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ORIGENS HISTÓRICAS DO

PRESBITERIANISMO
Por Alderi Souza de Matos
Fonte: //www.mackenzie.br/7062.html

Introdução
As origens históricas mais remotas do presbiterianismo remontam aos primórdios da Reforma
Protestante do século XVI. Como é bem sabido, a Reforma teve início com o questionamento do
catolicismo medieval feito pelo monge alemão Martinho Lutero (1483-1546) a partir de 1517. Em
pouco tempo, os seguidores desse movimento passaram a ser conhecidos como “luteranos” e a igreja
que resultou do mesmo foi denominada Igreja Luterana.
Poucos anos após o início da dissidência luterana na Alemanha, surgiu na região de língua alemã da
vizinha Suíça, mais precisamente na cidade de Zurique, um segundo movimento de reforma
protestante, freqüentemente denominado “Segunda Reforma.” Esse movimento teve como líder
inicial o sacerdote Ulrico Zuínglio (1484-1531) e, pretendendo reformar a igreja de maneira mais
profunda que o movimento de Lutero, passou a ser conhecido como movimento reformado, e seus
seguidores como “reformados.” Assim sendo, as igrejas derivadas do movimento auto-
denominaram-se igrejas reformadas.
Apesar do seu aparente radicalismo, Lutero e seus seguidores romperam com a igreja majoritária
somente nos pontos em que viam conflitos irreconciliáveis com as Escrituras. Especialmente na área
crucial do culto, os luteranos julgavam que era legítimo manter tudo aquilo que não fosse
explicitamente proibido pela Bíblia. Já os reformados partiam de um princípio diferente, entendendo
que só deviam abraçar aquilo que fosse claramente preconizado pelas Escrituras. Foi isso que os
levou a uma ruptura mais profunda com o catolicismo.
1. João Calvino
Após a morte de Zuínglio em 1531, o movimento reformado passou a ter um novo líder, que
revelou-se muito mais articulado e influente que o anterior: João Calvino (1509-1564). Calvino
nasceu em Noyon, no nordeste da França, e ainda adolescente foi estudar teologia e humanidades em
Paris. Depois de um breve período em Orléans e Bourges, quando dedicou-se ao estudo do direito,
retornou a Paris para dar continuidade aos estudos humanísticos que tanto o fascinavam. Em 1532,
publicou o seu primeiro livro, um comentário do tratado de Sêneca De Clementia.
O humanismo que empolgou os primeiros líderes das igrejas reformadas, Zuínglio e Calvino, foi o
extraordinário movimento intelectual que marcou a transição entre a Idade Média e o período
moderno. Uma das características marcantes desse movimento foi o seu profundo interesse pela
antigüidade clássica, o período áureo da civilização greco-romana. Entre as obras clássicas que
atraíam a atenção de muitos estava a Bíblia, particularmente o Novo Testamento. Isso levou ao
surgimento de uma categoria específica de humanistas bíblicos devotados ao estudo das Escrituras
em seus originais gregos e hebraicos. O maior desses humanistas cristãos foi o célebre Erasmo de
Roterdã (c.1466-1536), cuja edição crítica do Novo Testamento baseada em textos gregos foi
avidamente estudada e utilizada pelos reformadores suíços.
Em 1533, Calvino teve uma experiência de conversão à fé evangélica. Forçado a fugir de Paris por
causa das suas novas convicções, dirigiu-se para a cidade de Angoulême. Pouco depois, começou a
escrever a sua obra magna, a Instituição da Religião Cristã ou Institutas, publicada em Basiléia em
1536. Nesse mesmo ano, de maneira totalmente inesperada, Calvino viu-se convocado a auxiliar a
implantação da fé reformada na cidade de Genebra, na Suíça francesa. Após um interregno de três
anos em Estrasburgo (1538-1541), o reformador retornou a Genebra e ali permaneceu até o final da
sua vida.
Graças a sua vasta e competente produção teológica, sua habilidade como organizador e seus
contatos pessoais com inúmeros indivíduos e comunidades em toda a Europa, Calvino exerceu uma
poderosa influência e contribuiu para a disseminação do movimento reformado em muitos países.
Em 1559, ele fundou a Academia de Genebra, que colaborou decisivamente para a formação de toda
uma nova geração de líderes reformados. Dada a importância desse reformador, um novo termo
surgiu para designar os reformados: “calvinistas.”
Nas Institutas, comentários bíblicos, sermões, tratados e outros escritos que produziu, Calvino
articulou um sistema completo de teologia cristã que ficou conhecido como calvinismo. Esse sistema
incluía normas específicas, retiradas das Escrituras, acerca da doutrina, do culto e da forma de
governo das comunidades reformadas. Na base do sistema estava a ênfase no conceito da absoluta
soberania de Deus como criador, preservador e redentor do mundo. A estrutura eclesiástica
preconizava o governo das comunidades por presbíteros e a associação das igrejas em presbitérios
regionais e em sínodos nacionais.
2. Europa Continental
Logo após o início da carreira de Calvino, o movimento reformado começou a difundir-se em muitas
regiões da Europa, notadamente na França, no vale do Reno (Alemanha e Países Baixos), na leste
europeu e nas Ilhas Britânicas. Vários fatores contribuíram para essa difusão. Em primeiro lugar, a
ampla divulgação das idéias de Calvino através da imprensa e de outros meios; em segundo lugar, o
intenso deslocamento de refugiados que procuravam escapar da repressão religiosa em seus países;
finalmente, o papel irradiador desempenhado por Genebra e outras cidades reformadas. Muitos
homens e mulheres iam a Genebra, eram treinados nos preceitos da fé reformada e retornavam aos
seus países imbuídos das novas idéias.
Como era de se esperar, Calvino nutria grande interesse pela propagação da fé evangélica no seu
próprio país, a França. Ali, apesar de intensas perseguições, o movimento reformado experimentou
notável crescimento na década de 1550. Em 1559, reuniu-se o primeiro sínodo da Igreja Reformada
de França, representando cerca de duas mil comunidades locais. Pela primeira vez, o
presbiterianismo era organizado em âmbito nacional. Esse sínodo aprovou uma importante
declaração da fé reformada, a Confissão Galicana.
Muitos dos reformados franceses, conhecidos como huguenotes, eram artesãos, comerciantes e
nobres, e estavam concentrados principalmente no oeste e sudoeste do país. Seus conflitos políticos
com o partido católico liderado pela família Guise-Larraine levaram a um longo período de guerras
religiosas (1562-1598). O episódio mais sangrento foi o massacre do Dia de São Bartolomeu (24-08-
1572), em que milhares de huguenotes foram mortos à traição em Paris e no interior da França, entre
eles o famoso almirante Gaspard de Coligny. A paz só foi restaurada em 1598, quando o rei
Henrique IV, um ex-huguenote, promulgou o Edito de Nantes, concedendo liberdade religiosa aos
reformados. Esse edito foi revogado por Luís XIV em 1685, fazendo com que cerca de 300 mil
huguenotes abandonassem a França.
Em virtude da proximidade geográfica, o movimento reformado desde cedo também penetrou no sul
da Alemanha. O movimento cresceu com a chegada de milhares de refugiados vindos de outras
regiões, como a França e os Países Baixos. Estrasburgo foi um importante centro reformado entre
1521 e 1549, tendo como líder o reformador Martin Butzer. Como já foi apontado, Calvino ali
residiu durante três anos (1538-1541). Em Heidelberg, o príncipe Frederico III criou uma grande
universidade que tornou-se o centro do pensamento reformado na Alemanha. Nessa cidade foi
escrito em 1563 o Catecismo de Heidelberg. A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) resultou no
reconhecimento definitivo das igrejas reformadas alemãs, que receberam o influxo de sessenta mil
refugiados huguenotes após a revogação do Edito de Nantes.
Nos Países Baixos, a fé reformada surgiu inicialmente em Antuérpia, em 1555. Em dez anos,
formaram-se mais de trezentas igrejas, em parte devido à chegada de imigrantes huguenotes que
fugiam das guerras religiosas em seu país. Essas igrejas adotaram como sua declaração de fé
a Confissão Belga, escrita por Guido de Brès em 1561. O calvinismo foi implantado na Holanda no
contexto da guerra da independência contra a Espanha, iniciada em 1566 sob a liderança de
Guilherme de Orange. Como resultado do conflito, os Países Baixos dividiram-se em três nações:
Bélgica e Luxemburgo (católicos) e Holanda (reformada). O primeiro sínodo nacional das igrejas
reformadas holandesas reuniu-se em 1571 na cidade de Emden, na Alemanha, e adotou um sistema
presbiterial de governo baseado no modelo francês. Eventualmente, a igreja reformada tornou-se
oficial, embora nem toda a população tenha aderido ao movimento. No início do século XVII, uma
disputa teológica resultou no Sínodo de Dort (1618-1619), que rejeitou as idéias de Tiago Armínio
acerca da predestinação e afirmou os chamados “cinco pontos do calvinismo” (depravação total,
eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e perseverança dos santos).
Quanto à Europa oriental, na década de 1540, graças a contatos com cidades suíças, surgiram igrejas
reformadas na Polônia e na Boêmia (Checoslováquia), e mais tarde também na Hungria. Na Boêmia,
o movimento reformado associou-se aos Irmãos Boêmios, os sucessores do antigo movimento
liderado pelo pré-reformador João Hus, morto em 1415. Na Polônia e na Lituânia, as igrejas
calvinistas experimentaram grande crescimento, mas eventualmente foram suprimidas pela Contra-
Reforma. A fé reformada foi introduzida na Hungria em 1549, através de contatos com Zurique, mas
as igrejas sofreram perseguições de 1677 a 1781. A igreja reformada húngara viria a ser uma das
maiores do mundo.
3. Ilhas Britânicas
Especialmente importante para a fé reformada foi a sua introdução nas Ilhas Britânicas. Nessa região
é que surgiu o outro nome histórico associado ao movimento: “presbiterianismo.” Esse nome tinha
ao mesmo tempo conotações teológicas e políticas. Os reis ingleses e escoceses eram firmes
partidários do episcopalismo, ou seja, de uma igreja governada por bispos. Como esses bispos eram
nomeados pela coroa, esse sistema favorecia o controle da igreja pelo estado. Assim sendo, a
insistência dos reformados da Escócia e Inglaterra em uma igreja governada por presbíteros, eleitos
pelas congregações e reunidos em concílios, era uma reivindicação de independência da igreja em
relação ao poder público. Tal foi a origem histórica do termo “presbiteriano” ou “igreja
presbiteriana.”
O protestantismo reformado foi levado para a Escócia por George Wishart, que estudara na Suíça e
foi morto na fogueira em 1546. As primeiras igrejas reformadas surgiram no final da década
seguinte. Os eventos se precipitaram com o retorno do líder John Knox (c. 1514-1572), que passou
alguns anos em Genebra como refugiado, estudou aos pés de Calvino e retornou ao seu país em
1559. No ano seguinte, o Parlamento aboliu o catolicismo e adotou a fé reformada (Confissão
Escocesa). Em dezembro de 1560, reuniu-se a primeira assembléia geral da Igreja Presbiteriana
escocesa, que elaborou o Livro de Disciplina. Todavia, o Parlamento não aceitou esse primeiro Livro
de Disciplina – que prescrevia a forma presbiteriana de governo –, mas manteve o episcopado como
instrumento de controle estatal da igreja.
Ironicamente, entre 1561 e 1567 a Escócia formalmente presbiteriana foi governada por uma rainha
católica, Maria Stuart. Após a morte de Knox, Andrew Melville (1545-1622), outro ex-exilado em
Genebra, tornou-se o principal defensor do sistema presbiteriano e de uma igreja autônoma do
estado. Os próximos quatro reis, especialmente Carlos II (1660-85), procuraram impor o
anglicanismo e perseguiram os presbiterianos. Estes fizeram um pacto nacional para defender a sua
fé e ficaram conhecidos como “covenanters” (pactuantes). Somente em 1689 o presbiterianismo foi
estabelecido definitivamente, embora algumas modificações feitas pelo Parlamento, como a Lei do
Patrocínio Leigo (1717), tenham produzido várias divisões na igreja.
Na Inglaterra, surgiram fortes influências reformadas desde o reinado de Eduardo VI (1547-1553).
Martin Butzer, o reformador de Estrasburgo, passou seus últimos anos naquele país. Calvino
correspondeu-se com o rei Eduardo, com Somerset, o lorde protetor, e com Thomas Cranmer, o
arcebispo de Cantuária. O Livro de Oração Comum e os Trinta e Nove Artigos revelam clara
influência reformada. Durante o reinado intolerante de Maria Tudor (1553-1558), alcunhada “a
sanguinária”, muitos protestantes ingleses refugiaram-se em Zurique e Genebra. Porém, a rainha
Elizabete I (1558-1603) não apreciava os aspectos populares da forma presbiteriana de governo,
preferindo uma estrutura episcopal que deixava o controle último da igreja nas mãos das autoridades
civis.
No reinado de Elizabete surgiram os puritanos, alguns dos quais sustentavam princípios
presbiterianos. Em outras palavras, os puritanos eram todos calvinistas, mas nem todos aceitavam a
forma de governo presbiteriana. O nome “puritanos” resultou da insistência desses reformados em
que a Igreja da Inglaterra fosse pura, ou seja, seguisse os moldes bíblicos em sua doutrina, culto e
governo. Por causa de sua firme oposição ao episcopalismo e a sua luta pela reforma da igreja estatal
inglesa, os puritanos foram objeto de forte repressão por parte de Elizabete. Seus sucessores, Tiago I
(1603-1625) e Carlos I (1625-1649), que governaram simultaneamente a Inglaterra e a Escócia,
continuaram a opor-se aos puritanos.
No reinado de Carlos ocorreu um evento marcante na história do presbiterianismo. Esse rei tentou
impor o episcopalismo na Igreja da Escócia e acabou envolvido em uma guerra contra os seus
próprios súditos. Vendo-se em dificuldades, precisou convocar a eleição de um parlamento na
Inglaterra, eleição essa que resultou em uma maioria parlamentar puritana. Dissolvido o parlamento,
foi feita nova eleição, que tornou a maioria puritana ainda mais expressiva. A conseqüência foi a
guerra civil, que terminaria com a execução do rei. Esse parlamento puritano convocou a célebre
Assembléia de Westminster (1643-1648), que produziu os “padrões presbiterianos” de culto,
governo e doutrina. Quando esses documentos foram aprovados pelo parlamento, a Igreja da
Inglaterra deixou de ser episcopal e tornou-se presbiteriana. Porém, depois que Carlos II tornou-se
rei em 1660, houve a restauração do episcopado e seguiram-se vários anos de repressão contra os
presbiterianos. Com o tempo, os padrões de Westminster tornaram-se os principais documentos
teológicos adotados pelas igrejas reformadas em todo o mundo.
A tradição reformada teve início na Irlanda com a Colônia de Ulster, a partir de 1606. No esforço de
“domesticar” os irlandeses, o governo inglês implantou comunidades inglesas e escocesas nas
regiões devastadas pela guerra ao norte da ilha. Aos imigrantes escoceses, que levaram consigo o seu
presbiterianismo, uniram-se puritanos ingleses e huguenotes franceses. Houve uma rígida separação
étnica entre os novos moradores e os irlandeses católicos do sul, e grande violência destes contra os
presbiterianos. Graças aos capelães de um exército pacificador, um presbitério foi fundado no Ulster
em 1642 e em 1660 eles já eram cinco. Os colonos alcançaram prosperidade na nova terra, mas
também se viram sujeitos a restrições políticas, econômicas e religiosas impostas pelo governo
inglês, além de calamidades naturais como estiagens prolongadas. Com isso, a partir de 1715, os
“escoceses-irlandeses” começaram a sua grande migração para os Estados Unidos. Até 1775, pelo
menos 250 mil iriam cruzar o Atlântico.
4. Estados Unidos
O calvinismo chegou à América do Norte com os puritanos ingleses que se radicaram em
Massachusetts no início do século XVII. O primeiro grupo fixou-se em Plymouth em 1620 e o
segundo fundou as cidades de Salem e Boston em 1630. Nas décadas seguintes, mais de 20 mil
puritanos cruzaram o Atlântico em busca de liberdade religiosa e novas oportunidades. Todavia,
esses calvinistas optaram pelo forma de governo congregacional, não pelo sistema presbiteriano.
Muitos calvinistas que aceitavam a forma de governo presbiteriana vieram do continente europeu.
Dentre os primeiros estavam os holandeses que fundaram Nova Amsterdã (depois Nova York) em
1623. Os huguenotes franceses também foram em grande número para a América do Norte, fugindo
da perseguição religiosa em sua pátria. Um numeroso contingente de reformados alemães
igualmente emigrou para os Estados Unidos entre 1700 e 1770. Esses imigrantes formaram as suas
próprias denominações e mais tarde muitos deles ingressaram na Igreja Presbiteriana dos Estados
Unidos.
Muitos presbiterianos escoceses foram diretamente da Escócia para os Estados Unidos nos primeiros
tempos da colonização. Todavia, foram os escoceses-irlandeses os principais responsáveis pela
introdução do presbiterianismo naquele país. Durante o século XVIII, pelo menos 300 mil cruzaram
o Atlântico. Eles se radicaram principalmente em Nova Jersey, Pensilvânia, Maryland, Virgínia e
nas Carolinas. No oeste da Pensilvânia, eles fundaram Pittsburgh, por muito tempo a cidade mais
presbiteriana dos Estados Unidos. O Rev. Ashbel Green Simonton, o introdutor do presbiterianismo
no Brasil, era descendente desses escoceses-irlandeses da Pensilvânia.
No século XVII as comunidades presbiterianas dos Estados Unidos viviam dispersas. Foi só no
início do século seguinte que elas começaram a unir-se em concílios. Nesse esforço, destacou-se o
Rev. Francis Makemie (1658-1708), considerado o “pai do presbiterianismo americano.” Ordenado
na Irlanda do Norte em 1683, ele foi logo em seguida para a América do Norte. Makemie fundou
diversas igrejas em Maryland e viajou extensamente encorajando os presbiterianos. Como a Igreja
Anglicana era a igreja oficial de várias colônias, ele sofreu muitas perseguições. Chegou mesmo a
ser preso em Nova York em 1706.
Sob a liderança de Makemie, foi organizado em 1706 o Presbitério de Filadélfia. Em 1717,
organizou-se o Sínodo de Filadélfia, composto de quatro presbitérios. Ao todo, a denominação tinha
apenas dezenove pastores, quarenta igrejas e cerca de três mil membros. Em 1729, foi aprovado o
“Ato de Adoção,” que aceitou a Confissão de Fé e os Catecismos de Westminster como padrões
doutrinários do Sínodo. De 1741 a 1758, os presbiterianos dividiram-se em dois grupos por causa de
diferenças acerca do avivamento e da educação teológica: Ala Velha (Sínodo de Filadélfia) e Ala
Nova (Sínodo de Nova York).
Nesse período de divisão, vários evangelistas notáveis como Samuel Davies, Alexander Craighead e
Hugh McAden trabalharam com grande êxito no sul do país, especialmente na Virgínia e nas
Carolinas. Durante a Revolução Americana, os presbiterianos tiveram uma atuação destacada. O
Rev. John Witherspoon (1723-1794), um escocês que foi presidente da Universidade de Princeton
por vinte e cinco anos, foi o único pastor que assinou a Declaração de Independência dos Estados
Unidos, em 1776. Muitos presbiterianos lutaram na guerra da independência.
Em 1788, o Sínodo de Nova York e Filadélfia dividiu-se em quatro (Nova York e Nova Jersey,
Filadélfia, Virgínia e Carolinas). No dia 21 de maio de 1789, reuniu-se pela primeira vez a
“Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América.” Naquela época, a Igreja
Presbiteriana era a denominação mais influente do país. Em 1800, contava com 180 pastores, 450
igrejas e cerca de 20 mil membros.
Em 1801, presbiterianos e congregacionais iniciaram um trabalho cooperativo conhecido como
“Plano de União.” O objetivo era evangelizar com mais eficiência a população que estava indo para
o oeste, a chamada “fronteira.” Foi esse o período do avivamento conhecido como Segundo Grande
Despertamento. O resultado foi um avanço fenomenal. Em 1837, a Igreja Presbiteriana já contava
com 2140 pastores, quase 3000 igrejas e 220 mil membros. O Seminário de Princeton foi fundado
em 1812. Entre seus grandes professores estiveram Archibald Alexander, Charles Hodge, A.A.
Hodge e Benjamin B. Warfield.
Devido a uma controvérsia sobre os requisitos para a ordenação de ministros, surgiu em 1810 a
Igreja Presbiteriana de Cumberland, no Tennessee. Uma divisão mais séria ocorreu entre os grupos
conhecidos como Velha Escola e Nova Escola, aquele sendo mais apegado aos padrões de
Westminster do que este. Em 1837, a Velha Escola obteve a maioria na Assembléia Geral, cancelou
o Plano de União de 1801 e excluiu quatro sínodos inteiros, dividindo ao meio a denominação. No
mesmo ano, foi criada a Junta de Missões Estrangeiras, sediada em Nova York, que 22 anos mais
tarde enviaria o seu primeiro missionário ao Brasil.
Finalmente, em 1857 e 1861 ocorreram novas divisões, desta vez ocasionadas pelo problema da
escravidão. As igrejas Nova Escola e Velha Escola do sul, favoráveis à escravidão, separaram-se das
do norte. Eventualmente, foram criadas duas grandes denominações presbiterianas, a Igreja do Norte
(PCUSA) e a Igreja do Sul (PCUS). Os missionários pioneiros dessas duas igrejas chegaram ao
Brasil respectivamente em 1859 (Ashbel G. Simonton) e 1869 (Edward Lane e George N. Morton).

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