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História – 1º Ano Ensino Médio

O Islamismo

A civilização árabe-islâmica surgiu e irradiou-se a partir da península Arábica, situada no sudoeste da


Ásia. Com clima extremamente quente e seco, cerca de 80% de seu território são constituídos por desertos.
Viviam na península Arábica diversos povos, organizados em tribos ou clãs, que costumam ser classificados
em dois grandes grupos, conforme suas características culturais mais marcantes:
- Árabes do Litoral: povos sedentários que moravam próximos da costa, como Meca e Yatrib. Dedicavam-se
ao comércio, conduzindo as caravanas de camelos com mercadorias do Oriente para as regiões próximas do
Mediterrâneo.
- Árabes do Deserto: povos seminômades que viviam em torno dos oásis da península. Dedicavam-se
principalmente a criação de cabras, ovelhas e camelos, produção artesanal e pilhagens de outras tribos.
A Arábia não teve uma unidade politica até o século VII. Os árabes ligavam-se uns aos outros apenas
pelos laços de parentescos e por elementos culturais comuns – falavam o mesmo idioma, a pesar das
variações regionais, e possuíam as mesmas crenças religiosas, eram politeístas, adorando centenas de
divindades.
A existência de um templo na cidade de Meca fazia dela um importante ponto de convergência de
crentes. Nos períodos de paz, a cidade transformava-se num movimentado ponto encontro e principal centro
comercial dos árabes, recebendo pessoa e mercadorias de diversas regiões.

Arábia Islâmica
A construção do Estado árabe iniciou-se com Maomé (570-632), um mercador da cidade de Meca
que fundaria o Islamismo, religião monoteísta cujos seguidores também são chamados de muçulmanos.
Quando Maomé iniciou suas pregações, dizia que os ídolos do templo deveriam ser destruídos, pois havia
um só deus criador universal, Alá. Isso provocou a reação dos sacerdotes de Meca, pois estava eca mudando-
se para Medina, onde congregou e difundiu a nova religião organizando um exército de fiéis. Essa saia de
Maomé de Meca ficou conhecida de Hégira.
Em 630 Maomé invade conquista Meca destruindo os ídolos da Caaba, mas deixando a pedra negra
que representa o símbolo de união. A partir dai o Islamismo foi se expandindo pela Arábia, e diversos povos
forma se unificando em torno da nova religião. Assim, por meio da identidade religiosa, criou-se uma nova
organização política e social entre eles e formou-se o Estado Islâmico, de governo teocrático. Com a morte
de Maomé, o poder religioso, político e militar, ficou centralizado nas mãos dos califas.

Alcorão: o livro sagrado


Os princípios básicos do Islamismo encontram-se reunidos no Alcorão (que significa leitura), além
das normas religiosas, o livro sagrado inclui preceitos jurídicos, morais, econômicos e políticos que orientam
o cotidiano da vida social. Proíbe que os fiéis comam carne de porco, consumam bebidas alcoólicas ou
pratiquem jogos de azar. O roubo é severamente punido. A poligamia masculina é permitida.
O livro sagrado do Islamismo visa, em linhas gerais, apresentar a descrição das origens do Universo
e do ser humano. Também as relações desejáveis entre homens e especialmente as relações deles com Deus.
Além disso, ao longo do texto definem-se procedimentos a serem observados pelos fiéis no que se refere à
mortalidade, à economia e a grande número de questões cotidianas.
A ideia é que o texto seja uma clara resposta a todas as necessidades humanas, tanto materiais como
espirituais. Para os fiéis do Islamismo, o conteúdo do Alcorão representa a própria palavra de Deus, vertida
para o árabe na exata forma como foi revelada ao profeta Maomé.

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Sunitas e Xiitas
A pós a morte de Maomé, a religião islâmica sofreu várias interpretações, entre as quais se
destacaram as de dois grupos, até hoje conflitantes.
Os Sunitas – defende como condição para o homem ocupar o cargo de chefe do Estado muçulmano
(o califa), ter sólidas virtudes morais – como honra, respeito pelas leis e capacidade de trabalho. Os sunitas,
além do Alcorão, seguem a suna, que se refere ao comportamento habitual do profeta e seus companheiros,
quanto as suas ações, falas, aprovações e desaprovações. Essas informações, registros através de narrativas
curtas, são denominadas hadic.
Os Xiitas – postulam que a chefia do Estado muçulmano só pode ser ocupada por um legítimo
descendente ou parente de Maomé. Afirmam que o chefe da comunidade islâmica é pessoa diretamente
inspirada por Alá e que os fiéis lhe devem obediência absoluta.
Atualmente, a maioria dos seguidores do xiismo encontra-se no Irã, no Iraque e no Iêmem. Na demais
região do mundo islâmico predomina os seguidores do sunismo chegando a 84% dos atuais muçulmanos.

A expansão Islâmica
Quando invadiram Império Persa, os árabes estavam longe de serem grupos tribais, como as
comunidades que ali habitavam antes do início da pregação de Maomé. Constituiu um exército muito bem
organizado e motivado, ima vez que, além do saque e da conquista de territórios e riquezas, buscavam a
expansão da fé, a concretização de um estilo de vida inspirado pelo profeta.
Um dos motivos da expansão islâmica nessa primeira fase foi à tolerância então praticada pelo
governo islâmico em relação aos territórios ocupados. Além do domínio das cidades e da determinação de
tributos, a serem pagos pelas populações dominadas, pouca coisa mudou. Os habitantes do território
conquistados podiam manter suas religiões e tradições.

A Fragmentação do Império Islâmico


À medida que o Império Islâmico crescia, foi absorvendo tradições culturais diferentes de acordo
com as características específicas de cada território incorporado. Se considerarmos as tradições árabes que se
fixaram na península Arábica, no Oriente Próximo e no Norte da África, comparadas com a tradição persa,
nos domínios do extinto Império Sassânida, as diferenças são significativas. Mas a religião sempre
desempenhou a função de elemento agregador dessas múltiplas culturas.

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Durante a dinastia Abássida, mesmo em seu apogeu, novos califados vão surgindo nos
domínio do Império Islâmico, como nas regiões do atual Irã, Egito e Tunísia. Isso decorreu da
dificuldade em exercer um governo efetivo em toda a extensão do Império, o que levou ao fim da
unidade política, fragmentando a comunidade islâmica em vários centros de poder. Cada um desses
centros possuía formas de governo e tradições culturais e suas características, mas todos mantinham
em comum a prática do islamismo.

Cultura Islâmica
Depois de conquistarem as mais diferentes regiões, os muçulmanos não se limitavam a cobrar
tributos dos povos submetidos. As autoridades procuravam aprofundar a compreensão do
conhecimento produzido pelos que ali viviam antes deles.
Com essa busca de conhecimentos, ocorreu um processo de assimilação dessas diversas
culturas, assim como sua difusão. Essa assimilação não se limitou às áreas conquistadas. Os
conhecimentos vindos das mais longínquas regiões, como a China, com quem os muçulmanos
mantinham relações de comércio, também foram incorporados e difundidos.

A produção do conhecimento
Esse desenvolvimento era garantido por um trabalho de tradução para o árabe de tudo o que
considerassem significativo da cultura dos povos dominados. A circulação constante desse material
por todo o Império garantia que as contribuições das diferentes civilizações fossem comparadas e
analisadas por sábios islâmicos com formações variadas. Isso permitia que eles realizassem sínteses
desses conhecimentos antes dispersos e que chegassem, através deles, a novas e importantes
descobertas e desenvolvimentos.
Assim, entre o século VII e IX, os muçulmanos travaram contato com diferentes culturas de
povos conquistados pela expansão islâmica. Eram regiões do Oriente Próximo, da Península
Balcânica, do sul da Ásia e até da Índia.
Nesse período ocorreram traduções para o árabe de obras persas, romanas, gregas e indianas
dos maisdiversos ramos de conhecimento. Eram áreas como matemática, astronomia, astrologia, ética,
mecânica, física, filosofia, arquitetura, geometria e medicina. Essa literatura foi distribuída por todo
Império Islâmico. O mundo cristão só conheceu vários desses textos muito tempo mais tarde, graças a
essas traduções.

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