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TEOLOGIA PROTESTANTE BRASILEIRA

Marcos Paulo Vieira


H.I. 7
1998

1- Existe futuro para o protestantismo institucional ?

Depende de que futuro estamos falando. É certo que não podemos afirmar   
com segurança a morte do protestantismo institucional no futuro. Uma instituicao   
secular, solida apesar de suas carencias, não desaparece.
   Poderíamos falar, então, de uma acentuação do processo vegetativo do
protestantismo clássico, que no mercado religioso não esta apto a concorrer com o 
pentecostalismo tradicional, com o neopentecostalismo e nem tão pouco com o
catolicismo popular, reavivado na renovação carismática, tornaríamos talvez,
como um doente terminal cujo fim custa a se tornar real. Estaríamos como mortos
ainda que estando vivos.
    Existe cura para essa doença ?
    Por certo que sim. Entendo, porem, que nenhuma das hipótese de
cura para essa situação podem ignorar a necessidade de uma renovação liturgica.
Nos próximos 25 anos estará entrando em nossas igrejas a primeira geração
que cresceu tendo o computador como objeto domestico de lazer e estudo. Será
uma geração de aguçada percepção visual, de um raciocínio pratico e com um
reflexo nas ações impressionante.
Imagino o impacto que essa geração não produzira em nossa liturgia, se
acaso estivermos abertos para essa renovação. Seria uma mudança em nosso
referencial auditivo, para um referencial visual. Onde nossa relação cultica com o
sagrado não mais estaria centrada na palavra racional e sim no sensitivo que
emana dos elementos religiosos e do simbolismo extraídos na liturgia do culto.
Penso, então que ao invés de ficarmos discutindo se deve-se ou não realizar uma renovação
litugica na I.P.B., devemos começar já a discutir a melhor forma de implantarmos essa renovação
afim de que venhamos a preservar nossa identidade e produzir diferença em nossa sociedade
também, e por que não, através de nossa liturgia, e sua irreversível abertura.
Precede, porem, essa renovação liturgica, uma renovação na forma como
fazemos e tornamos acessível nossa teologia.
Imagino como a teologia de Calvino causou impacto na sociedade medieval
de Genebra, que vinha de séculos de opressão por parte de um catolicismo
centrado nas indulgencias e no clericanismo, onde nossa teologia ousou afirmar
que a salvação é pela fé e o sacerdócio era universal, sendo que aqueles que
aderissem a esses postulados produzidos pelo calvinismo eram eleitos e escolhidos
por Deus.   
Hoje, em nossa sociedade pós- moderna, a única teologia que causa impacto
e a teologia da prosperidade, que reflete os anseios de uma sociedade de consumo,
tal como o calvinismo saciava os interesses daquela sociedade renascentista.
   Seria o caso de aderirmos a teologia da prosperidade?
Não, deveríamos sim estarmos refletindo acerca de como podemos tornar nossa      teologia
relevante para o Homem pos-moderno, sem que necessariamente tenhamos que modifica-la.
Obedecido esses critérios certamente poderemos vislumbrar um futuro
melhor que o estado vegetativo para o qual estamos caminhando.

2- Qual a critica que o autor faz ao protestantismo de missão ?

Analisando o contexto histórico da inserção do protestantismo, o autor critica


a inexistência de um pensamento teológico produzido pela igreja protestante             
nacional.
Essa inexistência e facilmente compreendida quando levamos em conta que
o grande propósito da igreja era combater as heresias do catolicismo nacional,
considerado pagão, e que a sua teologia era composta por um sistema fechado,
reproduzido, portanto pelos seminários sem possibilidade de analise critica.

3- A pratica protestante no Brasil segundo o autor, não e marcada pela reflexão teológica.
Comente os temas defendidos por Rubem Alves que caracterizam a pratica protestante.
O autor levanta dois pontos centrais no seu pensamento que caracterizavam a
pratica protestante nacional, a polemica anti-religiosa e o enfático interesse no
crescimento de suas congregações. Dissertando sobre o mesmo tema o autor trata
como ponto secundário a forma como se articula o sucesso pastoral.
Ainda Hoje encontramos resquícios de uma ideologia anti católica em nossas
igrejas, e certo que em menor escala do que no período de inserção do
protestantismo em nossas terras, pois existe a ascensão do pentecostalismo, sendo
necessário uma construção apologética que defenda as nossas doutrinas e portanto
nossas raízes.
Construindo essa muralha partimos, então, para uma acirrada disputa no
mercado religioso, lutando de forma desigual com as novas comunidades religiosas,
a fim de aumentarmos nossas congregações.
Dessa forma e necessário estabelecer um perfil exato de Ministro, sendo que
aqueles que não se encaixam nesse estereotipo são logo postos para trás da muralha
a fim de não contaminar nosso rebanho.
O perfil descrito por Rubem Alves e exato e real. A mentalidade da igreja se
adequa melhor a um comunicador carismático, do que ha um teólogo que busca
responder com sua teologia duvidas e anseios da sociedade na qual esta inserido.
Não digo que todas as características descritas são descartáveis, porem
concordo com o autor quando esse afirma a diferença abissal entre o seminário e a
situação de um pastor de igreja local.

4- Como você analisa o protestantismo do século XX?

Inicialmente poderia classificar o protestantismo nacional como


inexpressivo, sem nenhuma contribuição na vida social nacional, bem como uma
pífia e superestimada participação numérica na população.
Ratificando as palavras do autor poderia classificar o protestantismo nacional como
esteiro, sem nada a acrescentar na reconstrução do Homem brasileiro diferente do
pentecostalismo que apesar de seus devaneios teológicos ainda sim
sociologicamente carrega uma contribuição marcante na vida nacional.
Por fim podemos afirmar com segurança que o protestantismo nacional esta
fadado não a extinção, mas a um    doloroso processo vegetativo, que produzira um
ciclo sem fim de inoperancia e falta de Missão em terras brasileiras.

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