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Renovação religiosa e espiritual

1. A reforma protestante: Antecedentes

A reforma protestante resultou de um clima de instabilidade da igreja católica,


esta instabilidade começou durante a idade média, e acentuou-se no início da época
moderna.
Este enfraquecimento da igreja é a consequência da junção de diversos
fatores, sendo eles primeiramente, a grande crise do século 14, pois Europa serviu
de palco para pestes/guerras/fomes, o que favoreceu o desenvolvimento de um
clima de medo e superstição religiosa, o despertar do individualismo religioso e
ambiente humanista, e por último as críticas dos humanistas à igreja católica.
Durante a passagem do fim da idade média para o início da época moderna,
surgiram novas formas de devoção popular, as procissões flagelantes, a feitiçaria e
novas formas de piedade religiosa, que valorizavam a ligação direta com Deus, isto
é, orações individuais.
Foi durante a época moderna que os humanistas, olharam criticamente para
a sociedade do seu tempo, para a igreja e suas práticas, e defenderam o regresso a
um cristianismo original. Foi o caso de Erasmo de Roterdão, que denunciou as
práticas da igreja, e defendeu que a mensagem cristã deveria aproximar-se dos fiéis,
e para isso ressaltou a importância de traduzir a bíblia.
Para além do Erasmo, outros 3 pensadores criticaram a igreja, o John
Wycliffe, Jan Huss e Martinho Lutero . Estes humanistas condenaram as
indulgências e questionaram os dogmas da igreja.

2. A reforma protestante : a rutura teológica

A reforma protestante começou em 1517, quando Lutero tomou a decisão de


expor as 95 Teses contra as indulgências impostas pelo Papa Leão X. Este ato foi o
que marcou o início da rutura teológica, entre os católicos e os protestantes.
No entanto, é importante ressaltar que a intenção de Martinho Lutero e a dos
outros reformadores nunca foi a criação de uma nova igreja, mas sim a reformulação
da que já existia. Foi só porque houve uma excomunhão que Lutero teve que
imaginar uma nova igreja. Nesse sentido, foi o Papa que provocou a rutura não os
reformadores.
Pouco tempo após o início da reforma protestante, o Papa deixou de ser o
símbolo de unidade da cristandade e surgiram novas igrejas, designadas
protestantes. Porém, apesar da divisão religiosa entre os protestantes e os católicos,
o cristianismo continuou a ser o símbolo de identidade da Europa.
As igrejas protestantes que se destacaram das demais, foram a Luterana, a
Calvinista e a Anglicana. Estas igrejas beneficiaram da invenção da imprensa para
divulgar os seus ideais, o que facilitou a propagação das ideias reformadoras.
LUTERANISMO
A igreja Luterana, fundada em 1530, por Martinho Lutero na confissão de
Augsburg, é a igreja protestante mais antiga da história. O Luteranismo para além de
negar alguns dogmas, centralizou as práticas religiosas em 3 princípios: a
justificação pela fé; a bíblia como única fonte da fé ; e a defesa do sacerdócio
universal.
A doutrina luterana renovou as cerimônias, passaram a existir apenas 2
sacramentos, o batismo e a comunhão. E apenas a cruz de cristo era exposta na
igreja.
CALVINISMO
As ideias de Lutero foram se espalhando, e eventualmente chegaram à
Suíça, onde em 1536, João Calvino iniciou um novo movimento religioso chamado
Calvinismo, que se baseia na predestinação, na valorização dos bons costumes e na
defesa do lucro.
Ao valorizar o trabalho, o calvinismo tinha, portanto, uma visão positiva do
acúmulo de lucros, e isso era do agrado da burguesia. Por essa razão o calvinismo
foi de fácil aderência na europa, e essa aderência impulsionou ao que nós
chamamos de capitalismo.
ANGLICANISMO
Ao contrário dos dois primeiros movimentos protestantes, o Anglicanismo
surgiu de um conflito entre o Papa e o rei da Inglaterra, Henrique VII.
Quando o rei solicitou a negação do seu casamento para poder casar de
novo com outra mulher, o Papa recusou, no entanto o monarca ignorou esta decisão
e casou com outra mulher. Esta desobediência fez com que o rei, em 1534, fosse
excomungado, e nesse mesmo ano, proclamou o ATO DE SUPREMACIA, onde
assumiu o cargo de chefe supremo da igreja da Inglaterra, fundando então o
Anglicanismo.
Como o rei não era um teólogo como Martinho Lutero e João Calvino, adotou
as doutrinas deles e fundiu-as com ritos católicos, e estabeleceu os seguintes
princípios: Extinção do culto dos santos, a bíblia como única fonte de fé e a
predestinação.
3. Contrarreforma e Reforma católica

Foi no concílio de Trento, em 1545, que a Igreja afirmou a sua doutrina e


recusou as doutrinas protestantes. Neste concílio foram definidos vários objetivos,
como :
1. debater e analisar as críticas feitas à igreja;
2. Clarificar a posição da Igreja Católica face ao protestantismo;
3. Responder à necessidade de reforma interna;
4. Redefinir os princípios doutrinário
A resposta da igreja católica à Reforma protestante foi a Contrarreforma e a
Reforma católica.
Relativamente à Reforma Católica, podemos dizer que teve como objetivo
1. Reafirmar os dogmas;
2. Conservar as formas de culto tradicionais;
3. Reforçar a organização e disciplina do clero;
4. Recuperar os fiéis de volta para o catolicismo;
Depois do concílio, a expansão do protestantismo não abrandou, pelo que foi
necessário adotar um conjunto de medidas para combater essa expansão, através da
Contrarreforma.
Para colocar em prática a Contrarreforma foram criadas, a inquisição, em
1542, e o Index, em 1559. A inquisição tinha o objetivo de perseguir e condenar os
considerados hereges, e condenar as teorias contrárias aos dogmas do cristianismo.
Já o index era uma lista negra de todos os livros que eram considerados
proibidos e perigosos, como os livros de Erasmo de Roterdão.
Para reforçar ainda mais o combate ao protestantismo, surgiram novas
ordens religiosas, entre essas ordens, destacou-se a Companhia de Jesus ou
Jesuítas, criada em 1540, por Inácio de Loyola. Esta ordem religiosa tinha como
principais objetivos:
1. Renovar o sentimento cristao
2. Diminuir a adesão ao protestantismo
3. Ganhar novos fiéis
Os jesuítas consideravam que a melhor forma de servir a Deus era através
do missionarismo, isto é, a conversão dos povos pagãos à fé católica, na Ásia e na
América. São Francisco Xavier destacou-se como missionário.
Os jesuítas foram responsáveis pela reafirmação da doutrina católica, já que
combatiam pela igreja, e para a evangelização
Todas estas ações já mencionadas, a Inquisição, o Index e a criação de
novas ordens religiosas, permitiram recolocar a Igreja Católica no espaço religioso
europeu.
Apesar das parecenças entre a igreja católica e as protestantes, a
intolerância religiosa acabou por marcar o século XIV.

4.O impacto da Reforma Católica em Portugal

As medidas discutidas no Concílio de Trento foram aceites e promovidas pelo


monarca portugues, D. João III, pois a adesão à contrarreforma era vista como meio de
evitar a difusão do protestantismo no reino português e suas colônias.
A inquisição foi introduzida em Portugal, no ano de 1536, e tinha o objetivo
de combater as heresias, mas especialmente a conversão forçada dos judeus aos
cristianismo, estes que tornaram-se o povo mais perseguido de Portugal.
A presença dos Jesuítas foi notória, a partir de 1555, com a fundação de
várias escolas e universidades, e missões nas colônias com intenção de converter os povos
do “ Novo Mundo”.
A implementação da inquisição e a sua ação repressiva tiveram
consequências, sendo elas:
1. A limitação e censuras das obras, apenas obras difusoras do cristianismo são
aceites;
2. Perseguição aos humanistas:
3. Limitação da liberdade e clima de desconfiança;

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