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ATUALIDADES

Professor: Batista

Tema 1: Mundo Islâmico

1) Histórico: judeus, os árabes pertencem ao tronco semita. Já os persas são


O Islamismo (fiel: muçulmano), é religião que surgiu na Arábia no descendentes de povos indo-europeus que chegaram à região do
século VII como efeito da pregação de seu profeta Mohamed Irã através da Ásia Central por volta do ano 1000 a.C. A língua
(Maomé). Caracteriza-se, fundamentalmente, por ter um tronco persa (farsi) é escrita em caracteres árabes. Sendo uma língua
comum com judaísmo e cristianismo. Seus preceitos são indo-européia, o persa é mais próximo do português que do árabe.
baseados no monoteísmo (ALAH), universalismo, negação da No caso dos turcos, eles são originários da Ásia Central
idolatria, restrições alimentares e o conceito do Jihad (guerra (seldjúcidas), de onde migraram por volta do século X. Eles
santa), base para sua consolidação e expansão. Seu calendário formam mais de 80% dos habitantes da Turquia. O idioma era
tem como marco zero o ano de 622, quando ocorreu a Hégira escrito em caracteres árabes até 1929, quando se adotou o
(fuga do profeta de Meca para Medina) momento em que a religião alfabeto latino. Não confunda árabe com turco. Durante seis
se institucionalizou e consolidou a unidade árabe. No século VIII séculos, até a Primeira Guerra Mundial, os árabes do Líbano e da
teve início a Expansão Islâmica pelo norte da África, Império Síria foram dominados pelo Império Turco-Otomano.
Bizantino, Ásia e Europa. Esse processo marcou historicamente 3) Sunitas e xiitas
essas regiões. O islamismo é uma religião em franco crescimento O Islamismo tem quase 1,5 bilhões de fiéis no mundo e tem duas
e, ao tratar do assunto, devemos nos livrar de fobias e principais vertentes: o sunismo e o xiismo. Os sunitas são
preconceitos presentes no senso comum. maioria, cerca de 84% do total. A palavra vem do árabe
2) Muitos povos, uma só fé: sunnatannabi (tradição do profeta). Os xiitas são maioria apenas
Torna-se necessário salientar que entre as confusões estão as no Irã, Iraque e Bahrein.
que envolvem conceitos, por isso devemos ter claro: árabes, Por volta do século VIII, a expansão do islamismo por diversas
curdos, turcos e persas são grupos étnicos, enquanto xiitas e partes do mundo determinou a origem da divisão que hoje
sunitas são seguidores de correntes do islamismo. O islamismo é estabelece a diferença entre xiitas e sunitas. Uma disputa sobre
a religião majoritária entre os árabes (95%) e existem muçulmanos quem poderia ocupar a posição de principal líder político de toda
em todas as partes do mundo. Por exemplo, o maior país a comunidade islâmica após Mohamed abriu espaço para essa
mulçumano do Mundo é a Indonésia, uma nação asiática. Os divisão doutrinária.
árabes constituem o maior grupo étnico do Oriente Médio. São Sunitas - Os Sunitas adotaram a Suna (livro que conta a trajetória
majoritários no Egito, Jordânia, Síria, Líbano, Iraque, nos países do profeta Maomé) como referencial de doutrina quanto as
da península Arábica e nos territórios sob a Autoridade Palestina questões não muito bem esclarecidas pelo Alcorão. Segundo
(Faixa de Gaza e Cisjordânia). Também estão presentes nos esses conceitos, os sunitas reconhecem apenas a ascensão dos
países do norte da África (Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia e líderes religiosos que fossem diretamente escolhidos pela
Egito), reunindo ao todo 350 milhões de pessoas. Assim como os população islâmica (os Califas).
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Xiitas - Adotando outros preceitos, o grupo Xiita segue uma sofrendo da privação política que lhe foi imposta em muito tempo
interpretação mais rígida do Alcorão e não reconhece os de ditaduras.
conselhos e exemplos de qualquer outro livro. Segundo analistas, existe um obstáculo ainda maior a ser
De acordo com os xiitas, o 'Mundo Islâmico' deve ser politicamente derrubado: o da possível escalada da opressão. A tendência
controlado por membros diretos da família do profeta Maomé. A agora é o aumento da opressão através de leis, normas, regras. A
justificativa apresentada para tal opção é baseada na crença de sociedade está cansada, não tem energia para novos levantes.
que somente os descendentes da casa de Maomé teriam a Não está havendo organização política o suficiente. É preciso
sabedoria necessária para conduzir os fiéis. retomar, primeiro, a liberdade de opinião.
4) Primavera Árabe: 5) Os blocos Jihadistas:
Na Tunísia, norte da África, em dezembro de 2010, o jovem Na atualidade são entendidos como blocos jihadistas, os grupos
estudante Mohamed Bouazizi ateou fogo ao próprio corpo, em um que atuam sistemática e institucionalmente em nome do Islamismo
ato de protesto contra os abusos do governo e as condições de e sua doutrina. A ação armada é seu principal veiculo de atuação
vida no país. Esse ato gerou comoção popular e foi o estopim de e, geralmente, estão ligados à atentados que ocorrem ao redor do
um levante que derrubou o ditador Zine El Abdini Ben Ali. Foi uma mundo. Destacamos os mais atuantes e com vasta atenção da
reação em cadeia pelo norte da África e Oriente Médio, levantes opinião pública mundial.
se seguiram depois no Egito, na Líbia, no Iêmen e na Síria, e Estado Islâmico:
também em Bahrein, Marrocos, Argélia, Jordânia e Sudão. Esse grupo fundamentalista islâmico assusta o ocidente por sua
No Egito o ditador Hosni Mubarak foi derrubado depois de violência e propaganda eficiente: o Estado Islâmico do Iraque e do
semanas de protestos, cujo marco foi o acampamento de Levante (EIIL). Desde que passou a governar um “califado”,
manifestantes na Praça Tahir. Caído o ditador e realizadas desprezando fronteiras em partes do Iraque e da Síria, o grupo se
eleições ocorre a vitória do grupo pró-fundamentalismo Irmandade autodenomina como o Estado Islâmico (EI). Seu líder Abu Bakr Al
Islâmica e a reação levou a uma escalada da violência, decorrente Bagdad se auto proclamou califa e reivindica sua descendência
da polarização entre islamitas e militares após o golpe de julho de direta de Maomé e o direito de comandar o mundo islâmico.
2013, que depôs Mohammed Mursi, o primeiro presidente eleito Autoridades ocidentais manifestam a preocupação com algo
democraticamente no país. nunca antes visto, pela brutalidade com que o EI trata “infiéis”
Na Síria, a revolta popular se transformou em guerra civil já deixou (quem não segue o islamismo sunita e se recusa à conversão é
quase 700 mil mortos desde março de 2011. A oposição, dividida executado), pelas pretensões de estabelecer o califado ignorando
em grupos rivais inclusive pela chegada de extremistas islâmicos, as fronteiras estabelecidas cem anos atrás – após a I Guerra
encontra cada vez mais dificuldades em atingir o objetivo de Mundial – e pelos tentáculos de recrutamento em países como
derrubar o governo de Bashar al-Assad, apoiado pela Rússia e Irã. Grã-Bretanha, Espanha, Itália e EUA.
Com o país arrasado, o número de refugiados vivendo na miséria A ousadia se dá, ainda, na forma como o grupo se financia e
só cresce: hoje já são 2,4 milhões de sírios refugiados em vizinhos administra as regiões das quais toma conta. Até o papa Francisco
do Oriente Médio como Turquia, Líbano, Jordânia e Iraque, além estaria na mira do EI, conforme publicou jornal italiano Il Tempo,
dos 4,5 milhões deslocados dentro do próprio país em guerra. por ser o representante máximo do cristianismo. Além da
Na Líbia, a frustração popular cresce com a manutenção do poder violência, o EI ignora fronteiras nacionais posteriores à I Guerra
das milícias armadas que ajudaram a derrubar o ditador Muammar Mundial e quer estabelecer um califado, que é a volta à Idade
Gaddafi em 2011. A tensão no país, com episódios em que Média, com um governo terrorista. Isso assusta e faz o governo
protestos que pediam a saída das milícias foram reprimidos com americano voltar suas atenções para o Oriente.
violência e mortes, é potencializada por disputas tribais e étnicas. O “modus operandi” é outro aspecto que causa impressão.
Temos uma combinação explosiva: grupos radicais e milícias Quando conquista uma região, o EI pendura sua bandeira preta no
extremamente armadas. É muito difícil ver uma solução. prédio mais alto e, imediatamente, parte para a busca de adesões,
Na Tunísia, o governo religioso eleito enfrenta uma parte da enfatizando a prestação de serviços sociais em regiões carentes,
população hostil às tentativas de "islamizar" a sociedade, e grupos devastadas pela guerra.
radicais já mataram dois opositores. Disputas como as que Os combatentes distribuem pen drives com cânticos jihadistas e
ocorrem na Tunísia, assim como no Egito, levantam questões vídeos nos quais mostram operações militares do grupo, além de
sobre a capacidade de islamismo e democracia andarem juntos folhetos orientando a excomungar outras vertentes do islamismo
o que, para alguns especialistas, denota preconceito em relação que não a sunita e repudiando a cultura ocidental e o conceito de
ao islã. Essa questão envolve a influência do Ocidente, que, assim democracia.
como alguns governantes do Oriente, nunca aceitaram a chegada Aos poucos, com esses instrumentos, impõem o exercício da
dos islâmicos ao poder. Sharia – a legislação islâmica. Grupos como os da etnia yazidi
Algo que ninguém discute, contudo, é que, em todos os países foram obrigados a fugir. No caso deles, não há sequer a
atingidos pelas revoltas, a instabilidade acabou derrubando a possibilidade de conversão para ter a vida poupada. O EI os vê
economia, gerando desemprego e miséria. A população continua

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como adoradores do demônio. Quando caem nas mãos dos As relações entre a população iraniana e o Xá vinham sendo
insurgentes, sofrem sevícias e execuções sumárias. estremecidas desde as concessões que este fez aos americanos
Boko Haram (Nigéria) após a Segunda Guerra Mundial, e tinha chegado a um ponto
Oficialmente o Boko Haram (Ocidente é pecado) é um bloco crítico no final da década de 60, quando os americanos e
armado que atua na Nigéria e países vizinhos, ele alega que luta britânicos passaram a receber benefícios judiciários, enfurecendo
pela Sharia, contra a corrupção e combate a imoralidade e a população iraniana e sua liderança religiosa. O Imã Khomeini foi
prostituição, que são fruto da “contaminação” ocidental. Seu exilado após esse evento.
controle no norte do país é efetivo e quase pleno. O governo e a Em fevereiro de 1979, a população iraniana, com o apoio de
capital ficam no sul, mas por causa das matanças, ameaças e o grupos armados e de militares de baixa patente, toma as ruas e
crescimento da população muçulmana, o número total dos derruba o regime do Xá. Khomeini volta do exílio e, assumindo a
muçulmanos pode ultrapassar o dos cristãos, e o Boko Haram liderança do movimento revolucionário, transforma o Irã em um
exige a Sharia para o país inteiro. Estado teocrático, configurando uma das únicas revoluções
O grupo terrorista tem como objetivo extirpar as influências conservadoras bem sucedidas no mundo.
políticas e culturais do Ocidente na Nigéria e promover a Em 1979, os revoltosos invadem a embaixada americana, fazendo
educação exclusivamente em escolas islâmicas. No dia 25 de seus funcionários de reféns por mais de um ano e três meses,
dezembro de 2011, cerca de cinco ataques à bomba em várias levando a uma crise diplomática intensa entre Teerã e
cidades da Nigéria causaram pelo menos 40 civis mortos e um Washington, no episódio que ficou conhecido como Crise dos
policial ferido. Os alvos foram igrejas católicas durante a Reféns no Irã. Os Estados Unidos e vários de seus aliados
celebração da Missa do Galo. ocidentais declararam embargo ao Irã com o bloqueio de seus
Em 20 de setembro de 2013, militantes do grupo vestindo bens no exterior. Em 1980, com a revolução já bem consolidada, o
uniformes militares pararam o tráfego em uma estrada ditador iraquiano Saddam Hussein, instigado pelos Estados
entre Maiduguri e Damaturu, arrastaram as pessoas para fora de Unidos e União Soviética, invade o território iraniano, dando início
seus veículos e as mataram. à Guerra Irã-Iraque, um dos conflitos mais sangrentos do século
Vários ataques foram feitos a escolas de meninas, sendo XX, que deixou um saldo de cerca de 1 milhão de mortos e durou
contrários a ensinamentos quaisquer para meninas. Muitas até 1988, sem um claro vitorioso.
meninas foram capturadas e levadas para serem estupradas pelos Ao longo desses anos o Irã vive as rusgas com os EUA e seus
terroristas. Às vezes são levadas para vilas muçulmanas e aliados, principalmente Israel, em embates diplomáticos e
liberadas para toda a população muçulmana poder estuprá-las. militares. O programa nuclear iraniano é um bom exemplo disso: a
Assim Boko Haram aumenta a sua popularidade. O ataque mais Agência Nuclear Iraniana (INA) leva seu programa à revelia da
comentado aconteceu no dia 15 de abril de 2014 em Chibok, fiscalização internacional, o que levanta suspeita sobre a
estado Borno, onde a população foi morta ou fugiu e mais de 200 possibilidade de fins militares para a energia atômica.
meninas entre 7 e 15 anos, alunas de uma escola, foram O Irã passou por mudanças em 2013, após o clérigo moderado
capturadas e levadas pela milícia. Fontes da Nigéria relatam um Hassan Rohani garantir votos suficientes para suceder Mahmoud
número de 234 meninas, que foram levadas em grupos pequenos Ahmadinejad, desafeto dos EUA e seus aliados e controverso em
a vários locais e a partir dos dias da Páscoa estupradas em suas posições xenófobas e contra os direitos humanos.
massa. Reformista, Rohani acena para uma abertura política interna e
No final de fevereiro de 2015, o Boko Haram e o Estado Islâmico relações mais moderadas com o Ocidente. Ela também alentará o
anunciaram uma aliança, o que redobrou preocupações da espírito de uma nação que sofre sua pior crise financeira há pelo
comunidade internacional. menos duas décadas, devido às sanções sem precedentes
6) Revolução iraniana impostas pelas potências ocidentais no conflito sobre o programa
Uma das maiores reservas de petróleo, o Irã (chamado nuclear de Teerã.
literariamente de Pérsia) teve sua vida política marcada pelo golpe Grupo G5+1 (EUA, Rússia, França, Reino Unido e China +
de Estado de 1953, apoiado por EUA e Reino Unido, que Alemanha) entraram em negociações técnicas para aplicar o
estabeleceu a monarquia autocrática dos Xás (título real). Ao acordo nuclear alcançado em Genebra no dia 24 de novembro de
longo dos anos 50 e 60 o Irã assistiu ao aumento da desigualdade 2013, que começou a ser cumprido no final de janeiro de 2014.
social, inchaço urbano e uma violenta repressão contra os O Irã e o G5+1 alcançaram em Genebra um pacto pelo qual Teerã
opositores do regime. Desse modo a religião serviu como condutor se comprometia, entre outras coisas, a deixar de enriquecer urânio
e catalisador das insatisfações do povo iraniano. A revolução a 20% e diluir a metade de suas reservas que alcançam esse
iraniana de 1979 foi acima de tudo uma reação ao governo do Xá nível. O acordo histórico assinado com os EUA em dezembro de
Reza Pahlev, visto como fraco, corrupto e vendido aos interesses 2014 marcou a mais notável flexão até agora. A presença de
americanos pela maior parte das lideranças religiosas do Irã, fiscais internacionais nas instalações nucleares garante alívios
incluindo o Aiatolá Khomeini, que posteriormente seria líder limitados e temporários das sanções estabelecidas há quase três
supremo do país. décadas. Foram retiradas, também, sanções nos setores de ouro,

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metais preciosos, automóveis e de petroquímicos do Irã, o que dividir a antiga província otomana em dois pedaços. Em uma
geraria receita de US$ 1,5 bilhão (R$3,42 bilhões). A comunidade assembleia presidida pelo diplomata brasileiro Oswaldo Aranha, a
internacional também fica vetada de propor novas sanções ONU instituiu o Plano de Partilha: 55% da região ficaria com os
relacionadas ao programa nuclear iraniano. Caso o país não judeus, e 45% com os árabes. Em 14 de maio de 1948, os
cumpra com o acordo no período de seis meses, está sujeito a sionistas, liderados pelo legendário Davi Ben Gurion, fundaram o
penalidades adicionais. O país também se comprometeu a deixar Estado de Israel, com capital em Tel Aviv, na fatia concedida pela
de instalar novas centrífugas e abrir as usinas nucleares para uma ONU.
inspeção estrita do Organismo Internacional para a Energia Ao contrário do que o mundo esperava, a ONU não terminou com
Atômica (AIEA). Esse acordo é considerado a maior vitória a disputa - apenas a agravou. Nas décadas seguintes, Israel iria
diplomática da República Islâmica do Irã. Com a Eleição de se envolver em uma série de guerras contra seus vizinhos. Para
Donald Trump para presidência dos EUA esse acordo tem sido os sionistas, a culpa foi dos árabes, que não aceitaram a divisão
ameaçado porém, com exceção dos estadunidenses, as outras da Palestina e tentaram destruir o estado de Israel.
nações signatárias se comprometem a mantê-lo. Os árabes palestinos viram a imigração maciça de judeus como
7) O Estado de Israel e a questão árabe-palestina invasão colonialista. Dividir a região em dois pedaços pensavam
Com origem étnica comum (semitas), judeus e árabes palestinos os árabes, equivalia a entregar metade do país a forasteiros. O
viveram lado a lado, ao longo de séculos, de tolerância e maior medo dos palestinos era perder suas terras, já que a maior
convivência com raros litígios ou sobressaltos. O Grande marco parte deles vivia da agricultura. Temiam que milhares de famílias
para o início do conflito contemporâneo foi o ano de 1948 com a tivessem de abandonar suas casas e vilas para dar lugar aos
criação do Estado de Israel. colonos judeus
Em fins do século XIX um grupo de intelectuais europeus de Imediatamente após a criação do Estado de Israel, em 1948 teve
origem judaica decidiu que seu povo, por séculos desterrados em início o primeiro conflito armado com os países árabes vizinhos.
vários lugares do mundo, só poderia sobreviver, se pudesse Líbano, Iraque, Jordânia, Síria e Egito mobilizaram suas forças
governar a si mesmo - ou seja, criando um país. O movimento armadas na tentativa de aniquilar o recém-criado Estado judeu.
ganhou o nome de sionismo (em homenagem a Sião, um dos Começava, oficialmente, a primeira guerra entre árabes e judeus.
antigos nomes de Jerusalém) e teve como grande mentor e líder o Apoiado por recursos e armamento estadunidense os israelenses
judeu austro-húngaro Theodor Herzl. Foi ele quem lançou as sempre bateram seus adversários nos conflitos nacionais.
bases para a ação sionista e construção da pátria judaica. Em Podemos destacar em 1959, no campo da resistência palestina, a
1896, ele propôs a criação de um país soberano, governado e Criação da Al Fatah, então uma organização guerrilheira palestina,
habitado por judeus, na antiga Terra Santa - que os judeus liderada por Yasser Arafat. Em 1964 surge a Organização para a
chamavam de Eretz Israel, ou Terra de Israel, e os árabes de Libertação da Palestina (OLP), que viria a ser presidida por Arafat,
Filistin ou Palestina. com o objetivo de criar um Estado próprio e combater Israel. A Al
Em 1897, na cidade suíça de Basiléia, os expoentes do sionismo Fatah passa a ser o braço armado da nova organização.
promoveram seu primeiro congresso e criaram a Organização Em 1967 a Guerra dos Seis Dias. Marcou o ataque do Egito
Mundial Sionista, que passou a patrocinar e incentivar a cortou o acesso israelense ao Mar Vermelho. Israel bombardeia
emigração judaica para a Palestina. Egito, Síria e Jordânia e conquista toda a região do Sinai, da
O fim da Segunda Grande Guerra Mundial marcou uma virada Cisjordânia e de Golã, triplicando seu território. Controla a
histórica em favor da criação do Estado judeu. A Palestina totalidade de Jerusalém.
(administrada pelo poderio britânico) virou o destino de centenas Na Guerra do Yom Kippur, em 1973. Egito e Sírio atacam Israel
de milhares de judeus europeus, muito vítimas do Holocausto, no feriado judeu. Israel, governado pela 1ª ministra Golda Meir,
Esses fundaram colônias agrícolas de feitio socialista (os kibutz) e contra-ataca e vence. Os conflitos contra Israel, liderados pelo
passaram a lutar pela criação de seu Estado. A princípio Egito, permanecem até 1979, quando com os Acordos de Camp
negociaram e depois iniciaram conflito com os britânicos, que na David (com mediação dos EUA), Egito e Israel assinam tratado
época faziam um jogo duplo, ora comprometendo-se com os que devolve o Sinai ao país árabe e este reconheceu o Estado de
interesses sionistas, ora fazendo promessas de independência Israel.
total aos árabes. A partir de 1945, militantes sionistas passaram a Em 1982, Israel invade o Líbano e ataca bases da OLP no sul do
atacar as tropas de ocupação, realizando inclusive atentados país. Assume o controle de Beirute ocidental. Acirrada pela
terroristas. Outra frente de batalha foi contra os árabes da pressão de Síria e Jordânia e conflitos internos entre muçulmanos
Palestina, que reagiram com violência à chegada dos imigrantes. e cristãos. Israel permaneceu na região até 1984. As Populações
A violência cresceu até que, em 1947, a Inglaterra resolveu retirar- palestinas sob controle israelense se revoltam 1987 na Intifada
se. O governo britânico anunciou que encerraria sua presença (rebelião) e lutam nas ruas, com armas simples, como paus e
militar na Terra Santa e deixaria que árabes e judeus resolvessem pedras sensibilizando a opinião pública internacional para sua
seu destino. Naquele mesmo ano, a Organização das Nações causa.
Unidas decidiu que a melhor maneira de resolver o impasse era

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Os Acordos de Oslo assinados por Yasser Arafat e Yitzhak Rabin presidentes dos Estados Unidos da América (EUA) e do Irã e abre
em 1993 firmam acordo de paz, estabelecendo autonomia caminho a um entendimento definitivo entre os dois países, que
palestina na Cisjordânia com a Autoridade Nacional Palestina têm relações congeladas desde 1979. Contudo, o acordo foi
(ANP) e na Faixa de Gaza, excetuando-se as colônias de judeus recebido com amplo ceticismo pelo premiê israelense, que o
no interior desses territórios. Rabin foi assassinado por um classificou de “erro histórico”, e por congressistas americanos de
militante judeu contrário aos acordos de paz em 1995. ambos os partidos.
Mas a tensão ganha grandes proporções novamente em 2000 O Globo, (com adaptações).
com a Segunda Intifada. O general e presidenciável Ariel Sharon Tendo o texto acima como referência inicial e considerando o
visita a Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental. O ato é cenário internacional contemporâneo, julgue os itens que se
visto como provocação e detona nova revolta popular. Em 2001, seguem.
Sharon é eleito primeiro-ministro israelense. Toma medidas que (1) Estremecidas desde 1979 com a Revolução Islâmica
desagrada os palestinos, como a construção de uma cerca em liderada pelo aiatolá Khomeini, as relações entre EUA e Irã foram
torno da Cisjordânia. As coisas se complicam ainda mais em 2004 marcadas por enfrentamentos diplomáticos e ameaças de
quando morre Yasser Arafat. Mahmoud Abbas, também do Fatah, confronto bélico, esses são movidos por inflexões tanto políticas
o substitui no comando da Autoridade Palestina. quanto culturais.
Em 2007, o grupo islâmico Hamas vence as eleições (2) Região estratégica sob o ponto de vista econômico,
parlamentares palestinas. Na prática, assume o controle da Faixa devido às grandes reservas e produção petrolífera, o Oriente
de Gaza. Já em 2008 o Hamas passa a lançar foguetes da Faixa Médio é área de constante tensão, com ocorrência de vários
de Gaza em direção a Israel. No fim do ano, Israel responde com conflitos entre árabes e israelenses.
ataques aéreos, matando mais de 400 pessoas. (3) Berço de três grandes religiões monoteístas – judaísmo,
Os corpos dos três jovens israelenses que desapareceram na cristianismo e islamismo -, o Oriente Médio é parte fundamental
Cisjordânia foram encontrados em 30 de junho de 2014, com nas políticas e ações diplomáticas internacionais.
marcas de tiros. Benjamin Netanyahu, primeiro ministro de Israel, (4) As disputas históricas entre árabes e judeus tem seu
culpou o Hamas, que controla Gaza, pelo sequestro dos jovens. O fundamento nas profundas diferenças étnicas e religiosas entre
grupo negou ter qualquer responsabilidade, mas parabenizou a esses dois povos.
ação. Ao menos três outros grupos radicais reivindicaram o (5) O atual presidente dos EUA, Donald Trump declarou se
sequestro dos israelenses. A tensão aumentou, com Israel apoio à manutenção desse acordo.
respondendo aos disparos feitos por Gaza. No dia seguinte, um (6) A declaração oficial do governo iraniano que o uso da
adolescente palestino foi sequestrado e morto em Jerusalém energia nuclear seria direcionado para fins bélicos, demarca no
Oriental. A autópsia indicou que ele foi queimado vivo. quadro da região uma constante tensão com seu vizinho Israel,
Israel prendeu seis judeus extremistas pelo assassinato do garoto visto que esse segundo só faz uso de armamentos convencionais.
palestino, e três dos detidos confessaram o crime. Isso reforçou as (7) As tensões na região, como nos conflitos no Iraque e
suspeitas de que a morte teve motivação política e gerou uma Síria entre autoridades oficiais e o Estado Islâmico (ISIS) foi um
onda de revolta e protestos em Gaza. dos elementos que levaram a esses acordos, visto a ameaça de
No dia 8 de julho, após um intenso bombardeio com foguetes uma alteração de polaridades de controle territorial e poder
contra o sul de Israel por parte de ativistas palestinos, a aviação político.
israelense iniciou dezenas de ataques aéreos contra a Faixa de (8) A reação do primeiro ministro Benjamin Netanyahu ao
Gaza. Os militantes de Gaza responderam aos ataques, anúncio do acordo referido no texto causou surpresa aos analistas
disparando foguetes contra Tel Aviv. Após os bombardeios, Israel internacionais, pois, entre os países árabes, o Irã é o que
decidiu atacar Gaza também por terra. tradicionalmente se mostra mais receptivo às demandas
A diplomacia egípcia se esforça para fazer Israel e o Hamas israelenses.
entrarem em acordo sobre uma trégua em Gaza. (9) As disputas entre Irã e Arábia Saudita pelo controle geopolítico
O Cairo, vizinho e mediador habitual, propuseram um novo cessar- do Iêmen foram esfriadas com esse acordo e a eficiente mediação
fogo em Gaza para deter uma guerra que em 49 dias deixou 2.134 diplomática estadunidense.
mortos do lado palestino, 70% deles civis, segundo a ONU, e 68 (10) A Arábia Saudita é importante aliada dos EUA e, durante
do lado israelense, incluindo 64 soldados. recente visita em 2017, teve esse status reafirmado por Donald
Trump.
Exercícios 2. Após reações dos EUA e da oposição em um país do
mundo árabe muçulmano (localizado no Oriente Médio), fez com
1. Seis potências assinaram um acordo histórico com o Irã, que a ONU retirasse o convite para que o Irã participasse da
com o intuito de frear o programa nuclear do país persa em troca conferência sobre a paz em janeiro/2014. O argumento é de que
do alívio moderado de sanções internacionais. O pacto, previsto Teerã – um dos maiores apoiadores do referido regime ditatorial
para durar seis meses, foi celebrado como vitória pelos de Assad – não avalizou a ideia de promover um governo

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transitório ao país árabe. A conferência de paz, que foi realizada (3) Todos os ditadores contra os quais as manifestações
na Suíça, é considerada o maior esforço diplomático até agora populares se dirigiram foram depostos de seus cargos nos países
para pôr fim à guerra civil, que completa três anos com um saldo onde aconteceu a primavera árabe.
de mais de 100 mil mortos e milhões de refugiados.
Assinale a alternativa que indica a qual país, inserido no contexto 5. Um país inserido no que se classifica geopoliticamente
da Primavera Árabe, o texto apresentado faz referência. de mundo árabe muçulmano e geograficamente no norte da
a) Egito, que passa do contexto da Primavera Árabe para o África, foi o primeiro a realizar os protestos dentro do que se
contexto da revolução e contra revolução, haja vista ter escolhido costumou classificar como “Primavera árabe”. Em dezembro de
em 2014, por meio do sufrágio universal, um representante pela 2010, um jovem universitário foi proibido de vender legumes na
via democrática. rua e ateou fogo ao próprio corpo em protesto. Em 14 de janeiro
b) Líbia, que, por ter a indústria naval como a principal fonte de de 2011, o então presidente, que estava no poder havia 23 anos,
riqueza do país, facilitou todo o seu processo eleitoral para levar renunciou. Foi a inspiração para outros países muçulmanos
ao poder Mohamed Morsi. iniciarem suas “revoluções”.
c) Iraque, que, com seu ameaçador programa nuclear para fins Disponível em: <http:/redes.moderna.com.br/2013/
militares, aprovado recentemente pela ONU por intermédio da primavera.arabe> (com adaptações).
Agência Internacional de Energia Atômica, ameaça a segurança
O país e seu presidente, relacionados no texto são,
de um importante aliado na região dos EUA, no caso, Israel.
respectivamente,
d) Trata-se do Líbano, que, nos primeiros meses de 2014, sofreu
(A) Síria e Bashar Al-Assad.
constantes atentados em Beirute, onde a autoria foi
internacionalmente confirmada pelo Hezbollah, braço político do (B) Iêmen e Ali Abdullah Saleh.
governo sírio de maioria alauíta. (C) Líbia e Muamar Kadafi.
e) Trata-se da Síria, que vive, na atualidade, uma guerra civil e é (D) Egito e Hosni Mubarak.
controlada com mãos de ferro por Bashar Hafez al-Assad e tem (E) Tunísia e Zine El Abdini Ben Ali.
como principal aliado na região o Irã e, no Conselho de Segurança 6. Considerando o quadro de conflitos na Síria, iniciados em 2011,
da ONU, conta com o apoio da Rússia. julgue os itens subseqüentes.
3. O grupo de seis países conhecido como G5+1 finalizou (1) O conflito na Síria inaugurou o processo histórico conhecido
na madrugada deste domingo (24), após quatro dias de como Primavera Árabe.
negociações, um acordo de seis meses com o Irã que prevê a (2) As principais causas do conflito atual na Síria incluem a
redução do programa nuclear iraniano em troca derrubada do regime ditatorial de Bashar al-Assad, no poder
(http://noticias.uol.com.br, 24.11.2013) desde 2000, e a luta por direitos civis.
Em troca desse acordo com as seis potências, (3) País de maioria sunita e governado pela minoria alauíta, a Síria
a) o Irã poderá aumentar o enriquecimento de urânio. vem sendo ameaçada pelo avanço do bloco jihadista Estado
b) os bens de iranianos no exterior foram bloqueados. Islâmico.
c) Israel fez o reconhecimento oficial do governo iraniano. (4) Apesar de sua neutralidade nas questões vizinhas que
d) as sanções econômicas ao Irã foram aliviadas. envolvam Israel e palestinos, a Síria é alvo da forte oposição
iraniana.
e) o Irã ficará livre das inspeções de agentes da ONU.
(5) Governada por xiitas, ramo alauíta, a Síria é ponto de oposição
4. Em dezembro de 2010, um jovem tunisiano,
geopolítica aos governos sunitas.
desempregado, ateou fogo ao próprio corpo, como manifestação
contra as condições de vida no país. Ele não sabia, mas o ato 7. (CESPE/2013)-Atualmente, é generalizada a impressão
desesperado, que terminou com a própria morte, seria o início do de que ocorre, na Síria, uma guerra civil que repercute de modo
que viria a ser chamado mais tarde de primavera árabe. negativo na política internacional. Com relação a esse assunto,
assinale a opção correta.
Estadão. In: Internet: <www.topicos.estadao.com.br> (com
adaptações). A. A União Europeia apoia o governo sírio por temer uma possível
influência russa na região.
Com relação à primavera árabe, julgue os itens que se seguem.
B. A Síria é uma tradicional aliada dos EUA no Oriente Médio.
(1) A primavera árabe foi uma onda de manifestações
populares e revolucionárias que ocorreu em países localizados no C. O regime democrático em vigor na Síria é destoante das outras
Oriente Médio e no norte da África. Essas manifestações ditaduras presentes na região.
concentraram-se, principalmente, em países do mundo árabe. D. A histórica inimizade entre Síria e Irã tem gerado profundas
(2) Nos países árabes, o surgimento de uma liderança tensões geopolíticas.
central possibilitou a coordenação de manifestos contra as E. A Síria integra o grupo xiita que se opõe a Israel, ao Egito e às
ditaduras políticas. monarquias árabes sunitas.
8. Sobre o conflito entre árabes palestinos e judeus em Israel e
suas implicâncias internacionais analise os itens abaixo:

6
ATUALIDADES
Professor: Batista

1. Amparados no Hamas, os setores radicais na Faixa de Gaza d) Os EUA e sua política de neutralidade defendem uma
permanecem com seu conteúdo programático que prega a solução pacífica para o conflito.
destruição do Estado de Israel, o que evidencia uma inflexão e e) Com o apoio de toda a sociedade israelense, os ataques
antagonismo nas possibilidades de resolução da questão. fazem parte de uma ofensiva que demarca a intenção de Israel em
2. Apesar dos esforços da administração Obama, as dificuldades anexar Gaza como área para colonos judeus.
para encontrar uma solução pacífica, essas esbarram na falta de
tradição dos EUA em mediar os conflitos na região.
3. Apesar do período em que a Irmandade Islâmica esteve à frente
do poder no Egito e tentou, por via diplomática, a aproximação de
Israel o golpe militar que derrubou Mohamed Mursi reativou as
velhas diferenças e conflitos históricos entre as duas nações.
4. Devido às diferenças étnicas, históricas e culturais entre judeus
e árabes é possível afirmar que esse é o maior ponto de
fundamento do conflito que já dura séculos.
5. A Cisjordânia administrada pelo Fatah é o principal foco das
atividades bélicas contra o Estado israelense e seus cidadãos.
6. O não reconhecimento da ANP (Autoridade Nacional Palestina)
por parte de Israel é, desde os acordos em Oslo, uma das
questões que mais agravam o conflito.
9.(CESPE) Na atualidade, um país do Oriente Médio vive
sangrenta guerra civil, de grande repercussão internacional, o que
torna ainda mais conturbado o panorama da região. Aproxima-se
de dois milhões o número de refugiados que buscam
desesperadamente abrigo fora desse país, que é governado pelo
ditador Bashar al-Assad. Essas informações referem-se:
A. à Síria.
B. à Palestina.
C. ao Irã.
D. ao Iraque.
E. à Jordânia
10.”Os ataques de Israel contra a Faixa de Gaza mataram 26
palestinos nas primeiras horas desta terça-feira (29), incluindo
nove mulheres e quatro crianças, após uma segunda-feira (28)
particularmente sangrenta no conflito com o movimento islâmico
Hamas.Em 21 dias, a ofensiva de Israel matou 1.113 palestinos -
70% civis - e deixou cerca de 6.200 feridos.A aviação israelense
também bombardeou na manhã desta terça a casa de Ismail
Haniyeh, líder do Hamas na Faixa de Gaza, situada no campo de
refugiados de Shatti, no noroeste do território palestino, informou a
família do dirigente.” Portal G1 29/07/2014
Tendo o texto como base e as relações políticas e históricas
implicadas ao assunto assinale a opção correta:
a) O conflito em questão tem origem e remete às disputas e
enfretamentos que se repetem quase ininterruptamente há vários
séculos entre árabes e judeus.
b) Apesar de sua proximidade com os EUA, o Hamas que
controla a Faixa de Gaza exige em sua luta que Israel reconheça
a Autoridade Nacional Palestina como representante oficial para
as negociações de paz.
c) Os ataques israelenses à faixa de Gaza em tiveram
como principal argumento os ataques de mísseis que partem
dessa região contra territórios judeus.

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