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RESUMO: REFORMA PROTESTANTE

POR DÉBORA ALADIM @DEDAALADIM

ANTECEDENTES A REFORMA

® Durante a Idade Media, a Igreja Católica era a instituição mais rica e

poderosa do Ocidente.

® O papa interferia na escolha de reis, fazia acordos entre países, mediava

conflitos e tinha terras em todo lugar. Além disso, o papa cobrava

impostos em toda a Europa e levava tudo para Roma. Ele era tão

poderoso que se tornou uma ameaça ao poder dos reis, e volta e meia

havia conflitos entre papa e reis.

® Além disso, a Igreja influenciava o comportamento das pessoas e a

maneira que os homens explicavam o mundo, e quem contestava os

dogmas e explicações da Igreja era chamado de HEREGE.

® Com a expansão marítima (chegada nas Américas) e o Renascimento,

muita coisa estava sendo questionada e descoberta, aumentando as

heresias.

® A interferência política da Igreja passou a ser vista como ruim para o

desenvolvimento dos Estados (países) independentes que começaram

a surgir.

® A Burguesia também tinha seus problemas com o papa, já que a Igreja

proibia várias de suas práticas comerciais, como a usura (empréstimo de

dinheiro) e limitava o lucro dos comerciantes.

® A Nobreza também tinha muito interesse nas terras e riquezas da Igreja.


CRÍTICAS À IGREJA CATÓLICA

® As pessoas buscavam cada vez mais valores religiosos compatíveis com a

modernidade: humanismo, renascimento, individualismo, valorização da

ciência e do conhecimento humano.

IMPORTANTE

O desenvolvimento da PRENSA foi muito importante para disseminar novas

ideias e descobertas, além das próprias críticas feitas à Igreja! Depois, quando

Lutero traduz a Bíblia ela também foi importante para espalhar as novas

crenças e incentivar uma interpretação individual da palavra de Deus.

CRISE DE VALORES DENTRO DA IGREJA

® O clero não se comportava de acordo com os ensinamentos cristãos, e

tinham práticas como:

• Simonia: venda e tráfico de objetos sagrados (em sua maioria falsos);

• Indulgências: venda do perdão dos pecados e da salvação;

• Muitos clérigos (inclusive papas) tinham mulheres e burlavam o celibato.

® Antes mesmo de Lutero, outros clérigos tentaram fazer mudanças na Igreja,

sem necessariamente sair dela. Isso originou a divisão em ordens como a

dos Franciscanos, além de revoltas. No entanto, a Igreja era indiferente às

críticas e condenou os mais radicais à morte.

A REFORMA LUTERANA - POR QUE LUTERO E POR QUE NA ALEMANHA

® A Alemanha (na época chamada Sacro Império Romano-Germânico)

era um império grande, mas sem um poder central para evitar abusos.
Tinha também uma relação muito forte com o papado, o que explica

porque a Igreja atuava mais intensamente e sem limites na região.

® Outro detalhe importante é que na região, o clero era rico e cheio de

terras, e a nobreza local tinha muito interesse nesse poder e riqueza.

® Por fim, na época, o papa autorizou uma venda enorme de indulgências

para pagar a construção do que hoje é o Vaticano, e esse foi o estopim

da reforma protestante.

® Martinho Lutero era um monge seguidor de Santo Agostinho, e apesar

de criticar as práticas da Igreja, ele NÃO QUERIA ROMPER COM A

IGREJA. Em 1517, quando os representantes do papa chegaram na sua

cidade para vender as indulgências, ele havia pregado na porta da

igreja vários papéis: as famosas 95 teses.

® 95 TESES: documento no qual Lutero denuncia a venda da salvação e

diversos outros problemas da estrutura Católica.

® Isso causou um enorme impacto na região, pois muitas pessoas

concordaram e a Igreja quis que Lutero se retratasse. Isso só́ radicalizou

o posicionamento de Lutero, que não voltou atrás.

® Ele foi excomungado pelo papa Leão X e o imperador convocou a

Dieta de Worms, uma assembleia para julgar Lutero, que foi protegido

pelos nobres e disse que só mudaria suas ideias se provassem que ele

estava errado com base nas Escrituras.

OS PRINCIPAIS PONTOS DA DOUTRINA LUTERANA SÃO:

® Salvação pela fé: somente a fé em Deus salva, e não as boas ações ou

a compra.

® Infalibilidade da Bíblia: a Bíblia seria a única fonte da verdade, e por isso

precisava ser traduzida para que todos tivessem acesso à ela.


Observação: Isso bateu forte porque a igreja católica tem o dogma da

infalibilidade do papa, então foi uma afronta direta.

® Sacerdócio universal: todo cristão seria capaz de interpretar a bíblia por si

mesmo e ser pastor, desde que estudasse as Escrituras. Não deveria existir

separação entre o clero e os fiéis;

® Crítica ao culto de imagens e santos.

® Dos sete sacramentos da Igreja, ele manteve apenas dois: Batismo e

Eucaristia.

® Os cultos deveriam ser feitos nas línguas locais e não no latim, para que

todos entendessem.

® Fim do celibato clerical (o próprio Lutero se casou com uma ex-freira).

Negação da existência do purgatório.

POR QUE LUTERO FOI BEM-SUCEDIDO

® Não se retratou e defendeu de forma ferrenha suas teorias.

® A invenção da prensa permitiu a rápida disseminação de ideias.

® Lutero traduziu a Bíblia do Latim para o Alemão, permitindo que os fiéis

tivessem acesso e a interpretassem individualmente.

® Aliança/apoio da nobreza e senhores feudais:

• Lutero teve o apoio da nobreza, que por si só já tinha seus motivos

para defender mudanças na Igreja e lucrou muito com a

expropriação das terras da Igreja católica na Alemanha. Quando

Lutero foi condenado e perseguido, ele só sobreviveu por ter se

abrigado com os nobres e poderosos, mas para manter esse apoio

ele rejeitou os movimentos da baixa nobreza e dos mais pobres que


viam na reforma religiosa uma possibilidade de reformar também a

estrutura social.

• Muitas revoltas ocorreram, pedindo melhores condições de vida, fim

da servidão e questionando o poder dos príncipes e grandes nobres.

Lutero fez várias publicações condenando esses movimentos e os

revoltosos foram reprimidos e mortos pelo exército da nobreza. O

mais importante desses movimentos foi o ANABATISMO, um ramo

radical do luteranismo que defendia a existência de terras comunais,

abolição do dízimo e o fim dos privilégios das classes altas (nobreza

e clero). Os anabatistas eram membros da baixa nobreza e

camponeses, e seu líder era THOMAS MÜNTZER. O movimento

acabou rompendo com o Luteranismo e foi duramente massacrado

(Müntzer foi um dos mortos), com o apoio de Lutero.

CONCLUSÃO DO LUTERANISMO

® O luteranismo continuou avançando, e o imperador católico Carlos V

convocou a Dieta de Spira (1529) para conter a expansão da nova

doutrina. Os nobres mantiveram seu posicionamento e protestaram contra

as ordens do rei, daí surgiu o nome PROTESTANTE.

® Houve guerras religiosas por mais de 20 anos, até a assinatura de um

acordo chamado PAZ DE AUGSBURGO (1555), que definiu que cada

governante escolheria a religião oficial do povo de acordo com a sua

("cujus regio ejus religio" em latim).

® Dessa forma, a Paz de Augsburgo oficializou o rompimento do Luteranismo

com o Catolicismo e deu origem oficialmente à primeira religião

protestante.
CALVINISMO

® Conforme o luteranismo foi se espalhando, novas visões e interpretações

também foram surgindo. Uma delas é de JOÃO CALVINO, um teólogo

francês que contestava a Igreja e, por ser perseguido na França, se refugiou

na Suíça.

® Ele partilhava muitas crenças com o luteranismo:

• Livre interpretação da Bíblia;

• Os pastores não seriam mais considerados os intermediários entre os

fiéis e Deus, seriam somente encarregados da pregação;

• Negação do culto aos santos;

• Somente dois sacramentos: batismo e eucaristia;

• Não existia um chefe religioso;

• Contrário ao celibato do clero;

• Negava existência do purgatório.

® Mas a parte principal de sua doutrina e mais diferente do Luteranismo, era

a PREDESTINAÇÃO ABSOLUTA: a salvação ou o castigo pertence somente a

Deus, não depende das ações humanas. Já nascemos destinados à

salvação ou inferno e não podemos fazer nada a respeito.

® Caso você seja predestinado (e todo calvinista acredita que é

predestinado), tem que agir de acordo com as condutas calvinistas. E, para

os calvinistas, Deus dá demonstrações de que a pessoa foi predestinada à

salvação como:

• Sucesso econômico;

• Ser uma pessoa trabalhadora e honesta;

• Ter bom comportamento na comunidade e obedecer às regras da

religião;

• Frequentar os cultos e ler a Bíblia;


• Casar e formar família.

Ética Calvinista: o fiel deve mostrar que merece a graça de ser salvo:

• Valorização do trabalho e sucesso financeiro;

• Disciplina e ética trabalhista;

• Condenação ao ócio.

® Por outro lado, os que agissem mal estavam demonstrando estarem

predestinados à condenação do inferno.

® O calvinismo não é uma religião que condena o lucro como fazia o

catolicismo, muito pelo contrário, eles viam na riqueza uma prova da

salvação. Logo, o calvinismo conquista muito apoio da BURGUESIA, que

pode justificar suas atividades comerciais religiosamente e lucrar livremente.

® O calvinismo se expande rapidamente pela Europa, especialmente em

áreas comerciais. Na Inglaterra, os calvinistas eram chamados de

PURITANOS; na França de HUGUENOTES e na Escócia de PRESBITERIANOS.

IGREJA ANGLICANA (INGLATERRA)

® O protestantismo inglês foi uma exceção no sentido que fortaleceu a

monarquia ao invés de questioná-la, já que a reforma começou por

vontade do próprio rei da Inglaterra, Henrique VIII (1491-1547).

® Henrique tinha motivos políticos e pessoais para isso, visto que a Igreja tinha

muitas terras na Inglaterra (que depois foram expropriadas e geraram

bastante lucro, além de permitir expansão econômica). A dinastia Tudor

queria diminuir a influência do papa e aumentar a sua própria e as ideias

reformistas já estavam chegando na Inglaterra (em destaque as ideias do


humanista Thomas More, que propunha a criaçao de uma Igreja Nacional

na Inglaterra).

® Mas o que levou ao rompimento de fato com a Igreja foi o Papa ter negado

o pedido de anulação do casamento de Henrique VIII com sua primeira

esposa, Catarina de Aragão. Ele justificava o pedido dizendo que ela só

havia lhe dado uma filha mulher, Maria Tudor, e ele precisava gerar

herdeiros ao trono, já planejando casar com sua amante Ana Bolena.

® O papa negou o pedido de Henrique pois precisava do apoio da Espanha

(Catarina era espanhola) e do imperador do Sacro Império, que não

apenas era sobrinho dela como estava ajudando a Igreja a conter o

movimento luterano.

® Confrontando o papa, Henrique VIII se casa com Ana Bolena, que já estava

grávida de 4 meses, em 1533. Ambos foram excomungados pela Igreja, mas

era tarde demais: em 1534 foi publicado pelo Parlamento o ATO DE

SUPREMACIA, que torna Henrique VIII o chefe da Igreja na Inglaterra, que

passa a ser conhecida como IGREJA ANGLICANA. Agora, o rei acumularia

poder POLÍTICO E RELIGIOSO. E, até hoje, o rei/rainha da Inglaterra é

também o chefe supremo da igreja anglicana.

® Com seu novo poder supremo, Henrique VIII confisca as terras e bens da

Igreja e divide entre nobres, o que não só assegurou apoio da nobreza à

nova religião como permitiu o desenvolvimento da produção

manufatureira e o enriquecimento de uma nova classe social, a gentry. Isso

vai influenciar na Revolução Industrial e na Revolução Inglesa, que

acontecem nos próximos séculos.

® A doutrina anglicana manteve a hierarquia e os rituais católicos, mas

abraçou a teologia calvinista. Muitos conflitos religiosos aconteceram na

Inglaterra e houve perseguição de quem não fosse anglicano (já que ter a
religião do rei significava apoiá-lo), o que levou muitas pessoas a fugirem

para a América e fundarem o que hoje são os Estados Unidos.

CURIOSIDADE

No fim das contas, Henrique VIII se casou seis vezes. Das seis esposas, duas

foram mortas a mando dele (Ana Bolena e Catarina Howard), uma morreu no

parto (Jane Seymour), uma teve o casamento anulado sem consumação por

ele a achar feia (Ana de Cleves), Catarina de Aragão foi divorciada e a última

esposa morreu após Henrique (Catarina Parr).

Henrique teve apenas um filho homem que morreu com apenas 16 anos, e

suas duas filhas dos primeiros casamentos se tornaram rainhas. Primeiramente

Maria Tudor, filha de Catarina de Aragão, que ficou conhecida como Maria

Sangrenta (Bloody Mary) por ter matado vários protestantes (ela era católica

como a mãe); e depois Elizabeth I, filha de Ana Bolena, que teve um reinado

longo e próspero. Restaurou o anglicanismo, mas encerrou a dinastia, tendo

sido conhecida como Rainha Virgem pois não se casou e nem teve filhos.

Mas é claro que a Igreja iria reagir às reformas protestantes, e esse movimento

de tentar recuperar seu poder e os fiéis foi chamado de CONTRARREFORMA.

Para reagir ao protestantismo que se espalhava, a Igreja católica começou

um movimento para se fortalecer, deter os protestantes e divulgar o

catolicismo. A contrarreforma teve três ferramentas principais: O CONCÍLIO DE

TRENTO, OS JESUÍTAS E A INQUISIÇÃO.

Criação da Companhia de Jesus (1534), também conhecidos como JESUÍTAS:

O principal objetivo dos Jesuítas era a propagação do catolicismo por meio

da pregação, do ensino e da catequese dos nativos do Além Mar. Para isso,


fundaram colégios e missões em várias partes do mundo, como Índia, China,

Brasil, África, etc.

Garante o fortalecimento da Igreja Católica em diversas partes da Europa e

da América portuguesa e espanhola.

As missões jesuíticas no Novo Mundo procuravam equilibrar a perda de poder

e de fiéis dentro da Europa com novos fiéis na América.

CONCÍLIO DE TRENTO (1545-1563): reunião entre os membros do alto clero.

® Reafirma os dogmas (crenças principais) como verdades absolutas:

® Existência de sete sacramentos,

® Hierarquia eclesiástica,

® Culto à Virgem Maria e aos Santos, celibato, salvação pela fé e pelas

boas obras;

® Proíbe a venda de cargos e do perdão (indulgências);

® Estabelece maior rigidez para a formação dos clérigos;

® Cria o Index (que se estende até o século XX): lista de livros que os

católicos eram proibidos de serem lidos;

® Reconhece a Companhia de Jesus;

® Reorganiza o Tribunal do Santo Ofício (Inquisição).

TRIBUNAL DO SANTO OFÍCIO (INQUISIÇÃO)

® Responsável por julgar e punir aqueles considerados hereges (pessoas

que eram contra as regras da Igreja Católica);

® Muito presente nos países mais católicos, como Portugal e Espanha (e

consequentemente nas suas respectivas colônias);

® Temos o costume de relacionar a Inquisição com a Idade Média, mas o

seu auge foi na Idade Moderna.

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