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Análise do filme “O Nome da Rosa”

O filme “O nome da Rosa”, baseado no livro de Umberto Eco, publicado em 1986,


Conta a história de um monge franciscano que foi designado para investigar mortes em
um mosteiro na Itália. No qual pode se analisar sobre a importância do conhecimento
científico para a evolução da racionalidade humana.

No decorrer do filme os personagens Willian e Adso percebem que os assassinatos


estavam ligados á um livro de Aristóteles, que se tratava do riso. No entanto em uma
discussão, o irmão Jorge diz “ O riso é uma brisa demoníaca que deforma os traços do
rosto e faz os homens se parecerem com macacos”. Reafirmando as idéias da igreja
católica sobre controlar conhecimento dos livros de assuntos que não a favoreciam, de
modo a induzir os religiosos a pensarem que era sempre algo do sobrenatural.

Se, para os filósofos e estudiosos da Antiguidade o riso é um traço que distingui o homem dos outros
animais (o homem é o único animal que ri), para a teologia medieval o riso é o que distingue o
homem de Deus. O fato de que nenhuma passagem bíblica atesta o riso de Cristo reforça a
aproximação de riso ao pecado. Grosso modo, sob a ótica medieval, o riso é, portanto, condenável. O
filme "O nome da rosa", baseado na obra homônima de Umberto Eco, revela esta visão do riso como
algo insidioso, que deveria ser evitado. (FRANÇA, 2006, p. 24).

Em contra partida o investigador Willian defende a idéia aristotélica de que “ O riso


representa um estímulo a boa vontade do ouvinte”. Entretanto As divergências de
pensamentos fizeram com que o personagem Jorge, com medo de ser questionado ou
contrariado, colocasse veneno nas páginas do livro, levando a morte de vários inocentes.
Na Idade Média, toda a produção de conhecimento e sua irradiação estava relacionada á
Igreja Católica ( PINSKY, 2009). Tendo isto em vista no filme também nos é mostrado
uma cena em que o personagem Salvatore é condenado injustamente de heresia pela
Santa Inquisição. Algo semelhante acontece com o filósofo Galileu Galilei, por ter
pensamentos distintos da igreja, acabou sendo condenado a prisão domiciliar por
heresia.
“A inquisição foi usada como ferramenta de terror, perseguindo os hereges que discordassem de seus
pensamentos. Execuções eram realizadas nas praças públicas para que todos pudessem presenciar o
poder da igreja. Galileu foi um dos perseguidos, sendo obrigado a negar as suas teorias para não ir
parar na fogueira. Esse Tribunal agiu com mais força na Espanha e em Portugal. (PILETTI, 1995)”.

“ O Tribunal da inquisição levava muitos heréticos a execução pública. Os rituais de execução pública
podiam ser vistos como uma forma de controle social, já que havia um consenso da comunidade
quanto á perversidade do crime. No entanto, esse conceito se aplica a pequenas comunidade, pois, nas
maiores, grupos se utilizavam desses rituais para controlar outros grupos. (BURKE, 2010)”.

Outro acontecimento importante foi uma personagem camponesa que foi condenada
pela santa inquisição por que ela tinha um gato e uma galinha preta, que induziu o
pensamento dos Ínquisidores de que ela fazia rituais satânicos. Ocorre então uma
diabolização da mulher, que passa a ser representada centralmente como a descendente
de Eva, símbolo do pecado e da tentação(DELUMEAU, 1990).
Entretanto a realidade da personagem era outra, em que ela precisava sexualizar seu
corpo em troca de alimentos,e por essa razão foi encontrada com os animais.

“Vejamos o exemplo de Petrarca neste texto escrito no século XIV: A mulher (...) é um verdadeiro
diabo, uma inimiga da paz, uma fonte de impaciência, uma ocasião de disputas das quais o homem
deve manter-se afastado se quer gozar a tranqüilidade (...) Que se casem, aqueles que encontram
atrativo na companhia de uma esposa, nos abraços noturnos, nos ganidos das crianças e nos tormentos
da insônia (...). Por nós, se está em nosso poder, perpetuamos nosso nome pelo talento e não pelo
casamento, por livros e não por filhos, com o concurso da virtude e não com o de uma mulher
(DELUMEAU, 1990, p. 319)”.

Tendo tudo isso em vista ao passar dos séculos os pensamentos foram mudando e
evoluindo a medida que descobriram através de estudos científicos outras formas de
ver as situações que ocorreram. Somente no século XVIII “ a ciência médica deixou
de olhar o orgasmo feminino como importante para a reprodução, reforçando a idéia
de que o homem estaria mais ligado ao sexo e a mulher á maternidade e ao afeto”
(NUNES, 2000, p. 41-42).

“ O riso faz parte das resposta fundamentais do homem confrontado com sua existência. O objetivo
deste livro é reencontrar as maneiras como ele faz uso dessa resposta ao longo da história. Exaltar o
riso ou condená-lo, colocar o acento cômico sobre uma situação ou sobre uma característica, tudo isso
revela as mentalidades de uma época, de um grupo, e sugere sua visão global do mundo. Se o riso é
qualificado ás vezes como diabólico, é porque ele pôde passar por um verdadeiro insulto á criação
divina, uma espécie de vingança do diabo, uma manifestação de desprezo, de orgulho, de
agressividade, de regozijo com o mal. A civilização cristã, por exemplo, fica pouco á vontade para dar
lugar ao riso, ao passo que as mitologias pagãs lhe conferem um papel muito mais positivo”.(MINOIS,
G, P. 19)
Material bibliográfico:

PINSKY, J. et al. O Ensino da História e a criação do fato. São Paulo: Contexto, 2009.

PILETTI, N; PILETTI, C. História & Vida. Da Idade Moderna a atualidade. São Paulo: Ática, 1995.

BURKE, P. Cultura Popular na Idade Moderna.São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

DELUMEAU, Jean, Os agentes de Satã III: a mulher In DELUMEAU,História do Medo no Ocidente:


1300-1800, São Paulo: Cia. das Letras, 1990, PP.310-349.

NUNES, Silvia Alexim, O corpo do diabo entre a cruz e a caldeirinha. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2000, p.255.

MINOIS, G. História do riso e escárnio. São Paulo. Editora UNESP, 2003.

Alunas: Letícia Da Silva Maciel e Juliana Cardoso Culti

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