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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

DISCIPLINA: HISTÓRIA MEDIEVAL II

A SOCIEDADE ECLESIÁSTICA NO FEUDALISMO

(Estudo Dirigido)

GRUPO:

· Bruno Alves

· Isabelly Rodrigues

· Luiza Silvestre

· Wenderson Soares
1. O autor afirma que nas fileiras do clero “coexistiam tipos humanos infinitamente
diferentes pelos modos de vida, pelo poder e pelo prestígio”. Que fatos ele aponta em apoio
a esta assertiva?

O autor aponta essa assertiva por meio de uma ordem, a qual se dá ordenando às fileiras do
clero. Assim como dito por March Bloch, em primeiro lugar encontra-se a:

“multidão dos monges, todos «filhos de São Bento», mas submetidos, de


facto, a formas mais ou menos variadas da primitiva lei beneditina :
mundo dividido e vibrante, continuamente sacudido entre a ascese pura
e as preocupações mais comezinhas impostas pela gestão de uma rica
fortuna, e até a humilde ameaça da carência do pão de cada dia.”
(BLOCH, Marc, 2001, p. 362)

Já nos níveis mais baixos do clero secular, tem-se os curas das paróquias rurais, quais são
mediocremente instruídos e dotados de magros rendimentos, levam uma vida muito pouco diferente,
em resumo, da das suas ovelhas. E por fim, em superioridade, encontram-se os prelados, estes por
vez, estabelecem a ligação entre as duas hierarquias, regulares e seculares. Nesta posição estão os
bispos, abades e arcebispos.

2. No quinto parágrafo, Marc Bloch define os objetivos que pretende atingir. Explicite, com
suas palavras, qual o problema que serve de diretriz ao texto.

Segundo Bloch, o problema que vai ocupar-se é de ordem social. Essa problemática está
ligada ao poder da igreja, as influências que a sociedade eclesiástica exercia sobre o feudalismo e o
feudalismo sobre ela.

3. Que circunstâncias explicam o fato de a Igreja ter construído um patrimônio de natureza


senhorial?

Os clérigos não tinham uma forma de se ocupar em prol de sua subsistência, pois se os
mesmos cultivam ou comem apenas de seu próprio alimento, fruto do seu cultivo, pouco tempo lhes
restava para que fosse realizado as suas práticas religiosas, a saber: os deveres da liturgia ou ascese,a
direção das almas ou com o estudo dos textos sagrados . Tal impedimento, que impactava sobre o
modo de vida do clero, resultou em um modelo de acúmulo de bens, que viam estes por meio de
doações, esmolas acumuladas dos fiéis e pela compra de preces, ou até mesmo de sua própria
salvação. Resultando em uma numerosa quantidade de dependentes laicos de todas as categorias sob a
ordem dos chefes do clero.

4. Por que as casas de oração eram polos de atração para os camponeses, membros das
camadas sociais inferiores, que se “recomendavam” aos estabelecimentos religiosos?

As casas de oração contavam-se entre os pólos de atração mais eficazes porque possuíam uma
perpetuidade peculiar, rodeada de respeito, o que as tornavam altamente procuradas pelas pessoas
mais humildes das camadas sociais. Além da perenidade peculiar e do respeito que rodeava essas
casas de oração, também tinha-se a questão do culto dos santos, pois acreditavam que teriam garantia
contra os perigos do mundo ao se entregar a um santo, e outros benefícios tais como a “liberdade
eterna que reside em Cristo”.

5. Quais os dois grandes perigos a que a Igreja se expunha, transformando-se em grande


potência humana?

A igreja se expunha a dois grandes perigos, sendo o primeiro a “um esquecimento


excessivamente fácil de sua própria vocação”, ou seja, a igreja deixou de ser tão atuante em práticas
que lhe cabem como o dever de instruir as almas para a salvação, manter-se alheia a qualquer
preocupação temporal e seguir seu caminho de estudos sagrados para atender aos desígnios de Deus.
E isso aconteceu devido a sua conciliação a ordem secular, num movimento que resultou em uma
conjuntura de subordinação da igreja sob os interesses dos leigos, como, por exemplo, a nomeação
dos clérigos pela palavra de um leigo não ordenado. O segundo perigo diz respeito ao acúmulo de
boas terras livres em detrimento do rancor dos empobrecidos herdeiros da aristocracia laica, de modo
que criou-se um anticlericalismo de expressões brutais.

6. Um dos aspectos da sociedade feudal são as relações homem a homem definidas pela
“homenagem”. De que modo esses laços de subordinação, na época feudal, influenciaram
na Igreja?

Os laços de subordinação, na época feudal, influenciaram a introdução, na cidade espiritual,


de hábitos retirados do mundo secular, o que ocasionou em uma influência por parte da laicidade
sobre a Igreja, tendo agora o poder de nomeação para os diversos postos da hierarquia eclesiástica.

7. Outro aspecto das relações feudo-vassálicas é a “investidura”, com a transmissão de um


objeto que representava o “benefício” concedido. Como isso ocorre quando se trata de
clérigos? Que problema decorre dessa situação?

A investidura, quando se trata de clérigos, ocorre quando um leigo chama o clérigo para
governar uma paróquia, diocese ou mosteiro, recebendo então a investidura nas formas normais. Para
o bispo era-lhe dado um báculo, ou, mais tarde, um anel pastoral. Esse aspecto feudo-vassálico que
impetrou sobre a Igreja ocasionou no surgimento de bispos e clérigos que exerciam direitos temporais
que vieram em virtude das posições que ocupavam. Posteriormente, os reis e príncipes passaram a
exigir dos bispos ou dos abades sob seu domínio uma prestação de homenagem, o que junto a
investidura favorecia uma perigosa assimilação entre o ofício do prelado e o feudo vassálico.

8. O desmembramento dos poderes monárquicos caracterizou as sociedades feudais. Como se


compara a situação da Igreja na França e na Alemanha, considerando esse aspecto?

A Igreja na França encontra-se sob a autoridade dos altos, e até dos médios barões, e tinha-se
a presença da sucessão hereditária do filho ao pai, até à venda confessada. Já na Alemanha, em
contraste, os reis ficaram donos de quase todas as sedes episcopais.

9. Por quatro vezes o autor faz referência ao papa Gregório VII. Valendo-se de outras fontes,
comente sobre a atuação de Gregório VII no papado (Dez linhas).

Diante do quadro de tensão estabelecido entre a ordem temporal e a ordem espiritual, que
passou a ser cada vez mais incômoda para a segunda ordem, principalmente pelo fato da ordem dos
terrenos impor seu poder sobre os assuntos da Igreja e dos seus representantes eclesiásticos. Durante o
século XI, foi desenvolvida pelo Papa Gregório VII uma reforma (reforma gregoriana), a qual,
sobretudo, foi uma série de medidas que buscavam livrar a Igreja das intervenções dos laicos. Para
isso, foram regulamentadas medidas como: um estabelecimento claro das diferenças de papéis entre
os leigos e clérigos, a instituição dos sete sacramentos: batismo, crisma, eucaristia, ordem (apenas
para clérigos), casamento (apenas para leigos), confissão e unção dos enfermos. Logo, as diretrizes
implementadas por Gregório, mostram uma clara atuação do mesmo, na procura da retomada da Igreja
sobre seus domínios, sua autonomia e sua moral como instituição religiosa sagrada.

10. Em que medida a reforma gregoriana afetou a Igreja no nível das paróquias?

A reforma gregoriana veio para livrar a Igreja das intervenções dos laicos, no entanto os
esforços reformadores não atuaram lado ao sistema paroquial, tendo poucas modificações no regime
jurídico. Tais modificações a nível jurídico substituíram o termo “propriedade”, que passou a ser
chamado “patronato”; passou, também, a haver uma fiscalização mais detalhada das escolhas pela
autoridade episcopal, tendo os senhores garantido seus direitos de nomeação dentro das paróquias.
Quanto a modificações paroquiais inéditas, houve alteração em um grande número de Igrejas, que
saíram do domínio leigo e tornaram-se estabelecimentos eclesiásticos, principalmente os mosteiros.

11. Que mudanças ocorreram no nível dos altos dignitários da Igreja?

Dentre as inúmeras modificações na Igreja, as alterações que afetaram aos cargos mais altos
da Igreja foram: extinguem-se os mosteiros e os barões de espada (ou, como chamavam a si próprios:
abades ou arquiabades); também se pôs fim às investiduras por via dos símbolos do poderio
espiritual; há mudança no processo de escolha dos bispos, a designação de um colegiado é substituída
por uma eleição que se torna reconhecida por toda a sociedade como regra, incluindo aos leigos.

12. O autor afirma que “a reforma gregoriana tinha mostrado a sua impotência para
arrancar a alavanca de comando das mãos dos grandes poderes temporais”. Em que
aspecto essa avaliação se diferencia da visão comumente divulgada sobre a Igreja no
período medieval?

Comumente, quando vemos representações da Igreja no período medieval - seja em


produções cinematográficas, imagens, videogames, obras de artes e afins - convencionamos no senso
comum do imaginário social atual associar a mesma a uma ideia de perseguição e de dominação, de
modo que a desvinculamos da submissão dos poderes vigentes do período em questão. Indo na
contramão do senso comum, Marc Bloch discorre, ao longo do seu texto, aspectos que evidenciam,
principalmente na Baixa Idade Média, a falta de autonomia da Igreja sobre si e sobre a sociedade. O
estereótipo que ela carrega vai de encontro ao que é possível perceber no texto.

A Igreja esteve por muito tempo sujeita a um determinado poder no qual, para se obter mais
espaço, o mínimo de autonomia novamente e representatividade, no sentido de tomar decisões dentro
do grupo social, ela precisou se modificar e aliar ao poder para então, a Igreja e poder — até certo
ponto — se tornassem um só. Portanto, a Igreja não é uma coisa independente de si mas, é uma aliada
de modo que os fiéis que se juntavam a ela eram grandes representações do poder.
Referências Bibliográficas

BLOCH, Marc. A sociedade feudal. Lisboa: Edições 70, [2001]. p. 362-369. (Lugar da História, 6).

RIBEIRO, Rafael Santos. Conflitos entre autoridades religiosas e monárquicas no início do século
XI: um debate a partir das relações de poder. Plêthos, 2014. Disponível em:
https://www.historia.uff.br/revistaplethos/nova/downloads/4,1,2014/11rafael.pdf. Acesso em: 26 set.
2020.

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