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Idade Moderna e as Reformas Religiosas

IGREJA MEDIEVAL

Nos primeiros séculos da Idade Média, enquanto os reinos germanos se formavam e


se convertiam ao catolicismo (muitas vezes foram obrigados a isso de forma violenta), a
Igreja ia firmando alianças políticas e ampliando sua autoridade.
Todo o acesso ao conhecimento ficou sob controle da Igreja, e por isso a cultura
medieval se voltou para o saber religioso, baseado na fé, nos dogmas e no respeito ao poder
do papa e de seus subordinados (cardeais, bispos, padres), considerados os representantes
de Deus na Terra.
A Igreja pregava que a alma do fiel seria salva pela fé, pela observância dos sete
Sacramentos e pela realização de obras religiosas. Dentre essas obras estavam o pagamento
de impostos para Roma, a ajuda financeira na construção de igrejas, a doação de terras e de
parte das heranças. Por isso, em pouco tempo a Igreja Católica se tornou a mais rica
instituição européia.
Ao mesmo tempo em que o poder da Igreja aumentava, também crescia a corrupção
dentre os clérigos. Os cargos religiosos eram negociados por nobres que não tinham
nenhuma intenção em seguir as normas religiosas. Muitos deles sequer compreendiam
quais eram os dogmas ou, até mesmo, não conheciam o latim, a língua oficial para os rituais
católicos. Quinquilharias de toda espécie eram vendidas por padres como relíquias (objetos
sagrados), e o perdão pelos erros cometidos (pecados) era concedido mediante um
pagamento (venda de indulgência).
Diante de tudo isso, a Igreja Católica sofreu inúmeras criticas, e enquanto era muito
poderosa, sempre se saiu vitoriosa nos embates com seus inimigos. Os movimentos
questionadores ou eram incorporados a hierarquia católica (como ocorreu com os monges
beneditinos e franciscanos) ou, então, eram perseguidos e extintos por serem considerados
heréticos (contrários a doutrina oficial da Igreja).

A CRISE DA IGREJA
Com as transformações ocorridas no final da Idade Média (séculos XIV e XV), a Igreja
Católica, que era o símbolo de poder até então, passou a ser afrontada:
– as monarquias que se fortaleciam, passaram a questionar o direito do papa de se
intrometer nas questões políticas nacionais e cobrar impostos de seus súditos;
– a burguesia, como novo grupo social que buscava prestigio, precisava romper com
a ordem social hierarquizada imposta pela Igreja;
– a população buscava respostas para suas angustias religiosas, já que a Igreja
Católica nada pode fazer para salvá-la durante os períodos de fome, de pestes e de guerras
(Crise do século XIV);
– os humanistas propunham a revalorização de Homem dentro do próprio processo
do conhecimento (antropocentrismo);
– os cientistas e os artistas renascentistas passaram a buscar na natureza e na razão
(e não mais nos dogmas) as respostas para suas questões.

AS REFORMAS PROTESTANTES
1) Luteranismo
Martinho Lutero foi um teólogo alemão que defendia que a salvação da alma
dependia da fé, e não da realização de obras, nem dos 7 Sacramentos e nem da obediência
ao papa. Em 1517, Lutero afixou nas portas da igreja de Wittenberg (onde era professor) as
suas “95 Teses”, criticando o papado e a venda de indulgências. Em 1520 o papa exigiu que
Lutero se retratasse, e para isso contou com a ajuda do imperador da Espanha e do Sacro
Império Romano Germânico, Carlos V (católico).
Em 1521 Lutero foi obrigado a comparecer diante ao imperador na Dieta de Worms,
onde foi defendido por nobres alemães, que buscavam o enfraquecimento do poder
imperial e do poder papal em seus domínios.
Enquanto Lutero, refugiado na Saxônia, se dedicava a traduzir a Bíblia para o alemão
e a organizar os princípios do luteranismo, uma série de embates ocorreu entre os nobres
alemães (convertidos a nova religião de Lutero), a Igreja e Carlos V. Somente em 1555 foi
assinada a Paz de Augsburgo, que deu aos nobres alemães o direito de escolher sua religião.

2) Calvinismo
João Calvino era um humanista francês, formado em Direito. Por defender a
doutrina de Lutero, foi perseguido e se refugiou em Genebra (1536), onde um outro
reformista (padre Zwinglio) já tinha lançado as bases do protestantismo suíço, seguindo da
reforma luterana.
Em seu livro, Instituição da Religião Cristã, Calvino define as bases de sua reforma:
Deus é onisciente, portanto sabe quem está destinado a salvação e quem será condenado
(teoria da predestinação). Cabe, então, ao homem ter fé e viver uma vida regrada,
trabalhando arduamente e, se assim obtiver riquezas, esse seria um forte indicio de que
seria salvo.
A doutrina calvinista ganhou muitos adeptos entre os burgueses e rapidamente se
espalhou por toda a Europa.

Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/idade-moderna-reformas-


religiosas/

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