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COLÉGIO MILITAR DE FORTALEZA

COORDENAÇÃO DE DISCIPLINA DE HISTÓRIA


NOTA DE AULA: A REFORMA PROTESTANTE _____________
PROF. ÁBNER
Nr: Nome: 2º Ano/EM/ Turma: CAMIL Visto Coord Disc:

I- A REFORMA PROTESTANTE

❖ A Reforma Protestante foi a divisão do cristianismo e o surgimento de novas seitas religiosas


denominadas de protestantes.
❖ Surgiu na Alemanha e foi realizada por um monge chamado Martinho Lutero.

Martinho Lutero

1. Fatores que originaram a Reforma

• Quebra das normas eclesiásticas


✓ Dispensa de votos
✓ Venda de cargos religiosos
✓ Comércio de relíquias sagradas (simonia)
✓ Venda de indulgência (absolvição papal a pecados cometidos, mediante determinado
pagamento, teoricamente destinado a financiar obras da Igreja; os fiéis poderiam comprar a
salvação eterna.
• Interesses da burguesia
✓ A Igreja condenava a usura (empréstimos de dinheiro a juros) e o comércio, possuindo suas
regras próprias relativas à produção e a atividade mercantil.
✓ A Igreja pregava o “justo preço” na venda das mercadorias, condenava o lucro desmedido.
Essas teorias eram incompatíveis como sistema econômico desenvolvido nos séculos XV e
XVI.
✓ Os banqueiros inquietavam-se com a afirmação de que o comércio de dinheiros contrariava
as leis divinas.
✓ A burguesia em geral buscava uma religião que não interferisse em suas atividades e até
mesmo que justificasse sua forma de vida.
• O sentimento nacionalista
✓ A Igreja, por possuir terras e propriedades espalhadas por toda a Europa passou a ser
considerada uma potência estrangeira. Lentamente começou a se formar uma reação contra
as possessões eclesiásticas e a arrecadação de impostos ou taxas pelo clero, que remetia
para Roma. Em vários países europeus crescia o desejo de confiscar os bens da Igreja.
• A difusão da Bíblia
✓ O alemão Johann Gutemberg (1400-1468) desenvolveu o processo de impressão com tipos
móveis de metais. Esse processo – a tipografia – foi adotado em várias regiões da Europa e
contribuiu para aumentar a produção de livros, entre eles a Bíblia, que passou a chegar a um
número maior de fiéis, o que favoreceu o surgimento de novas interpretações dos textos
cristãos, nem sempre em harmonia com os ensinamentos da Igreja.

• Influência do Renascimento
✓ O individualismo renascentista substituiu a mentalidade corporativa da Idade Média e exaltou
o homem que se faz por si mesmo tornando-os mais competitivos.
• Despreparo do clero
✓ Boa parte dos sacerdotes desconheciam a doutrina católica e se mostravam despreparados
para as funções religiosas.
• Estado de anarquia e confusão em que se encontrava a Igreja
• Os choques entre o pensamento de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino

❖ Para se entender a doutrina Luterana, é necessária uma referência a outros pensadores da própria
Igreja Católica que o precederam.

2. O pensamento de Santo Agostinho

Santo Agostinho de Hipona

❖ As obras de Santo Agostinho de Hipona, teólogo que viveu em fins do século IV, exercera grande
influência sobre Lutero. Acreditava na
✓ predestinação, afirmando que o homem já nascia com seu destino definido. A salvação
estava apenas na fé, e está era um sinal da predestinação: o homem que a possuísse seria
salvo após a morte.
❖ Estas considerações foram contrariadas por um outro teólogo da Igreja.

3. O pensamento de São Tomás de Aquino

São Tomás de Aquino

❖ São Tomás de Aquino desenvolveu no século XIII uma doutrina que ressaltava a infinita justiça e
misericórdia de Deus,
✓ no livre arbítrio, o homem nascia livre para, através de suas ações e fé, conquistar a
salvação eterna.
❖ O pensamento de São Tomás, centrado no livre arbítrio, tornou-se dominante na Igreja, constituindo
uma escola doutrinária que se opunha à predestinação.
❖ Lutero pertencia a uma ordem religiosa orientada pelos princípios da doutrina de Santo Agostinho. A
partir dessa formação, teve condições de contestar a teoria tomista, dominante em sua época.
4. A doutrina luterana

❖ Partindo de Santo Agostinho, Lutero construiu uma doutrina religiosa própria. O homem se justifica
pela fé e está só perante Deus.
❖ Lutero na sua doutrina,
✓ rejeitou a hierarquia religiosa;
✓ o celibato clerical;
✓ o uso do latim nos cultos religiosos;
✓ rejeitou a maioria dos sacramentos (confirmação, penitência, unção dos enfermos, ordem e
matrimônio), manteve apenas dois: o batismo e a eucaristia ou comunhão; mesmo assim,
negava que durante a comunhão pudesse ocorrer a transubstanciação (transformação do
pão e do vinho no corpo e sangue de cristo);
✓ acreditava que a Bíblia era a única fonte de verdade divina e cada homem deveria interpretá-
la de acordo com sua consciência e capacidade. A ninguém caberia definir uma interpretação
única do Livro Sagrado.
❖ A proposta de Lutero no sentido da “livre interpretação” da Bíblia permitiu o surgimento de diversas
correntes reformistas com motivações políticas e econômicas.
❖ Lutero admitia a existência de uma Igreja que se restringisse a oficiar os cultos, ministrar o batismo
e a eucaristia, e realizar atividades limitadas à sua natureza - essa nova Igreja estaria subordinada
ao Estado. No Sacro Império Romano-Germânico, o imperador não exercia o poder de fato e sim os
senhores feudais; era a eles que Lutero estava oferecendo a chefia da nova Igreja. Na realidade,
oferecia muito mais que isso: não admitindo a autoridade da Igreja Católica, os bens que ela possuía
poderia ser expropriado, este poder era conferido ao Estados, que eram comandados pelos nobres
feudais. Estes, bastante estimulados por estes motivos, aderiram rapidamente ao luteranismo

5. A Reforma na Alemanha

❖ Diferentemente de outros países da Europa, a Alemanha não era um Estado centralizado. O


chamado Sacro Império Romano Germânico era composto por cerca de trezentos estados
(principados, condados, ducados, cidades livres etc.). O imperador eleito pela Dieta (assembleia de
grandes nobres), só exercia poder de fato nas suas possessões diretas. Essa situação possibilitava
ao papa grandes abusos, como, por exemplo, a venda de indulgências.
❖ A maior parte da Alemanha era agrária, feudalizada, e a Igreja detinha a propriedade de um terço
das terras.
❖ A nobreza leiga (não clerical) pretendia confiscar as terras da Igreja; a burguesia, embora fraca,
protestava contra arrecadação e tributos que eram enviados para a Itália; a plebe urbana e os servos
no campo ansiavam por se libertarem das inúmeras contribuições que pagavam ao clero. Favoráveis
a Igreja, ficavam apenas o Imperador e o alto clero, proprietários de terra (nobreza eclesiástica).

6. A Reforma Luterana e suas consequências

❖ Em 1517 Lutero publicou 95 Teses, seu primeiro documento de contestação, onde expunha sua
doutrina e opunham-se a venda de indulgências na Alemanha, mas ainda não manifestava um
rompimento absoluto com a Igreja. O monge Tetzel, enviado e o papa vender indulgências na
Alemanha, procurou refutar essas teses.
❖ Em 1520, as ideias de Lutero já haviam conquistado muitos seguidores; em represália o papa
Leão X excomungo-o (a excomunhão era a expulsão da Igreja e a certeza da condenação ao
Inferno). A reação foi queimar publicamente a bula (carta do papa) que o excomungava.
Perseguido pelo imperador Carlos V, recebeu guarida por parte do príncipe da Saxônia
(Frederico), redigindo nesta época a tradução do Novo Testamento, a primeira obra escrita em
alemão moderno.
❖ Enquanto permanecia na Saxônia, começaram a ocorrer revoltas inspiradas em seus princípios.
Em 1522 a pequena nobreza (senhores feudais donos de propriedades menores) se rebelou,
mas as forças do imperador e da Igreja esmagaram o levante. E curioso notar que Lutero
condenou violentamente a revolta, manifestando claramente sua ligação a grande nobreza
alemã. Mais violento mostrou-se em relação a revolta dos camponeses, também inspirada em
seus princípios liderada por Tomas Muntzer, que se afirmava luterano e isso não impediu o ex-
monge de pedir a repressão aos camponeses: em panfleto intitulado “Contra as hordas ladras e
assassinas dos camponeses” Lutero afirmava “este é o tempo do gládio, da cólera e não o
tempo dá graça, assim caros senhores, livrai-nos; extermineis e aqueles que têm poder hajam...
Ferir, estrangular secreta ou publicamente e faze-los lembrar-se (os camponeses de que não há
nada mais virulento, daninho e diabólico do que um homem revoltado”.
❖ Em 1530, Felipe Melanchton - também ex monge da mesma ordem de Lutero – fez uma
exposição completa da doutrina luterana que ficou conhecida como “Confissão de fé de
Augsburgo” e não foi aceita pelos católicos. Em 1531 os príncipes protestantes formaram a
Liga de Smalkalden, defendendo-se das pressões do imperador.
❖ Finalmente em 1555, foi firmado a Paz de Augsburgo, quando católicos e protestantes
ratificaram um acordo. Haveria liberdade religiosa para os príncipes mais os súditos seriam
obrigados a seguir a religião adotada pelo príncipe de sua região. Era o princípio “tal príncipe, tal
religião”.
❖ A ética religiosa luterana apresentava poucos atrativos para a burguesia, uma vez que condenava
o comércio, talvez de forma mais rígida que o catolicismo. Lutero afirmava: “o comércio é sem
dúvida a maior infelicidade da nação alemã... Foi inventado pelo Diabo e sancionado pelo papa”.
Não era ainda essa reforma que iria corresponder as necessidades burguesas de uma época
religiosa.

7. A Reforma na Suíça

❖ Durante a Idade Média, a Suíça fazia parte do Sacro Império Romano Germânico, iniciando no século
XIII a luta pela sua independência em 1499, conquistou a sua autonomia, separando-se do Império.
Do ponto de vista sócio econômico, a suíça era uma região de grande desenvolvimento comercial.
A burguesia estava em franco crescimento e prosperidade, mas não havia um poder central forte,
pois administrativamente o país era constituído por uma federação de cantões com poder político
decentralizado, o que facilitava os abusos da Igreja, em escala semelhante ao que ocorria na
Alemanha.
❖ Embora a situação da Suíça fosse diferente da alemã, era também propicia para uma Reforma. O
iniciador do movimento Ulrico Zwinglio, leitor das obras de Erasmo e Lutero, que radicalizou ainda
mais a doutrina desses autores. A luta entre protestante e católicos provocou uma guerra civil de
1529 a 1531. Zwinglio morreu nesse conflito e os dois grupos religiosos firmaram a Paz de Kappel,
fixando a autonomia religiosa para cada cantão.

Ulrico Zwinglio
❖ Em 1536 chegou a Genebra um francês protestante João Calvino. Ele seria o teórico da Reforma
que corresponderia aos interesses da burguesia. Em 1541, Calvino e seus partidários tomaram o
poder em Genebra, estabelecendo uma teocracia (governo em nome de Deus) que perdurou até a
sua morte em 1564.

João Calvino
❖ Durante o governo de Calvino estalou-se uma ditadura das mais repressivas. Até mesmo atividades
como dançar, jogar cartas e ao teatro, trabalhar ou divertisse em dias santos constituíam crimes.
❖ O pensamento religioso de Calvino, apesar de também partir dos princípios de Santo Agostinho,
assumiu diferenças particularmente significativas em relação a Lutero. Predestinação absoluta –
Deus escolhe de antemão quem seria salvo e quem seria condenado.
❖ Calvino reconhecia o princípio agostiniano de que o homem nascia predestinado e que se salvava
apenas pela fé, mais admitia que existia indícios dessa predestinação. Para ele, Deus organizou
todas as coisas por determinação de sua vontade e atribuiu a cada um uma vocação particular cujo
objetivo era sua glorificação. Assim, o capital, o crédito, os bancos, o grande comércio seria desejado
por Deus e tão desejáveis como o salário de um trabalhador ou o aluguel de uma propriedade. O
pagamento de juros seria tão natural quanto o pagamento de uma renda pela utilização de terras.
Calvino afirmava “o trabalhador é o que mais se assemelha a Deus... Um homem que não quer
trabalhar não deve comer... O pobre é suspeito de preguiça o que constitui uma injúria a Deus.
❖ Desta maneira Calvino Justifica plenamente a moral burguesa. Sua doutrina correspondia a
necessidade de justificação ética que a burguesia desejava e a Igreja Católica não fornecia. Assim,
o desenvolvimento da atividade comercial facilitou o surgimento do calvinismo e, ao mesmo tempo,
impulsionou-a, na medida em que a justificava. A formação do sistema capitalista foi muito facilitada
pelos valores do calvinismo, que encorajava o trabalho e o lucro, condenando os prazeres e os
gastos. Dessa maneira o dinheiro acumulado não seria desperdiçado e sim reinvestido. O
capitalismo filho da Reforma.
❖ Por corresponder aos interesses da burguesia o calvinismo o calvinismo expandiu-se para países
onde o comércio era desenvolvido. Na França seus fiéis ficaram conhecidos como huguenotes; na
Inglaterra como puritanos, na Escócia como presbiteriano; na Holanda fundaram a chamada Igreja
Reformada.
➢ Algumas ideias de Calvino:
✓ condenação de jogo, dança, culto a imagens, uso de roupas luxuosas e joias;
✓ culto baseado no comentário da Bíblia, eliminando as cerimônias pomposas e a
grandiosidade dos templos católicos.
✓ predestinação divina (algumas pessoas haviam sido “eleitas” por Deus para serem salvas,
enquanto outras já estariam condenadas à maldição eterna);
✓ o trabalho intenso e a propriedade econômica foram interpretadas pelos seguidores de
Calvino como “sinal” da salvação predestinada.

8. O Anglicanismo – A Reforma na Inglaterra

❖ Henrique VIII (1491-1547) nasceu em Greenwich. Era poliglota e estudioso de teologia. Tornou-se
herdeiro do trono da Inglaterra após a morte do irmão mais velho. Em 1509, foi coroado e casou-se
com a viúva de seu irmão, ou seja, com a rainha espanhola Catarina de Aragão.
❖ Inicialmente, Henrique VIII foi aliado do papa. Mas em 1534, rompeu com a Igreja Católica e fundou
a Igreja Anglicana. Alguns fatores que o levaram a essa ruptura.
✓ O clero católico tinha grande influência na Inglaterra. Para fortalecer o poder, da monarquia
inglesa era preciso reduzir a influência do clero (e do papa) no país;
✓ Parte da nobreza inglesa ambicionava se apossar das terras e dos bens da Igreja (também
monopolizava o comércio das relíquias sagradas)
✓ A recusa do Papa de conceder o divórcio de Henrique e Catarina. O rei inglês alegava que a
rainha não conseguira gerar um herdeiro (do sexo masculino). Com o divórcio poderia casar-se
com Ana Bolena, e ter com ela o esperado herdeiro para o trono da Inglaterra.
❖ Assim, Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica e criou o Anglicanismo. Foi reconhecido pelo
Parlamento (Ato de Supremacia) como chefe da Igreja da Inglaterra.

9. Reforma Católica (ou Contrarreforma)

❖ A contrarreforma foi um conjunto de medidas adotadas pela Igreja Católica (inicialmente pelo papa
Paulo III) para frear a expansão do protestantismo. Nesse contexto, então:
➢ COMPANHIA DE JESUS. Criada em 1534 pelo militar e religioso Inácio de Loyola. Com
organização militar e disciplina rígida, coloca-se incondicionalmente a serviço do papa.
Consideravam-se “soldados de Cristo”

Companhia de Jesus
➢ CONCÍLIO DE TRENTO. Funcionou de 1545 a 1563. Foi convocado pelo papa Paulo III para
assegurar a unidade de fé e a disciplina eclesiásticas. O Concílio de Trento reafirmou alguns pontos
básicos da doutrina católica:
✓ O princípio da salvação pelas boas obras e pela fé;
✓ O culto a virgem Maria e aos santos;
✓ A existência do purgatório;
✓ A infalibilidade do papa;
✓ O celibato do clero;
✓ A manutenção da hierarquia eclesiástica;
✓ A indissolubilidade do casamento;
✓ Latim como língua litúrgica oficial;
✓ Confirmou os sacramentos, inclusive a comunhão (presença de Cristo na eucaristia).
Concílio de Trento

❖ SANTA INQUISIÇÃO (TRIBUNAL DO SANTO OFÍCIO). Havia sido criado em 1231, pelo papa
Gregório IX, para combater as heresias (ideias contrárias as definidas pela Igreja Católica). Esses
tribunais da inquisição recorriam a Europa (e depois chegaram a ir para América e Ásia). A
contrarreforma reativou a Inquisição para reprimir as “heresias).

❖ ÍNDEX (Index Librorum Prohibitorum). Lista de livros proibidos aos fiéis católicos, sob pena de
prática de heresia.

10. Consequências da Reforma Protestante

✓ Rompeu a unidade do cristianismo.


✓ Favoreceu o desenvolvimento do capitalismo.
✓ Determinou a contrarreforma
✓ Motivou a imigração de protestantes para a américa

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