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Disciplina: História da Igreja Moderna e Contemporânea

Docente: Marcelo Santos – Discente: Pablo Rodrigo Ferreira

SÍNTESE DO CONTEÚDO UNIDADE CURRICULAR

A disciplina História da Igreja Moderna e Contemporânea se caracterizou como um


conjunto de importantes recortes históricos, trabalhados pelo professor Marcelo
Santos, do período entre a Reforma Protestante, do século XVI, até o cristianismo do
século XX, com destaque para as mudanças do catolicismo na América Latina e o
desenvolvimento do Pentecostalismo.
Nessa síntese, encontra-se os principais apontamentos realizados pelo professor, a
começar pelos antecedentes da Reforma Protestante, que contribuíram para a melhor
compreensão do desenvolvimento teológico-doutrinário e da práxis da Igreja Romana,
que passou a ser questionada por um grupo da própria Igreja.
A esse respeito, vale a menção da oposição à cobrança de indulgências, um dos
desvios apontados pelas 95 teses de Lutero, frade agostiniano, doutor e professor em
Teologia na cidade de Wittenberg, que formalizou publicamente as suas críticas à
Igreja de Roma em 31 de outubro, de 1517, o que desencadeou vários movimentos
reformistas por muitas regiões da Europa.
Movido pelo intuito de produzir uma reforma dentro da Igreja Romana, Lutero acabou
produzindo uma considerável rearranjo político-social na Europa, a começar no
Império Romano Germânico, já que apoiado pelo príncipe Frederico da Saxônia,
conseguiu mais liberdade e condições de se manter em oposição à Igreja Romana,
na Dieta de Worms, em 1521, quando notabilizou na história a sua declaração: “Minha
consciência se mantém cativa à Palavra de Deus”.
Apesar do seu ímpeto doutrinário-teológico contra Roma, alguns relatos históricos
atribuem a Lutero a negligência que levou o massacre dos camponeses pelos nobres
alemães, em 1525 – uma mancha no ministério do reformador –, que conduziu muitos
camponeses ao retorno ao catolicismo ou à adesão ao movimento anabatista
revolucionário.
Todavia, a partir da Paz de Augsburg, de 1530, a nobreza apoiada por Lutero resistiu
às tentativas do imperador Carlos V de manter o domínio da Igreja Romana sobre os
germânicos, conquistando a liberdade religiosa na Alemanha e permitindo o
reconhecimento da declaração de fé protestante.
Dentre os movimentos reformistas desencadeados pelo luteranismo, se destacou
aqueles desenvolvidos a partir da Suíça; primeiramente, em Zurique, com Ulrich
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Zwínglio, seguido pelos dissidentes de Zurique, os anabatistas, e, também, a


influência de João Calvino, a partir de Genebra.
Sobre Zwínglio, foi apontado a sua influência humanista, que o levou a defender a
Bíblia como a única fonte segura de fé, o batismo mediante a fé, e a presença
espiritual de Cristo entre os crentes, ao contrário da defesa de Lutero da presença
literal de Cristo nos elementos da ceia.
Sobre os anabatistas, conhecidos pela Reforma Radical, especialmente por sua
postura mais incisiva contra a união da Igreja e do Estado, se destacou a perseguição
desse grupo por parte de católicos e até mesmo de outras vertentes reformistas, que
consideravam o seu radicalismo uma ameaça ao progresso da Reforma. Ainda sobre
os anabatistas, mesmo que tenham sido apontados alguns exageros que culminaram
em seitas, como a liderada por João de Leiden na cidade de Münster, o movimento
também produziu movimentos mais equilibrados, ainda que mais isolados do convívio
social, como os menonitas, que se fortaleceu na Holanda e na Alemanha, mas devido
as perseguições se espalhou pela Europa, chegando até a América.
Outro movimento decorrente da Reforma Protestante aconteceu na Inglaterra, do
século XVI, com a criação da Igreja Anglicana pelo rei Henrique VIII, que estabeleceu
mais uma reorganização política do que uma reforma religiosa, já que em termos
doutrinário-teológicos a nova igreja não se distanciou muito da Igreja Romana. A
respeito da Reforma Anglicana, também, se destacou a perseguição que o
protestantismo não-anglicano enfrentou sobre a vigência anglicana e católica na
Inglaterra; eventos, que posteriormente, levariam um expressivo número de
calvinistas – conhecidos como puritanos, por terem reivindicado uma pureza
doutrinária na Igreja Anglicana – à migração para outros países europeus, como a
Holanda, e para a América do Norte.
Além do surgimento e fortalecimento do protestantismo, a disciplina também
apresentou um breve recorte da Reforma Católica, que segundo o professor, mesmo
que alguns historiadores tentem afirmar um movimento natural dentro da Igreja
Romana, é melhor intitulado como Contra Reforma, já que os eventos a seu respeito
têm muito mais evidências de uma reação ao movimento protestante do que uma ação
voluntária de Roma. A esse respeito, destacou-se o Concílio de Trento e algumas das
suas principais medidas de contenção do protestantismo e reafirmação da autoridade
da Igreja Católica, como: a moralização do clero e a extinção das indulgências; a
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criação de ordens monásticas – jesuítas, carmelitas etc. – no intuito de propagar a fé


romana; a rejeição de todas as defesas doutrinárias dos protestantes; entre outras.
De volta ao protestantismo, a disciplina proporcionou um olhar mais atento ao
puritanismo inglês, do século XVII. Sobre esse movimento, vale o destaque do
professor Santos sobre o seu fim, enquanto tentativa de reforma da Igreja Anglicana,
e a sua consolidação como um movimento separatista. A partir do Ato de Uniformidade
da Igreja Anglicana, em 1662, um expressivo grupo foi expulso do anglicanismo,
passando a se firmar sobre os preceitos calvinistas, que já os regiam antes mesmo
da restauração monárquica dos Stuarts, em 1660, que historicamente – desde o início
do século – se consolidaram como incisivos opositores da teologia reformada. A
respeito das denominações separatistas inglesas, se destacou os presbiterianos, os
congregacionais e os batistas.
Tratado do puritanismo inglês, passou-se a tratar de outro movimento relevante na
Europa: o pietismo. Para melhor compreender as suas características, o professor
apresentou um dos seus principais antecedentes, a Guerra dos Trinta Anos, em que
um dos principais motivos foi a divergência religiosa-territorial entre o protestantismo
e o catolicismo, envolvendo o Império Romano-Germânico, França, Suécia e
Dinamarca. A partir da Paz de Westphalia, em 1648, o protestantismo se consolidou
num cenário político-territorial, assumindo muito mais contornos institucional e
intelectual do que devocional e espiritual. Diante desse cenário de apatia espiritual da
população, particularmente no âmbito luterano, surgiu um movimento de resgate da
piedade cristã, daí o nome Pietismo.
Dentre os líderes do pietismo, se destacou Philip Jacob Spener, autor da “Pia
Desideria”, de 1675, ressaltando as experiências espirituais dos crentes, num
movimento de resgate da espiritualidade para a teologia, já que a religião havia se
enveredado por caminhos muito acadêmicos e intelectuais. A partir dessa iniciativa,
pôde se identificar o avanço pietista entre os morávios, particularmente pela influência
do Conde Zizendorf, e o seu legado, que posteriormente alcançou John Wesley, na
Inglaterra. Ainda sobre o pietismo, vale os apontamentos realizados em aula, que
produziram reflexões sobre a capacidade dos tempos de influenciar a produção
doutrinária-teológica. O pietismo, por ter ressaltado a experiência pessoal da fé,
acabou por oportunizar muitos desvios bíblico-doutrinários, atualmente, encontrados
em movimentos contemporâneos, como o pentecostalismo e neopentecostalismo.
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O próximo recorte da disciplina foi o metodismo wesleyano, observado na Inglaterra,


dessa vez, no século XVIII, quando John Wesley, junto a Charles Wesley e George
Whitefield, inaugurou o movimento de renovação espiritual universitária e a realização
de ações sociais que comprovasse a nova vida cristã. A partir da influência dos
morávios sobre John Wesley, o movimento começou a enfatizar as experiências do
novo nascimento pelo mover do Espírito Santo, assumindo contornos pietistas, o que
distanciou Whitefield das propostas de Wesley. A partir daí, os grupos de pregações
em lugares públicos e nos lares se espalharam pela Inglaterra, até que culminaram
no surgimento das Igrejas Metodistas, primeiro, nos Estados Unidos, e depois da
morte de Wesley, na Inglaterra.
Passado pelo metodismo, voltou-se na cronologia para tratar do protestantismo nos
Estados Unidos, intensificado a partir do século XVII, a partir da formação das colônias
britânicas no norte da América, incluindo grupos religiosos perseguidos pelo
anglicanismo inglês. Sobre isso, se destacou a diversidade religiosa de cada uma das
colônias, como, por exemplo, a influência anglicana na Virgínia; católica, em Maryland;
a grande presença dos morávios, na Geórgia; e a forte inclinação puritana, em
Plymont.
Nesse contexto estadunidense, entre os séculos XVIII e XIX, se destacou o trabalho
evangelístico de Jonathan Edwards e George Whitefield, no movimento que ficou
conhecido como o Primeiro Avivamento, em que a pregação da soberania de Deus e
o julgamento divino foi intensificada diante da religiosidade institucional criada nas
colônias. O resultado desse movimento foi a conversão de milhares de pessoas.
A partir de Charles Finney, no século XIX, os Estados Unidos experimentou aquilo que
se denominou de o Segundo Avivamento, num afastamento da pregação calvinista e
uma aproximação da moralidade e das pregações com mais carga emotiva. Nesse
período, também, se observou brevemente o ministério de D. L. Moody, outro pegador
arminiano, responsável pelas conferências evangelísticas realizadas pela Associação
Cristã de Moços de Chicago.
É, também, no século XIX que surge a Doutrina do Destino Manifesto, com John
O’Sullivan, dentro do contexto de expansão das fronteiras dos Estados Unidos, em
que a religião passou a ser usada para justificar interesses políticos e econômicos.
Outro recorte tratado na disciplina foi as transformações do catolicismo a partir do
século XIX, que com advento da Revolução Francesa, começou a lidar com uma
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sociedade mais secularizada, tendo que reafirmar a autoridade da igreja frente ao


crescente racionalismo, se pondo aos movimentos revolucionários da época, dentre
eles, ao socialismo marxista. É nesse período, em que a Igreja Romana declara a
Unam Sanctum – a salvação apenas se dá pela Igreja, e a Doutrina da Infalibilidade
Papal, a partir do Concílio do Vaticano I, em 1870. Em decorrência dessas tentativas
da Igreja Romana se reafirmar perante a sociedade europeia, muitos governos
passaram a reduzir a influência romana em seus territórios, já que a considerava uma
ameaça a sua soberania nacional.
Assim, ainda que o catolicismo tenha se mantido como importante instituição, perdeu
muito do seu apogeu político-econômico, chegando ao século XX como uma tradição
cristalizada e não tanto como uma instituição relevante para a geopolítica global.
Nesse contexto, na América Latina, o catolicismo arraigado desde o início do período
colonial, a partir do século XIX, com os movimentos de independência das colônias,
se viu mais pressionado a ceder ao secularismo, ao sincretismos religiosos, o que
produziu um considerável pluralismo na cristandade romana.
A disciplina também tratou do movimento pentecostal, dando ênfase para o seu
surgimento e expansão nos Estados Unidos, a partir do final do século XIX, com a
ênfase no falar em línguas estranhas como evidência da segunda bênção, que é o
batismo com o Espírito Santo. Destacou-se nesse processo, o início do ensino, em
1900, por Charles Parham; a expansão a partir dos acontecimentos da rua Azusa,
liderados por William Seymour; e devido a ênfase nas experiências pessoais, foi
possível considerar muitas dissidências do movimento no decorrer do século XX, que
deram contornos muito diversificados ao pentecostalismo.
Por fim, de maneira breve, foi considerado o movimento tardio do protestantismo na
América Latina que, apesar de tentativas pontuais e frustradas durante a colonização
europeia, só conseguiu se estabelecer mais concretamente nos últimos duzentos
anos, quando a abertura político-econômica trouxe consigo a abertura religiosa.
Finaliza-se essa síntese, com a seguinte consideração, a história da igreja
proporciona um vasto conteúdo para que os crentes que a estudam tenham melhores
condições de se proteger dos desvios doutrinário-teológicos típicos da interação com
e da reação às conjunturas social, cultural, política, econômica e religiosa das
diferentes épocas.

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