HISTÓRIA APOSTILA I BIMESTRE 2° ANO PROFESSORA: YARA SUZY
APOSTILA DE HISTÓRIA: A reforma protestante.
Reforma Protestante foi a grande transformação religiosa da época moderna, rompeu a unidade do cristianismo no Ocidente e alterou de forma radical a estrutura eclesiástica. Em cada região assumiu características diferentes: no Sacro Império teve a liderança de Martinho Lutero; Na França e na Holanda os princípios de Lutero foram ampliados por Calvino; na Inglaterra, conflitos entre o rei e a Igreja deram origem ao anglicanismo. As reformas protestantes do princípio do século XVI, entre outros fatores, reagiam contra: a venda de indulgências e a autoridade do Papa, líder supremo da Igreja Católica. A Reforma Protestante é resultado de transformações socioeconômicas e políticas que vinham ocorrendo na Europa Ocidental, dentre elas: O desenvolvimento da burguesia. O crescimento das relações de produção capitalistas. O fortalecimento do Estado Nacional absolutista. No início da Época Moderna pode-se relacionar a Reforma Protestante, nos campos político e cultural, ao enfraquecimento do poder central no Santo Império e à divulgação da língua alemã, a partir da tradução da Bíblia. As transformações religiosas do século XVI, conhecidas pelo nome de Reforma Protestante, representaram no campo espiritual o que foi o Renascimento no plano cultural; um ajustamento de ideias e valores às transformações socioeconômicas da Europa. Dentre seus principais reflexos, destacam- se: o rompimento da unidade cristã, expansão das práticas capitalistas e fortalecimento do poder das monarquias. Origem da Reforma Protestante: O processo de centralização monárquica que dominava a Europa desde o final da Idade Média, tornou tensa as relações entre reis e igreja, até então a centralizadora do domínio espiritual sobre a população e do poder político-administrativo sobre os reinos. A Igreja - possuidora de grandes extensões de terra - recebia tributos feudais controlados em Roma, pelo papa. Com o fortalecimento do Estado Nacional Absolutista, essa prática passou a ser questionada pelos monarcas. Os camponeses também estavam descontentes com a Igreja. Na Alemanha os mosteiros e bispados possuíam imensas propriedades, os bispos e os abades (Religioso superior) viviam às custas dos trabalhadores da cidade e dos campos. A Igreja condenava as práticas capitalistas nascentes, entre elas a "usura" a cobrança de juros por empréstimos, considerada pecado, e defendia a comercialização sem direito a lucro o "justo preço", reduzindo o poder de investimento da burguesia mercantil e manufatureira. Tomismo e Teologia Agostiniana: Dentro da própria Igreja dois sistemas teológicos: o tomismo, e o da teologia agostiniana, se defrontavam. Mas, a desmoralização do clero, que apesar de condenar a usura e desconfiar do lucro, veio com a prática do comércio de bens eclesiásticos. Faziam uso da autoridade para obter privilégios, desrespeitavam o celibato clerical e a venda de cargos na Igreja era uma prática comum desde o fim da Idade Média. O maior escândalo foi a venda de indulgências, isto é, o perdão dos pecados em troca de pagamentos a religiosos. A Reforma de Lutero: A Reforma Protestante foi iniciada por Martinho Lutero (1483-1546), monge agostiniano alemão, e professor da Universidade de Wittenberg. Crítico, negava algumas práticas comuns apregoadas pela Igreja. Em 1517, revoltado com a venda de indulgências, realizada pelo dominicano João Tetzel, escreveu Um documento com as 95 teses que radicalizava suas críticas à Igreja e ao próprio papa. Em 1520 o papa Leão X, redigiu uma bula condenando Lutero e exigindo sua retratação. Lutero queimou a bula em público o que agravou a situação. Em 1521 o imperador Carlos V, convocou uma assembleia "Dieta de Worms", na qual o monge foi considerado herege. Acolhido por parte da nobreza, refugiou-se no castelo de Wartburg, onde dedicou-se à tradução da Bíblia do latim para o alemão, e a desenvolver os princípios da nova religião. Em 1530, a Confissão de Augsburgo, escrita por Melanchthon, discípulo de Lutero, fundamentou a doutrina Luterana. Seguiram-se guerras religiosas que só foram concluídas em 1555, pela "Paz de Augsburgo", que determinou o princípio de que cada governante dentro do Sacro Império poderia escolher sua religião e a de seus súditos. Luteranismo: Luteranismo é a doutrina protestante, vertente do Cristianismo, pregada por Martinho Lutero, que acredita que a salvação das pessoas consiste na sua fé. Luteranismo, Calvinismo e Anglicanismo: Todas são doutrinas protestantes, que se distinguem pelo fato de assumir diferentes características mediante os seus precursores. Assim, a primeira doutrina protestante é o Luteranismo, na Alemanha, a qual influenciou o Calvinismo, de João Calvino, na França. Considerada a primeira religião fundada durante as Reformas Protestantes, o Luteranismo foi uma religião criada em meio às questões sociopolíticas do Sacro Império Germânico. Ainda arraigado aos entraves do feudalismo, o Sacro-Império contava com um conjunto de principados que tinham mais de um terço de suas terras dominados pela Igreja Católica. Tomados pelo poder de decisão dos clérigos, a relação entre a nobreza e a Santa Igreja já se mostrava abalada mesmo antes de chegarmos ao surgimento das polêmicas levantadas pelas ideias do padre e professor Martinho Lutero. Durante seus estudos, Lutero começou a criticar pontos vitais da doutrina católica. No ano de 1517, ele censurou a venda de indulgências e outras práticas da Igreja na obra As 95 Teses. Escrita em alemão, a obra ganhou popularidade e chegou ao conhecimento dos clérigos católicos. Repudiando as ideias de Lutero, o papa Leão X, em 1520, redigiu uma carta condenando sua obra e exigindo a retratação do monge, ameaçando-o de excomunhão. Em 1521, sob ordens do imperador Carlos V, Lutero foi convocado a negar suas ideias num encontro chamado Dieta de Worms. Durante o encontro Lutero reafirmou suas crenças e foi considerado herege. Mesmo com a oposição da Igreja, setores da nobreza alemã resolveram proteger Martinho Lutero. Durante esse período, Lutero se dedicou a traduzir do latim para o alemão e publicar a chamada Confissão de Augsburgo. Essa última publicação continha as bases da doutrina luterana que, entre outros pontos, defendia a salvação pela fé, a livre interpretação do texto bíblico, a negação do celibato e da adoração à imagens, a realização de cultos em língua nacional e a subordinação da Igreja ao Estado. A nova religião, mesmo contendo pontos que favoreciam o poder nobiliárquico, também foi responsável pela incitação de uma série de revoltas populares contra a ordem estabelecida. Nesse período, várias terras foram invadidas e igrejas foram saqueadas pelos alemães. Condenando os movimentos insurgentes, Lutero apoiou as forças senhoriais que reprimiram o movimento. Somente em 1555, com a assinatura da Paz de Augsburgo, os conflitos sociais e religiosos cessaram de vez. No tratado estabelecido, os príncipes alemães teriam o direito de adotar livremente qualquer tipo de orientação religiosa para si e seus súditos. As 95 teses, documento no qual Lutero manifestava sua oposição teológica às práticas da Igreja de Roma, foram enviadas para o arcebispo de Mainz, Alberto de Brandemburgo, em 31 de outubro de 1517. A intenção de Lutero era levantar um debate para que reformas dentro da Igreja acontecessem. Martinho Lutero defendia, basicamente, que a Bíblia era a única referência para os fiéis e que as pessoas conseguiriam ser salvas sem a mediação de intermediários e sem precisar dar indulgências. A base teológica de Lutero baseava-se em um versículo bíblico que afirmava que “o justo viverá pela fé”. Aqui, Lutero passou a defender a ideia de que não eram as boas ações que salvariam uma pessoa, mas sim a fé. A construção teológica iniciada por Martinho Lutero deu origem a um princípio conhecido como Cinco Solas: 1. Sola fide (somente a fé) / 2. Sola scriptura (somente a Escritura) / 3. Solus Christus (somente Cristo) / 4. Sola gratia (somente a graça) / 5. Soli Deo gloria (glória somente a Deus). As 95 teses espalharam-se com rapidez pela Europa por conta da imprensa (criada em 1430 por Johann Gutenberg), a qual permitia a cópia e a impressão de livros em uma velocidade inédita para a época. Com isso, as ideias de Lutero propagaram-se e conquistaram seguidores em toda a Europa. Um registro importante é a famosa imagem de Martinho Lutero pregando as 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg. Calvinismo: A revolta de Lutero se espalhou pelo continente europeu, suas ideias foram reformuladas por alguns de seus seguidores, particularmente pelo francês João Calvino (1509-1564) pertencente a burguesia e influenciado pelo Humanismo e pelas teses luteranas, converteu-se em ardente defensor das novas ideias. Escreveu a "Instituição da religião cristã", que veio a ser o catecismo dos calvinistas. Perseguido, refugiou- se em Genebra, na Suíça, onde a Reforma havia sido adotada. Dinamizou o movimento reformista através de novos princípios, completando e ampliando a doutrina luterana. Nada de imagens nas igrejas nem sacerdotes paramentados. A Bíblia era a base da religião, não sendo necessária sequer a existência de um clero regular. Para Calvino a salvação não dependia dos fieis e sim de Deus, que escolhe as pessoas que deverão ser salvas (doutrina da predestinação). O calvinismo, em sua concepção moral, valorizou o trabalho e justificou o lucro, formulando uma doutrina que correspondia às necessidades de uma moral burguesa. O calvinismo expandiu-se rapidamente por toda a Europa, mais do que o luteranismo. Atingiu os Países Baixos e a Dinamarca, além da Escócia, cujos seguidores foram chamados de presbiterianos, da França foram os huguenotes e da Inglaterra os puritanos. Segundo Calvino, o princípio da predestinação absoluta seria o responsável por explicar o destino dos homens na Terra. Tal princípio defendia a ideia de que, segundo a vontade de Deus, alguns escolhidos teriam direito à salvação eterna. Os sinais do favor de Deus estariam ligados a condução de uma vida materialmente próspera, ocupada pelo trabalho e afastada das ostentações materiais. De acordo com alguns estudiosos, como o sociólogo Max Weber, o elogio feito ao trabalho e à economia fizeram com que grande parte da burguesia europeia simpatizasse com a doutrina calvinista. Contando com esses princípios, observamos que a doutrina calvinista se expandiu mais rapidamente que o Luteranismo. Anglicanismo: Na Inglaterra percebemos um movimento reformista bastante peculiar. Desde meados do século XIV, o teólogo John Wyclif realizou duras críticas ao poder material da Igreja e fez a tradução da Bíblia para o inglês. Além dele, Thomas Morus também teceu críticas ao papel desempenhado pela Igreja Católica durante o século XVI. No reinado de Henrique VIII, o Estado tinha controle sobre os cargos religiosos, nomeando padres, bispos e cardeais. Nesse período, as relações entre Henrique VIII e a Igreja chegava ao seu fim quando o papa se negou a anular seu casamento com Catarina de Aragão. Dos cinco filhos que teve com Catarina, apenas uma menina havia sobrevivido. Preocupado com a linha sucessória de sua dinastia, Henrique VIII desejou casar-se com Ana Bolena, buscando o nascimento de um herdeiro homem. Tendo negada a anulação de seu casamento, Henrique VIII resolveu criar uma nova instituição religiosa e anular os poderes da Igreja Católica na Inglaterra. Em 1534, o parlamento inglês aprovou o Ato de Supremacia que anunciou a criação da Igreja Anglicana. O Parlamento Inglês, ao promulgar o chamado Ato de Supremacia, subordinou as leis da Igreja à soberania jurídica das leis civis, concedendo ao Rei Henrique VIII o poder de “único chefe supremo da Igreja”. O resultado do Ato de Supremacia foi: a centralização de poder, que esteve na base da reforma anglicana. às Reformas Religiosas ocorridas na Europa no século XVI, na Inglaterra foram promovidas pelo rei Henrique VIII. O anglicanismo preservara os moldes hierárquicos e a adoração aos santos católicos. No que se refere às suas doutrinas, o anglicanismo incorporou alguns princípios calvinistas. Além disso, o poder exercido pela Igreja Anglicana concedeu condições para que o Estado se apropriasse das terras em posse dos clérigos católicos. A partir dessas novas medidas estabelecidas pelo anglicanismo, o poder de influência da Igreja Católica sobre as questões do governo britânico sofreu uma grande limitação. Por outro lado, as características desta nova igreja cristã incentivaram a ampliação das atividades burguesas na Inglaterra. Contrarreforma: A Contrarreforma foi o movimento que surgiu na Europa em consequência da expansão do protestantismo. Em 1534, foi fundada por Inácio de Loyola, ex- soldado espanhol da religião basca, uma ordem religiosa denominada Companhia de Jesus. (A Companhia de Jesus ou Ordem dos Jesuítas, é uma ordem religiosa). Organizada em rígido modelo militar, a Companhia formava seus membros, os jesuítas, como "soldados de Cristo", que gozavam da confiança do papa e buscavam combater o protestantismo por meio do ensino e expansão da fé católica. Decidiu-se a reativação do Santo Ofício, criado durante o século XIII, responsável pelo Tribunal da Inquisição, que condenou à tortura e à morte aqueles que se desviavam do dogma da Igreja. Os Tribunais da Inquisição ficaram responsáveis pela punição dos infiéis e pela censura aos livros considerados ofensivos à fé católica. Em 1545 e 1563, realizou-se o Concílio de Trento, com representantes da Igreja católica de toda a Europa. Dele surgiu uma Igreja reformada. O Concílio de Trento marcou a reação da Igreja à difusão do Protestantismo, reafirmando os dogmas católicos e fortalecendo os instrumentos de poder do papado, tais como o Tribunal do Santo Ofício e a criação do índice de Livros Proibidos. O Concílio de Trento estimulou ordens religiosas por meio da Companhia de Jesus (para angariar fiéis e expandir a fé cristã, principalmente nas colônias) e também pela criação de escolas, para assegurar a unidade da fé católica. E estimular a ação das ordens religiosas em vários setores, principalmente no educacional. Foi criado ainda o Index, lista de livros proibidos pela Igreja, incluindo livros científicos (de Galileu, Giordano Bruno, entre outros). A Contrarreforma não destruiu o protestantismo mas limitou sua expansão. Seu sucesso encontra-se na América Latina, local de maior concentração de católicos no mundo.