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Nome: Felipe

Curso: Eletrônica 2

O NOME DA ROSA
Esta resenha tem como objetivo central analisar criticamente o filme “O nome
da rosa”, que relata a busca de um monge franciscano e seu ajudante para a solução
de um assassinato em um mosteiro, na idade média. O filme, lançado em 1986, é
baseado no livro, O nome da rosa, e tem como diretor Jean-Jacques Annaud. O
principal assunto abordado é a idade média, com foco no poder da Igreja Católica e a
organização hierárquica da sociedade medieval.
O ano é 1327, e como palco principal o filme nos oferece um mosteiro italiano,
sombrio e cinza, fazendo estreita equivalência ao período da idade média como um
todo. Temos, então, William de Baskerville, um monge com postura humanista e
racionalista em busca de desvendar um mistério que cerca o mosteiro beneditino.
São apresentadas, logo que de início, duas realidades: Uma Igreja poderosa e
rica, mesclando-se com uma sociedade camponesa pobre. O medo é o ingrediente
principal desta mistura; de um lado uma instituição preocupada em arrecadar cada
vez mais fundos para a “caridade”;e de outro uma população camponesa cada vez
mais pobre, com preocupações não só terrenas, mas referentes ao plano espiritual
também. Nesse ponto da história já é possível percebermos a organização social da
época, com a Igreja e a Inquisição controlando tudo e todos, e aqueles que se
opunham, que sofram as consequências vindas de Roma (sede papal).
Os dogmas da religião e as mentes controladoras da época são fatores
essenciais para que o primeiro suspeito seja apontado por aqueles mais interessados
no assunto: o demônio. No início, pelo ar macabro e sombrio do filme, até mesmo o
telespectador pode acabar acreditando que estamos diante de um caso sobrenatural.
Os fatos vão aparecendo conforme as investigações de william vão evoluindo, mas o
pensamento limitado da maioria dos outros personagens da trama sempre acaba
levando as suspeitas para o lado sobrenatural. A restrição às obras do período
clássico também são fatores essenciais para manter os moldes medievais, o
racionalismo é constantemente “refutado” e proibido, e as releituras de obras
distorcidas, como é citado na obra de G.H.T Kimble A Geografia na Idade Média,
para melhor adequar-se aos interesses de quem estava no poder.
A demonização do corpo feminino (a contraparte da veneração à virgem Maria,
uma mulher do plano espiritual) era algo indispensável para a Santa Inquisição. Foram
milhares de mulheres tristemente incineradas em fogueiras, seja porque procuravam
igualdade, ou até mesmo somente na busca pela sobrevivência; tidas como bruxas. O
argumento utilizado pelos inquisidores, no filme, para a confirmação da presença do
demônio no mosteiro é justamente a presença da garota camponesa, mostrando a
forma como as mulheres eram tratadas na idade média. O tema do corpo na Idade
Média, que aborda a demonização do corpo feminino, é aprofundado na obra Uma
História do Corpo da Idade Média, de Michelle Perrot e Nicolas Truong.
O filme consegue retratar a idade média com perfeição, focando nos pontos
sociais mais relevantes, dando ênfase para o poder da Igreja Católica, questões
sociais da época e a forma no qual a sociedade se organiza. Os cenários sombrios e
o ar de suspense prendem o espectador a obra; as evidências vão aparecendo aos
poucos, assim como os verdadeiros culpados. O roteiro é excepcional, com efeitos
sonoros bem produzidos e qualidade gráfica aceitável, considerando a data de
lançamento (1986). O filme retrata já o enfraquecimento da idade média, mostrando
ao final a revolta camponesa, algo que confere com a baixa idade média, período final
da idade das trevas. Para quem procura saber da idade média, com foco histórico,
com um nível de ficção não muito alto, ofilme é altamente recomendável.

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