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História das Relações

Internacionais

Professor Doutor Damião Fernandes Capitão Ginga


AULA: Sumário

• 2. Tratados de Vestefália

• 2.1. Reforma e Contra­reforma


• 2.2. Dinastia Habsburga
• 2.3. Frente anti­Habsburga
• 2.4. Guerra dos Trinta Anos
• 2.5. Assinatura dos Tratados de Vestefália
2.1. Reforma e contra­reforma

• Na Idade Média, o facto mais marcante era a existência do teocentrismo,


em que Deus é o centro de todas as coisas. A igreja católica exercia
grande influência sobre o poder econômico, social, político e literário.
Tanto que as primeiras narrativas e escritos de que se tem registro foram
adaptados por leituras cristãs;
• O processo da reformas religiosas começa no século XIV com a
insatisfação frente à Igreja Católica Apostólica Romana;
• Tal insatisfação diz respeito aos abusos desta igreja e à mudança da visão
de mundo que começa a acontecer simultaneamente, fruto também do
pensamento renascentista.
• A Reforma Protestante foi um movimento reformista cristão do século XVI, difundido e
liderado por Martinho Lutero, simbolizado pela publicação das suas 95 Teses em 31 de
outubro de 1517 na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg;
• Antecedentes
• Com a excessiva acumulação de bens pela igreja, a grande preocupação material desta e a
luxuria que parte de seus sacerdotes viviam. Também havia sérios problemas no respeito às
próprias convicções católicas, tendo muitos sacerdotes entrando em desvios de seus dogmas
como o desrespeito ao celibato e o descaso com os cultos e ritos religiosos;
• Havia a venda de indulgências (perdão) por parte do próprio Vaticano para a construção da
Basílica de São Pedro. Somando­se a isso, existia o próprio processo de formação da burguesia
comercial, que era condenada pelos padres por usura e o lucro, causou descontentamento
por parte dessa classe emergente. Além disso, os reis também estavam insatisfeitos com a
interferência dos papas nas questões políticas relactivas à realeza;
• Jan Huss (1369 ­1415), inspirado por John Wycliff (1330­1384), antecipou várias críticas às
doutrinas e à prática da Igreja Católica que ficariam célebres com Lutero e Calvino. Dentre
elas, é interessante destacar sua oposição à venda de indulgências e à riqueza da Igreja, bem
como à comunhão ser restrita ao corpo eclesiástico;
• Com isso começa a surgir um pensamento associado ao humanismo e ao
antropocentrismo (que se opõe ao teocentrismo medieval), motivando uma visão
racional e cientifica, que busca explicar as coisas através de métodos e teorias não
teológicas.
• Reforma Luterana
• O sacerdote alemão, Martin Lutero (1483­1546), foi o primeiro a opor­se de forma mais covicta à Igreja. Como
reflexo disso, fixou 95 teses na porta da Igreja de Wittenberg questionando a postura tomada pela Igreja
católica, com um convite aberto para uma disputa escolástica sobre elas;
• Nas 95 teses lançadas em 1517 Lutero condenava principalmente a venda de indulgências, o culto às imagens
e a negociação de cargos eclesiásticos feitas pela Santa Igreja. Devido a essas teses Lutero foi excomungado
pelo papa;
• Além disso, Lutero estipulava uma nova forma de relação religiosa onde, entre outras coisas, afirmava­se que o
indivíduo obtinha a salvação pela fé, e não pelos seus actos;
• Tais teses abordam as posições de Lutero contra as práticas abusivas por pregadores que realizavam a venda
de indulgências, que tinham por finalidade reduzir a punição temporal de pecados cometidos pelos próprios
compradores ou por algum de seus entes queridos no purgatório;
• Lutero afirmou que o arrependimento requerido por Cristo para que os pecados sejam perdoados envolve o
arrependimento espiritual interior e não meramente uma confissão sacramental externa. Ele argumentou que as
indulgências levam os cristãos a evitar o verdadeiro arrependimento e a tristeza pelo pecado, acreditando que
podem renunciá­lo comprando uma indulgência;
• No ano de 1520, Martinho Lutero foi excomungado e logo em seguida julgado por uma reunião entre os
principies alemães realizada durante a chamada Dieta de Worms. A oposição dos membros religiosos contou
com a resistência de boa parte dos principies alemães, que refugiaram Lutero no castelo de Wartburg;
• Neste período, o monge excomungado se dedicou à produção de nobres obras teológicas e à tradução da
Bíblia para a língua germânica ;
• Lutero foi favorecido em suas pregações devido ao facto de na região da atual Alemanha, onde ele vivia,
havia muita miséria por parte dos camponeses, que condenavam a Igreja por isso. Além disso, havia grande
interesse da nobreza daquela região pelas terras da Igreja Católica.
• Em 1529, os nobres alemães protestaram contra a Igreja em prol da liberdade de crença. A partir desse
protesto os cristãos não­católicos passaram a ser chamados de protestantes;
• Finalmente, o protestantismo espalhou­se pela Suécia, Dinamarca, Noruega e Islândia. Foram
defendidos princípios básicos que caracterizaram as convicções e práticas protestantes, dentre eles as
cinco “Solas”: Sola Scriptura (somente as Escrituras), solus Christo (salvação somente em Cristo), sola
gratia (salvação somente pela graça divina), sola fides (salvação somente pela fé) e soli Deo
gloria (glória dada somente a Deus).
• Reforma Calvinista
• Conduzida por João Calvino (1509­1564) – enquanto um dos seus primeiros adeptos das idéia de Martin
Lutero. O calvinismo foi o mais completo sistema teológico protestante e originou as Igrejas Reformadas
(Europa continental) e presbiterianas (Ilhas britânicas);
• Em 1534, fugiu para a Suíça, onde o movimento reformista já se desenvolvia. Em 1536, Calvino publicou
sua principal obra, onde defendia 5 doutrinas: Depravação total do homem ­ toda criatura humana é
caracterizada pelo pecado­, Eleição incondicional ­ escolha feita por Deus desde toda a eternidade,
daqueles a quem ele concedeu a graça da salvação­, Expiação Limitada – algumas pessoas haviam
sido eleitas por Deus para serem salvas­, Graça Irresistível ­ se Deus escolhe salvar alguém, o indivíduo
não tem como resistir a essa graça – e Perseverança dos santos ­ uma vez salvos, salvos para sempre´´,
apesar da apostasia, a falta de arrependimento ou a permanência no pecado.
• Pregava o estímulo ao trabalho e a legitimidade do lucro, condenando o desperdício; A prosperidade
econômica é um sinal de salvação; condenava o culto às imagens de santos e o luxo;
• Segundo o Calvinismo, as obras não interferiam na salvação eterna, sendo uma vontade divina. Não
podendo interferi nessa vontade, cada pessoa deveria viver de acordo com as suas possibilidades.
Embora o luxo fosse censurado, a acumulação de riquezas e o lucro não eram imorais. Fez muito
sucesso com a burguesia.
• Reforma Anglicana
• Na primeira metade do século XVI, o rei Henrique VIII (1509­1547), que fora aliado do papa Clemente VI,
funda a nova igreja, devido à negação do papa ao seu pedido de divórcio de Catarina de Aragão.
Tal rompimento teve adesão do alto clero inglês e do parlamento;
• Aliando­se a isso, havia a necessidade de enfraquecer o grande poder político da igreja inglesa. Para
isso a cobiça da nobreza pelas terras católicas foi de grande valor a fim de aliar os nobres ingleses
contra a Igreja;
• Portanto, o anglicanismo surgiu em torno de questões que envolviam diretamente os interesses da
monarquia britânica. A monarquia Tudor, que na época controlava o trono inglês, buscava meios para
reforçar a autoridade real frente à forte influência das autoridades eclesiásticas;
• O rei inglês passou a ter o poder de nomear os ocupantes dos cargos eclesiásticos, além de decidir
sobre assuntos de ordem religiosa. A estrutura eclesiástica foi mantida, adotando­se, porém,
posteriormente, a doutrina teológica desenvolvida por João Calvino.
• A Reforma promovida por Lutero originou assim uma grande crise na Igreja Católica que teve
seu poder diminuído com o surgimento de outras religiões. No século XVI, a Igreja Católica
começou uma reforma para tentar travar o avanço do protestantismo, após a Reforma
Protestante;
• Contra­Reforma ou Reforma católica
• Frente aos movimentos de ruptura com a Igreja Católica, esta primeiramente começou um processo
de perseguição, que não teve grandes frutos. Diante a isso começou­se a reconhecer a ruptura
protestante e, juntamente a isso, começou um movimento de moralização e reorganização estrutural
da Igreja Católica. Entre essas medidas destacam­se:
• Criação da Ordem dos Jesuítas: Fundada em 1534, pelo militar espanhol Inácio de Loyola, os
jesuítas consideravam­se soldados da igreja e possuíam uma estrutura militar, que tinha por
função combater o avanço protestante com as armas do espírito, através da catequização e
da conversão ao catolicismo. No âmbito da catequização, destaca­se o trabalho dos jesuítas
nas novas terras descobertas, visando converter os não­cristãos;
• Concílio de Trento (545 e 1563): o papa Paulo III, convocou reuniões entre católicos, realizadas
inicialmente na cidade de Trento. Esse apresentou, ao final de 18 anos, um conjunto de
decisões para garantir unidade católica e disciplina eclesiástica e reafirmando o dogma
católico;
• Reafirmação dos sete sacramentos. A crença na infalibilidade do papa. Monopólio do clero católico na
interpretação correta da Bíblia. A salvação da fé depende da fé e das boas obras, negando a doutrina
da predestinação. O dogma religioso tem como fonte a Bíblia e a tradição religiosa. Cristo se faz
presente no acto da eucaristia. Elaboração de um catecismo, a criação de seminários para a formação
dos sacerdotes e a manutenção do celibato sacerdotal.

• Retorno da Inquisição: Os Tribunais da Santa Inquisição foram criados em 1231 para investigar e
punir “crimes contra a fé católica”, foram, com o tempo, reduzindo suas atividades em diversos
países. Com o avanço do protestantismo, o Tribunal foi reactivado em meados do século XVI.
Uma de suas atribuições foi criar uma lista de livros proibidos aos católicos, o Index librorum
prohibitorum.
2.2. Dinastia Habsburga

• Os Habsburgos foram uma família real de origem germânica que


governou a Áustria do final do século XIII até 1918. A casa de Habsburgo
passou a integrar a nobreza europeia no início do século XII;
• Esta casa dinástica alemã, que recebe a designação de um castelo
perto de Windisch, na Suíça – Habichtsburg – traça o seu destino
grandioso a partir de Rodolfo I, eleito imperador do Sacro Império
Romano­Germânico em 1273. Pela conquista da Áustria e da Estíria ao rei
da Boémia, Rodolfo I fortalece o património familiar, ao qual vincula
hereditariamente os novos territórios
• Seu domínio se estenderia também, durante alguns períodos, a muitos
outros países da Europa, entre eles a Boêmia (hoje parte da República
Checa), a Hungria e a Espanha.
• O primeiro antepassado dos Habsburgo que se tem conhecimento pela Acta Murensia, ou
registros na Abadia de Muri, um mosteiro beneditino, é  Theodebert, Rei da Helvetia e
Alemannia, que era pai de Guntram der Reiche, ou Guntram, o Rico, um nobre com
propriedades na Alsácia, Breisgau, as margens do Rio Aare e Reus (hoje Estado Livre da Turíngia,
no centro da Alemanha);
• Eles eram da Dinastia Etichonids , uma família nobre de origem visigoda, que adentraram pela
Região da Alsácia na Alta Idade Média a partir do VII século ao X século. Originária de Aargau,
nas regiões da Suíça, a família Habsburgo passoria a integrar a nobreza europeia no início do
século XI;
• A partir de 1273, quando Rodolfo I foi nomeado imperador do Sacro Império Romano­
Germânico, a família reinaria durante 645 anos sobre vários povos da Europa Central, com
ramificações até a América espanhola e o Brasil. O berço e principal base territorial da casa
Habsburgo é a Europa Central;
• A Dinastia de Habsburgo começou assim seu governo com o rei Rodolfo I, que saiu de seus
feudos na Alsácia (região da atual França) e Suíça, conquistou a Áustria (em 1273) e continuou
a expandir as suas posses territoriais. A partir desta data, a Áustria foi o centro do poder dos
Habsburgos;
• Em 1356, Carlos IV, nascido como Venceslau, promulgara a famosa Bula Dourada que passou a
regular a eleição dos reis do Sacro Império Romano, por um colégio eleitoral, o qual deveriam
ser posteriormente coroados imperadores pelo papa. Os Habsburgos não constavam na lista
dos sete príncipes eleitores do Imperador, o que pôs em causa a sua permanência na coroa.
Como resultado a Dinastia perde a coroa para a casa de Luxemburgo.
• A extinção da Casa de Luxemburgo permitiu aos Habsburgos recuperar a coroa imperial.
A eleição de Alberto II em 1438 e a de Frederico III em 1440 marcaram o início de uma
presença duradoura na chefia do Sacro Império. Os eleitores escolheram, desta época
em diante, apenas Habsburgos, com exceção de um curto período de 1740 a 1745;
• Em 1452, o rei Frederico V foi coroado imperador do Sacro Império Romano­Germânico.
Com isso, ele se tornou o imperador Frederico III. Entre 1452 e o final do império, em 1806,
apenas um dos imperadores não proveio da dinastia Habsburg;
• Frederico III reforçou assim a dinastia com sua habilidade matrimonial, fazendo casar
seu filho Maximiliano I com Maria de Borgonha (reino português), que lhe trouxe como
dote os Países Baixos;
• A eleição de Frederico III marcou o início de uma ascensão formidável ao poder
universal, expressa na divisa AEIOU: "Austriae est imperare orbi universo" (À Áustria cabe
reinar sobre o universo). Eleito para defender os interesses da cristandade e dos príncipes
alemães na Europa oriental;
• Pelo casamento de Maximiliano I, filho do imperador Frederico III (1452­1493), com Maria
da Borgonha, filha de Carlos IV, e, mais tarde, com o de um descendente daquela
união, Filipe, com Joana, a Louca, herdeira dos Reis Católicos espanhóis, aumentam
consideravelmente as possessões territoriais dos Habsburgos ou Casa de Áustria;
• Maximiliano I foi o responsável pelo fim da necessidade da sagraçãodos chamados Reis
Romanos como Imperadores pelo Papa14 para seu reconhecimento de jure, bastando
sua eleição pelos sete príncipes eleitores indicados na Bula Dourada de 1356;
• A aliança dinástica mais extensa promovida por Maximiliano, porém, foi o casamento
de seu filho Filipe com Joana, filha de Fernando e Isabel de Espanha, cuja união havia
reunido as possessões de Castela e Aragão (inclusive Nápoles e Sicília). O herdeiro de
todos esses acordos matrimoniais foi Carlos V (1500­1558).
• Com esta política matrimonial, para além da Borgonha, Países Baixos, Nápoles,
Sardenha e Sicília, ganham a Espanha e suas imensas e ricas dependências ultramarinas.
Estes territórios juntam­se assim aos do Sacro Império, que compreendia a Alemanha, a
Prússia e os domínios da Áustria;
• Em 1519, o poder dos Habsburgos teve seu auge no século XVI, com Carlos V. Carlos era
simultaneamente imperador do Sacro Império Romano­Germânico e rei da Espanha.
Suas terras abrangiam toda a Europa, com exceção da Inglaterra, da França e da
Rússia. Atravessando o oceano Atlântico, soldados de Carlos conquistaram ricos
impérios no México e no Peru;
• Carlos V (ou Carlos I), reunia heranças das casas de Austria, Borgonha, Aragão e Castela
e as imensas terras no novo espanhol. Antes de morrer, em 1522, Carlos dividiu suas
terras entre o seu irmão Fernando I (1503­1564) – Austria, Boémia e Hungria –, e o seu filho
Filipe II (1527­1598) – Espanha e Borgonha.
• Com isso, criaram­se dois ramos de Habsburgos. Um deles reinou na Espanha até 1700. O outro
reinou no resto do império. A partir de 1804, a terra governada pelos Habsburgos passaria a
chamar­se Império Austríaco;
• O casamento de Luís II da Hungria com Maria da Áustria (Maria de Habsburgo) , em 1522
aproximou o Reino da Hungria aos Habsburgos, razão suficiente para que os otomanos
considerassem uma ameaça à sua expansão, pois há muito que os húngaros se opunham à
expansão otomana no sudeste da Europa;
• O combate dos turcos aos hungaros marcaria assim por dois séculos o destino da dinastia, pois
para os hungars o Império Otománo, desde a tomada de Constantinopla, ameaçava a Europa
oriental. Após a Batalha de de Mohács (1526), a maior parte da Hungria caiu sob domínio turco;
• Os Habsburgos obtêm assim as coroas da Boêmia  e da Hungria, pois segundo umacordo
celebrado em 1515 entre o próprio Maximiliano e Vladislav Jaguellon (antecessor de Leohács),
no caso da ausência de herdeiros, o trono Húngaro­Boêmio passaria novamente à casa
Habsburgo;
• A dinastia Habsburgo também deixou sua marca no Brasil. Após a união das coroas ibéricas,
em 1580, a então colônia portuguesa passou ao domínio da Casa da Áustria. O imperador
brasileiro dom Pedro I foi casado de 1817 a 1826 com Maria Leopoldina de Habsburgo;
• Mais tarde, os reflexos da Reforma Protestante e a expansão turca da Europa Oriental
obrigariam os dois ramos dos Habsburgos a juntar forças para preservar o catolicismo europeu
durante a Contrarreforma e mais tarde durante a guerra dos Trinta Anos (1618­1648).
• Em 1699, o Tratado de Karlowitz (entre o Império Otomano, a Áustria, a Polônia, a Rússia e Veneza)
colocou sob autoridade dos Habsburgos a Hungria e a Transilvânia. Em 1718, o Tratado de Passarowitz
reafirmou a vitória sobre os otomanos e confirmou sua expansão territorial na Valáquia e na Sérvia;
• O ramo espanhol extingue­se em 1700 com Carlos II, passando o trono para os Bourbón, depois da
Guerra da Sucessão de Espanha.
• A longa luta enfraqueceu a família, apesar do apoio de Portugal à pretensão frustrada dos Habsburgo à
coroa espanhola durante a guerra. A linha espanhola extinguiu­se e a herança espanhola passou
aos Bourbons. A Guerra da Sucessão Espanhola (1701­1714) não permitiu aos Habsburgos austríacos
recuperar a herança espanhola, mas confirmou seu papel de potência europeia, dando­lhes os Países
Baixos do Sul, hoje Bélgica, e terras na Península Itálica, a saber o Reino de Nápoles, o Reino da
Sardenha, e o Ducado de Milão. Este país perde para o ramo alemão dos Habsburgos os Países Baixos
(Flandres, Brabante) e os domínios italianos;
• Eles começaram a entrar em decadência com a perda da Europa Central, a partir da conquista de
Viena por Napoleão. Com o tratado de paz, os Habsburgos perderam suas possessões na Alemanha e
na Itália, e mais tarde o Sacro Império Romano­Germânico se extingue;
• Por seu turno, a descendência masculina dos Habsburgos da Áustria extingue­se em 1740 com Carlos VI
(1711­1740). A filha mais velha deste, Maria Teresa (1740­1780), depois da Guerra de Sucessão da Áustria,
ficará com os domínios hereditários do ramo alemão, sendo seu marido, Francisco, duque da Lorena
(atual França), eleito imperador germânico em 1745;
• Com este casamento a família passa a dominar a Toscânia (Itália). A família passa a designar­se de
Habsburgo­Lorena, mantendo a coroa do Sacro Império até à sua dissolução em 1806.
• A partir de 1849, durante o reinado de Francisco José, a Alemanha unificou­se e derrotou as
tropas austríacas. A Hungria tornou­se autônoma e os povos eslavos conquistaram sua
independência;
• Durante o século XIX, alguns grupos nacionais dentro do Império Austríaco quiseram tornar­se
independentes. Entre esses grupos estavam os húngaros. Para satisfazê­los, após a guerra entre
Prússia e Império Austríaco, em 1867, o imperador Habsburgo dividiu seu império com a Hungria.
O novo estado chamou­se Império Austro­Húngaro. Neste momento, várias regiões saíram de
seu domínio (Ex. a Alemanha);
• Em suma, a Casa de Habsburgo foi uma das mais importantes e influentes da história da Europa
do século XIII ao século XX;
• A dinastia ocupou o trono austríaco até o fim da Primeira Guerra Mundial e dominou territórios
que se estendiam de Gibraltar à Hungria e da Sicília a Amsterdão. O Império Austro­Húngaro
saiu derrotado da Primeira Guerra Mundial. Quando o conflito terminou, em 1918, o domínio
dos Habsburgos havia chegado ao fim;
• No dia 11 de novembro de 1918, após a Primeira Guerra Mundial, o Imperador austro­húngaro
Carlos I renunciou ao trono, encerrando assim os cerca de 645 anos da Dinastia dos Habsburgos,
que teve ramificações até na América espanhola e no Brasil;
• o imperador Carlos I emitiu uma proclamação redigida ao povo em que reconhecia o direito
do povo austríaco para determinar a forma do estado que preferiam. Em 12 de novembro de
1918, um dia após a proclamação de Carlos, foi declarada a República da Áustria Alemã.
• O Sacro Império Romano­Germânico (962­1806)
• O Sacro Império Romano­Germânico invocava o legado do Império Romano do Ocidente,
considerado como acabado com a abdicação de Rômulo Augusto em 476;
• Embora o papa Leão III tenha coroado Carlos Magno como Imperator Augustus em 25 de
dezembro de 800, o império e toda sua estrutura não foram formalizados por décadas, devido
principalmente à tendência dos francos de dividir as heranças entre os filhos após a morte do
rei. Apenas em 816, o papa Estevão VI, que sucedeu Leão III, foi a Reims e coroou Luís. Com
esse acto, o imperador fortaleceu o papado, instituindo o papel essencial do papa nas
coroações imperiais;
• Assim, até à Reforma Protestante o Imperador eleito teria de ser coroado pelo papa antes de
assumir o título imperial;
• O título englobava o governo do Reino da Germânia e o Reino Itálico. Em teoria, o Imperador
Romano­Germânico era primus inter pares ("primeiro entre iguais") entre todos os outros
monarcas católico­romanos;
• O termo Sacro Império Romano (alemão: Heiliges Römisches Reich; latim: Sacrum Romanum
Imperium) data de 1254; a versão final Sacro Império Romano­Germânico (alemão Heiliges
Römisches Reich Deutscher Nation) apareceu em 1512, depois de diversas variações no fim do
século XV.
• O fim do império veio em diversas etapas. Desde logo, a Paz de Vestfália em 1648, que acabou
com a Guerra dos Trinta Anos, deu aos territórios autonomia quase que completa. A
Confederação Suíça, que já tinha conseguido uma quase­independência em 1499, e a
Holanda do Norte deixaram o império;
• Embora os estados constituintes ainda tivessem algumas restrições — em particular, eles não
podiam formar alianças contra o Imperador — o império a partir desse ponto foi uma entidade
impotente, existindo apenas no nome. Os imperadores Habsburgo focaram­se em consolidar
seus estados no Império Austríaco e outros lugares;
• Com o avanço de Luís XIV, os Habsburgos ficaram dependendo da ajuda dos arquiduques da
Áustria para conter o avanço do Reino da Prússia, que estavam dominando alguns territórios
dentro do próprio império. Durante o século XVIII, os Habsburgos estavam envolvidos em vários
conflitos pela Europa, tal como a Guerra da Sucessão Espanhola, a Guerra da Sucessão
Polonesa e a Guerra da Sucessão Austríaca;
• O Dualismo alemão entre Áustria e Prússia dominava a história do império desde 1740. A partir
de 1792, a França revolucionária estava em Guerra com varias partes do império
interruptamente;
• O império foi formalmente dissolvido em 6 de agosto de 1806 quando o último imperador
romano­germânico Francisco II (a partir de 1804, imperador Francisco I da Áustria) abdicou,
sendo seguido por uma derrota militar pelos franceses sob o comando de Napoleão Bonaparte.
Napoleão reorganizou muito do império na Confederação do Reno, um estado satélite francês.
• Paz de Augsburgo
• Depois da Reforma Protestante, os estados independentes do Sacro Império Romano­
Germânico dividiram­se entre os governos católico e protestante, dando origem a conflitos;
• A Paz de Augsburgo (1555), é o tratado assinado entre Carlos V, Imperador do Sacro Império
Romano­Germânico, e as forças da Liga de Esmalcalda a 25 de Setembro, com vista a pôr
termo à guerra entre luteranos e católicos alemães. A Paz estabeleceu o princípio Cuius regio,
eius religio (“Cujo reino, sua religião”), que permitia aos príncipes do Império escolher entre o
luteranismo ou o catolicismo dentro dos domínios que controlavam, em última análise,
reafirmando a independência que tinham sobre seus estados;
• Indivíduos, cidadãos ou residentes que não desejassem se conformar com a escolha de um
príncipe tinham um período em que eles eram livres para emigrar para diferentes regiões nas
quais a religião desejada fosse aceita;
• A principal causa que levou ao acordo foi o desgaste da guerra religiosa dentro do Sacro
Império, além da aceitação pelos católicos que o protestantismo nunca poderia ser eliminados;
• A Liga de Esmalcalda ou de Schmalkalden criada a 27 de fevereiro de 1531, era uma aliança
defensiva de príncipes protestantes do Sacro Império. Seu nome deriva da cidade de
Schmalkalden, na Turíngia (atual Alemanha), onde foi fundada por Filipe I de Hesse e João
Frederico, Eleitor da Saxônia, que se comprometeram a defender­se mutuamente caso seus
territórios fossem atacados por Carlos V.
• O resultado da Paz de Augsburgo foi o estabelecimento da tolerância oficial aos protestantes luteranos
dento do império;
• Embora a Paz de Augsburg tenha criado um fim temporário das hostilidades, não resolveu o conflito
religioso subjacente, que se tornou ainda mais complexo pela disseminação do calvinismo em toda a
Alemanha nos anos que se seguiram. Isso acrescentou uma terceira grande fé à região, mas sua
posição não foi reconhecida de forma alguma pelos termos de Augsburgo, aos quais apenas o
catolicismo e o luteranismo eram partes;
• As tensões religiosas permaneceram fortes durante a segunda metade do século XVI. A paz de
Augsburg começou a desmoronar – alguns bispos convertidos recusaram­se a abandonar seus bispados,
e certos Habsburgos e outros governantes católicos do Sacro Império Romano e da Espanha
procuraram restaurar o poder do catolicismo na região;
• No início do século XVII, as terras do Reno e do sul do Danúbio eram em grande parte católicas,
enquanto o norte era dominado por luteranos, e algumas outras áreas, como a Alemanha Ocidental, a
Suíça e os Países Baixos, eram dominadas por Calvino. Minorias de cada credo existiam em quase todos
os lugares. Em alguns protetorados e cidades, os números de calvinistas, católicos e luteranos eram
aproximadamente iguais;
• Para grande consternação de seus primos governantes espanhóis, os imperadores Habsburgo que
seguiram Carlos V (especialmente Fernando I e Maximiliano II, mas também Rodolfo II e seu sucessor,
Matias) estavam contentes em permitir que os príncipes do império escolhessem suas próprias políticas
religiosas. Esses governantes evitavam guerras religiosas dentro do império, permitindo que as diferentes
crenças cristãs se espalhassem sem coerção. Isso irritou aqueles que buscavam uniformidade religiosa;
• Embora a Paz de Augsburgo não tenha agradado a qualquer dos lados completamente, ela permitiu a
manutenção da paz dentro do império por cerca dos próximos 50 anos.
2.3. Frente anti­Habsburga

• Entre os insights mais influentes dos historiadores está a de a Reforma ter


sido um “evento urbano”, causado também pela ascensão das cidades
imperiais na Europa;
• As cidades forneciam assim locais de reprodução úteis para os ideais da
reforma. os habitantes urbanos viviam próximos uns dos outros, eles tinham
maiores níveis de riqueza, consciência literária e sofisticação política, e as
cidades permitiu um maior grau de infiltração protestante do que os
regimes autocráticos e fechados;
• Assim, no século XVII, a disputa econômica gerada pelo mercantilismo
envolvia grandes potências econômicas como a Holanda, Inglaterra,
França, Portugal e Espanha. Esse último tinha grande destaque, ao ter sob
domínio a Coroa Portuguesa, regiões da Península Itálica e algumas
partes dos Países Baixos. Com o passar do tempo, a hegemonia hispânica
foi confrontada por outras nações desejosas em ampliar seus territórios e
riquezas.
• Importa por isso perceber o contexto em que entre os anos 1618 ­1648 eclodiu um dos
maiores conflitos da História da Europa, a Guerra dos 30 Anos;
• Essa guerra teve início com a chamada “Defenestração de Praga”, momento em que
membros da nobreza checa lançaram representantes do rei católico Fernando II pela
janela. Tal acto era, na verdade, uma reação contra a severa política dos reis católicos
que proibiram os cultos protestantes em diversas partes do Sacro Império Germânico;
• Em tal período, a dinastia dos Habsburgos procurava unificar os vários territórios
germânicos sob força de um mesmo reinado;
• Assim, utilizando a perseguição religiosa dos Habsburgos como pretexto, vários príncipes
da Europa se uniram em torno de uma força militar e religiosa chamada de Liga
Evangélica;
• Já em 1619, quando a guerra já completava seu primeiro ano, os protestantes cercaram
a cidade de Viena, capital da Áustria, e determinaram que a coroa da Boêmia fosse
entregue a Frederico V, da União Evangélica;
• No ano seguinte, a Liga Sagrada, composta por nobres católicos, foi organizada com o
objectivo de recuperar os domínios anteriormente perdidos.
• Apoiantes da Liga Sagrada
• Na chamada Batalha da Montanha Branca, os católicos, sob a liderança de João
T'Serklaes Von Tilly, venceu e expropriou todos os protestantes localizados nas regiões de
língua checa. Tempos depois, o rei germânico Fernando II contou com o apoio da
Espanha para transformar a Boemia em domínio dos Habsburgos;
• Deste modo, em primeiro lugar entre os principais aliados do imperador estava o ramo
espanhol de sua família. Seu apoio mútuo surgiu não do sentimento familiar, mas de um
desejo comum de preservar seu domínio sobre grande parte da Europa;
• Por outro lado, teve o apoio da Polônia, pois os principais inimigos da Polônia eram a
Rússia e os Otomanos, mas como a Dinamarca e a Suécia eram rivais no comércio
báltico, apoiou os Habsburgos no início da Guerra dos Trinta Anos;
• Entre 1624 e 1629, o reino da Noruega e da Dinamarca mais tarde reeentraria em cena
ao lado dos católicos para conseguir reaver os territórios perdidos para os protestantes.
Mesmo tendo o apoio de soldados holandeses, esses reinos nórdicos não obtiveram
êxito e, ainda por cima, foram obrigados à ceder parte de seus domínios ao rei
Fernando II. Com isso, os Habsburgos alcançam o auge de seu poder na Europa. A
França passou a ter seus interesses políticos ameaçados pela dinastia Habsburgo.
• Principais constituintes da frente anti­habsburga
• Os Boémios (1618­1624)
• Os povos Checos (Boémia, Morávia e Silésia) fazem parte dos reinos que estavam sob o
dominio do Império Sacro Romano­Germánico. Desde 1526, o Reino da Boêmia (Rep.
Checa)tinha sido governado por reis Habsburgos que não forçaram sua religião católica em
seus assuntos em grande parte protestantes;
• Em 1609, Rudolf II, Sacro Imperador Romano e Rei da Boêmia (1576 a 1612), aumentou os
direitos protestantes. Ele era cada vez mais considerado incapaz de governar, e outros
membros da dinastia dos Habsburgos declararam seu irmão mais novo, Matthias, como chefe
de família em 1606. Após a morte de Rudolf, Matthias conseguiu o governo da Boêmia;
• Perto do fim de seu reinado, o imperador Matthias, percebendo que iria morrer sem um
herdeiro, providenciou para que suas terras fossem para seu parente mais próximo, o fértil
arquiduque Ferdinando II da Áustria (Fernando);
• Os protestantes na Boêmia temiam que Ferdinand (ferozmente católico da Estíria, mais tarde
Ferdinando II, Sacro Imperador Romano) revertesse a tolerância religiosa e a liberdade
anteriormente estabelecidas pela Paz de Augsburgo;
• Fernando era um defensor da Contra­Reforma Católica, e não estava bem disposto ao
Protestantismo ou às liberdades da Boêmia. Alguns dos líderes protestantes da Boêmia temiam
que eles estivessem perdendo os direitos religiosos que o Imperador Rudolf II concedeu a eles
em sua Carta de Majestade (1609).
• Eles preferiam o protestante Frederico V, eleitor do Palatinado (sucessor de Frederico IV, o
criador da União Protestante). No entanto, outros protestantes apoiaram a posição assumida
pelos católicos, e em 1617 Ferdinand foi devidamente eleito pelos estados boêmios para se
tornar o príncipe herdeiro;
• O rei eleito enviou então dois conselheiros católicos como seus representantes para o castelo
de Hradčany em Praga em maio de 1618. Fernando queria que eles administrassem o governo
em sua ausência. Em 23 de maio de 1618, uma assembléia de protestantes os prendeu e os
expulsou (e também o seu secretário Philip Fabricius) da janela do palácio;
• Este evento, conhecido como a Defenestração de Praga, iniciou a Revolta Boêmia ou revolta
protestante aberta na Boêmia. A Revolta Boémia (1618­1620), contra os Habsburgos católicos,
foi o marco do inicio da Guerra dos Trinta Anos;
• De início, as tropas protestantes, comandadas pelo conde Henrique Matias von Thurn, tiveram
algum sucesso; assim, a rebelião alastrou­se a outras partes dos domínios do império. Durante
algum tempo, a cidade católica de Viena, a capital dos Habsburgos, foi ameaçada (1619)
pelas tropas da Liga Evangélica;
• Logo depois, o conflito da Boêmia espalhou­se por toda a Coroa da Boêmia, incluindo a
Boêmia, a Silésia, a Alta e Baixa Lusácia e a Morávia. A Morávia já estava envolvida em um
conflito entre católicos e protestantes. O conflito religioso acabou por se espalhar por todo o
continente da Europa.
• Imediatamente após a defenestração, as propriedades protestantes e os Habsburgos católicos
começaram a reunir aliados para a guerra. Após a morte de Matias, em 1619, Ferdinando II foi
eleito Sacro Imperador Romano em 28 de agosto do mesmo ano;
• Ao mesmo tempo, as propriedades da Boêmia depuseram Ferdinando como rei da Boêmia
(Fernando permaneceu imperador, já que os títulos são separados) e o substituíram por
Frederico V, eleitor Palatino, um importante calvinista e genro do protestante Jaime VI, rei da
Escócia, Inglaterra e Irlanda. Por sua vez, Fernando, entretanto tornado imperador, assumiu o
controle da ofensiva católica;
• Aproveitou o facto de existirem algumas quesilhas no seio da União Evangélica, devido
sobretudo à falta de apoios internacionais aos Boémios, por terem deposto um rei eleito, e em 8
de novembro de 1620, um exército da Liga Católica, liderado pelo germânico João T'Serklaes
von Tilly rumou a Weißenberg, próximo de Praga, onde venceu os protestantes na Batalha da
Montanha Branca. Após esta vitória, muitos rebeldes foram condenados a morte e todos
perderam seus bens. A coroa da Boêmia, até então electiva, tornou­se hereditária dos
Habsburgos. O protestantismo foi proibido nos domínios imperiais e a língua checa substituída
pela alemã;
• Em 1623, Fernando, com a ajuda da Espanha e da Baviera, conquista o Palatinado
de Frederico V. No final de 1624, o Palatinado, entregue a Maximiliano I, duque da Baviera, era
novamente um bastião católico. No entanto, as ambições germânicas de Fernando e sua
aliança com a Espanha, fizeram com que se manifestasse a apreensão das
nações protestantes da Europa e também da França.
• Intervenção Dinamarquesa (1624­1629)
• Após a Defenestração de Praga e a consequente Revolta da Boêmia, os protestantes guerrearam com
a Liga Católica até que os primeiros foram derrotados firmemente na Batalha de Stadtlohn em 1623.
Depois dessa catástrofe, Frederico V, já exilado em Haia, e sob crescente pressão de seu sogro, James I,
para acabar com seu envolvimento na guerra, foi forçado a abandonar qualquer esperança de
lançar novas campanhas;
• Depois que a revolta boêmia foi suprimida por Fernando II, o rei dinamarquês Cristiano IV, temendo que
os recentes sucessos católicos ameaçassem sua soberania como nação protestante, liderou as tropas
contra Fernando II;
• Assim, em 1624, frente à conjuntura de uma série de derrotas e buscando um balanço de forças mais
favorável, os Estados germânicos protestantes buscaram uma aliança tática com Cristiano IV, rei da
Dinamarca e da Noruega;
• O envolvimento dinamarquês, chamado de Baixa Guerra Saxônica, começou quando Cristiano IV, um
luterano que também governou como Duque de Holstein, um ducado dentro do Sacro Império
Romano, ajudou os governantes luteranos da Baixa Saxônia ao liderar um exército contra Fernando. As
forças imperiais de II em 1625. A Dinamarca temia que os recentes sucessos católicos ameaçassem sua
soberania como nação protestante;
• Cristiano IV havia lucrado muito com suas políticas no norte da Alemanha. Por exemplo, em 1621,
Hamburgo foi forçado a aceitar a soberania dinamarquesa. O rei da Dinamarca, Cristiano IV, obteve
para o seu reino um nível de estabilidade e riqueza praticamente inigualável em outros lugares da
Europa. A Dinamarca foi financiada por pedágios no Oresund e também por extensas reparações de
guerra da Suécia.
• A causa da Dinamarca foi ajudada pela França, que junto com Carlos I concordou em ajudar
a subsidiar a guerra;
• Todavia, Fernando recebeu o apoio de Albrecht von Wallenstein, um nobre da Boêmia que se
enriquecera com as propriedades confiscadas de seus compatriotas protestantes, que liderou
as tropas para derrotar o exército de Cristiano IV. Cristiano, que não sabia nada das forças de
Wallenstein quando ele invadiu, foi forçado a se aposentar diante das forças combinadas de
Wallenstein e Tilly;
• Todos os aliados que pensava ter foram forçados a desistir. França estava no meio de uma
guerra civil, a Suécia estava em guerra com a República das Duas Nações, e nem Brandenburg
nem Saxônia estavam interessados em mudanças no leste da Alemanha. Além disso, nenhum
dos contingentes britânicos chegou a tempo para impedir a derrota de Wallenstein do exército
de Mansfeld na Batalha de Dessau (1626) ou a vitória de Tilly na Batalha de Lutter (1626);
• Em 1627, a Coroa da Boêmia tornou­se hereditária em benefício dos Habsburgos, e numerosas
terras foram distribuídas aos nobres que permaneceram católicos e fiéis à Casa de Áustria;
• Com outro sucesso militar para os católicos, Fernando II recuperou várias propriedades
protestantes e declarou o Édito da Restituição numa tentativa de restaurar as situações
religiosas e territoriais alcançadas na Paz de Augsburgo. O Édito de Restituição, foi uma
tentativa tardia de Ferdinand II para impor e restaurar as situações religiosas e territoriais
alcançadas na Paz de Augsburg (1555);
• Em 1928, o reino dinamarquês já não oferecia ameaça na conjuntura europeia, tendo sido
politicamente engolido pela expansão do SIRG e do reino sueco.
• Negociações concluídas com o Tratado de Lübeck em 1629, que afirmava que Cristiano IV
poderia manter o controle sobre a Dinamarca se ele abandonasse seu apoio aos estados
protestantes alemães. Assim, nos dois anos seguintes, os poderes católicos subjugaram mais
terra. Mais tarde, a Dinamarca unir­se­ia às forças imperiais, e seria derrotada pelos Suecos;
• Nesse ponto, a Liga Católica persuadiu Fernando II a retomar as posses luteranas que, de
acordo com a Paz de Augsburgo, legitimamente possuíam a Igreja Católica. Enumerados no
Édito da Restituição (1629), esses bens incluíam dois arcebispados, dezesseis bispados e
centenas de mosteiros. Apenas o porto de Stralsund continuou a resistir a Wallenstein e ao
imperador.
• Intervenção Sueca (1630­1635)
• A intervenção sueca na Guerra dos Trinta Anos, quando o rei Gustavo Adolfo II, da Suécia
ordenou uma invasão em larga escala dos estados católicos, foi um importante ponto de
virada da guerra;
• A intervenção sueca na Guerra dos Trinta Anos, que ocorreu entre 1630 e 1635, foi um
importante ponto de viragem da guerra, muitas vezes considerado um conflito independente;
• O rei da Suécia, Gustavo Adolfo, tinha sido bem informado da guerra entre os católicos e
protestantes no Sacro Império Romano por algum tempo, mas não se envolveu por causa de
um conflito contínuo com a Polônia;
• Por sua vez, depois de dispensar Wallenstein em 1630, com medo de planejar uma revolta,
Fernando II tornou­se dependente da Liga Católica. Gustavo Adolfo aliou­se à França e à
Baviera.
• Na Batalha de Breitenfeld (1631), as forças de Gustavo derrotaram a Liga Católica liderada por
Tilly. Um ano depois, eles se encontraram novamente em outra vitória protestante, desta vez
acompanhada da morte de Tilly. A mão superior tinha agora mudado da Liga Católica para a
União Protestante, liderada pela Suécia;
• O luteranismo era a principal religião da Suécia e, até então, estabeleceu um controlo firme
sobre o país, mas não foi apenas o resultado do sentimento religioso que a Suécia converteu.
 Notavelmente, uma das razões pelas quais a Suécia a abraçou tão prontamente foi porque a
conversão ao luteranismo permitiu que a coroa aproveitasse todas as terras na Suécia que
estavam possuídas pela Igreja Católica Romana. Como resultado desta apreensão e do
dinheiro que a coroa ganhou, a coroa foi muito fortalecida
• Enquanto a Suécia estava sob uma trégua com a Polônia, Gustavo reformou as forças armadas
suecas, levando a um exército que se tornou o modelo para toda a Europa. De 1630 a 1634, os
exércitos liderados pela Suécia expulsaram as forças católicas, recuperando grande parte do
território protestante perdido, especialmente na importante batalha de Breitenfeld;
• Na primavera de 1635, os lados católico e protestante se reuniram para negociações,
produzindo a Paz de Praga (1635), o que acarretou um atraso na execução do Édito da
Restituição por quarenta anos;
• Gustavo estava preocupado com o crescente poder do Sacro Império Romano, e como
Christian IV antes dele, foi fortemente subsidiado pelo Cardeal Richelieu, o ministro­chefe de
Luís XIII da França, e pelos holandeses;
• A França (1635­1648)
• O papel da protagonista principal durante a Guerra dos Trinta Anos coube à França. No
apogeu do conflito, o país chegou a firmar aliança com as Províncias Unidas, a Suécia, os
príncipes alemães contrários à paz, a Confederação Helvética e alguns Estados italianos;
• As aspirações francesas ao status de grande potência renascem desde o começo do século
XVII, e o alvo não eram apenas os Habsburgos austríacos, mas também o aliado natural dos
últimos, os Habsburgos espanhóis. Apesar de católica, a França incentivou os protestantes nas
regiões em que os Habsburgos imperavam;
• A Paz de Praga não conseguiu satisfazer a França, no entanto, por causa da força renovada
que concedeu aos Habsburgos. A França entrou então no conflito, começando o período final
da Guerra dos Trinta Anos. A Suécia não participou da Paz de Praga e uniu­se à França para
continuar a guerra;
• A França procurando reverter o poder dos Habsburgos na Europa, na pessoa do cardeal e
Ministro Richelieu, incitou a organização de uma frente militar sueca contra a recém­
estruturada força territorial e política do Sacro Império. Após alguns êxitos, entre 1630 e 1632, o
reino da Suécia passou a sofrer diversas derrotas para os alemães. Mediante o resultado, o
governo francês decidiu finalmente organizar suas tropas para travar o crescimento da
influência econômica e política dos germânicos pela Europa;
• Após a derrota sueca em Nördlingen em setembro de 1634 e a Paz de Praga em 1635, na qual
os príncipes alemães protestaram por paz com o imperador alemão, a capacidade da Suécia
de continuar a guerra pareceu duvidosa, e Richelieu tomou a decisão de entrar directamente
na guerra contra os Habsburgos.
• Depois da Paz de Praga, os suecos reorganizaram o Exército Real e entraram novamente na guerra,
vencendo importantes batalhas contra o exército imperial;
• A França declarou guerra à Espanha em maio de 1635 e ao Sacro Império Romano em agosto de 1636,
abrindo ofensivas contra os Habsburgos na Alemanha e nos Países Baixos. A França alinhou sua
estratégia com os aliados suecos em Wismar (1636) e Hamburgo (1638);
• Formando um exército de quase 100 mil homens, os franceses e seus aliados renovaram a luta contra a
hegemonia católica dos Habsburgos. Entre 1635 e 1644, os franceses conseguiram impor significativas
derrotas que colocavam a hegemonia do rei germânico Fernando II em completa crise. A partir de
1645, as negociações para a assinatura de um tratado de paz tomavam maior força;
• Nos quatro anos seguintes, os combates continuaram, mas todos os lados começaram a se preparar
para acabar com a guerra. Em 1648, os suecos (comandados pelo marechal Carl Gustaf Wrangel) e os
franceses (liderados por Turenne e Condé) derrotaram o exército imperial na batalha de
Zusmarshausen e os espanhóis em Lens. No entanto, um exército imperial liderado por Octavio
Piccolomini conseguiu verificar o exército franco­sueco na Baviera, embora sua posição permanecesse
frágil. A Batalha de Praga em 1648 tornou­se a última ação da Guerra dos Trinta Anos.

• Em 1648, a Paz de Vestfália deu um ponto final a essa extensa guerra. Nesse acordo, os
holandeses finalmente tinham sua independência reconhecida pelos espanhóis. Ao mesmo
tempo, o poderoso e ameaçador Sacro Império Germânico ficou reduzido apenas a um
conjunto de pequenos estados autônomos. Sob o ponto de vista religioso, esse mesmo acordo
determinou a liberdade religiosa nos países e territórios assolados pelo conflito.
2.4. Guerra dos trinta anos

• A Guerra dos Trinta Anos foi uma série de guerras entre vários estados
protestantes e católicos no fragmentado Sacro Império Romano
Germânico entre 1618 e 1648;
• A guerra começou quando o recém­eleito Imperador do Sacro Império
Romano, Fernando II, tentou impor a uniformidade religiosa em seus
domínios, forçando o catolicismo romano sobre seus povos, e os estados
protestantes se uniram para se revoltar contra ele;
• O episódio da segunda defenestração de Praga foi o estopim da Guerra
dos Trinta Anos, quando alguns integrantes da nobreza checa jogaram
pelas janelas do palácio real de Praga os representantes do sacro
imperador romano­germânico Fernando II.
• A Guerra dos Trinta Anos foi uma série de guerras na Europa Central entre 1618 e 1648.
Foi um dos mais longos e destrutivos conflitos da história européia, resultando em milhões
de baixas;
• Os estados protestantes do norte, enfurecidos pela violação de seus direitos de escolha
concedidos na Paz de Augsburg, por Fernando II, uniram­se para formar a União
Protestante ou Liga Envagélica. Fernando II era um católico romano devoto e
relativamente intolerante quando comparado ao seu antecessor, Rudolf II. 
• Suas políticas eram consideradas fortemente pró­católicas. Inicialmente uma guerra
entre vários estados protestantes e católicos no fragmentado Sacro Império Romano­
Germânico, gradualmente se transformou em um conflito mais geral envolvendo a
maioria das grandes potências;
• Esses estados empregavam exércitos mercenários relativamente grandes, e a guerra
tornou­se menos sobre religião e mais uma continuação da rivalidade França­
Habsburgo pela preeminência política européia. No século XVII, as crenças e práticas
religiosas eram uma influência muito maior do que nos períodos anteriores;
• A guerra pode ser dividida em quatro fases principais: a revolta boêmia, a intervenção
dinamarquesa, a intervenção sueca e a intervenção francesa.
• Do ponto de vista político, a Guerra dos Trinta Anos alterou por completo o eixo da Europa:
enquanto a influência da Casa Habsburgo decresceu significativamente, a entrada decisiva
da França já na parte final do conflito estabeleceu a base da supremacia absolutista de Luís
XIV;
• A Guerra dos Trinta Anos foi, por um lado, uma guerra civil alemã, entre regiões que queriam
autonomia diante do poder imperial e outras que sustentavam o Império, cuja capital estava
em Viena;
• Por outro lado, foi um conflito internacional entre os defensores católicos do imperador
austríaco do Sacro Império Romano Germânico, contra uma coligação protestante de
principados alemães, a Holanda, a Dinamarca, a Suécia e mais a católica França;
• O conflito teve seu desenvolvimento a partir de dois blocos bem definidos, o bloco dos
Habsburgo. Liderado por Fernando da Estíria, Áustria e Hungria, então Sacro imperador, e
o bloco dos rebeldes protestantes, concentrados na Boêmia e outras regiões da Alemanha,
como Palatinado, e nações como Países Baixos, Suécia, Dinamarca e Inglaterra. Além destes,
contra o Sacro Império, se posicionou a França, que, apesar de católica, entrou no fim da
guerra, ao lado dos protestantes, por temer o avanço da aliança espanhola­austríaca;
• A vitória da centralização do Estado e da raison d'Etát defendida pelo Cardeal Richelieu, como
princípio norteador das alianças militares internas e externas à França (passando por conceitos
fundamentais como os de interesse nacional e equilíbrio de poderes) é o cenário no qual a
França se posiciona oficialmente frente ao conflito europeu e reflete os interesses do grupo
social vitorioso na disputa interna pelo Estado francês.
• A Guerra dos Trinta Anos começou em 1618 como resultado da intolerância religiosa e
da insurreição entre os católicos romanos e os protestantes na Boêmia, uma região
pertencente à Áustria;
• Eventualmente, o conflito se espalhou de uma rebelião intraestadista para uma guerra
em larga escala entre dois grupos religiosos: os estados protestantes do norte da
Alemanha (que mais tarde incluíram a Dinamarca e a Suécia) e os poderes católicos
com a Santa Aliança da Áustria, Espanha e os Estados Papais;
• A França mais tarde se juntou ao conflito, mas apesar de sua religião nacional ser
catolicismo, lutou no lado protestante pela razão política de tentar impedir que os
Habsburgos alcancem a total hegemonia sobre as terras alemãs. Depois de 1648, a
França tornou­se predominante na Europa central;
• Nesta guerra, o império, que abrangia mais de trezentos principados, foi dividido por
uma multidão de animosidades políticas e religiosas. O protestantismo foi colocado
contra o catolicismo, que desde o final dos anos 1500 cresceu em força e agressividade;
• A rivalidade entre os luteranos e os calvinistas impediu a consolidação de uma frente
protestante unida. Os príncipes reinantes podem ter tido um desejo comum de
independência política, mas também foram divididos por rivalidades políticas e
religiosas. Assim, nem a religião nem os objetivos políticos poderiam servir para forjar
campos coesos.
• Em vez disso, o que emergiu foi virtualmente uma guerra de todos contra todos,
marcada por uma busca constante por aliados. Essa busca trouxe resultados, pois
muitos países tinham interesse na desintegração do império alemão e na restrição do
poder de um império dos Habsburgos que se estendia pela Europa central.
• A Guerra dos Trinta Anos inicia­se, portanto, como um conflito regional de corte religioso
e feudal entre os príncipes protestantes da Boêmia e o Sacro Império Romano
Germânico (SIRG), mas desdobra­se em conflito geopolítico generalizado, envolvendo
quase todas as unidades de poder europeias;
• Naquele conflito gigantesco, o império dos Habsburgos se viu em oposição à maior
parte da Europa. Viena teve que dedicar todos os seus recursos a essa disputa desigual.
A primeira fase da guerra terminou com a vitória de Ferdinand II na Boêmia, mas à
medida que o conflito se espalhava, os encargos financeiros e militares de Viena
tornaram­se cada vez mais onerosos;
• As dificuldades dos Habsburgos só foram agravadas pela notória ineficiência de sua
administração. Eles travaram a guerra de uma forma desordenada, raramente olhando
para além das necessidades do momento. Por tudo isso, a dinastia dos Habsburgos
sobreviveu. O império foi consideravelmente enfraquecido pela guerra, mas não sofreu
uma derrota total.
• Gabriel Bethlen
• Príncipe da Transilvânia de 1613 a 1629 e Duque de Opole de 1622 a 1625. Foi Rei eleito da Hungria de
1620 a 1621, mas nunca assumiu o control de todo o reino. Bethlen, apoiado pelos otomanos, liderou
seu principado calvinista contra os Habsburgos e seus aliados católicos;
• A união pessoal checo­húngara na época do grande rei Matias e os sucessos das alianças feudais de
1608, fez com que quando os checos se rebelaram contra os Habsburgos, eles evocarssem os
precedentes das alianças "sagradas e invioláveis" concluídas entre as propriedades feudais da Hungria,
da Áustria e da Morávia, com o apoio do rei Matias II.
• Eles eram politicamente astutos nessa justificativa de seu pedido de ajuda: a referência ao falecido rei
Matthias II evocava uma imagem de legalidade que atrairia representantes das ordens feudais que
tendiam a se afastar da inovação radical;
• Da mesma forma, a noção de união pessoal revelou um sólido cálculo político. Esta mais alta forma de
confederação feudal poderia servir para unir e coordenar os esforços anti­Habsburgos dos países
governados pela dinastia;
• Bethlen imediatamente percebeu o significado da revolta em Praga. No entanto, ele se envolveria
ativamente apenas quando se tornasse claro que os checos estavam buscando assistência
internacional;
• De facto, Gabriel Bethlen não era um candidato real ideal para os rebeldes checos. Para ter certeza,
seu envio do Cercel para Praga sinalizou claramente sua disposição de participar da luta. Mas, no
verão de 1619, havia apenas sinais fracos na Hungria de oposição activa à Fernando II, e a aquisição
da coroa húngara por Bethlen era, na melhor das hipóteses, uma possibilidade remota.
• Os checos, por outro lado, foram pressionados pelo tempo e dificilmente poderiam hipotecar
seu destino para eventuais desenvolvimentos políticos na Hungria. Como a cooperação com o
vizinho não prometia resolver rapidamente o problema, os checos optaram pela alternativa de
uma aliança ocidental e elegeram como seu rei Frederico V do Palatinado, um dos principais
protestantes do império.
• Informado somente depois que o acto foi consumado em Praga, Bethlen sentiu­se enganado e
confessou estar profundamente magoado por perder a coroa da Boêmia. Mas seu bom senso
comum prevaleceu: em face de um inimigo comum;
• Bethlen manteve um eficiente exército permanente de mercenários. Mantendo relações com o
Império Otomano, ele procurou ganhar terras ao norte e à oeste. Durante a Guerra dos Trinta
Anos, ele atacou os Habsburgos da Hungria Real (1619­1626);
• Bethlen se opunha à autocracia dos Habsburgos, a perseguição de protestantes na Hungria
Real, a violação da Paz de Viena de 1606 e as alianças dos Habsburgos com os otomanos e
George Druget, o capitão da Alta Hungria;
• Em agosto de 1619, Bethlen invadiu a Hungria Real. Em setembro, ele tomou Kassa, onde os
defensores protestantes o declararam o líder da Hungria e protetor dos protestantes. Ele
ganhou o controle da Alta Hungria (atual Eslováquia);
• Em setembro de 1619, depois de se recusar a converter­se ao calvinismo, os jesuítas Marko
Križevcanin, Stefan Pongrac e Melchior Grodeczki foram martirizados sob a autoridade de
Bethlen. Os três foram posteriormente canonizados pela Igreja Católica.
• Em janeiro de 1620, Bethlen concluiu uma aliança com Frederico V, rei da Boêmia. O tratado
completo, elaborado em Praga naquela primavera pelos representantes dos dois governantes,
consagrou uma aliança perpétua entre as ordens feudais das terras da coroa Checa, a Áustria,
a Hungria e a Transilvânia. Eles deveriam convocar uma cimeira comum a cada cinco anos e,
nos intervalos, manter contacto ao nível politico. Eles se comprometeram a se aconselhar antes
de ir à guerra e a coordenar suas políticas monetária e externa.
• O tratado estabeleceu os termos de assistência mútua na guerra em curso. E, finalmente, eles
concordaram em despachar uma missão diplomática formal para a corte, a fim de concluir a
paz com os turcos;
• Essa última cláusula deu origem a debate, pois alguns dos aliados estavam relutantes em
aceitar tal pré­condição para a participação do príncipe da Transilvânia. Ironicamente, esta foi
a única cláusula que seria implementada;
• A decisão foi perfeitamente lógica: durante cem anos, costumava­se envolver a corte em
qualquer desafio político aos Habsburgos austríacos;
• No caso, a dispendiosa missão revelou­se inútil, pois a confederação dos inimigos dos
Habsburgos era morta. Antes que pudesse começar a funcionar, as forças imperiais dominaram
os aliados na Batalha da Montanha Branca em 8 de novembro de 1620. O reino checo de
Frederico entrou em colapso, e também a aliança. Seguiu­se uma impiedosa caça aos
rebeldes tchecos.
2.5. Assinatura do tratado de Vestefália

• A chamada Paz de Vestfália, também conhecida como os Tratados de Münster


e Osnabruque (ambas as cidades actualmente na Alemanha), designa uma
série de tratados que encerraram a Guerra dos Trinta Anos, em 1648, e também
reconheceram oficialmente as Províncias Unidas e a Confederação Suíça;
• Este conjunto de acordos inaugurou o moderno sistema Internacional, ao
estabelecer consensualmente noções e princípios, como o de  soberania
estatal e o de estado­nação;
• Embora o imperativo da paz tenha surgido em decorrência de uma longa série
de conflitos generalizados, surgiu com eles a noção embrionária de que uma
paz duradoura derivava de um equilíbrio de poder, noção essa que se
aprofundou com o Congresso de Viena (1815) e com o Tratado de
Versalhes(1919). Por essa razão, a Paz de Vestefália costuma ser o marco inicial
do Direito Internacional clássico e uma das bases de estudo das Relações
Internacionais.
• Também conhecida como Paz de Vestfália ou Tratados de Vestfália, ela consistiu num conjunto
de 11 tratados assinados ao longo de 1648 que colocaram fim na chamada Guerra dos Trinta
Anos, uma da série de conflitos mais destrutiva e sangrenta da história europeia;
• A Paz de Vestfália é frequentemente apontada como o marco da diplomacia moderna, pois
deu início ao sistema moderno de Estados­nação. Pela primeira vez reconheceu­se
a soberania de cada um dos Estados envolvidos;
• As guerras posteriores ao acordo não mais tiveram como causa principal a religião, mas
giravam em torno de questões de Estado. Isto permitiu que potências católicas e protestantes
pudessem se aliar, provocando grandes inflexões no alinhamento dos países europeus;
• Em Münster – onde foram registradas as primeiras assinaturas para a Paz de Vestfália, em maio
de 1648 – e em Osnabrück, escrevia­se a história europeia.
• Pela primeira vez, nessas duas cidades, os Estados europeus se reuniram para tratar dos destinos
do continente como um todo, com o fim de assumir conjuntamente a responsabilidade pela
Europa. Nesse sentido, pode­se dizer que em Münster e Osnabrück foi realizada uma espécie
de "Conferência sobre a Segurança e a Cooperação na Europa“;
• A nova ordem era garantida pelas grandes potências, a Suíça e a Holanda se tornaram
independentes, a Suécia passou a controlar os principados de Bremen e Verden, e o príncipe
eleitor de Brandemburgo ganhou terras onde em breve nasceria a Prússia;
• A França também alcançou seus objetivos na guerra, ganhando territórios e se libertando do
cerco exercido pelo poder dos Habsburgos .
• Além do fim da guerra em si, seria proclamada uma amnistia geral, e os vitoriosos no conflito
teriam ganhos políticos ou expansões territoriais. A França ganharia a Alsácia, Metz, Toul e
Verdun;
• A Suécia ganharia o controle do Mar Báltico, dos rios Oder, Elba e Weser, da Pomerânia
ocidental, do porto de Wismar, do bispado de Verdun e do arcebispado de Bremen. Os Países
Baixos e a Suíça teriam confirmadas suas respectivas independências;
• Além disso, os mais de trezentos Estados do Império Germânicos teriam sua soberania
fortalecida, o que estabeleceria na prática um governo federalista, e a liberdade de culto e
devoção religiosa nas terras alemãs seria confirmada juntamente com a Paz de Augsburgo –
embora isto não fosse aplicado nas posses hereditárias da Casa de Habsburgo;
• Em termos geopolíticos, a Paz de Vestfália significou a decadência de Espanha e do Sacro
Império Romano Germânico e o início da hegemonia continental de França. A primeira teve
que reconhecer, após conflitos que duraram oitenta anos, a independência dos Países Baixos,
e viu o fim da União Ibérica após a restauração portuguesa feita pela Casa de Bragança em
1640. Já a segunda viu sua influência ser drasticamente reduzida após o fortalecimento da
vizinha Prússia;
• Enquanto isso, a vitoriosa França conheceria por décadas o brilho e força absolutista da corte
do Rei Sol;
• Em 24 de outubro, na mesma cidade, novos tratados seriam acertados, promovendo a paz
entre o Sacro Império Romano Germânico, os príncipes alemães, a França, a Suécia, e o
papado.
• O Tratado assinado em Munster em 30 de Janeiro de 1648 pôs fim à Guerra de Independência
das Províncias Unidas. O Tratado assinado em Osnabruck, em 24 de Outubro de 1648, entre o
Sacro Império Romano­Germânico, os demais príncipes alemães (que integravam a “União
Evangélica”), a França e a Suécia, pôs fim à Guerra dos 30 anos;
• O Congresso não almejou alcançar a paz entre França e Espanha, a qual só seria concluída
em 1659, ainda que tal acordo seja por vezes incluído na "Paz de Vestefália“;
• Impacto na Alemanha
• Muitas das determinações da Paz de Vestfália trouxeram desvantagens para o imperador alemão,
principalmente porque o tratado fortalecia ao mesmo tempo os direitos dos principados regionais na
Alemanha;
• A partir de então, esses principados passaram a poder participar das decisões sobre guerra ou paz,
impostos e leis que dissessem respeito ao Sacro Império Romano de Nação Germânica. Além disso, os
príncipes podiam agora selar alianças com potências estrangeiras, desde que essas não colidissem
com os interesses do imperador e do império;
• Desta forma, os Estados regionais alemães se tornaram sujeitos soberanos perante o Direito das Nações.
De acordo com as respectivas possibilidades, eles passaram a participar ativamente da política
europeia de poder;
• A ampliação da influência dos príncipes eleitores foi uma das pedras fundamentais da ordem federal
da República Federal da Alemanha, país no qual os governadores até hoje zelam ciosos pelos direitos
que competem aos estados da federação.
AULA: Sumário

• 3. Revoluções

• 3.1. Conceito de Revolução


• 3.2. Revoluções Inglesas
• 3.3. Revolução americana e a Independência dos Estados Unidos de América
• 3.4. Revolução Francesa

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