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GOVERNO BÍBLICO DE IGREJA — Kevin Reed

Biblical Church Government


PRESBYTERIAN HERITAGE PUBLICATIONS
PO Box 180622, Dalas, Texas 75218, USA
Copyright © 1983, 1984 by Kevin Reed
Expanded Edition

Traduzido e Impresso com Permissão pela Editora Os Puritanos © 2020

É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação, sem autorização por


escrito dos editores, exceto citações em resenhas.

Editor: Manoel Canuto


Tradutor: Adelelmo Fialho
Revisores: Marcos Vasconcelos e Humberto Freitas
Designer: Heraldo Almeida
ÍNDICE DE CONTEÚDO
1. Capa
2. Folha de Rosto
3. Créditos
4. SUMÁRIO
5. INTRODUÇÃO
6. O GOVERNO POR PRESBÍTEROS
1. O GOVERNO POR OFICIAIS QUALIFICADOS
2. O GOVERNO PELA PLURALIDADE DE PRESBÍTEROS
3. GOVERNO COM DIÁCONOS
4. DOUTORES OU MESTRES
5. OFICIAIS ECLESIÁSTICOS EXTRAORDINÁRIOS
6. SUMÁRIO
7. O GOVERNO POR CONCÍLIOS ECLESIÁSTICOS
1. O CONCÍLIO DA IGREJA LOCAL
2. OS CONCÍLIOS MAIS ALTOS DA IGREJA
3. EXAMES MINISTERIAIS
8. O GOVERNO PELOS PADRÕES CONFESSIONAIS
9. MEMBRESIA DA IGREJA
10. CONCLUSÃO
11. Recomendação
12. Outros títulos da Editora
SUMÁRIO

Introdução

O Governo por Presbíteros

O Governo por Concílios Eclesiásticos

O Governo pelos Padrões Confessionais

Membresia da Igreja

Conclusão
INTRODUÇÃO

PARA MUITOS LEITORES, o tema Governo Eclesiástico não


sugere algo muito atraente. A julgar pela falta de literatura
contemporânea sobre esse tópico, alguns poderiam concluir
que a discussão sobre a organização da Igreja não é
importante. Contudo, verdade seja dita, muitos dos
problemas que hoje enfrentamos nas igrejas são resultado
do abandono do governo eclesiástico baseado nas
Escrituras.
A Igreja não é meramente um clube social. A Igreja é o
reino de Cristo, sujeita a Seus regulamentos. Na Bíblia, O
Senhor estabeleceu um governo eclesiástico pelo qual o Seu
povo deve se pautar (Cl 1.13). Do mesmo modo que Cristo
instituiu o governo civil para assegurar a ordem social,
assim também estabeleceu um governo eclesiástico para
preservar a ordem na Igreja (1Co 14.33). O homem não
pode se desobrigar do governo eclesiástico, tanto quanto
não pode desconsiderar as autoridades civis.
Nós não afirmamos que a ordem divina para governo na
Igreja se estende a cada detalhe. Obviamente, o Senhor não
deu ordens sobre o número de vezes que os oficiais da
Igreja devem se reunir a cada mês; nem tampouco
prescreveu Ele os detalhes das vestimentas que deveriam
ser usadas no desempenho de cada ofício. Tais
eventualidades são adaptadas às necessidades e exigências
de tempo e lugar, “segundo as regras da Palavra, que
sempre devem ser observadas”.1 Contudo, as Escrituras
fornecem um plano geral de governo que a Igreja deve
seguir se quiser permanecer fiel ao Seu Senhor. Portanto, é
importante examinar os princípios bíblicos para a
organização da Igreja.
Este livrete irá explorar várias características de governo
de Igreja que os homens são obrigados a receber como
instruções bíblicas. Tais princípios são: (1) Os oficiais da
Igreja segundo a Bíblia; (2) Os concílios da Igreja;2 (3) Os
padrões confessionais, (4) A membresia bíblica. Esses
princípios combinados formam a natureza distinta do
sistema de governo presbiteriano.
O governo presbiteriano existe onde quer que tais
características estejam presentes. Deve-se notar que
algumas igrejas que defendem e preservam a ordem
presbiteriana, não são presbiterianas no nome. Esse é o
caso de muitas igrejas originadas da Reforma Continental.
Apesar disso, essas igrejas são presbiterianas, pois aderem
aos princípios bíblicos referentes a oficiais da igreja,
concílios da igreja, padrões confessionais, e membresia da
igreja.
As características distintas do Presbiterianismo se
mantêm em oposição às várias tendências que, no
presente, constituem ameaça à ordem na igreja. Uma
tendência é concentrar o poder nas mãos de um seleto
número de “pesos pesados” eclesiásticos. Tanto a hierarquia
do Papado quanto a inclinação batista de exaltar o pastor a
um papel ditatorial, originam-se da falha em aderir ao
sistema de presbíteros, os quais se mantêm em relação de
paridade uns com os outros.
Mesmo entre denominações presbiterianas
“conservadoras”, tem havido uma constante erosão dessa
paridade entre presbíteros. Apelações judiciais são tratadas
por comissões judiciais permanentes. A maioria dos
negócios administrativos de rotina é conduzida através de
burocracias denominacionais sob responsabilidade de
coordenadores, membros de comitês, e membros auxiliares
que nem mesmo são oficiais da Igreja. Assim, existe uma
hierarquia eclesiástica que está efetivamente à parte da
revisão e controle dos órgãos judiciais da Igreja. Tal
estrutura organizacional assemelha-se mais ao prelado do
que aos princípios escriturísticos presbiterianos.
Uma tendência especialmente perniciosa na América
contemporânea é o crescimento do número de igrejas
independentes. Há um sem número de igrejas que
proclamam agressivamente sua autonomia. Tais igrejas
ufanam-se arrogantemente de não terem nenhum vínculo
de governo com outras assembleias eclesiásticas. É como
se acreditassem que o cisma fosse uma virtude. Como
resultante desta noção de independência vemos o
desenvolvimento de toda uma indústria de agências
paraeclesiásticas e de ministros auto-ordenados.
A membresia na Igreja é vista como assunto de pequena
importância: pessoas passam a frequentar regularmente a
Igreja sem jamais se filiarem a ela ou a se comprometerem
com qualquer obrigação particular. Os membros são livres
para adotar qualquer crença ou estilo de vida de acordo
com a sua própria preferência individual. Até mesmo
escândalos abertos ou aberrações doutrinárias são
permitidas, sem nenhuma ação corretiva por parte da
igreja. Em última análise, a situação dessas assim
chamadas igrejas é nada menos que a de anarquia
eclesiástica. Tais mazelas ou distúrbios dessa independência
poderiam ser sanados através da recorrência apropriada aos
concílios da Igreja, bem como ao confessionalismo
escriturístico.
Há 150 anos, o professor Samuel Miller (do Seminário
Princeton) escreveu:
Está claro, pela Palavra de Deus, bem como pela experiência constante, que o
Governo da Igreja é um assunto de grande importância; que a forma bem
como a administração desse governo estão mais vitalmente relacionados com
a paz, pureza e edificação da igreja, do que muitos cristãos parecem crer; e,
consequentemente, não se trata de coisa de pequena importância, no tocante
à fidelidade devida ao nosso Mestre nos céus, o mantermo-nos “firmemente
apegados” ao modelo de ordem eclesiástica, bem como ao “modelo das sãs
palavras” (2 Tm 1.13) que Ele entregou aos santos.3

Que os homens em todo lugar laborem pela restauração


do governo bíblico na igreja — em fidelidade a Cristo, para o
bem da Igreja, e para a glória de Deus.
1 Confissão de Fé de Westminster, I:VI.
2 Na IPB, segundo a sua Constituição (Cap. IV, Arts. 59 e 60), os Concílios são:
Conselho da Igreja, Presbitério, Sínodo e Supremo Concílio (N. do E.).
3 Samuel Miller, Ensaio Sobre o Fundamento, a Natureza e os Deveres do Ofício
de Presbítero Regente na Igreja Presbiteriana (New York: Johnathan Leavitt;
Boston: Crocker & Brewster, 1832) p. 20. Citado doravante como O Presbítero
Regente. Parte do referido ensaio foi publicado em 2001 em livreto de mesmo
título pela Editora Os Puritanos e está disponível em
https://www.amazon.com.br/dp/6586865034
O GOVERNO POR PRESBÍTEROS

O NOVO TESTAMENTO se refere aos governantes na Igreja


pela designação de anciãos, presbíteros, supervisores e
pastores. Ainda que diferentes termos sejam usados, todos
se referem ao mesmo ofício: o de presbítero.4
O termo Presbiterianismo é um nome que deriva da
palavra grega presbyteros, que significa ancião ou
presbítero. Os presbiterianos defendem e adotam o governo
da igreja por meio de presbíteros.
O Povo de Deus tem sido governado por presbíteros
desde os tempos mais remotos registrados no Velho
Testamento. Quando enviado por Deus para libertar o povo
de Israel da escravidão no Egito, Moisés foi assim instruído:
“ajunta os anciãos de Israel, e dize-lhes: O Senhor, o Deus de
vossos pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, me
apareceu, dizendo ....” (Êx 3.16).
Ao tempo de Moisés, os anciãos ou presbíteros eram
duplamente governantes e representantes pactuais do
povo. Os anciãos estavam presentes nos dias dos juizes, no
período dos reis, no tempo do cativeiro. E depois do retorno
do cativeiro, na época da reconstrução do templo, a
liderança era dos presbíteros. Informações sobre a história
do povo judeu durante o período intertestamentário
também dão testemunho a favor do sistema de governo de
anciãos nas sinagogas5 (Dt 21.19; Êx 24.1; Nm 11.16; Lv
4.15; Jz 8.14; 1Sm 16.4; 2Rs 19.2; Ez 8.1; 14.1; 20.1~2; Ed
5.5~9; 6.7~8, 14).
Ao tempo do advento de Cristo, são encontradas
referências aos “anciãos”, “governadores” e “principais” ou
“chefes da sinagoga”. Embora a liderança judaica fosse
excessivamente corrupta naquele tempo, é importante
notar que os judeus não se tornaram tão apóstatas a ponto
de permitirem que o ofício bíblico de presbítero caísse em
desuso (Mt 15.2; Mc 7.3; Jo 3.1; 7.26, 48; Mc 5.22; Lc 8.41;
Cf. At 18.8, 17).
Essas referências da Escritura são importantes, pois
estabelecem uma continuidade de governo dentro da Igreja
tanto no Antigo quanto no Novo Testamentos. O Antigo
Testamento e o Evangelho suprem informações cruciais
quanto à formação do governo eclesiástico elaborado pelos
apóstolos. Esses não criaram nada de radicalmente novo;
mas construíram sobre o alicerce da revelação bíblica
prévia. Quando os apóstolos descreveram os oficiais da
Igreja, seus ouvintes reconheceram muito da estrutura
governamental conhecida desde o Antigo Testamento.
Portanto, um governo presbiteriano (governo de anciãos)
não é apenas um governo da Igreja neotestamentária, é um
governo eclesiástico bíblico.
O Novo Testamento contém abundante informação sobre
o governo de presbíteros. Os apóstolos definem importantes
diretivas sobre o governo da Igreja. Desde que foi Deus
quem estabeleceu o governo de presbíteros na Igreja, é
dever dos membros se submeterem a esses oficiais:
“Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque
velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar
conta delas” (Hb 13.17).
O G OVERNO P OR OFI CI AI S QUAL I FI CAD OS
Uma das principais ênfases do Novo Testamento está na
qualificação de presbíteros. Não basta haver homens
meramente nomeados com o título de presbíteros. Eles
devem antes ser qualificados para governar, como
demonstram os critérios das Escrituras para os oficiais. Até
mesmo aqui, não há nada de novo, pois o Antigo
Testamento requeria que tais governantes fossem “homens
sábios e entendidos, experimentados entre vossas tribos”
(Dt 1.13), “homens capazes, tementes a Deus, homens de
verdade, que aborreçam a avareza” (Êx 18.21).
O apóstolo Paulo delineia as qualificações para os
presbíteros em 1 Timóteo 3.1-7 e Tito 1.5-9. Deve ser
lembrado que tais requisitos constituem os padrões
indispensáveis àqueles considerados como candidatos a
esse ofício. Entretanto, tem sido usual considerar essa lista
de requisitos apenas como algo desejável — ou sugestões
que podem ser frouxamente aplicadas a presbíteros em
potencial. A suposição implícita é a de que não se pode
esperar que os homens preencham realmente
características tão exigentes. Contudo, o texto é claro: ao
homem “é necessário que” seja qualificado (1Tm 3.2). A
mesma palavra é usada quando Jesus diz a Nicodemus que
“necessário vos é nascer de novo” (Jo 3.7). Não se trata de
algo opcional.
A qualificação para presbítero focaliza três importantes
aspectos da vida de um homem: seu comportamento moral,
seu conhecimento da doutrina cristã, e sua vida familiar. Um
presbítero está continuamente à vista do público. O respeito
que um oficial recebe depende mais de seu exemplo de
bom caráter do que de qualquer outra coisa a seu respeito.
Torna-se bem fácil ver, acima de tudo, que seu caráter
moral deve ser irrepreensível. Dele será requerido que
exerçam influência piedosa sobre Igreja, e que não tragam
vergonha ao nome de Cristo (1Tm 3.2; Tt 1.6).
Um presbítero deve também possuir domínio da doutrina
cristã. Deve ser “apto para ensinar” (1Tm 3.2) e para
“admoestar com a sã doutrina como para convencer os
contradizentes” (Tt 1.9). Não é suficiente que um homem
esteja isento de erros óbvios quanto ao seu entendimento
da Fé. Para servir como presbítero ele precisa ter (e deve
ser capaz de expressar) percepção teológica aguçada. Ele
deve ser capaz de farejar heresias, e destruí-las pela raiz.
Qualquer homem que seja considerado para o ofício de
presbítero, deve ter uma família estável. “Pois, se alguém
não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de
Deus?” (1Tm 3.5). Um homem que falha em influenciar
piedosamente a sua família, não está apto ao cargo público
de oficial da igreja.6
Todas essas qualificações básicas para os presbíteros
resultam num princípio relativo aos oficiais da igreja: o
princípio do tempo (1Tm 3.6). O candidato a presbítero não
pode ser um noviço. É preciso tempo, para que um homem
amadureça na fé. Leva tempo para que um homem
desenvolva aquelas qualidades necessárias a um oficial da
igreja. E também leva tempo para que tais qualidades
sejam externamente manifestadas e percebidas pela igreja7.
A congregação deverá sondar atentamente os potenciais
candidatos aos ofícios, para avaliar as suas vidas pessoais e
as suas famílias. Somente então é que a igreja será capaz
de reconhecer aqueles homens a quem Deus concedeu a
graça de serem oficiais na igreja. As congregações farão
muito bem em ponderar sobre essas coisas. “A ninguém
imponhas precipitadamente as mãos” (1Tm 5.22).
As ordens escriturísticas sobre as qualificações para o
presbiterato precisam ser enfatizadas porque são
frequentemente negligenciadas na igreja. Uma analogia
com o governo civil pode esclarecer a questão. No governo
civil, aos homens só será permitido servir num ofício se
preencherem os pré-requisitos para aquele ofício. As
qualificações para os ofícios civis podem vir listadas na
constituição da nação (ou estado). Por exemplo, uma das
qualificações para o ofício de Presidente dos Estados Unidos
é que o homem tenha pelo menos 35 anos de idade. Os
arquitetos da constituição incluíram esse requisito para
deter a indução precipitada de políticos noviços a um ofício
de tamanha importância. Nenhuma exceção é feita;
nenhum homem pode servir naquele ofício, a menos que
antes preencha tal requisito.
É fácil perceber no governo civil a importância da
qualificação de oficiais. Contudo, por alguma razão, as
pessoas desprezam a ideia de requisitos obrigatórios em se
tratando de governo de Igreja. É como se o governo da
Igreja fosse assunto inferior se comparado ao do governo
civil. E é também como se o governo civil tivesse
constituição autoritativa maior do que a que é dada por
Cristo (pela Bíblia) à Igreja.
O G OVERNO P EL A P LU RAL I D AD E D E
P RES BÍ TEROS
Uma característica importante do governo presbiteriano é o
sistema da pluralidade de presbíteros. O apóstolo ordenou
“presbíteros em cada igreja” (At 14.23; Cf. Tt 1.5) para
conduzir o governo normativo das igrejas.
Tal princípio é amplamente ignorado em muitas
congregações hoje. Frequentemente igrejas são dirigidas
pelo capricho do pastor, o qual se torna, com efeito, um
ditador religioso. Em outros lugares uma igreja pode decidir
questões cruciais pelo voto congregacional, no qual cada
pessoa participa igualmente no governo. Tais sistemas não
se fundamentam numa estrutura bíblica.
A Bíblia põe o governo de uma congregação nas mãos de
um grupo de presbíteros os quais governam em conjunto.
Como os presbíteros governam coletivamente, nenhum
indivíduo toma as decisões obrigatórias da igreja.8
Do ponto de vista prático, os benefícios desse governo
pela maioria são bem aparentes. Ao invés de concentrar o
poder nas mãos de um único indivíduo, vários indivíduos é
que são investidos de autoridade; essa difusão de poder
proporciona uma maior salvaguarda contra os abusos de
autoridade. A divisão de poder tem sido muitas vezes
reconhecida como uma sábia prática no governo civil. Ela
proporciona um mecanismo de verificação e correção do
sistema necessário para prevenir o surgimento de um
ditador.
As igrejas frequentemente abandonam tais sabedorias
convencionais e permitem que a autoridade fique
concentrada nas mãos de um único e dinâmico indivíduo. O
erro está em não reconhecer que até mesmo homens
santos também necessitam de freios para segurá-los contra
as suas inclinações pecaminosas. Algumas igrejas só
aprendem a lição depois de muito sofrimento nas mãos de
um desses dinâmicos déspotas.
Como consideração prática adicional, a pluralidade de
presbíteros faz sentido quando alguém considera a
enormidade de tarefas relacionadas com o governo
eclesiástico. A supervisão e cuidados espirituais de uma
congregação inteira são demais para apenas um homem:
seu vigor físico, capacidade mental, e tempo disponível são
limitados. Surgem muitos, diversos e intrincados problemas
para um único indivíduo tratar. Além de que haverá uma
diversidade de obrigações a serem cuidadas em toda
congregação. Alguns homens serão mais dotados para falar
em público, outros à exortação privada, e outros para cuidar
das tarefas diárias relativas às obrigações administrativas.
As multifacetadas necessidades da Igreja requerem um
diverso grupo de homens. Cada homem utiliza seus dons
particulares, e os esforços combinados ministram às
necessidades da congregação como corpo.
Os presbíteros estão entre si numa relação de paridade.
Há, historicamente, dentro do Presbiterianismo, distinções
entre presbíteros regentes e presbíteros docentes
(pastores). Mesmo assim, não há base bíblica para se elevar
um homem como ditador sobre os outros presbíteros no
governo da Igreja. Tampouco há base para se tratar o pastor
como um empregado remunerado que deve servir
inquestionavelmente à arbitrariedade dos outros
presbíteros. Embora os presbíteros de uma igreja possam
dividir o trabalho de acordo com os seus dons, cada um
deles tem o direito de deliberar e votar no conselho da
igreja onde servem. Essa questão será mais completamente
desenvolvida quando abordarmos o assunto dos Concílios
da Igreja.
G OVERNO COM D I ÁCONOS
Antes de deixarmos a discussão sobre oficiais de igreja,
umas poucas palavras precisam ser ditas a respeito do
ofício bíblico de diáconos. Embora haja indicações de
oficiais similares no sistema judaico de sinagoga, a
indicação inicial de diáconos no Novo Testamento é
encontrada em Atos 6.1-6; passagem que aponta para a
natureza e obrigações daquele ofício.
Ao surgir um problema quanto às necessidades das
viúvas na Igreja Cristã, não se julgou apropriado que os
apóstolos deixassem as suas obrigações principais para
servirem às mesas na rotina diária. Daí, uma classe especial
de oficiais foi ordenada, para ministrar às necessidades das
viúvas pobres.
Da mesma forma que no presbiterato, nem todos estão
qualificados para o diaconato. Os diáconos devem ser
“homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de
sabedoria” (At 6.3). Paulo, mais tarde, trata elaboradamente
o significado desses pré-requisitos, suprindo uma lista mais
detalhada de qualificações para o diaconato, em 1 Tim. 3.8-
13. O foco principal é em honestidade e vida familiar.
Embora sendo alto o padrão para diáconos, deve-se notar
que os requisitos não são idênticos aos dos presbíteros. O
diácono deve guardar “o mistério da fé em uma pura
consciência” (1Tm 3.9), mas não é necessário que domine o
conhecimento doutrinário tão extensivamente quanto o
presbítero, o qual, “pela sã doutrina” deve ser capaz de
“admoestar e convencer os contradizentes” (Tt 1.9). Essa
diferença aponta para uma distinção básica entre
presbíteros e diáconos.
Ao presbítero é dada a tarefa de governar, o que inclui as
tarefas pastorais de supervisão e ensino. Diáconos não são
governantes, mas uma classe subordinada de oficiais que
servem sob a direção dos presbíteros.9 Os diáconos
assistem aos presbíteros, aliviando-os especialmente das
perturbações ocasionadas pelas atividades temporais da
Igreja.
Há muita confusão a respeito do diaconato na cristandade
moderna. Nos círculos batistas os diáconos constituem
sempre o corpo de governo da igreja, absolutamente sem
presbíteros (a menos que o pastor seja contado como um
presbítero). O pastor pode estar sujeito aos caprichos da
junta diaconal, a qual pode dispensá-lo a qualquer
momento, ou pode assumir um papel ditatorial, situação em
que os diáconos têm pouco significado (a menos que se
dediquem à função de “lanterninhas”).
A confusão com respeito ao ofício dos diáconos não está
limitada aos batistas. Os presbiterianos quase sempre
mostram pouco entendimento da natureza do ofício
diaconal. Consequentemente o diaconato degenera-se
facilmente num serviço de zeladoria em prol da
congregação local. Embora os diáconos, nesta situação,
estejam servindo sob direção dos presbíteros, dificilmente
estarão desempenhando o nobre papel do ofício.
Resumindo, qual deve ser o papel dos diáconos? Eles são
ministros de misericórdia em favor dos membros carentes
da congregação (Rm 12.8); visitam os aflitos e proveem
recursos para aliviar os necessitados.
Samuel Miller, catedrático de Princeton, certa vez
afirmou: “É um grande erro supor que os diáconos não
podem servir, vantajosa e apropriadamente, de várias
outras maneiras além de ministrar aos necessitados da
igreja. Eles podem ser constituídos, com grande
propriedade, como os gestores dos assuntos financeiros,
contábeis e fiscais de cada congregação...”.10
É claro que os diáconos não agirão independentemente
dos presbíteros, nesse particular. Mas se os presbíteros
forem poupados das muitas tarefas demandadoras de
tempo, relacionadas com os assuntos pecuniários da Igreja,
quanto muito mais tempo poderão dedicar às obrigações
pastorais que mais estritamente pertencem a seu ofício.
Esse princípio também se aplica aos concílios mais altos
da Igreja. James Henley Thornwell sugeriu que os diáconos
fossem destinados para gerenciar assuntos monetários a
serviço dos presbitérios, sínodos, e Assembleia Geral da
Igreja (no Brasil, Supremo Concílio [N. do E.]). No
desempenho de tal função, os diáconos poderiam, sob a
direção dos concílios, coletar e aplicar recursos para cuidar
das várias atividades do trabalho missionário sob a
jurisdição daqueles altos concílios.11
D OU TORES OU M ES TRES
Já citamos dois tipos de presbíteros, comumente chamados
presbíteros regentes e presbíteros docentes.
Historicamente, as igrejas reformadas reconhecem um
terceiro tipo de presbítero, conhecido como doutor ou
mestre. O doutor é “um ministro da palavra, assim como o
pastor” (1Co 12.28~29; Ef 4.11), mas que não desempenha
a responsabilidade pastoral sobre uma congregação
específica; ao invés disso, ele se destaca mais em “expor as
Escrituras, ensinar a sã doutrina, e convencer os
contradizentes” do que na prática pastoral. Como
apologistas, os doutores “são de grande utilidade nas
universidades e escolas, como o foram os anciãos nas
escolas de profetas”.12
O papel do doutor é outro exemplo da distribuição de
trabalho entre os presbíteros. Como ensinador na Igreja, o
doutor se reporta à autoridade dos concílios, que
determinam os limites do seu chamado. Dentro dos
concílios da Igreja, ele está em paridade com os outros
presbíteros, assim preservando a Igreja de qualquer
semelhança de hierarquia. O doutor não deve ser
confundido com os “professores” modernos que assumem
um ministério independente, fora dos concílios eclesiásticos,
ou que servem como instrutores em instituições apartadas
da autoridade eclesiástica apropriada.
O genuíno ofício de doutor tem comumente caído em
desuso. Conquanto o emprego de professores especiais seja
desejável em igrejas totalmente organizadas, a presença de
doutores não é essencial para o governo ordinário de uma
igreja local. Além disso, os concílios mais altos podem
funcionar completamente sem eles, quando os recursos das
congregações forem insuficientes para sustentar ministros
desse tipo.
OFI CI AI S ECL ES I ÁS TI COS
EXTRAORD I NÁRI OS
Até aqui temos considerado os oficiais ordinários da igreja.
Uma breve menção deve ser feita com respeito aos oficiais
extraordinários e temporários.
Na era do Antigo Testamento o Senhor levantou profetas
na igreja (Dt 18.15~22).13 Esses homens algumas vezes
revelavam mistérios antes ocultos, e também previam o
futuro. Essa função os colocava à parte dos oficiais
ordinários, dos mestres da igreja e dos sacerdotes. O duro e
regular trabalho do profeta era, entretanto, convocar o povo
à obediência à Palavra de Deus, e por isso desempenhavam
também a tarefa ordinária de pregadores e mensageiros da
Palavra.
O ofício profético esteve suspenso por cerca de 400 anos,
no período entre e Malaquias e João Batista. O ofício
profético foi reassumido com o ministério de João, que
preparou o caminho para Jesus Cristo, o Profeta completo e
perfeito. Como dito nas Escrituras, “Havendo Deus,
antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras,
aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos
dias, pelo, Filho…” (Hb 1.1~2).
O Senhor Jesus comissionou certos homens, dentre os
seus discípulos, ao ofício especial de apóstolo, para que
espalhassem o Evangelho por todo o mundo, e
completassem o fundamento da Igreja. Nessa tarefa os
apóstolos tiveram como auxiliares profetas e assistentes
especiais, alguns dos quais escreveram livros do Novo
Testamento (At 21.8; 2Tm 4.5; Ef 4.11). Esses assistentes
apostólicos — tais como Marcos, Lucas Timóteo e Barnabé
— parecem ter sido as pessoas referidas como evangelistas
nas epístolas do Novo Testamento.
Assim pois a Igreja foi edificada “sobre o fundamento dos
apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal
pedra angular” (Ef 2.20). Uma vez estabelecidos e
completados esses fundamentos, os oficiais temporários
deixaram de ser necessários à Igreja. Portanto, tendo os
apóstolos saído de cena, a Igreja tem que ser governada
apenas pelos preceitos da Palavra escrita, sob
administração dos seus oficiais ordinários — os presbíteros
e os diáconos.
S U M ÁRI O
Resumindo esse capítulo: Foi mostrado que Deus
estabeleceu um governo para a igreja, através dos oficiais
dela. Há, especificamente, dois ofícios ordinários: o
presbítero e o diácono. Os presbíteros governam sobre a
igreja, desempenhando variadas obrigações pastorais para
a manutenção e edificação do rebanho. Os diáconos
participam na administração da Igreja, como uma classe de
oficiais subordinada à direção dos presbíteros. Os diáconos
ministram primordialmente aos membros necessitados da
Igreja, permitindo assim que os presbíteros sejam poupados
de certas atividades que poderiam ser-lhes dispersivas.

4 Os termos no grego do Novo Testamento são presbyteros (ancião), episkopos


(supervisor), poimen (pastor) As Palavras são usadas de modo intercambiável
na Bíblia (ver At 20.17; 1Pe 5.1~4). Também, o termo ‘governos’ (1Cor 12.28,
ARC) foi usado com referência aos presbíteros da Igreja; a palavra grega
kyberneseis, a qual Tyndale e a Bíblia de Genebra traduzem com
“governadores”.
5 Consultar Samuel Miller, O Presbítero Regente, Editora Os Puritanos.
6 Esse princípio também se aplica a oficiais civis. Um homem com um lar
desordenado, desqualifica-se para cargo de governo político.
7 O princípio do tempo é especialmente negligenciado com o moderno
treinamento ministerial. A muitos jovens graduados em seminários
rapidamente são confiados ofícios eclesiásticos. Similarmente, homens de
negócio recém-convertidos são rapidamente elevados a posições de liderança
na igreja.
8 É claro que a congregação tem o papel de escolher seus oficiais. Em muitas
igrejas, faz-se uma votação antes que os homens sejam reconhecidos como
presbíteros da igreja. Depois que os presbíteros são ordenados, eles não
devem ser vistos como representantes eclesiásticos servindo os desejos de
seus constituintes congregacionais. Ao contrário, devem governar de acordo
com a lei de Deus, e não de acordo com os impulsos que podem ser passados
através da congregação. O sentido próprio em que devemos entender os
presbíteros como representantes, é aquele segundo o qual eles se põem diante
de Deus como representantes pactuais do povo.
9 Quando os diáconos são ordenados em Atos 6, os apóstolos permanecem na
sua função de presbíteros. Cf. 1 Pedro 1.1 e 5.1, onde Pedro refere-se a sua
dupla posição de presbítero e apóstolo.
10 O Presbítero Regente, Capítulo 10, p. 237 (versão em inglês).
11 Collected Writings, Vol. 4 pp. 155, 201.
12 “A Forma de Governo Presbiteriano” adotado pela Assembleia de
Westminster, publicada na Confissão de Fé, Catecismo Maior, e Breve
Catecismo, etc. (Inverness: Igreja Presbiteriana Livre da Escócia, 1976), pp401-
02. Ao ratificar esse documento, a Assembleia Geral da Igreja Livre da Escócia
emitiu uma ressalva. Conquanto reconheçam o ofício de doutor ou mestre, os
escoceses deixaram para discutir posteriormente sobre o direito do doutor em
administrar os sacramentos (p.393). Os leitores encontrarão também uma
seção sobre “Pastores e Mestres” no texto A Forma de Oração e Ministração
dos Sacramentos Usada na Congregação Inglesa em Genebra (1556), e
também em Obras Completas de John Knox, vol 4 p. 177. É digna de nota a
referência a doutores no Livro de Genebra, considerando que, naquele tempo,
a congregação estava no exílio, e impossibilitada de estabelecer escolas onde
tais mestres ou doutores pudessem servir. Contudo, no Livro de Genebra, o
doutor está vinculado à ordem das escolas “onde os jovens possam ser
ensinados no conhecimento e temor de Deus, para que na maturidade venham
a ser membros dignos de Nosso Senhor Jesus Cristo, seja no governo civil, ou
servindo no ministério espiritual, ou simplesmente para uma vida em santa
reverência e sujeição”.
13 A passagem central referente ao ofício profético está em Deuteronômio
18.15-22.
O GOVERNO POR CONCÍLIOS
ECLESIÁSTICOS

NO CAPÍTULO PRECEDENTE, fizemos afirmações gerais


concernentes ao governo da Igreja por presbíteros. Porém,
mais precisamente, como que esses oficiais levam a cabo as
suas responsabilidades? Essa pergunta é respondida pela
descrição do papel dos presbíteros dentro dos concílios da
Igreja. De modo geral, igrejas presbiterianas são
governadas por presbíteros; porém, mais especificamente,
são governadas pelos concílios das igrejas. Tais concílios são
compostos de presbíteros que, no desempenho de seus
ofícios, julgam sobre os assuntos apropriados que lhes são
trazidos para resolução.
Algumas das atividades ordinárias dos presbíteros inclui
funções que poderão desempenhar como indivíduos. Eles
são responsáveis por suprir a nutrição espiritual diária do
seu povo, encorajando ou reprovando conforme necessário,
visitando os aflitos, e provendo liderança positiva, servindo
de destacado exemplo do caráter cristão. Outras funções
são desempenhadas pelos presbíteros quando se reúnem na
qualidade de governo.
As obrigações corporativas dos presbíteros incluem a
vigilância sobre a doutrina da Igreja. É dever dos presbíteros
assegurar que a congregação esteja sendo suprida com a sã
pregação do evangelho e protegida da intrusão de falsos
mestres. Os presbíteros devem assegurar que os
sacramentos sejam ministrados de modo legítimo; também,
cuidam dos casos de disciplina na Igreja que estiver sob sua
jurisdição.
O CONCÍ L I O D A I G REJ A LOCAL
Os presbíteros de uma única congregação compõem o
concílio de igreja que governa sobre aquela congregação.
Tal concílio é comumente chamado de conselho da igreja. O
conselho trata dos assuntos relativos à igreja local.14 Por
exemplo, pode ser requerido dos presbíteros de uma igreja
local que julguem o caso de um membro acusado de
imoralidade. Ou podem ser chamados a resolver uma séria
disputa entre dois membros da congregação que não
conseguem conciliar suas diferenças. Em outras palavras,
os presbíteros atuam no âmbito judicial.
Na maioria dos casos, antes de trazer um caso aos
presbíteros, outras prescrições bíblicas devem ser
previamente seguidas. Se ocorrer uma contenda entre duas
pessoas, a pessoa que se julga prejudicada deve primeiro
confrontar a outra, em particular. Os passos adequados para
resolver um conflito são descritos em Mateus 18.15-16. Se
esses passos forem seguidos e a situação ainda
permanecer, então o recurso imediato é “dizer à igreja”.
Esse último passo é executado trazendo o assunto aos
presbíteros, que compõem o corpo de governo da igreja.
Suponhamos que um membro de uma igreja local acuse
outro membro de o haver defraudado em uma transação
comercial. O que deve ser feito? O mais das vezes a
questão permanece não resolvida (o pecado não é tratado),
ou, às vezes, uma parte processa a outra em um tribunal
civil. O apóstolo Paulo descreve tal situação em 1 Coríntios
6. Ele pergunta: “Não há pois entre vós sábios, nem mesmo
um, que possa julgar entre seus irmãos?” Se a congregação
for governada biblicamente, ela terá presbíteros
qualificados para julgar tais assuntos com sabedoria e
justiça.
Para chegarem a uma decisão, os presbíteros devem
proceder com toda cautela, com alta consideração por
princípios bíblicos de averiguação (Dt 19.15; Pv 18.17).
Devem investigar diligentemente, e obter ambos os lados
da questão. Numa contenda entre duas partes, os
presbíteros devem se esforçar para conseguir a
reconciliação entre elas.
Às vezes, os presbíteros podem concluir ser necessário
pronunciar sentença contra uma pessoa por prática imoral
ou heresia doutrinária (Mt 18.17; 1Co 5.11~13). Nos casos
em que o indivíduo permanece impenitente a sentença final
pode ser a excomunhão.
OS CONCÍ L I OS M AI S ALTOS D A I G REJ A
Algumas vezes surgem problemas que abrangem mais do
que uma única congregação. O Presbiterianismo supre
resposta afirmativa a tais problemas, através do sistema de
níveis progressivos de concílios superiores da Igreja. Há
muitas questões que não podem ser adequadamente
resolvidas através do tribunal de uma única igreja; uma
controvérsia doutrinária espalhada na igreja é um exemplo
disso. Uma disputa doutrinária dá um exemplo bíblico que
serve para ilustrar como funciona o Presbiterianismo em tais
casos.
Em Atos 15, somos informados de que alguns homens
vieram a Antioquia e ensinavam, “Se vos não
circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis
salvar-vos” (At 15.1). Seguiu-se então uma discussão e a
Igreja de Antioquia percebeu que tratava-se de uma
questão que ultrapassava o âmbito de uma única
congregação. Reuniu-se uma assembleia em Jerusalém
onde, “congregaram-se pois os apóstolos e os anciãos
(presbíteros) para considerar este assunto” (At 15.6) O
conflito foi discutido, resolvido, e “decretos” autoritativos
foram exarados pelo concílio.
Esse evento é muito importante, pois demonstra a
necessidade de um tribunal mais amplo, composto de
presbíteros de mais de uma única congregação. O concílio
eclesiástico imediatamente acima do conselho é
denominado de presbitério.15
Outro importante aspecto do concílio de Jerusalém é que,
embora os apóstolos estivem presentes, eles não
governavam independentemente dos outros presbíteros da
Igreja. Tivessem os apóstolos optado por emitir um
pronunciamento apostólico, quem colocaria em dúvida a
questão? Entretanto, até mesmo os apóstolos se
submeteram à vocação desse concílio eclesiástico, como
que para demonstrar a transição entre a era apostólica e o
governo normativo da Igreja.
Uma terceira característica da ação desse tribunal vem
da decisão em si mesma, dada pelos apóstolos e
presbíteros. Os “decretos” formulados em Jerusalém
constituem um padrão doutrinário para toda a igreja. Essa
formulação doutrinária torna-se, para as igrejas, uma
expressão visível de unidade, e possui autoridade de
governo nas congregações. No próximo capítulo
ampliaremos esse ponto.
Agora, pense de novo no exemplo anterior, onde dois
membros de igreja têm entre si uma disputa, um acusando
o outro de defraudá-lo em uma transação de negócio. Se os
dois pertencem a uma mesma congregação, essa disputa
pode ser julgada pelos presbíteros locais — o conselho
daquela igreja. Mas, suponha que os homens sejam de
congregações diferentes. E então? Disputas entre membros
de diferentes congregações não são coisa incomum. Se as
duas igrejas são independentes, não há vínculo entre elas, e
portanto não há um meio de solução estabelecido.
Problemas assim podem muitas vezes permanecer sem
solução. A questão levantada por esse exemplo é
meramente uma extensão da pergunta feita por Paulo em 1
Coríntios 6.5. Nesse caso a questão poderia ser formulada
“Não haveria ninguém capaz de julgar entre estes irmãos?”
Presbiterianos podem afirmar que sim, através do seu
sistema Conciliar.
Num sistema presbiteriano as igrejas reconhecem estar
vinculadas entre si debaixo de um governo comum a elas.
Portanto, um membro de certa igreja, julgando-se
prejudicado, pode trazer seu protesto ao conselho da igreja
do outro irmão que está sendo acusado. Por estarem os dois
homens sob um governo eclesiástico comum, o conselho
tem que ouvir a queixa e buscar uma solução bíblica.
Se o conselho local não estiver apto para julgar
satisfatoriamente a questão, essa deve ser levada a tribunal
mais elevado. Isso pode ocorrer através se uma solicitação
do conselho, ou tendo como base a apelação de uma das
partes em litígio.
Como em todo sistema dirigido por homens falíveis, erros
podem algumas vezes ocorrer. Numa igreja independente,
uma pessoa que é difamada no âmbito local, não tem para
onde apelar por justiça eclesiástica. Mas existe no sistema
presbiteriano um regime de apelações processuais que
proveem maior segurança para uma resolução justa.
Podem ocorrer outros casos impossíveis de solução no
âmbito local, como é o caso de problema entre duas
congregações. Ou suponha que ocorra uma disputa entre os
presbíteros de uma igreja que tenha apenas três
presbíteros. Em tais casos o presbitério oferece um meio
regular e organizado para levar a efeito um julgamento
justo.
Os exemplos precedentes apontam para um outro
princípio muito importante da política presbiteriana de
governo. Quando os concílios da igreja se reúnem, eles
atuam judicialmente. São tribunais; não são congressos
eclesiásticos reunidos para legislarem eclesiasticamente. A
função deles é julgar questões tendo como base a lei
bíblica. Como juízes, os presbíteros não são livres para
julgar e decidir questões influenciados pelas preferências
pessoais ou pelas emoções do momento. Ao contrário disso,
os presbíteros devem conferir julgamento justo de acordo
com os princípios da Palavra de Deus. Isso é precisamente o
que os apóstolos fizeram em Atos 15. Baseados na Palavra
de Deus escrita em Amós 9.11-12 (citado em Atos 15.16-17)
a doutrina herética dos judaizantes foi repudiada. Os
decretos da assembleia são derivados das Escrituras.16
Infelizmente, o foco judicial dos concílios da igreja têm-se
perdido progressivamente nesses últimos cem anos, mesmo
entre as denominações presbiterianas mais
“conservadoras”. Quando os concílios se reúnem, pouco
deliberam sobre questões judiciais. Por exemplo, a
Assembleia Geral (i.e., o Supremo Concílio, no Brasil. N. do
E.) tende a se parecer mais com uma conferência anual de
negócios, ou com uma convenção de partidos políticos. Os
participantes são submetidos a cultos de adoração
corrompidos, disputas sobre questões parlamentares e
relatórios burocráticos, e às manobras em busca de
vantagens perpetradas pelos relações públicas dos mais
diversos comitês da denominação. Os membros da
Assembleia podem votar sem compromisso alguma nos
temas relativos às questões políticas e sociais correntes, ao
passo que as legítimas questões judiciais são jogadas aos
cuidados de comitês obscuros. Tais assembleias
eclesiásticas erram completamente no desempenho do
papel de tribunais da Igreja que lhes foi dado por Deus para
“decidir, ministerialmente, controvérsias [...] receber
queixas em caso de má administração e com autoridade
decidi-las”.17
EXAM ES M I NI S TERI AI S
Um outro item dentro da jurisdição dos concílios
eclesiásticos é o exame de pastores e de outros oficiais da
Igreja. Os concílios julgam as credenciais dos homens que
buscam posições de liderança na Igreja. Por exemplo, o
apóstolo Paulo fala com aprovação a respeito do dom
ministerial de Timóteo, o qual foi manifesto pela “imposição
das mãos do presbitério” (1Tm 4.14). Por outro lado, Paulo
adverte os presbíteros quanto aos “lobos vorazes” (At
20.29, 30) que buscam perverter as coisas na Igreja; os
concílios eclesiásticos são designados para proteger a Igreja
contra tais intrusos.
A necessidade de exame ministerial é crucial. É comum
homens atribuírem a si mesmos títulos espirituais — como
“evangelista” e “pastor” — ou estabelecem seus próprios e
independentes “ministérios”. Eles principiam essas funções
sem responderem a nenhuma autoridade dentro da Igreja,
adotando uma abordagem presunçosa contrária ao padrão
bíblico para ministério. Até mesmo o apóstolo Paulo se
submeteu à autoridade governamental da igreja quando,
antes de suas viagens missionárias, foi previamente
escolhido pela Igreja para aquela tarefa, por meio da
imposição de mãos (At 13.3~4). Quando Paulo foi “enviado”
pelo Espírito Santo ele foi também “enviado” pela Igreja. O
exemplo de Paulo nos mostra que mesmo a condução
sobrenatural do Espírito opera em harmonia com as
operações da Igreja.18
Os julgamentos ministeriais são de extrema importância.
Eles constituem uma salvaguarda para proteger as
congregações contra os falsos pastores. O reformador
escocês, John Knox dá um alerta apropriado a esse respeito:
Satanás enviou seus mensageiros, em quase todos os lugares, para dispersar,
e semear largamente essas suas pestilentas opiniões; portanto, pelas
entranhas de Cristo Jesus, conjuro-vos a que provem os espíritos dos tais,
quando se aproximarem de vós. Não tolerem nenhum homem sem antes
testá-lo e experimentá-lo para depois confiar a ele o ofício de pregador, nem
permitam que ande entre as ingênuas ovelhas de Cristo Jesus, para reuni-las
em privacidade. Pois se todo homem a seu bel-prazer entrar na vinha do
Senhor sem antes ser testado pelo justo julgamento de sua vida,
conversação, doutrina, e condição — como alguns, mais interessados em
servir o próprio ventre do que ao Senhor Jesus, oferecem seus serviços — sem
dúvida terá Satanás seus outros apoiadores, por meio de quem ele intenta
destruir os campos de nosso Pai celeste.19

Algumas observações finais sobre os concílios da Igreja


são necessárias. Em muitas denominações presbiterianas
há concílios acima do presbitério e que são às vezes
denominados de Sínodo ou de Assembleia Geral. Onde quer
que existam, esses concílios devem funcionar
principalmente como tribunais de apelação para solucionar
as queixas apresentadas pelos presbitérios. Os concílios
mais altos não devem ser vistos como burocracias
santificadas, com autonomia para impor soluções arbitrárias
sobre os presbitérios. Assim como os concílios mais baixos,
os concílios mais altos existem para julgar e sentenciar as
questões a eles trazidas. Não possuem poder legislativo ou
burocrático legítimos. Quando os concílios mais altos
funcionam adequadamente (tratam das apelações), o
grosso das questões eclesiásticas são conduzidas pelos
concílios mais baixos.
Nos Estados Unidos, os presbitérios (ou concílios mais
altos) são quase sempre compostos de presbíteros oriundos
das igrejas de um dado estado ou região. O conceito de
igreja regional parece estar refletido na saudação do
apóstolo Paulo às “igrejas da Galácia” (Gl 1.2). A Galácia era
um certo território do império Romano (Cf. At 16.6; 1Pe 1.1).
Em sua epístola aos gálatas, o apóstolo se dirige a várias
congregações separadas e dá diretrizes que lhes são
comuns. Baseadas numa linha de pensamento semelhante,
as denominações presbiterianas se organizam segundo
regiões geográficas, permitindo que haja governo e
cooperação entre igrejas que partilham de muitos interesses
comuns.
Nos dias da América Colonial, quando as viagens eram
difíceis, e em lugares onde as igrejas presbiterianas eram
numerosas, um presbitério poderia cobrir uma pequena
área — tal como o presbitério da cidade de Filadélfia. Nos
nossos dias, contudo, não é incomum encontrarmos
presbitérios constituídos para cobrir uma grande área
geográfica. Assim, pode haver um Presbitério do Estado do
Texas ou um Presbitério da Região Nordeste.
Durante a Reforma Escocesa, muitas responsabilidades
recaíam inevitavelmente sobre os concílios mais altos da
igreja. A Igreja da Escócia adotou um livro de ordem
conhecido posteriormente como O Primeiro Livro de
Disciplina. Esse livro não autorizava um sistema
centralizado de governo; ele previa muitas situações do
âmbito local. Contudo, devido às circunstâncias vigentes,
em que muitas congregações não tinham seus pastores
regulares nem conselhos de presbíteros, foi necessária a
adoção de medidas que suprissem as necessidades
espirituais do povo. Pregadores itinerantes (chamados de
superintendentes), conselhos associados, e supervisão
regional de igrejas tornaram-se lugar comum. Essas
medidas extraordinárias não eram permanentes; em
sessões ordinárias, a maioria dessas funções eram
revertidas aos concílios locais.
Durante o período de formação do Presbiterianismo
Escocês, a Assembleia Geral reunia-se duas vezes ao ano.
As circunstâncias de algum modo produziram uma estrutura
centralizada, a qual, embora adequada à Reforma Escocesa,
pode não ser apropriada em outras nações em todas as
épocas. A Escócia é um país de pequenas dimensões
geográficas; seria portanto um erro concluir que todos os
particulares do modelo escocês podem (ou devem) ser
exportados a outras nações, onde as circunstâncias e a
geografia são diferentes.
Essa análise não relega o assunto de governo de igreja ao
âmbito do relativismo. Há muitos princípios do governo
eclesiástico aos quais temos que nos submeter por serem
estabelecidos por leis divinas. Esses preceitos devem ser
buscados diligentemente em todos os lugares e em todos os
tempos. Em uma igreja plenamente organizada a
congregação contará com um sólido grupo de oficiais
eclesiásticos (diáconos, presbíteros, ministros da palavra);
esse grupo estará vinculado a outras congregações em um
sistema graduado de concílios eclesiásticos cuja regra é a
justiça, e os candidatos ministeriais são testados quanto a
suas qualificações para o ofício; além disso, os sacramentos
e a disciplina da Igreja serão corretamente administrados.
Essas são as características centrais do governo bíblico.
Alguns desses detalhes poderão variar de uma
denominação para outra. Contudo, onde quer que os
aspectos essenciais do sistema sejam mantidos, o governo
continua sendo presbiteriano.

14 Nas igrejas oriundas da Reforma Continental, o tribunal da igreja local é


chamado de consistório.
15 Em algumas Igrejas Reformadas esse tribunal é denominado classis.
16 “Deste corpo, a igreja, Cristo somente, como antes afirmado, é a Cabeça.
Somente Ele tem o direito de ditar leis à Sua igreja, ou instituir direitos e
ordenanças para sua observância. Sua vontade é o guia supremo…”. Samuel
Miller, O Presbítero Regente, pp 17, 25 (versão em inglês).
17 Confissão de Fé de Westminster, XXXI.II.
18 Uma das maldições da moderna religião americana é a proliferação de
ministérios independentes, associações de evangelização, organizações de
campus, juntas missionárias autônomas, seminários independentes, e outras
organizações paraeclesiásticas. Tais organizações são fundadas ousadamente
sem que tenham de responder a qualquer autoridade dentro da Igreja. Assim
como as pessoas civis, as organizações religiosas não possuem nenhuma
isenção especial da justa submissão às autoridades da Igreja.
19 “Uma Carta a Seus Irmãos na Escócia”, em Obras de John Knox (editado por
David Laing; Edinburg: James Thin, 1985), Vol. 4, pp. 271-72
O G O V E R N O P E L O S PA D R Õ E S
C O N F E SS I O N A I S

ESSE ENSAIO ABORDOU, até aqui, duas das características


essenciais da forma de governo presbiteriano: o governo
por presbíteros, e o governo por concílios eclesiásticos. No
presente capítulo será descrito o papel dos padrões
confessionais no governo da Igreja.
Nós anteriormente advertimos que a igreja pode emitir
declarações doutrinárias como resultado das suas
deliberações. Essa observação aponta para um outro
princípio escriturístico: a Igreja é governada por padrões
confessionais. Resumidamente, um padrão confessional
pode ser definido como uma declaração pública dos credos
defendidos pela Igreja. Tais declarações podem conter a
verdade numa colocação afirmativa, ou podem refutar
ideias heréticas, as quais são negadas.
Como mostrado, os decretos do concílio de Jerusalém
tiveram função governamental obrigatória na Igreja. Os
decretos negaram os ensinamentos falsos dos judaizantes e
também forneceram instruções breves que
regulamentavam a prática dos membros da Igreja (At 15.24,
28, 29).
Outros trechos da Bíblia oferecem testes doutrinários. Por
exemplo, o apóstolo João escreve: “Amados, não creiais em
todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus,
porque já muitos falsos profetas se têm levantado no
mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito
que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e
todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em
carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do
qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo”
(1Jo 4.1~3).
Através da História, na medida em que as heresias se
tornaram mais numerosas e complexas, as declarações
confessionais da Igreja se tornaram mais elaboradas. As
declarações doutrinárias ficaram mais detalhadas para
lidarem efetivamente com as sutis artimanhas dos
heréticos.
Um exemplo da igreja do quarto século ilustra muito bem
o ponto. As doutrinas do Arianismo se espalharam pela
Igreja Cristã e produziram um grande número de heréticos,
os quais negavam a deidade de Jesus.20 Os arianos não
negavam abertamente os ensinos das Escrituras. Eles
afirmavam crer que Jesus Cristo era o “Filho de Deus”, e
também usavam outros títulos conferidos pelas Escrituras
ao Salvador. Os heréticos, contudo, driblavam os
ensinamentos das Escrituras, atribuindo seus próprios
significados especiais à terminologia bíblica. Visando a
expulsão desses heréticos, o concílio se reuniu em Nicéia e
formulou a confissão de fé de 325 d.C. que sintetizava o
verdadeiro significado dos textos bíblicos. A Confissão é
conhecida como Credo de Nicéia, e foi usada para excluir os
arianos da Igreja.
Muitos outros credos e confissões têm sido desenvolvidos
através dos séculos. Alguns desses foram escritos pelos
próprios heréticos. O ponto em questão aqui não é
determinar quais credos são a melhor expressão da
doutrina cristã, mas ilustrar o ponto de que o
confessionalismo é consistente com o governo escritural da
igreja.
Os credos são também um resultado do crescimento do
ministério de ensino da igreja. Não que um credo usurpe o
papel da Bíblia, pois essa permanece como única regra de
fé e prática. Mas como muitas seitas alegam ser as
detentoras da autoridade da Bíblia, um credo é de suma
importância para revelar como uma igreja em particular
entende as Escrituras.
Credos constituem um meio através do qual a Igreja,
declara a verdade em forma sumária e pública. Nesse
aspecto, as confissões, ou credos, ajudam no cumprimento
do papel da Igreja como testemunha ao mundo,
proclamando as verdades do Evangelho.
Na presente era de declínio religioso, credos são
especialmente valiosos para o testemunho de qualquer
denominação. Pela análise do credo de uma igreja, os
homens podem entender a natureza de sua doutrina, e que
princípios, se existirem, governam seus membros. As igrejas
presbiterianas adotam geralmente a Confissão de Fé de
Westminster e os seus Catecismos, ou a Confissão Belga e o
Catecismo de Heidelberg.
Os padrões confessionais são padrões objetivos. Por essa
característica eles apontam para a natureza objetiva da
revelação de Deus na Bíblia. Os credos constituem uma
defesa contra os modismos passageiros do liberalismo
teológico. Eles também protegem a Igreja contra os desejos
místicos de trocar a natureza objetiva das Escrituras pela
autoridade subjetiva de impulsos íntimos. Muito
frequentemente as pessoas, equivocadamente, consideram
seus sentimentos interiores como sendo a condução do
Espírito, mesmo quando tais sentimentos contradizem a
revelação bíblica. As confissões dirigem os homens ao
princípio das Escrituras, por meio das quais todas as
opiniões e ações devem ser julgadas.
As confissões de uma igreja funcionam como uma
salvaguarda. Nenhum dos mestres de uma igreja pode
jamais proclamar qualquer doutrina contrária às
declarações do credo da igreja. Os membros da
congregação podem estar seguros de que eles (e seus
familiares) não serão submetidos a ensinamentos alheios à
estrutura da sua confissão.
Os oficiais da Igreja estão, de um modo especial,
obrigados aos padrões confessionais. Ao assumir seus
ofícios, presbíteros e diáconos juram solenemente sustentar
os credos de suas igrejas, e de protegê-los contra
subversão. Os oficiais são, eles mesmos, subordinados aos
padrões, os quais têm força de governo nos concílios da
Igreja.
Finalmente, como já anteriormente mencionado, os
credos são como símbolos da unidade visível da Igreja. Tem
sido defendido nesse ensaio, que as igrejas não devem ser
independentes, mas devem estar unidas sob um mesmo
governo. Onde quer que haja um grupo de igrejas unidas
sob um mesmo governo, a sua confissão de fé evidencia
essta verdade vital. Ela atesta que as congregações
compartilham de um conjunto de convicções, e se dedicam
a que tais convicções sejam preservadas e disseminadas.

20 Os Arianos derivaram o seu nome de Ário, um presbítero do quarto século,


oriundo de Alexandria. Ele negava a eternidade de Jesus Cristo, e por isso os
seus ensinos foram condenados pelo concílio de Nicéia em 325 d.C. O principal
oponente de Arius foi Athanasius, o qual defendeu vigorosamente a doutrina
da deidade de Cristo.
MEMBRESIA DA IGREJA

COMO CRISTÃOS, SOMOS admoestados a não deixar “a


nossa congregação como é o costume de alguns” (Hb
10.25). Contudo, em nossos dias, o individualismo cultural
tem invadido a igreja, produzindo uma insalubre atmosfera
de independência religiosa entre aqueles que professam a
Cristo. O dever de se reunir em adoração pública é muitas
vezes tratado com descaso, e frequentar a igreja passou a
ser questão opcional.
Quando um cristão professo despreza a adoração pública,
ele dá motivos para que o estado de seu coração seja posto
em dúvida. Aqueles que verdadeiramente amam a Deus
exclamarão com o salmista: “Alegrei-me quando me
disseram: Vamos à casa do Senhor” (Sl 122.1).
Além disso, as obrigações cristãs vão além de simples
frequência mediante ordenança pública. As Escrituras
prescrevem aos crentes numerosas responsabilidades que
só poderão ser cumpridas dentro do contexto corporativo:
orar uns pelos outros, exortar uns aos outros, levar as
cargas uns dos outros, etc (Tg 5.15; Hb 3.13; Gl 6.2; 1Ts
5.11). É comum encontrarmos crentes que desejam se
conservar separados de qualquer congregação. Mas, se os
tais permanecerem constantemente isolados, como poderão
cumprir seus deveres bíblicos?
A Bíblia também esboça linhas de autoridade dentro das
congregações cristãs. “E rogo-vos irmãos, que reconheçais
os que trabalham entre vós, e que presidem sobre vós no
Senhor, e vos admoestam, e que os tenhais em grande
estima e amor, por causa da sua obra” (1Ts 5.12~13).
“Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos a eles; porque
velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar
conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo,
porque isso não vos seria útil” (Hb 13.17).
Essas passagens descrevem a devida submissão dos
membros da igreja aos oficiais eclesiásticos. Os membros
não estão sujeitos aos oficiais como que a tiranos. Os
oficiais da igreja governam não para vantagem própria, nem
a partir de autoridade pessoal. “Nem como tendo domínio
sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao
rebanho” (1Pe 5.3). Os membros da Igreja obrigam-se à
sujeição como submissos no Reino de Cristo.
Uma vez entendida a obrigação como membro da igreja,
a questão passa ser a qual igreja se filiar. Na presente era
de confusão religiosa, existem miríades de assembleias,
todas alegando ser a verdadeira igreja do Senhor Jesus
Cristo.
Esses fatos nos levam a considerar o ofício do crente. Os
cristãos têm por obrigação ser submissos ao governo de
Cristo; mas eles também têm a responsabilidade de refutar
as reivindicações de homens que usurpam a autoridade de
Cristo. “As ovelhas o seguem [a Cristo], porque conhecem a
sua voz. Mas, de modo nenhum, seguirão o estranho; antes,
fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos” (Jo
10.4, 5).
Reafirmando, toda autoridade religiosa legítima é
derivada de Cristo; assim, o verdadeiro crente não deve se
render à autoridade de qualquer governo eclesiástico que
não seja sujeito à palavra de Cristo.
Durante a Reforma Protestante, os cristãos eram
confrontados com um dilema não diferente do nosso. Eles
se viam perplexos pelas alegações conflitantes dos
diferentes grupos que reivindicavam o título de Igreja de
Cristo.
Os líderes da reforma protestante tinham uma sólida
visão pastoral. Quando eles formularam as profissões
protestantes, trataram da questão da membresia de Igreja
pela perspectiva pastoral. Eles instruíam os cristãos a
buscarem igrejas que tivessem as seguintes três marcas: (1)
a verdadeira pregação do Evangelho; (2) a administração
apropriada dos sacramentos; (3) o correto exercício da
disciplina na igreja.21 Esse é um sábio conselho para os
cristãos em qualquer época.
“A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus” (Rm
10.17). Se uma assembleia religiosa não tem o evangelho
de Cristo, ela não é digna de ser chamada igreja. Sem o
Evangelho não pode haver cristãos verdadeiros, não pode
haver verdadeira igreja.
A administração dos sacramentos é um indicador das
práticas de adoração de uma congregação. Se uma
congregação, em lugar dos sacramentos, os substitui por
formas de adoração feitas por homens, ela não é digna de
ser reconhecida como uma igreja verdadeira. E quando uma
congregação adota uma multiplicidade de “auxílios à
adoração” concebidos por homens, como suplemento às
ordenanças bíblicas, o fermento da idolatria já se faz
presente. Os cristãos devem evitar tais adorações
corruptas, “pois que ligação tem o templo de Deus com os
ídolos?” (2Co 6.16).
A aplicação da disciplina na Igreja destina-se a manter a
glória devida Deus e a saúde da Igreja. Se alguém faz uma
profissão de fé, mas apresenta uma vida de corrupção
moral, os homens consideram sua profissão de fé como
hipocrisia. Similarmente, se uma assembleia reivindica o
título de igreja, enquanto tolerando notórias heresias e
escândalos em seu meio, é porque se degenerou a ponto de
não poder mais ser considerada como Igreja de Cristo; ao
invés disso, tornou-se “sinagoga de Satanás” (Ap 2.9; 3.9).22
Qualquer assembleia religiosa em que falte disciplina, logo
torna-se num paraíso para a heresia e para a corrupção
moral.
Os reformadores alertavam os crentes a respeito de
falsas igrejas, instando-os com veemência a se manterem
distantes das assembleias papistas ou anabatistas.
Ninguém deveria tornar-se membro de tais falsas igrejas,
pois são sinagogas de Satanás.
Usando as marcas da Igreja como guia, os cristãos
poderão achar e se filiar a igrejas sãs. Como já mencionado,
é responsabilidade dos membros de igreja exercitar o
discernimento, especialmente quanto à sua afiliação
eclesiástica. Muitas vezes, a conexão com uma igreja é
baseada em questões de conveniência, expectativa familiar,
gosto pessoal, ao invés de se basear em princípios
escriturais, os quais deveriam governar esse importante
dever.

21 As marcas da igreja são tratadas especificamente em “A Confissão da


Congregação Inglesa em Genebr”a (1556), “A Confissão de Fé Frances”a
(1559), “A Confissão de Fé Escoces”a (1560), “A Confissão de Fé Belga” (1561).
Ver bibliografia para maiores detalhes sobre esses documentos.
22 Cf. Confissão de Fé de Westminster, XXV:V.
C O N C LU S Ã O

ESSE BREVE ESTUDO demonstrou que as Escrituras ensinam


uma forma de governo para a Igreja de Jesus Cristo. O
governo de igreja baseado nas Escrituras inclui o governo
pela maioria de presbíteros, sendo esses qualificados
segundo o critério das Escrituras. Os presbíteros atuam em
concílios eclesiásticos onde resolvem litígios, julgam casos
de disciplina e de doutrina, e tratam dos assuntos
administrativos da igreja. Quando tomam decisões, os
tribunais da igreja devem emitir julgamento baseado na lei
bíblica. As decisões dos tribunais, e suas formulações
confessionais têm autoridade governamental obrigatória na
Igreja.
O fracasso das igrejas americanas em conformarem-se a
esses princípios de governo eclesiástico resultou em uma
multiplicidade de problemas de ordem. Por exemplo, o
colapso da disciplina eclesiástica está associado ao fato de
serem desconsiderados os princípios bíblicos de governo de
igreja.
Raramente existe disciplina na igreja onde não há o
sistema de governo presbiteriano. Dentro das modernas
igrejas “evangélicas” americanas a disciplina é uma prática
quase extinta. Nos raros casos em que se tenta exercer a
disciplina, isso é feito quase sempre esporádica e
arbitrariamente.
O colapso da disciplina na igreja é um efeito colateral da
mentalidade individualista altamente independente que
permeia o cenário religioso da América contemporânea.
Igrejas locais afirmam ostensivamente a sua independência
e pastores assumem seus “chamados” de modo
independente, ensinando e liderando a outros, tendo como
base as suas inclinações pessoais.
Em igrejas presbiterianas e reformadas, o aspecto é
melhor do que no “sistema” de independência. Contudo,
devemos reconhecer que há espaço para muitos
melhoramentos. Os presbiterianos devem abraçar sua
herança com grande apreço e gratidão. Devem aplicar seus
princípios com renovado vigor, e não devem ter medo de
enfatizar os elementos distintivos do sistema de governo
presbiteriano.
Numa linha correlata de pensamento, tem havido
recentemente, na América, intenso esforço no sentido de
restaurar o devido reconhecimento dos princípios bíblicos
de governo civil. Embora tal objetivo seja digno de ser
buscado, as tentativas neste sentido têm sido,
frequentemente, iniciadas por anarquistas eclesiásticos, ou
por aqueles que veem o governo da igreja com relativa
indiferença. É questionável se tais esforços alcançarão
algum sucesso, a menos que, primeiramente, a Igreja ponha
a sua casa em ordem. Afinal, o julgamento se inicia na casa
de Deus (1Pe 4.17). Como é que se pode esperar que o
governo civil se conforme aos princípios bíblicos, quando
nem mesmo a igreja se preocupa em aderir a um sistema
de governo bíblico? Que venha logo o dia em que ambos,
igreja e estado, sejam ordenados de acordo com os
princípios escriturísticos de governo.
Uma vez reconhecendo a importância da política de
governo eclesiástico, devemos então trabalhar para
restaurar os princípios bíblicos de governo. Tal empresa irá
requerer considerável esforço e tempo. As congregações
locais, bem como suas denominações, terão que reformar
as suas práticas, trazendo seus governos à conformidade
com a palavra de Cristo. Os cristãos devem,
individualmente, pressionar as suas igrejas, para que elas
tomem as medidas necessárias.
Em alguns casos, os crentes deverão reconsiderar suas
conexões eclesiásticas; eles não devem se manter em jugo
desigual com igrejas que desprezam abertamente a Palavra
de Deus — congregações que fazem escárnio do evangelho,
dos sacramentos, e da disciplina da Igreja.
Cristãos que vivem próximos a uma igreja verdadeira
devem unir-se a ela, desde que os termos de membresia
sejam legítimos. Na presente era de apostasia generalizada,
sempre ocorre o problema de famílias de crentes
reformados espalhados pelo país, em pequenos números,
afastados por centenas de quilômetros de outras famílias de
fé semelhante.
Em situações como essa, muitas famílias devem
considerar a hipótese de mudança de domicílio, para se
unirem a outros cristãos. É claro que, se não for possível a
mudança, eles devem preservar a verdadeira religião dentro
das suas casas, até que possam ser estabelecidos elos
ordinários de ligação com uma igreja. Eles devem orar e
trabalhar para formar uma verdadeira Igreja de Cristo em
suas localidades, não permitindo que o desencorajamento
os levem a fazer concessões comprometedoras quanto aos
seus elos de ligação eclesiástica.
Uma reforma genuína, junto com maduras instituições de
governo de igreja, podem demandar um processo de
formação lento. Mesmo no coração do presbiterianismo — a
nação da Escócia — a igreja não surgiu completamente
organizada da noite para o dia. Quando John Knox chegou
em Edinburgh em 1559, as congregações protestantes se
reuniam nas casas, e contavam com somente seis ministros
protestantes para atender à necessidade de toda a nação.
Por fim, a estrutura regular de governo de igreja foi
adotada na Escócia, resultando em que a Igreja Escocesa
tivesse presbíteros regentes, diáconos, conselhos,
presbitérios, e assembleia geral. Mesmo assim, essas
instituições não apareceram instantaneamente, ex nihilo, a
partir do momento em que John Knox pôs os pés na Escócia.
Os escoceses laboraram duramente por muitos anos para
estabelecer as mais maduras instituições bíblicas de
governo eclesiástico. Muito da fundação foi lançado durante
os primeiros dias, quando os fiéis adoravam nas casas, sem
o benefício de um ministério regular. Ninguém deve
subestimar a importância de um ministério regular; mas,
também, que ninguém menospreze “o dia dos pequenos
começos” (Zc 4.10; Ag 2.3) que deverá levar a coisas
maiores.
A discussão anterior demonstra a importância prática do
governo eclesiástico. Contudo, nós apenas examinamos de
relance esse assunto de tão extensas e profundas
ramificações. Os cristãos precisam compreender que, longe
de ser classificado juntamente com os assuntos de pouca
monta, o governo eclesiástico é um item de vital
importância, que, em todos os aspectos, afeta o vigor e a
saúde da Igreja. Numa era em que a Igreja está infectada
por uma grande multiplicidade de problemas que a tornam
fraca e ineficaz, a situação atual clama alto por um retorno
ao governo bíblico da Igreja. Será esse clamor atendido?
RECOM END AM OS AD QU I R TAM BÉM NA
AM AZON

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