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Faz parte da doutrina da Igreja o direito à imunidade de coação nesta matéria, “de
tal modo que, em matéria religiosa, nem se obrigue a ninguém a agir contra a sua
consciência, nem se lhe impeça que aja conforme a ela em particular e em público,
sozinho ou associado com outros, dentro dos limites devidos” (Declaração
“Dignitatis Humanae”, nº 2). Ninguém pode ser coagido a abraçar os ensinamentos da
Igreja, porém, a Igreja tem o direito de indicar qual é o corpo doutrinal ao qual
devem aderir todos aqueles que queiram se considerar católicos.
A HERESIA
Portanto, heresia é a negação pertinaz de uma verdade que deve crer com fé divina e
católica. O cânon 750, §1 define o que se deve crer com fé divina e católica:
– “Cânon 750, §1. Deve-se crer com fé divina e católica tudo aquilo que está
contido na Palavra de Deus escrita ou transmitida por tradição, isto é, no único
depósito da fé confiado à Igreja, e que, ademais, é proposto como revelado por
Deus, seja pelo magistério solene da Igreja, seja por seu magistério ordinário e
universal, que se manifesta na comum adesão dos fiéis sob a condução do sagrado
magistério; portanto, todos estão obrigados a evitar qualquer doutrina contrária”.
O CISMA
Não incorre em cisma quem desobedece ao Santo Padre; se isto ocorre, ainda que
possa ser bastante grave, em si mesmo não constitui um cisma. O que é essencial
para [a caracterização do] cisma é negar ao Papa sua autoridade sobre a Igreja.
Como disse o Pontifício Conselho para a Interpretação dos Textos Legislativos na
“Nota Explicativa”, de 24 de agosto de 1996, sobre a excomunhão em que incorrem os
seguidores de Lefebvre, em seu nº 5, o cisma (e a consequente excomunhão) afeta
àqueles que aderem formalmente a um movimento cismático. Ainda que sobre a questão
do alcance exato da noção de “adesão formal ao cisma” seja competente a Congregação
para a Doutrina da Fé, parece que tal adesão deve implicar dois elementos
complementares:
A APOSTASIA
A apostasia é a rejeição total da fé cristã. Neste caso não se está rejeitando uma
doutrina católica, mas sim à Igreja Católica inteira. Pode ser que o apóstata
compartilhe algumas doutrinas católicas, porém, rejeita a autoridade da Igreja. Um
exemplo seria o do católico que se torna muçulmano: este sujeito seria um apóstata,
ainda que cresse em algumas doutrinas católicas, como a existência do Deus Uno. No
entanto, crê nessas doutrinas não pela autoridade da Igreja, mas por outros
motivos. Por isso, pode-se afirmar que rejeita totalmente a fé cristã.
SANÇÃO CANÔNICA
a) O cân. 1184, §1, 1, indica que se deve negar as exéquias eclesiásticas “aos
notoriamente apóstatas, hereges ou cismáticos”, salvo quando tenha manifestado
algum sinal de arrependimento antes de morrer.
b) Segundo o cân. 1041, 2, são irregulares para receber as ordens sagradas “quem
tenha cometido o delito de apostasia, heresia ou cisma”.
c) O cân. 194, §1, 2, estabelece que seja removido do oficio eclesiástico “ipso
iure” “quem se tem afastado publicamente da fé católica ou da comunhão da Igreja”.
AS DOUTRINAS DEFINITIVAS
– “Cân. 750, §2: Da mesma forma se deverão aceitar e reter firmemente todas e cada
uma das coisas sobre a doutrina da fé e os costumes propostos de modo definitivo
pelo magistério da Igreja, a saber, aquelas [coisas] que são necessárias para
custodiar santamente e expor fielmente o próprio depósito da fé; se opõe, portanto,
à doutrina da Igreja Católica quem rejeita tais proposições que devem reter-se de
modo definitivo”.