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O
Renascimento como Reforma da Igreja
O século XVI viveu um período de comoção religiosa que marcou profundamente a história da
Europa até ao século XX. A Cristandade Ocidental fragmentou-se em várias igrejas, cada uma
das quais se considerando mais autêntica.
Reforma e Contrarreforma. A fragmentação religiosa do Ocidente
No princípio do século XVI, muitos reclamavam uma profunda reforma da Igreja. Como em
ocasiões anteriores, com ela pedia-se a purificação dos abusos e do perfecionismo da vida cristã
mediante o regresso a uma doutrina primitiva, para manter a unidade e continuidade na fé.
Lutero, Zwinglio ou Calvino, entre outros, tinham começado a romper com Roma e propunham
novidades radicais. Eles o faziam convencidos de que era necessário corrigir velhos erros nos
quais o papado insistia, e voltar ao ensinamento autêntico de Jesus Cristo, adulterado por
adições que nada tinham a ver com o evangelho.
Chamamos àqueles que optaram por se separar da Igreja de Roma como “reformados” ou
“evangélicos” e desde o século XIX utiliza-se o término de “Reforma” para englobar todos estes
movimentos que formaram novas igrejas desde 1517.
Pelo contrário, a porção da cristandade que se manteve unida em torna do papado preferiu
reconhecer-se como “católica”. Para denominar o processo completo, que inclui a renovação
interna do catolicismo e a sua reação político-militar, desde o século XIX se utiliza a
denominação de “Contrarreforma”.
Necessidade, desejos/anseios e interesses das reformas religiosas
As deficiências morais e eclesiásticas proporcionaram e exacerbaram as reclamações de uma
reforma “in capite et in membris”, tanto em Roma como entre os eclesiásticos.
Abusos morais e eclesiásticos
Males da igreja:
Do princípio radical de que cada homem se salva pela fé e que as boas obras não têm nenhum
valor, deriva as características principais da religião luterana:
1. Uma visão pessimista do homem. O fardo do pecado reduz sua liberdade de escolher
entre o bem e o mal, entre a graça que Deus oferece e as tentações apresentadas pelo
diabo. Martinho Lutero orientava-se pela ideia da predestinação o homem não pode
escolher entre o bem e o mal, é Deus que separa os que justifica e que os que condena.
2. Uma relação mais pessoal, espiritual e direta com Deus. A Palavra de Deus ocupa o
centro: é na Bíblia que está a palavra sem necessitar de um guia interpretativo. Os
sacramentos diminuíram, só aceitando os fundados diretamente na escritura: o batismo
e a Eucaristia (esta como mera comemoração) e também a Confissão. Os santos e a
virgem perderam significado, tal como as peregrinações, devoções de relíquias e
indulgências.
3. Uma igreja mais igualitária. Uma comunidade espiritual que se compartilha pela mesma
fé e em que todos são iguais pelo batismo. Quem presta serviço á comunidade são os
pastores, ensinando a palavra e administrando os sacramentos, não pertencendo a
nenhuma «ordem» distinta e podendo casar-se.
4. Uma liturgia mais participativa. Para o povo, a celebração da «missa alemã» foi o
aspeto mais evidente: a língua vernácula substituiu o latim, comungava-se com pão e
vinho, dava-se realce à proclamação da palavra e o povo participava cantando salmos e
lendo os textos bíblicos.
As ideias de liberdade e de igualdade cristã acompanharam a movimentação violenta de
camponeses e cavaleiros nos primeiros anos (seio do Império). A baixa nobreza empobrecida
pela inflação e desvalorizada pelas novas técnicas bélicas, aspirava a livrar-se da tutela dos
príncipes territoriais apropriando-se de terras e rendas eclesiásticas. De igual modo, uma grande
insurreição camponesa levantou-se.
Entre 1520 e 1540, a reforma Luterana estendeu-se rapidamente ao Império, até às cidades
senhoriais.
Salvo os primeiros tempos, foram os magistrados das cidades e os príncipes territoriais que
designavam pastores e que lhes pagavam com antigas rendas eclesiásticas e que agora
administrava o poder civil.
Os grandes príncipes tiveram consciência de que a Reforma implicava uma importante transição
de poder e de riqueza, e que o novo modelo de Igreja os fortalecia perante o Imperador. Mas
também se mantinha viva a esperança de chegar a um acordo religioso que se evitava a rutura
com a Igreja e a quebra da paz na Alemanha.
A afirmação de Igrejas protestantes no Império estava determinada por conflitos militares e
políticos.
A paz religiosa de Augsburgo (1555) entre luteranos e católicos, cimentou um novo princípio de
«territorialismo religioso», em que os príncipes e as cidades independentes podiam escolher a
forma de religião que quisessem.
O Luteranismo estendeu-se, simultaneamente, às grandes monarquias bálticas (Suécia,
Dinamarca, Noruega).
Zwinglio. Los anabatistas e os reformadores radicais
Lutero protagonizou a rutura com Roma e assentou os princípios doutrinais da Reforma. Mas,
outros reformadores começaram a propor propostas dogmáticas mais radicais e revolucionárias
pela sua repercussão social.
Zwinglo e a Reforma na Suíça
Contemporâneo de Lutero, a sua formação humanista e as críticas erasmistas à Igreja, levaram-
no a aceitar as ideias luteranas e, em 1523, implantar a Reforma com o apoio do Conselho da
Cidade.
Ele atuou num contexto sociopolítico diferente do de Lutero, pois a Suíça era uma confederação
de 13 cantões – 5 rurais e 8 urbanos- fora outros territórios associados e dependentes. Os quatro
bispos não tinham poderes temporais, não havia grandes príncipes territoriais nem uma nobreza
forte, mas sim sólidas oligarquias urbanas e rurais acostumadas formas de governo comunitárias
e federais. A influência do humanismo entre as suas elites era algo notável, num país aberto que
serviu de país de refúgio de Erasmo. Contudo, as propostas foram, doutrinalmente, mais radicais
que as de Lutero e muitos outros modelos de Igreja.
Em aspetos formais, Zwinglo chegou ao extremo de retirar todo o tipo de imagens, suprimindo
sinos, velas e o canto; os pastores não utilizavam vestes litúrgicas, mas aqueles comuns na
administração dos sacramentos, em língua vernácula. Dogmaticamente, defendeu a única
autoridade da Bíblia e a total ineficácia das obras, mas de um modo mais radical e pessimista
que Lutero: Deus predestina quem é que são salvos, os que chama para a sua graça. Só
reconhece dois sacramentos, o Batismo e a comunhão, mas entendidos como meros símbolos da
união dos homens a Deus: interpretava alegoricamente as palavras evangélicas que o
luteranismo interpretava literalmente.
Configurou uma igreja de baixo para cima, organizando pequenas comunidades autónomas
flexivelmente confederadas em «sínodos» e com uma ampla participação. A comunidade elegia
os pastores, os «apóstolos» e «profetas», encarregues de governar espiritualmente e socialmente
a comunidade religiosa-política. As igrejas zwinglianas tendiam a misturar-se com com o
governo civil, que era confundido com o religioso.
Os «anabatistas». Movimentos radicais
À margem das igrejas protestantes surgiram movimentos mais radicais, que funcionaram como
«setas», ou seja, grupos de escolhidos, puros, que se separaram do resto dos infiéis. Estes
movimentos não tinham estruturas e se sentiam movidos pelo Espírito Santo, que lhes falava em
sonhos e visões. Pretendiam a realização imediata num mundo de utopias profetizadas na Bíblia,
como a comunidade de bem ou igualdade social que choca com as autoridades. Apocalipse: o
final dos tempos, o Juízo premiará os eleitos e castigará os infiéis, a instauração de um tempo do
Reino de Cristo e os seus santos na Nova Sión terrena.
Os «anabatistas» eram chamados assim porque rebatizavam os adultos, como sinal de aceitar a
sua eleição.
Calvino e o calvinismo
O calvinismo associa-se como um perfecionismo da doutrina.
A doutrina de Calvino tem como centro a transcendência absoluta de Deus. Tudo deve ordenar-
se «Soli Deo Gloria»: a Glória de um Deus rigoroso, incompreensível, inalcançável, o pai
misericordioso encarnado em Cristo. Daqui deriva a ideia da predestinação. Deus, há disposto
para cada homem a sua vontade, com independência do que faça, que se salve ou seja
condenado para sempre. A mera aceitação da predisposição, a pertença à igreja reformada, o
esforço de purificação ascética, são sinais que certificam a eleição salvadora de Deus.
Só reconhece dois sacramentos: o Batismo e a Comunhão, esta como pura comemoração.
Organização eclesiástica:
Supremacia da Escritura
Imposição da liturgia em Inglês
Celibato sacerdotal voluntário
Reprovação de indulgências e relíquias
Obrigação dos párocos a pregar
Durante estes anos difundiu-se o uso da Bíblia em inglês, acompanhada de um Homiliário de
carácter reformista de Cranmer.
Eduardo VI
Quarenta e dois artigos da fé (1553) combinaram fórmulas luteranas e zwinglianas junto com
elementos católicos.
Mudanças (litúrgicas):