrinha Regina. A autora fala
sobre as origens míticas e simbólicas da fundação da comunidade que jazem na história
de Mãe Ângela do Horto, à qual se mantêm ritos de celebração e benditos.
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de uma Juazeiro mítica. Na verdade, Campos defende que estas práticas são mais que
representação, sendo em verdade uma forma de presentificação de uma verdade. A
natureza ambígua da romaria é explorada nesta passagem, em que ela pode ser
considerada como revelação, verdade superior, heteronomia de um lado, e de outro, ser
vivida como encapesinamento, que leva à vergonha de si. A reflexão sobre a
multiplicidade da experiência em tempos de romaria aponta para um quadro complexo
de temporalidades em coexistência.
Na seção: A viagem de volta: encontro consigo mesmo, através dos relatos de três
interlocutores, naturais de Juazeiro, a autora salienta a estreita relação da romaria com
tradição em oposição ao moderno. As narrativas revelam que jovens que são
influenciados pelo urbano passam a desvalorizar os modos tradicionais. Somente no
tempo de romaria, torna-se fundamental para a construção de identidades reinventadas
por estes jovens nascidos em Juazeiro, em famílias marcadas por catolicismo tradicional
local. Isso devido ao sentimento de pertencimento reforçado por ocasião da romaria.
Segundo a autora, isto aponta que mesmo com a multivocalidade no santuário de Padre
Cícero, o tempo de romaria é marca cultural e de identidade do lugar.
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O escopo desta obra construído a partir da vivência dos Ave de Jesus é, a meu ver,
fascinante por várias razões. Primeiramente, por trazer para uma discussão mais ampla,
questões de cunho metodológico e pertinentes para o cenário diverso das religiosidades
e identidades no Brasil, em um momento que revivemos antigas tensões e novas
perspectivas se despontam em um horizonte teórico. Em segundo lugar, porque celebra
uma abordagem que dá conta de como se conjugam formas diversificadas de
pertencimento e crenças que, nas palavras da autora, desafiam as categorias analíticas
tradicionais das ciências sociais. Em terceiro lugar, o grupo estudado representa uma
herança identitária corporificada, um acervo cultural do Juazeiro do Norte, na qual se
amplia a ideia de carisma coletivo para carisma compartilhado e finalmente, a categoria
peregrinos, que por si só absorve no seu trajeto a noção simmeliana do potential
wanderer, a ideia da identidade em Bauman ser um processo em constante construção e
a eminência da invenção da tradição em uma dimensão individualística.
Bibliografia:
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