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INTRODUÇÃO

O panorama religioso está mudando rapidamente. Antes da II Guerra Mundial, havia

poucos muçulmanos na Europa Ocidental. Hoje a França possui 2.704.800, a Alemanha

1.975.200, e o Reino Unido 1.241.100 muçulmanos. 1 Nós poderíamos notar que a

Alemanha é caso um tanto quanto especial. Com a reunificação alemã, a imigração

muçulmana declinou consideravelmente enquanto os não religiosos estão crescendo muito

rapidamente.

A população islâmica da Europa Ocidental é semelhante à população imigrante da

América do Norte. Esta rápida expansão de novas religiões na Europa e América do Norte,

na realidade, oferece grandes desafios tanto para as diminutas igrejas da Europa e para

igrejas voltadas para si mesmas da América do Norte, como para o islamismo firmar suas

bases nesses continentes.

Para o islamismo, é uma nova experiência, sob circunstâncias democráticas, tentar

fundir muitos grupos étnicos e nacionalidades em uma comunidade religiosa. Para os

cristãos, é o desafio de se relacionar de uma maneira cristã com um povo profundamente

religioso, que antes era conhecido apenas à distância. No caldeirão dos Estados Unidos

estão os 2 milhões e meio de muçulmanos afro-americanos, cuja história é inteiramente

única e distinta desses imigrantes muçulmanos.2

Até agora, há poucos europeus, ingleses, canadenses ou americanos (outros que não

afro-americanos) que se converteram ao islamismo. Abrindo caminho, estão mulheres que

1
- JOHNSTONE, Patrick. Intercessão Mundial. . 5ª ed. Contagem: AME, 1994.p. 84
2
- MARSH, Charles R. Levando Cristo ao mundo muçulmano.1ª ed. São Paulo: SEPAL, 1993.p. 43

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se casaram com muçulmanos e se tornaram muçulmanas também. Mas, uma forte infra-

estrutura está começando a ser construída, incluindo a construção de caras mesquitas nas

maiores cidades e perto de muitos campus universitários.

Além de uma forte e constante emigração (saída) das problemáticas nações

muçulmanas (Afeganistão, Argélia, Bangladesh, Bósnia, Índia, Indonésia, Irã, Líbia,

Paquistão, Palestina e Somália), famílias muçulmanas tendem a ter mais crianças do que as

famílias cristãs. Este crescimento está particularmente evidente na África e Ásia, mas

também afeta as estatísticas em qualquer outro lugar.

A presente monografia abordará a história, os dogmas e a tradição do islamismo, a fim

de que possamos traçar um quadro comparativo entre o islã e o cristianismo, em especial a

visão que as duas maiores religiões da terra têm sobre Jesus, lançando reflexões para uma

abordagem missiológica sobre o desafio do islamismo.

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HISTÓRIA

A religião islâmica surgiu em 610 com a mensagem revelada ao profeta Maomé.

Nascido em Meca, no ano de 570, da família dos Hashim, órfão aos seis anos foi

educado por seu tio, Maomé tornou-se unificador dos clãs árabes.

O termo islã deriva da palavra “Salama” (estar em paz), e seu significado no contexto

religioso é a submissão voluntária à vontade de Deus. Os seguidores desta religião são

chamados de muçulmanos (aqueles que se submetem a Deus).

O calendário muçulmano iniciou-se no ano 622, quando o profeta Maomé migrou para

a cidade de Madina. No ano 749, Bagdá se tornou a capital do mundo islâmico.

Os muçulmanos conquistaram a Espanha em 749 e a religião islâmica começou a se

espalhar pela África, Ásia, Bálcãs e sudeste da Europa a partir do ano 800.

Após o falecimento do profeta Maomé (Mohammad), seus sucessores (os califas),

passaram a liderar os muçulmanos por um grande período até o ano de 1918, quando

ocorreu a queda do Império Otomano. No período entre 998-1030, o noroeste da Índia foi

conquistado por Mahmud de Ghazna.

O Sudeste Asiático sofreu a influência do Islam durante o período de 1588 a 1629,

principalmente na Indonésia e Sumatra. Em 1757, com o término da Batalha de Palssey, na

Índia, o controle muçulmano diminuiu naquela região, devido à vitória britânica.

A religião islâmica continuava sua expansão. Shehu Usman Dan Fodio, levou o Islam

até a África ocidental durante o ano 1804. Foi estabelecido um estado muçulmano no

Sudão, no período de 1885 a 1898, por Mahdi. Em 1947, o Paquistão foi criado pelos

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muçulmanos da Índia. No século XX, em busca de emprego e novas oportunidades, muitos

muçulmanos emigraram para a Europa.

Esta emigração resultou numa grande expansão da religião islâmica nas décadas de 80

e 90, se tornando a religião que mais se expandiu no Ocidente durante esse período. A

maioria dos muçulmanos encontra-se no Oriente Médio, África e Ásia. Constituem 95% da

população nos países como3 Afeganistão, Argélia, Bahrein, Egito, Guiné, Indonésia, Irã,

Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbia, Ilhas Maldiva, Mauritânia, Marrocos, Omã, Paquistão,

Catar, Arábia Saudita, Senegal, Somália, Tunísia, Turquia, Emirados Árabes Unidos e

Iêmen. No Cazaquistão, Tanzânia, Malásia e Moçambique, a população islâmica é de 50%

a 75%. Na Índia, Rússia, Tailândia, Zâmbia, Gana, Quênia, Madagáscar, Suriname, o

percentual está entre 10% e 50%. Com grande concentração na África e na Ásia, o

islamismo é praticado por uma sétima parte da população mundial, se confirmando como a

segunda maior religião do planeta.

No Brasil há um milhão de muçulmanos espalhados por todo o território nacional. As

maiores comunidades se encontram nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Rio

Grande do Sul e Foz do Iguaçu. Em todo o país existem mais de uma centena de mesquitas

e salas de oração. Só em São Paulo, capital, se encontram cerca de 10 mesquitas, incluindo

a primeira edíficada na América Latina, a mesquita Brasil na avenida do Estado, Centro da

Cidade, que começou a ser construída em 1929 4.

3
- JOHNSTONE, Patrick. Intercessão Mundial. . 5ª ed. Contagem: AME, 1994
4
- BETUZZI, Frederico. Latinos no mundo muçulmano. 1ª ed. São Paulo: SEPAL, 1993. p. 34

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O francês Jacques Jomier, estudioso do mundo árabe assim define a expansão do

islamismo:

“Depois de expandir-se em uma multidão de países nos quais o ativismo, o


clima e as tendências sociais bem diferentes, será que o islã permaneceu o
mesmo em toda parte ? O patrimônio comum a todos os muçulmanos é
primeiramente constituído por um conjunto de dogmas e de leis por uma
fidelidade ao Corão e a memória de Maomé, pelo orgulho de pertencer a
comunidade muçulmana e por um sentimento de superioridade sobre os que
não fazem parte dela” 5

A Religião mulçulmana está dividida em dois grupos, os Xiitas e os Sunitas.

Os xiitas são Partidários de Ali, que segundo consta, deveria ter sido o primeiro

sucessor (califa) de Maomé, por ser parente deste. Na hierarquia política os xiitas

determinam que o líder da nação deve ser um descendente do profeta Maomé. O Irã é o

maior centro do Islamismo Xiita no mundo. Sua população islâmica está estimada em

62.818.000 (98%). Fora do Irã, menores populações xiitas residem no leste do Iraque,

Arábia Saudita e Líbano.

Os Sunitas representam 90% dos muçulmanos. Para eles a liderança cabia sempre a

quem foi eleito, desde que apresente capacidade.

A maioria dos muçulmanos sunitas olham para o islamismo xiita como uma perversão

do islamismo, isto porque os xiitas acreditam que uma voz de liderança inspirada, ou

declarações (como a que Aga Khan no Islamismo Ismaili, ou Aiatolá Khomeini, antigas

leis do Irã) estão acima da voz do Corão.

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- JOMIER, Jacques. Islamismo, História e doutrina. 1ª ed. Petrópolis: Vozes, 1993. p. 64

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DOGMAS E TRADIÇÕES

O fundamento principal do Islã é o Monoteísmo e a revelação d´Ele ao profeta

Maomé.

Os muçulmanos seguem um conjunto de cinco obrigações religiosas, chamado de “Os

cinco pilares”:

1 – Declaração de Fé – Alá é o único Deus e Maomé o seu profeta.

2 – Oração – Chamadas de Salat, são realizadas cinco vezes no dia, no nascer do Sol, ao

meio-dia, a tarde, no poente, e a noite.

3 – Esmolas – Chamadas de zacat, estímulo à caridade.

4 – Jejum – No mês sagrado dos muçulmanos, o Ramada, abstinência alimentar entre as

6:00hs e as 18:00hs.

5 – A peregrinação à Caaba que fica na cidade de Meca É o centro físico da fé islâmica.

Todas as orações são feitas em sua direção. Santuário construído, conforme a tradição

muçulmana, por Abrãao para adorar o Deus único, a Caaba está localizada na cidade de

Meca .Estrutura oca em forma de cubo, com a pedra negra encravada no lado oriental,

constitui o início e o fim do Hajj – peregrinação à cidade de Meca.

O Corão (Alcorão), livro sagrado dos muçulmanos, que reúne as revelações para o

profeta Maomé . O primeiro Corão foi compilado por volta de 650.

Este livro é um conjunto de 114 capítulos (suras), que se organizam da seguinte forma:

os textos mais longos vêm primeiro, seguidos pelos mais curtos. 6

6
- HAMIDULLAH, Mohammad. Introdução ao Islã. São Bernardo do Campo: Ed. Alvorada. p. 49

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Para os muçulmanos, o Corão contém as palavras exatas de Deus, que conforme eram

reveladas a Maomé, este as recitava e seus seguidores as escreviam. Algumas histórias são

de profetas do Velho e do Novo Testamento da Bíblia.

Os edifícios religiosos dos muçulmanos são as Mesquitas. A maioria possui planta

retangular. Um arco na parede, denominado mihrab, indica a direção de Caaba. À sua

direita, geralmente com três degraus, está o mimbar, de onde o imã fala. Em grandes

mesquitas do Oriente Médio, oficiais ficam sobre uma plataforma denominada dakka; ao

lado há o kursi, estante sobre a qual é apoiado o Corão.

As 3 mesquitas sagradas dos muçulmanos são7:

1. Caaba - local de adoração que há cerca de 4000 anos foi construído por Abraão e seu

filho Ismael por ordem de Deus. Esta construção foi feita de pedra, onde se acredita que foi

o local original de um santuário estabelecido por Adão. Segundo a interpretação

muçulmana Deus ordenou a Abraão que convocasse toda a humanidade para visitar o

Caaba. Por isso, quando os peregrinos visitam a Caaba, dizem: - Eis-no aqui, ó Senhor.

2. Medina - a mesquita do Profeta Maomé. Ela se encontra na cidade de Medina, um dos

locais mais respeitados do mundo islâmico. Medina contém o Jardim Purificado e a tumba

do Profeta Maomé, juntamente com a tumba dos Califas Abu Bakr Assidik e Ômar Ibn Al

Khatab. A mesquita foi fundada no primeiro ano da hégira (calendário muçulmano), logo

após a chegada de Maomé à Medina. Ele mesmo participou de sua construção.

3. Al Aqsa - encontra-se na cidade de Jerusalém. Para os muçulmanos, ela representa o

local onde o Profeta Maomé realizou a sua Viagem Noturna (Isrá), e sua ascensão aos céus

(Miraj). Compreende-se Isrá como a viagem noturna com a qual, Deus honrou o Profeta
7
- ibidem, p. 79

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Maomé, levando-o da mesquita sagrada Caaba, até a mesquita de Al Aqsa, em Jerusalém,

aonde rezou. Por Miraj, compreende-se a posterior ascensão do Profeta Maomé aos sete

céus, alcançando o limite onde o conhecimento das criaturas jamais alcançou. Então ele

retornou de corpo e alma para a mesquita da Caaba.

Há, como no judaísmo, restritivas regras de alimentação8, separam os alimentos em

três grupos: Halal – alimentos permitidos; Makruh – alimentos que podem consumir, mas

não são encorajados a fazê-lo; Haram – alimentos proibidos: carne de porco e de animais

carnívoros; nenhuma forma de sangue; produtos que contêm gelatina ( feita de chifres e

cascos de animais que podem não ser permitidos); tudo que causa embriaguês ou

intoxicação (drogas e álcool).

Algumas datas importantes no calendário religioso muçulmano merecem destaque.

O Ano-Novo é lembrada como a morte de Husain pelos muçulmanos xiítas, neto do

Profeta Maomé, no dia 10 do primeiro mês do calendário muçulmano (Muharram).

Hussain foi assassinado durante a batalha de Karbala. Os muçulmanos costumam realizar

uma procissão em sua memória.

A Iid-ul-Fitr celebra o mês de jejum e inicio da revelação do Corão. É realizada no

primeiro dia do mês de Shawwal (décimo mês), com o fim do Ramadã (Mês do Jejum).

Festa de grande importância para os muçulmanos. Época em que as pessoas costumam

visitar amigos e parentes, trocam presentes entre si e promovem a caridade, ajudando aos

pobres. Considerado feriado nacional nos países que adotam o islamismo, os muçulmanos

acordam cedo, se banham e então se dirigem até a mesquita, onde realizam suas orações

especiais, se confraternizam com abraços e cumprimentos.


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- Como ser muçulmano ?. São Paulo: Sociedade para a divulgação do Islamismo. p. 17

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O Eid-ul-Adha sse é o Eid do sacrifício. Ocorre no décimo dia de Dhul-Hijjah (último

mês do calendário). São sacrificados animais em memória à obediência de Abrãao a Alá.

Festa de grande importância para os muçulmanos. Época em que as pessoas costumam

visitar amigos e parentes, trocam presentes entre si e promovem a caridade, ajudando aos

pobres.

As Principais lideranças do islamismo são os Califas, primeiros líderes do Islã e

governaram até 1918, quando terminou o Império Otomano. A princípio governavam com

força e sabedoria, e viviam de forma simples. Com o crescimento do Império, seus poderes

tornaram-se maiores e então eles passaram a viver como reis. O Imam, Líder religioso, é a

pessoa que conduz as orações na mesquita. O Shaikh é alguém que tem alto conhecimento

sobre qualquer área do saber, ou uma pessoa que alcança uma idade avançada.

DESAFIO DO ISLÃ

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A maioria dos cristãos vê o islamismo como uma grande, única, monolítica e

impenetrável entidade religiosa, contando com um bilhão de pessoas e representando um

quarto da população da Terra.

Ao contrário, ele é fragmentado em uma multidão de grupos étnicos, cada um falando

sua própria língua e tendo suas próprias e distintas culturas. Em muitos casos, o islamismo

e a cultura local se tornaram tão entrelaçados que o povo tem dificuldade em separar sua

própria cultura do islamismo, e vice-versa.

Uma questão interessante é verificar como muitos desses povos vêem a si mesmos.

Uns se consideram primeiro árabes e depois muçulmanos, outros acreditam serem

muçulmanos e depois árabes, enquanto outros não fazem distinção, porque ser árabe é ser

muçulmano e ser muçulmano é ser árabe, faz parte de sua identidade total. Por causa da

forte integração de tribo, raça, e religião, não é fácil para alguém mudar sua orientação

religiosa. Ao fazer isso, é como se rebelar contra seu próprio povo, sua identidade e sua

cultura.

Uma das maiores incógnitas, mesmo agora treze anos depois da quebra da extinta

União Soviética, é até que ponto ainda é forte o islamismo entre os povos turcos da Ásia

central, mesmo tendo sido dominados por comunistas ateus por mais de 70 anos. Esses

campos de colheita poderiam estar abertos, se não prevalecesse a desconfiança do governo

e as imprevisíveis conseqüências de tal ato. O povo é desconfiado tanto das influências

internas quanto externas, mas também aberto quase igualmente às iniciativas islâmicas e às

cristãs.

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Ao mesmo tempo que esses povos são cultural e lingüisticamente ligados aos turcos,

eles também têm sua própria língua e cultura. Somados juntamente com a população da

Turquia (64.476.000), eles compõem um grupo cultural bastante grande, aproximadamente

122.4888.800.

Os muçulmanos estão freqüentemente relembrando os cristãos das Cruzadas, acusando

a Igreja de levantar armas contra o Islamismo, quase como se o esforço para recuperar a

Terra Santa tivesse acontecido ontem. Olhando para a história, vemos que foram os

muçulmanos que primeiramente levantaram a espada contra os cristãos. A conquista da

cidade de Maomé, Meca, preparou o cenário para seu segundo sucessor, Omar, se projetar

explosivamente da atual Arábia Saudita rumo ao norte. Eles conquistaram Jerusalém,

Damasco e Egito, movendo-se decisivamente e atravessando o Norte da África “Cristão”

através da Espanha para os limites da França, tudo em menos de 100 anos. De todo esse

território, somente a Espanha foi resgatada para o Cristianismo.

Depois da conquista inicial de muitos territórios “cristãos”, o Islamismo avançou

tomando um rumo mais pacífico e movendo-se quietamente ao longo de rotas de comércio

longamente estabelecidas. Mesmo assim, utilizaram a guerra santa (“jihad”) para

aprofundar suas raízes em muitas partes do Oeste da África .

Agora o islamismo está em movimento novamente. Um novo impulso na expansão

começou justamente antes e durante a Reforma. Os muçulmanos otomanos tomaram

Constantinopla em 1453. Desde esse período e no tempo de Lutero, Calvino e Zwinglio, o

islamismo estava alcançando várias fronteiras européias, como Viena. Toda essa atividade

militar manteve a força armada do Sacro Império Romano ocupada, enquanto a Reforma

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expandia-se quietamente na Alemanha, França e Suíça. No processo, novos territórios

entraram debaixo da jurisdição islâmica - Albânia, Bulgária, Bósnia, Hungria, Macedônia e

Romênia.

A Hungria caiu sob o domínio islâmico em 1526, o mesmo ano que a Dinastia Mughal

Islâmica estabeleceu governo em Delhi, na Índia. O poder muçulmano veio para controlar

Sumatra e Java em 1550, e Zanzibar em 1652. Depois da colonização da África, o

islamismo experimentou um significante crescimento através do continente, geralmente

através de meios pacíficos, expandindo-se rapidamente depois de 1880.

Mais tarde, o movimento islâmico teve uma natureza diferente. Grandes levas de

muçulmanos começaram a se mudar para a Europa seguindo a II Guerra Mundial e a

gradativa erosão do colonialismo. O grande surto de guerras tribais e, mais recentemente,

o fenômeno da “limpeza étnica”, têm deslocado milhões de pessoas, um grande número

desses imigrantes muçulmanos, procurando por uma vida melhor do que a que seu país tem

a oferecer. Eles encontram abrigo sob as democracias da Austrália, Europa, América do

Norte e Reino Unido. Sua migração é constante e crescente.

A expansão do Islã fez com que a maior parcela de muçulmanos esteja forada

península arábica. De fato, de longe o maior número de muçulmanos mora no

subcontinente indiano: Paquistão (137.075.400), Índia (118.644.000), e Bangladesh

(107.358.000) perfazendo um total de 363.077.400 pessoas.

Se a Índia não fosse subdividida em três nações (Bangladesh, Índia e Paquistão), seria

o maior país muçulmano no mundo. Como está, a Índia superou Bangladesh, e logo

ultrapassará o Paquistão, para tornar-se a segunda maior população islâmica, depois da

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Indonésia. Essa distinção é ainda mais singular quando se observa que o islamismo é uma

religião minoritária na Índia (estima-se 12% da população).

Em seguida estão os povos árabes do Norte da África e o Oriente Médio (234.290.300

- incluindo os bérberes e o povo do Sudão do Norte). Em terceiro estão os povos da

Indonésia (164.846.000) e Malásia (11.766.000), que em conjunto têm 174.612.000.

Na África Sub-Sahara o islamismo também têm crescido a custa de gravíssimos

conflitos religiosos. Enquanto a política, economia, etinicidade e estratificação social têm

um importante papel nos conflitos, fortes elementos religiosos entram no quadro para,

dramaticamente, complicar cada situação.

A tensão entre duas dessas nações, uma com maior território no Sub-Sahara (Sudão), e

a outra, a mais populosa nação da África (Nigéria), cresce por causa dos esforços islâmicos

para impor a Lei Shari’a ao povo. Cada uma destas imposições levanta perturbadoras

questões sobre como os grupos religiosos minoritários se encaixam quando a Lei Islâmica

se torna a lei dessas terras. O histórico do islamismo quanto ao tratamento dado às

minorias, sob a perspectiva dos direitos humanos, não é muito boa. De fato, parece que as

minorias foram melhor tratadas por governantes muçulmanos do passado do que têm sido

nos tempos modernos.

A postura islâmica frente as demais religiões em especial o cristianismo é assim

expressa:

“Claramente, esta religião é uma disciplina divina para a vida humana, realiza-
se pelo esforço próprio do homem, de acordo com os limites de sua capacidade
e dentro das fronteiras da realidade material de sua existência num âmbito
qualquer. Esta realização começa desde o ponto no qual o ser humano faz-se
carregado dela e continua até a meta final, sem ultrapassar nunca os limites de

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sua capacidade, pois chegará mais longe, quanto mais resistência lhe seja
oferecida.”9

Na maioria das terras onde a população muçulmana está maciçamente concentrada, a

Igreja é fraca, ou quase inexistente. Em terras que antigamente eram “cristãs”, como Egito,

Iraque, Jordânia, Líbano, Palestina e Síria, a Igreja está encolhendo rapidamente. Em

algumas terras “cristãs” do passado, como Argélia, Líbia, Marrocos, Sudão do Norte e

Turquia, antigas igrejas têm quase, se não totalmente, desaparecido sob as severas regras do

islamismo. Em lugares como Indonésia, Malásia e Nigéria, há uma tensão constante entre

cristãos e muçulmanos.

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- QUTB, Said. Esta é a religião. São Paulo: Sociedade Islâmica de Beneficiência. p. 17

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CRISTIANISMO E ISLAMISMO

Originado-se de uma matiz judaico-cristã o islamismo aglutinou em suas crenças e

dogmas semelhanças com essas duas correntes de fé. Naturalmente, porém, evolui a ponto

de sistematizar conceitos teológicos contraditórios as suas matizes.

As semelhanças referem-se ao conteúdo histórico-bíblico, em especial do Antigo

Testamento, o juiz final, existência de céu e condenação eterna, existência e ministério dos

anjos, códigos de conduta moral e o monoteísmo. As diferenças estão no conceito

histórico-teológico sobre Jesus, a ausência da visão trinitariana, na ausência de um plano

redentivo e de um conceito específico sobre graça.

Quanto a isto Charle Marsh afirma 10:

“Os islâmicos (o mesmo que muçulmanos) reconhecem Jesus  como um dos


grandes Profetas de Deus, voltado para as “ovelhas perdidas” de Israel. 
Respeitam-no igualmente a Adão, Noé, Abraão e Maomé, este último,
segundo eles, o último Profeta divino, que nasceu no ano 570 depois de
Cristo, tido como descendente direto de Ismael (filho do Profeta Abraão com
a escrava egípcia Agar).  Maomé não é adorado ou respeitado por ter sido o
fundador do islã.  Islã em árabe significa “paz” e “submissão”.  Por isto, Alá
não é um Deus muçulmano, árabe ou tribal. O termo “Allah” em árabe, quer
dizer o Deus Universal, único e verdadeiro. Trata-se  de conceito monoteísta
(Deus único). Para esta religião, a existência humana não seria punição por
Adão e Eva terem comido o fruto proibido. Deus, antes dos dois, já decidira
colocar o ser humano na terra como uma espécie de seu administrador.”

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- MARSH, Charles R. Levando Cristo ao mundo muçulmano. São Paulo:Sepal. 1993. 1ª ed. p. 43

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A principal diferença entre o cristianismo e o islamismo refere-se a visão sobre Jesus.

No livro sagrado dos muçulmanos Jesus é visto como um profeta, reconhece-se o seu

nascimento virginal e seus milagres, exalta-se a sua bondade, sua vida ascética e sua

preocupação com os pobres.

As diferenças entre o Jesus bíblico e o Jesus “muçulmano” estão em sua missão

messiânica, não aceita pelo Alcorão. Segundo o livro sagrado do Islã Jesus não morreu na

cruz, em seu lugar Alá colocou Judas, livrando assim Jesus de tão duro castigo. Conforme

o Alcorão Jesus também prediz o nascimento de Maomé, o unificador dos povos árabes.

Jesus também não é visto conforme a economia trinitariana do cristianismo, a divindade de

Cristo é uma blasfêmia para o muçulmano.

Para o muçulmano, somente o alcorão tem autoridade para descrever Jesus com

propriedade, a visão bíblica portanto é descartada. Vale ressaltar que o relato sobre Jesus

no Alcorão é profundamente influenciado pelo Proto-evangélio de Tiago e por seitas cristãs

heréticas que encontravam terras árabes segurança para se proliferaram longe dos olhos da

Igreja Romana.

Maomé está acima de Cristo na escala de profetas do islã, sendo assim, ele e não Jesus

deve ser um modelo de conduta para a humanidade.

Por que é difícil conquistar os muçulmanos

Encarnação como missão

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