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A Reforma Protestante

Antecedentes
Desde a queda do Império Romano do Ocidente, ou seja, do início da Idade Média, a Igreja
Católica foi sendo confrontada com fragmentações internas e críticas externas que
contribuíram para o desgaste da sua autoridade.
Durante os séculos XIV e XV deu-se uma grave crise religiosa, favorecida pelos seguintes
fatores:
1. As críticas à Igreja Católica
2. O despertar do individualismo religioso e do humanismo
3. A crise do século XIV e do início do século XV
As críticas à Igreja Católica
As críticas à Igreja Católica, feitas por humanistas, relativamente à hierarquia eclesiástica e
aos abusos e desvios do clero acentuaram a crise religiosa na Europa.
Aliás, (como se pode ver na última frase do Doc.1 da página 129) “havia, em relação à missa,
uma atitude a que podemos chamar de «pôr dinheiro na caixa das esmolas»”.
 Nos séculos XIV e XV, os membros da Igreja comportavam-se de forma luxuosa e
imoral, e por isso foram criticados por humanistas, destacando-se Martinho Lutero.
 Martinho Lutero, como forma de expressar o seu descontentamento, colocou as 95 Teses
sobre o Poder e a Eficácia das Indulgências à porta das Igrejas de Vitemberga, na
Alemanha.
 Entre estas teses sobressai a crítica à venda de Bulas de Indulgência, cujo objetivo era
penitenciar os pecados das pessoas que as obtinham. Estas pessoas, segundo Lutero,
apenas obtinham a indignação de Deus.
 Assim, os humanistas revoltaram-se contra a corrupção presente na Igreja e desejaram
regressar à pureza original do Cristianismo.
O despertar do individualismo religioso e do humanismo
Uma nova forma de encarar a fé, o Cristianismo e a palavra de Deus, foi promovida pelo
ambiente cultural, ligado ao humanismo, presente na época.
A crise do século XIV e início do século XV
Devido à difusão da Peste Negra, à Guerra dos Cem Anos e à fome generalizada, vivia-se na
Europa um clima de crise. Este ambiente, juntamente com o Grande Cisma do Ocidente,
levou ao medo e à inquietação religiosa.
 O Grande Cisma do Ocidente foi uma das mais importantes crises na História da Igreja
Católica, que se estendeu de 1378 a 1417.
 Durante o Cisma existiam dois Papas, um em Roma e outro em Avignon.
 Este clima levou à fragmentação da Europa, como se pode ver no mapa:
Avignon Roma

Reconhecido por: França, Aragão, Castela, Leão, Reconhecido por: Portugal, Dinamarca,
Chipre, Borgonha, Condado de Saboia, Nápoles e Inglaterra, Flandres, Sacro Império, Hungria,
Escócia. Norte da Itália, Irlanda, Noruega, Polónia e
Suécia.

Idade Moderna:
O avanço dos Turcos no Mediterrâneo Oriental, que viria a resultar no fim do Império
Romano do Oriente, após a queda de Constantinopla foi mais um problema que se juntou à
fome, Peste Negra e às guerras na segunda metade do século XIV para os cristãos.
Este acontecimento marca o fim da Idade Média e o início da Época Moderna. Este período
decorreu entre 1453, altura da queda de Constantinopla (imagem 1), e 1789, com a
Revolução Francesa (imagem 2).
Novas formas de devoção popular:
A crise que atravessou o final da Idade Média e o princípio da Idade Moderna abalou as
consciências. Devido a isso, surgiram novas formas de devoção popular, como:
 As procissões de flagelantes, que defendiam os atos punitivos e de sacrifício como forma
de libertação dos pecados.
 O desenvolvimento das confrarias, que eram grupos associados a cultos religiosos,
normalmente em honra de santos. As confrarias tinham uma bandeira própria e
utilizavam-na em procissões e festas religiosas, para se identificarem.
 As práticas de superstição e de magia, de forma a afastar a morte e os medos.
 Orações, meditação e cânticos, ou seja, novas formas de piedade religiosa e de procura de
uma nova religiosidade, mais individual.
Individualismo religioso e defesa de uma nova religiosidade:
Muito devido ao ambiente cultural do final da Idade Média, ligado ao humanismo, existiu o
despertar para uma nova religiosidade, mais focada no indivíduo e próxima do Cristianismo
original.
O movimento Devotio Moderna, nascido na Europa do Norte, concretizou esta nova
perspetiva da religiosidade cristã e defendia as seguintes ideias:
 Reflexão sobre o espírito de piedade e vida interior.
 Defendia a meditação e a vivência individual da religião para alcançar a ligação com
Deus, sem inferiorizar os sacramentos e o culto dos santos.
 A leitura da Sagrada Escritura era a forma de o crente estabelecer uma relação com Deus.
O movimento influenciou muitos humanistas, com especial destaque para Erasmo e foi um
defensor da pobreza, da humildade e de uma relação mais individualizada com Deus, através
das Sagradas Escrituras e da oração.
A influência do humanismo:
A necessidade de estudar e comparar as fontes antigas do Cristianismo foi evidenciada pela
valorização do espírito crítico, crença nas capacidades do indivíduo e a redescoberta dos
textos antigos por parte dos humanistas.
A má tradução dos textos originais do grego, hebraico e latim dificultou o conhecimento da
mensagem cristã num primeiro momento.
Outra iniciativa foi a tradução da Bíblia para as línguas nacionais de forma a permitir maior
acesso dos crentes ao texto sagrado, o que colocou em causa a exclusividade do clero no
acesso às fontes de fé.
Os humanistas ansiavam a transformação moral e a formação do clero de acordo com o
verdadeiro espírito cristão, da humildade e da fé.
Alguns pensadores defenderam heresias, ou seja, ideias contrárias ao que era aceite pela
Igreja Católica e que foram condenadas. Destacaram-se:
1. John Wycliff
2. Jan Huss
John Wycliff
 Negou a autoridade do Papa e condenou as indulgências (perdão de penitência derivada
do pecado).
 Recusou a transubstanciação (presença de Cristo na missa, através do vinho e do pão) e
defendeu a confissão pública.
 Defendeu o fim do culto dos santos.
 Fez a tradução da Bíblia para Inglês.
 Todos os que se identificavam com as suas ideias eram considerados hereges.
Jan Huss
 Defendeu a pobreza evangélica.
 Entendia que a Bíblia era a única fonte de fé.
 Apoiou a comunhão sob o pão e o vinho.

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