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ROTEIRO DE ANÁLISE FÍLMICA

Filme: O nome da Rosa

Ano: 1986

Direção: Jean-Jacques Annaud

1. RESUMO DO FILME

"O Nome da Rosa" é um filme dirigido por Jean-Jacques Annaud, lançado em


1986 e baseado no romance homônimo de Umberto Eco. O filme se passa na Idade
Média, em um mosteiro beneditino isolado, onde um monge franciscano chamado
Guilherme de Baskerville, interpretado por Sean Connery, e seu jovem aprendiz, Adso
de Melk, interpretado por Christian Slater, investigam uma série de misteriosos
assassinatos que ocorreram no local.

A trama é um misto de suspense, drama e thriller histórico, abordando temas


como religião, conhecimento e poder. O título faz referência a uma biblioteca
labiríntica, onde os livros são considerados perigosos e proibidos. Ao longo da
investigação, o filme explora as tensões entre a Igreja e a filosofia secular, bem como as
complexidades do conhecimento e da busca pela verdade. O desfecho revela uma trama
intricada e cheia de reviravoltas. "O Nome da Rosa" recebeu elogios por sua atmosfera
sombria, atuações sólidas e pela adaptação fiel da obra literária de Eco.

2. PERSONAGENS

No universo do filme "O Nome da Rosa", destaco Adso de Melk, interpretado


por Christian Slater, como o personagem que verdadeiramente capturou minha atenção.
A jornada de Adso, passando da ingenuidade inicial para uma compreensão mais
profunda dos intricados mistérios do mosteiro, é fascinante de acompanhar. Sua
evolução ao longo da trama, tanto em termos de maturidade quanto na percepção dos
eventos ao seu redor, adiciona uma camada de complexidade e profundidade à narrativa.

Enxergo algumas possíveis semelhanças entre as atitudes de Adso e experiências


que muitas pessoas podem vivenciar ao longo de suas vidas. A busca por conhecimento,
a exploração do desconhecido e a coragem de questionar as normas estabelecidas são
temas universais que ressoam com indivíduos que valorizam o crescimento pessoal e a
descoberta.

Se fosse escolher alterar a trajetória de algum personagem, consideraria oferecer


a Severino uma oportunidade de redenção. Personagens complexos frequentemente
proporcionam as reviravoltas mais intrigantes, e uma mudança positiva para Severino
poderia não apenas surpreender os espectadores, mas também adicionar camadas
adicionais à dinâmica da história.
3. ENREDO

O enredo de "O Nome da Rosa" não apenas me agradou, mas também cativou
minha atenção devido à sua habilidade em tecer uma trama intricada e multifacetada. A
ambientação no mosteiro isolado, permeada por segredos sombrios e uma biblioteca
proibida, cria uma atmosfera única que contribui significativamente para a narrativa. A
combinação de elementos históricos, filosóficos e de suspense cria uma teia complexa
que me manteve envolvido do início ao fim.

Ao longo da história, os eventos e situações são habilmente articulados,


revelando-se de maneira gradual e mantendo um equilíbrio cuidadoso entre a revelação
de pistas e o mistério contínuo. Isso não apenas aumenta a tensão, mas também desafia
os espectadores a se envolverem ativamente na resolução dos enigmas junto com os
personagens.

O ápice do filme, na minha percepção, ocorre quando as camadas mais


profundas da trama começam a se desdobrar. O momento de clímax é atingido quando
as revelações sobre os assassinatos, os segredos guardados na biblioteca e as tensões
latentes no mosteiro alcançam seu ponto máximo. Essa culminação de eventos
proporciona não apenas uma resolução satisfatória, mas também um impacto emocional
que ressoa pela complexidade da narrativa.

Quanto a imaginar outro desfecho para o filme, é intrigante explorar


possibilidades alternativas. Uma abordagem diferente poderia incluir uma redenção
mais explícita para personagens que enfrentaram desafios morais, proporcionando uma
nota mais otimista no desfecho. Essa mudança poderia adicionar uma dimensão
diferente à trama, oferecendo uma perspectiva de esperança que contrastaria com a
atmosfera muitas vezes sombria do filme. Claro, essas considerações são puramente
imaginativas e reconheço que a beleza do filme reside em sua narrativa original e na
forma como desafia as expectativas.

4. AMBIENTE

Os acontecimentos de "O Nome da Rosa" desenrolam-se predominantemente em


um mosteiro beneditino isolado, situado em uma região montanhosa. A arquitetura
gótica e a atmosfera claustrofóbica do mosteiro contribuem significativamente para a
ambientação do filme. A biblioteca labiríntica e proibida torna-se um local central,
carregando consigo um mistério que permeia toda a trama.

O ambiente do mosteiro predomina na história, destacando-se por sua dualidade.


Por um lado, é um local de devoção religiosa e busca pelo conhecimento, representado
pela biblioteca que contém obras raras e proibidas. Por outro lado, o mosteiro é também
palco de tensões, intrigas e contradições que surgem das interações entre os monges e
das proibições impostas pela Igreja.
No que diz respeito às contradições sociais, econômicas e políticas, o filme
retrata a tensão entre o poder da Igreja e a crescente influência da razão e do
conhecimento secular. A proibição de certos livros na biblioteca representa um conflito
entre a autoridade religiosa e a busca pelo saber, destacando uma contradição entre a fé
cega e a exploração intelectual.

Uma cena que me impactou profundamente foi a descoberta da biblioteca


secreta. A entrada na sala, com suas paredes forradas de livros proibidos, evocou uma
sensação de maravilha e proibição. A interação entre os personagens e o conhecimento
contido naquelas prateleiras foi apresentada de maneira visualmente impressionante,
ressaltando a dualidade do local como um depósito de sabedoria e, ao mesmo tempo,
um foco de conflito e segredo.

Essa cena não apenas exemplifica a riqueza simbólica do filme, mas também
representa um ponto crucial na trama, onde o conflito entre o sagrado e o profano atinge
seu auge. A atmosfera carregada da biblioteca reflete as contradições e desafios que os
personagens enfrentam ao longo da história.

5. COM RELAÇÃO AO CONTEÚDO DA DISCIPLINA

"O Nome da Rosa" levanta uma variedade de assuntos e problemáticas que


oferecem uma rica base para reflexão. Dentre os temas explorados, destacam-se:
Conflito entre Fé e Razão: O filme aborda o conflito entre a ortodoxia religiosa e a
busca pelo conhecimento racional. A proibição de certos livros na biblioteca reflete a
tensão entre a autoridade eclesiástica e a curiosidade intelectual.

Censura e Controle do Conhecimento: A proibição de determinados textos na


biblioteca levanta questões sobre censura e controle do conhecimento. Isso se relaciona
diretamente com a capacidade da Igreja de moldar a narrativa e limitar o acesso à
informação.

Contradições na Instituição Religiosa: O mosteiro, como instituição religiosa, é


apresentado como um local de devoção, mas também como um ambiente permeado por
intrigas e contradições. Isso destaca a complexidade das instituições religiosas e as
tensões internas que podem surgir.

Exploração da Natureza Humana: O filme examina a natureza humana em seus


aspectos mais escuros, evidenciados pelos crimes e pela busca por poder. Os
personagens representam diferentes facetas da psique humana, explorando temas como
ganância, inveja e desejo de controle.

Relação entre Poder e Conhecimento: A trama explora como o conhecimento


pode ser uma ferramenta de poder, e a maneira como o acesso a certas informações
pode influenciar as dinâmicas de autoridade.
Quanto à reflexão sobre nossa realidade, o filme pode provocar pensamentos
sobre questões contemporâneas, como a relação entre ciência e religião, o papel da
censura na sociedade e as contradições presentes em instituições de poder.

Em relação à nossas aulas, o filme poderia ser relacionado a debates sobre


epistemologia (teoria do conhecimento), ética, filosofia política e filosofia da religião. A
interação entre Guilherme de Baskerville e Jorge de Burgos, por exemplo, poderia ser
analisada à luz de questões filosóficas sobre o conhecimento e a verdade, e podendo ser
ligado até o mito da caverna discutido em sala de aula.

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