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1
HODGE, A. A. Confissão de Westminster comentada por A. A. Hodge. São Paulo: Editora Os Puritanos,
1999, p.41.
2
DIXHOORN, Chad Van. Guia de Estudos da Confissão de Fé de Westminster. São Paulo: Cultura
Cristã, 2017, p.12.
3
Manual Presbiteriano, 15a. ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999, p.7.
2
Diante do que foi exposto acima, compete a cada crente presbiteriano, a cada
Oficial da Igreja (Diáconos, Presbíteros e Pastores), a cada Presbitério, a cada Sínodo e,
obviamente, ao Supremo Concílio, zelar pelo respeito, pela observância e pelo
cumprimento das disposições doutrinárias, constitucionais, disciplinares e litúrgicas
defendidas e regulamentadas pela Igreja Presbiteriana do Brasil.
Quando, por um lado, os padrões confessionais da Igreja são depreciados, às vezes
até achincalhados como obsoletos e ultrapassados, corre-se o risco do flerte com a
heresia, uma vez que os referenciais de autoridade, instituídos para a preservação da
unidade doutrinária, são negligenciados. Romeiro observa, ao prefaciar a obra
referenciada, que “não é preciso grande dose de perspicácia para constatar que, nas
últimas décadas, muitos evangélicos se distanciaram dos postulados da Reforma
Protestante [...] Já há vários anos essa crise doutrinária e ética se alastra em grande parte
do campo evangélico brasileiro”4. Por ocasião das celebrações dos 500 anos da Reforma
Protestante em 2017, muitas vozes se levantaram tendo em vista a confusão doutrinária
reinante na Igreja Evangélica Brasileira. “Creio que a voz profética da Igreja, ouvida
durante a Reforma Protestante de 1517, ressoaria como música de esperança aos ouvidos
dos necessitados, enquanto trovoaria na consciência daqueles que a enfrentam”, declara
Bitun5. Carpenter menciona a questão da heresia como um problema da igreja
contemporânea brasileira:
4
LOPES, Augustus Nicodemus. O que estão fazendo com a Igreja. São Paulo: Mundo Cristão, 2008, p.7.
5
BITUN, Ricardo. Breves considerações sobre a Reforma Protestante e seu caráter profético nos dias
de hoje In: A Reforma Protestante – História, teologia e Desafios. Org. Ricardo Bitun. São Paulo: Mundo
Cristão, 2017, p.62.
6
CARPENTER, Mark. Prefácio. In: ZÁGARI, Maurício (Org.). Uma Nova Reforma – Após 500 anos, o que
ainda precisa mudar? São Paulo: Mundo Cristão, 2017, p.10.
7
STOTT, J. R. W. Cristianismo Equilibrado. Rio de Janeiro: CPAD, 1982, p.15.
8
TAYLOR, L. Roy. Os Benefícios Práticos e os Perigos da Subscrição. In: HALL, David W. A Prática da
Subscrição Confessional. Natal (RN): Nadere Reformatie Publicações, 2021, p.375-387.
3
Por outro lado, quando os Símbolos de Ordem são igualmente depreciados, ou pior,
deliberadamente desobedecidos, instaura-se no âmbito eclesiástico o flerte com a
anarquia. O saudável espírito conciliar da Igreja Presbiteriana exige rigorosamente o
respeito e a observância dos referenciais que promovem a unidade local e denominacional.
Nenhum membro tem o direito de se comportar à revelia daquilo que prescrevem tais
Símbolos, pelo contrário, por ocasião da própria Profissão de Fé, o adulto que é
solenemente recebido na membresia da Igreja local declara publicamente a sua submissão
tanto aos padrões confessionais quanto aos governamentais. Nenhum Pastor, nenhum
Conselho, nenhum Presbitério, nenhum Sínodo e, obviamente nem o Supremo Concílio,
tem a liberdade de flexibilizar a obediência a tais normas, seja por ignorância no bom
sentido, seja por conveniência ou pior por covardia.
A CI/IPB traz inúmeras recomendações no Art. 14 sobre os deveres dos membros,
dentre os quais se destaca “obedecer às autoridades da Igreja, enquanto estas
permanecerem fiéis às Sagradas Escrituras” (alínea “d”); no Art. 50, se observa que os
Presbíteros Regentes “juntamente com o Pastor, exercem o governo, a disciplina e o zelo
pelos interesses da Igreja”; no Art. 70 se diz que os Concílios devem “velar pelo fiel
cumprimento da presente Constituição” e isso inclui os Conselhos de Igrejas, Presbitérios,
Sínodos e Supremo Concílio. O Art. 30 dos Princípios de Liturgia prescreve: “A Igreja
comprometer-se-á a reconhecer o Oficial eleito e prometerá, diante de Deus, tributar-lhe o
respeito e a obediência a que tem direito de acordo com as Escrituras Sagradas”. Logo,
quando se vê a deliberada desobediência, insubmissão e insolência quanto à observância
das normas constitucionais, inevitavelmente, perde-se um dos mais preciosos traços do
presbiterianismo clássico. Não existe espírito conciliar quando as regras são subvertidas
consciente ou inconscientemente. Na eclesiologia presbiteriana não existe o dogma da
“autonomia absoluta da Igreja local”, até porque na Teologia Bíblica do Novo Testamento
as Igrejas dos dias apostólicos estavam ligadas pelas entranhas, conforme se vê nas
decisões aprovadas pelo Concílio de Jerusalém (At 15), cujas normas deveriam ser
acatadas por todas. No regime presbiteriano, a membresia das diversas Igrejas se
encontra nos eventos federativos e os Oficiais, Pastores e Presbíteros, tomam decisões
válidas para todos na esfera do Presbitério.
Frequentemente, se diz que uma Igreja verdadeiramente reformada é reconhecida
pelos seguintes pilares: Pregação Genuinamente Bíblica, Administração Correta dos
Sacramentos e Exercício Amoroso da Disciplina. Porém, não raro, se vê muita fraqueza no
último item, seja por negligência quanto à aplicação do instrumento ou por resistência
quanto a ser submetido ao corretivo quando necessário. Silva está certo quando assevera
que “a disciplina eclesiástica parece fora de moda”9. Existem Igrejas Presbiterianas que
funcionam com um nível de desorganização pavoroso, outras que se isolam pela
incapacidade crônica de se relacionarem com outras que pensam minimamente diferente,
mas são estranhezas alheias ao espírito presbiteriano, cujo modelo se deve evitar. Eis o
ensino de Calvino quanto a isso:
[...] Não há sociedade nem casa, por menor que seja a família, que possa
subsistir em bom estado sem disciplina, muito mais necessária será na
Igreja, que deve permanecer perfeitamente ordenada [...] assim como a
doutrina de Cristo é a alma da Igreja, assim a disciplina é como seus
nervos, mediante a qual os membros do corpo da Igreja se mantém cada
um no seu devido lugar10.
9
SILVA, Lucas Ribeiro da. Disciplina Eclesiástica na IPB. Curitiba: Editora Prismas, 2017, p.9.
10
CALVINO, João. Institutas da Religião Cristã - Livro IV. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p.106.
4
11
LLOYD-JONES, D. M. Os Puritanos – suas origens e seus sucessores. São Paulo: PES, 1993,
p.91.
12
_________________ Discernindo os tempos. São Paulo: PES, 1994, p. 269.
13
_________________ Uma nação sob a ira de Deus. 2ª ed. Rio de Janeiro: Textus, 2004, p.215.
14
SWINDOLL, Charles R. A Igreja Desviada: Um chamado urgente para uma nova reforma. São
Paulo: Mundo Cristão, 2012, p.290.