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de Apoio                                                                                                 O Perfil do Plantador

O Perfil do Plantador
Fabrini Viguier

Introdução

“E isto afirmo: aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com
abundância também ceifará”
II Coríntios 9:6

Durante muitos anos qualidades como carisma, empatia e “visão espiritual” foram consideradas
suficientes para o exercício da plantação de uma nova igreja. O que se acreditava, estimulava e até
defendia era que bons plantadores teriam talentos inatos, agraciados por uma vocação divina,
usados para conquistar seguidores e despertar o entusiasmo dos futuros fiéis ou conseguir
obediência. Essa teoria sugeria que pessoas com perfil de plantador poderiam ser bem-sucedidas
em qualquer local, em qualquer tempo e em qualquer circunstância ou situação.

Porém, baseado em quase 15 anos de experiência em plantação de igreja, acredito que urge a
necessidade de uma melhor avaliação do candidato a plantador.

Em vez de apenas desfrutar o dom da agraciada vocação inata, o plantador contemporâneo precisa
apresentar algumas características fundamentais para a possibilidade do sucesso de sua plantação.
Digo possibilidade, claro, porque nos é impossível prever o futuro. Desta forma, não temos como ter
certeza absoluta de que uma vez preenchidos todos os pré-requisitos, a plantação se concretizará
de forma inerrante. Plantação de igreja não é, de todo, uma ciência matemática. Obviamente
dependemos muito e antes de tudo, da Soberana Providência. Contudo, uma vez que acreditamos
que o crente não é salvo por, mas para as boas obras, também acredito que a vocação do plantador
não é através mas expressa determinadas características.

E quais seriam estas características? Vamos ver:

Caráter

Antes de qualquer coisa, é necessário que o plantador de igreja seja um homem de profundo
compromisso com Deus e com a expansão de Seu reino. Parece óbvio, mas o que infelizmente
tenho visto em larga escala é a errônea intenção para a plantação de uma igreja.

Em alguns momentos a plantação pode parecer um lucrativo “negócio”, ou uma “profissão” substituta
para frustradas vocações profissionais. Talvez possa ser encarada como muleta para problemas de
auto-estima ou se tornar até mesmo, uma herança familiar. Só existe uma razão certa para que uma
nova igreja seja plantada: salvação de almas. Isto precisa ficar bem claro. Isto posto, continuo
falando sobre o caráter do plantador.
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Um verdadeiro plantador não se vê fazendo nada além do que plantando sua igreja. Ele precisa ter
um coração queimando pela visão que Deus lhe deu. Assim como Noé ardia pela arca, Abraão por
sua promessa, Neemias pela restauração do muro e Paulo pela evangelização das nações. O
plantador tem sua futura igreja não como uma idéia fixa, mas como a expressão concreta da
vontade do Pai para a sua vida.

Uma das definições de caráter é firmeza de vontade. Pois bem, o plantador precisa ter a
perseverança da certeza de sua vocação.

Piedade

Não somente é necessário que o plantador tenha o coração de um verdadeiro cristão, como também
é imprescindível que ele apresente atitudes cristãs. Segundo o apóstolo Paulo em texto
extremamente conhecido de palavras divinamente inspiradas em sua primeira epístola a Timóteo,
capítulo 3, versículos 1 a 13, o vocacionado ao ministério pastoral deve ser “irrepreensível, fiel à
sua esposa, (a qual ele ama e da qual ele cuida e se deixa ser cuidado por ela, nota do autor),
temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto a ensinar, não dado ao vinho, não violento, porém
cordato, inimigo de contendas, não avarento; e que governe bem a própria casa, criando seus filhos
sob disciplina, com todo o respeito, (pois se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará
da igreja de Deus?), não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na
condenação do diabo. Pelo contrário é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim
de não cair no opróbrio e no laço do diabo.”

Como já mencionado anteriormente, o plantador precisa apresentar boas obras como expressão de
seu cristianismo, ter compaixão por pessoas necessitadas, (física, emocional e espiritualmente), ter
uma vida devocional constante e ativa na oração, na meditação e no estudo da palavra de Deus.

Teologia

Durante muitos anos as duas primeiras características foram consideradas suficientes para a certeza
da bem sucedida execução de plantação de uma igreja. Podemos nos arriscar a dizer que esta
opinião é fruto de uma visão errada de cristianismo que hipervaloriza a expressão da manifestação
divina transcendente, em detrimento de Sua manifestação imanente.

O que podemos entender por imanência é que Deus está presente e ativo dentro de sua criação
agindo nos processos naturais e por meio deles. E o que podemos entender por transcendência é
que Deus não é uma mera qualidade ou expressão da natureza e da humanidade. Ele age por
meios que não nos são naturais.

Ambas as verdades são biblicamente explicitadas. Vemos destacada em Jeremias 23:24, por
exemplo, a manifestação de Deus em todas as partes do universo: “Ocultar-se-ia alguém em

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esconderijos, de modo que Eu não o veja? –diz o Senhor; porventura, não encho Eu os céus e a
terra?-diz o Senhor.”

Por outro lado, lemos em Isaías 55:8,9 que os pensamentos e os caminhos de Deus transcendem os
nossos : “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vosso caminhos,
os meus caminhos, diz o Senhor, porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim
são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos
do que os vosso pensamentos.”

É importante manter juntas estas duas doutrinas com a prática devocional e o estudo teológico.
Sendo Deus o criador da mente humana, não há razão para acreditar que Ele não tenha interesse
em utilizá-la em sua melhor expressão, contudo, dependemos sempre de sua graça inspiradora.

O estudo da teologia (literalmente, estudo de Deus), não é apenas um estudo de eventos históricos
específicos, mas da própria natureza de um Deus vivo e atuante na História da humanidade. A
teologia nos permite expressar de forma mais clara todas as crenças fundamentais do cristianismo,
isto é, doutrinas.

Uma teologia bem estudada precisa ser bíblica. Seu conteúdo principal vem da leitura e estudo das
Escrituras. Precisa ser sistemática, ou seja, não abordar cada livro canônico separadamente, mas
juntar em um todo coerente o que toda a Escritura afirma sobre dado assunto. Precisa ser elaborada
no contexto da cultura humana. Deve relacionar os ensinos das Escrituras com os dados
encontrados em outras disciplinas que abordam o mesmo assunto em questão. Precisa ser
contemporânea: trazer verdades bíblicas atemporais para a realidade e compreensão das pessoas
que vivem hoje. E precisa ser prática, passível de aplicação à vida cotidiana.

Podemos destacar a Teologia Reformada como possuidora de todas estas características. Sendo
assim chamada por causa da reforma protestante do século XVI, é solidamente baseada na Bíblia.
Primeiramente encabeçada por Martinho Lutero, recebeu contribuições de John Knox e João
Calvino, os quais apoiaram-se nos ensinamentos dos gigantes da fé que os precederam, tais como
Anselmo e Agostinho, que por sua vez se basearam nas cartas de Paulo e nos ensinamentos de
Jesus. Os cristãos reformados sustentam as características de todos os cristãos, como a Trindade, a
verdadeira divindade e humanidade de Jesus o Cristo, a salvação somente através do sacrifício de
Jesus, a instituição divina da igreja como corpo de Cristo, a inspiração bíblica, a necessidade de
santificação dos crentes e a ressurreição dos corpos quando da segunda vinda de Cristo. E ainda
sustentam outras doutrinas em comum com cristãos evangélicos, tais como a justificação somente
pela fé, a necessidade do novo nascimento a segunda vinda de Cristo e a Grande Comissão. Sendo
assim, no que a Teologia Reformada se diferencia?

Em primeiro lugar, na ênfase da inspiração, autoridade e suficiência da Bíblia. Sendo a Bíblia a


Palavra de Deus, com a autenticação e a autoridade do próprio Deus, é vista pelos reformadores e
reformados como superior a todos os governos e todas as hierarquias da Igreja. Em resumo: não
importa o que é dito, ou quem disse, tem que estar em total conformidade com aquilo que a Bíblia
diz. A Bíblia não necessita ser complementada por uma revelação “nova” ou “especial”, ela é o guia
completo para tudo que devemos ser e fazer como cristãos.

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Em segundo lugar, na importância dada à doutrina da soberania de Deus. Soberania significa


governo e a soberania de Deus significa que Ele governa Sua criação com absoluto poder e
autoridade. Deus determina o que vai acontecer e acontece. Deus não é pego de surpresa, fica
decepcionado, frustrado, ou derrotado pelas circunstâncias, pelo pecado ou pela rebeldia de Suas
criaturas. Ele é soberano e determinador de todas as coisas.
Em terceiro lugar na total confiança na doutrina da graça. A doutrina da graça diz o seguinte: Todo
homem é mau e o homem é todo mau. Isto teologicamente é denominado depravação total.
Significa que todos os seres humanos são afetados pelo pecado em todos os campos de seus
pensamentos e conduta, de forma que nós necessitamos plenamente da graça de Deus para fazer
qualquer coisa que Lhe seja agradável.

A doutrina da graça ainda afirma que os pecadores são tão desamparados em sua depravação, que
são totalmente incapazes de conhecer a deus e servi-Lo, então, o único meio pelo qual eles podem
ser salvos é quando Deus toma a iniciativa de Se revelar a eles, salvando-os. Ou seja, Deus escolhe
salvar aqueles que, sem Sua soberana escolha e subseqüente ação, certamente pereceriam. A isto
chamamos eleição incondicional .

A doutrina diz também que o sacrifício de Jesus tinha um propósito específico que foi realizado:
Jesus pretendia salvar e salvou somente aqueles por que Ele morreu, isto é, aqueles a quem O Pai
escolheu salvar. Esta parte da doutrina tem por nomenclatura expiação limitada, mas também pode
ser definida por expiação particular ou específica.

A doutrina da graça ainda se refere ao que chamamos graça irresistível, que quer dizer que
quando Deus age em nosso coração, regenerando-nos e criando uma vontade renovada, o poder do
pecado em nós é superado e o que antes era indesejável torna-se totalmente desejável. A graça
supera o pecado e realiza os desígnios de Deus em nós.

Por fim, a doutrina da graça se apóia na perseverança de Deus em nos manter santos e preservar
em nós a fé que Ele mesmo plantou, a fim de que não nos distanciemos dEle, o que certamente
aconteceria se Ele não interviesse e fôssemos deixados ao bel prazer de nossas próprias
concupiscências. Movidos por Sua perseverança, nós perseveramos. A nomenclatura?
Perseverança dos santos.

As expressões em destaque são conhecidas como os cinco pontos do Calvinismo.

Para terminar, em quarto lugar, a Teologia Reformada também enfatiza o mandato cultural ou a
obrigação dos cristãos de viverem ativamente em sociedade e trabalharem para a transformação do
mundo e suas culturas pagãs. Isto inclui obras sociais e espirituais, sem substituição.

O fato de crermos na Teologia Reformada não nos deve impedir de evangelizar, pelo contrário. É
claro que dependemos do agir e mover de Deus, mas, é justamente porque Deus executa a obra
que nós podemos ter coragem de nos unir a Ele, da forma que somos ordenados por Jesus a fazer,
na Grande Comissão. Cumprimos Suas ordens com alegria, crendo que nossos esforços não serão
em vão.

Uma boa e bem definida teologia é fundamental para que a igreja iniciante não só entenda e
determine seu caminho futuro, como evite se deixar levar por qualquer vento de doutrina.
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O plantador que desde o começo define a teologia da igreja plantada evitará decepções e
aborrecimentos quanto à questão doutrinária.

Formação Acadêmica

O conhecimento da teologia requer estudo e dedicação. Visto que já entendemos que Deus não só
não se opõe como se faz valer da utilização da expressão da mente humana, não há porque não
investir no conhecimento intelectual como uma das ferramentas divinas para a boa plantação de
uma igreja.

O melhor lugar para um estudante de teologia desenvolver suas aptidões intelectuais é em um


seminário teológico. Dentro de um seminário ele terá uma avaliação imparcial fugindo dos possíveis
desvios de uma auto-avaliação, sujeita a vícios doutrinários e visões pré concebidas. Sua avaliação
também será beneficiada pelo tempo de duração do curso ( geralmente 4 anos), e pela possibilidade
de interação com diferentes pessoas tanto do corpo docente (que lhe servirão até mesmo de
modelos), como do corpo discente (futuros colegas ministeriais).

É importante que o seminário escolhido siga uma linha teológica biblicamente compatível e
conseqüentemente saudável, plenamente de acordo com a linha teológica da denominação
apoiadora do plantador.

Dentro do seminário o estudante terá acesso a um vasto material literário, supervisionado por
professores experientes que lhe estimularão a estudar assuntos e abordagens diversas, a fim de que
sua mente seja estimulada a crescer em conhecimento e raciocínio.

Habilidades

No processo de avaliação do candidato a plantador de igreja algumas habilidades precisam ser


observadas porque lhe serão necessárias no decorrer do percurso de plantação. São estas:

Levantar recursos: Por mais que o plantador conte com uma instituição de apoio no início de
sua plantação, (o que nem sempre ocorre), sua ajuda terá muito provavelmente, data de
término. Desta forma, quanto antes a igreja iniciante começar a levantar os recursos
necessários à sua própria manutenção, melhor será para todas as partes envolvidas. Se por
acaso não há como contar com apoio financeiro externo, a captação de recursos se torna
vital para o sucesso da plantação. Para um bom levantamento de recursos o plantador
precisa ter absoluta certeza de que a entrada seja maior do que a saída. Parece óbvio, mas
muitas igrejas iniciante drenam seus recursos inconscientemente. Um bom conselho para
que isto não aconteça seria: não se envolvam com serviço social no começo. Esperem até
que a igreja tenha reservas de sobra. O serviço social (muito nobre e muito estimulado) é
uma constante drenagem de recursos, sem fonte. Para este propósito a igreja precisa dispor
de uma fonte bastante consistente a fim de não prejudicar sua própria demanda.
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Agregar e motivar as pessoas: Como líder o plantador deve exercer uma influência especial
e não forçada sobre os outros. Na verdade, sua força (depois da graça divina), deriva da
profunda confiança que seus seguidores depositam nele. O fator mais importante para
formar um grupo coeso é a unidade de propósito. A capacidade do plantador no sentido de
encorajar tal unidade é um fator importante para seu sucesso à frente deste grupo. Um bom
plantador deve ter boa compreensão da realidade do local aonde deseja plantar sua igreja e
das necessidades reais de seus já e possíveis seguidores. Deve manter uma sensibilidade,
uma percepção aguçada em relação às pessoas que Deus lhe confiou e pelas quais é
responsável. Deve estar sintonizado com seu ambiente, avaliar meticulosamente a situação
e se preparar antes de entrar em ação. Mas sua sensibilidade em relação aos outros deve
sempre ser focalizada pela perspectiva da visão que Deus lhe deu. Isto é, uma imagem
clara de algo que o plantador quer que seu grupo seja ou faça. Pensar continuamente na
visão induz à ação. Ele precisa procurar conduzir o grupo para as metas que atenderão às
necessidades dessas pessoas – quer o grupo tenha ou não consciência delas. É através do
cumprimento de determinadas metas que a visão do plantador se cumprirá. Para ser
eficiente, o plantador deve sempre trabalhar de acordo com a visão que Deus lhe deu. Ele
só consegue isto estabelecendo eficientemente suas metas. Quanto mais claras forem as
metas, mais nítido será seu foco, e vice-versa. Um eficiente estabelecimento de metas põe
em foco a visão do plantador pela percepção dos passos que deverá dar para realizá-la. O
estabelecimento de metas é uma disciplina contínua do verdadeiro líder. Se ele falhar neste
ponto destruirá a confiança dos seguidores porque destruirá sua credibilidade.

Ser altruísta: Um plantador precisa ser um verdadeiro líder e não pode haver verdadeira
liderança sem amor. O verdadeiro amor não é meramente uma emoção sentimental, mas,
sim, um ato da vontade com a qual o líder cristão opera visando o bem dos outros. A
Escritura diz que temos de amar exclusivamente a Deus, “ de todo o teu coração. De toda a
tua alma e de todo o teu entendimento”. Devemos amar a nós mesmos com uma
autoconfiança que provem do domínio do Espírito Santo que em nós habita. E devemos
amar ao próximo, dando-nos altruisticamente e liberalmente aos outros na forma de
beneficiência e ajuda.

Ser criativo: A criatividade é excitante. O processo criativo é também a parte mais terrível
porque você não sabe o que vai acontecer, aonde chegará ou se os resultados vão
corresponder às suas expectativas. Contudo, a criatividade é fundamental para uma bem
sucedida plantação de igreja e requer uma boa dose de auto confiança. Sem dúvida, você
precisar deixar o conforto de sua comodidade e enfrentar a imensidão do desconhecido,
totalmente novo. Tornar-se um pioneiro, um desbravador. Abrir novas possibilidades, novos
territórios, novos caminhos, para que os outros possam segui-lo na busca por Cristo.Talvez
uma das atitudes mais importantes no uso da criatividade em plantação de igreja, seja a
quebra de determinados paradigmas ou dogmas evangélicos que atrapalham o progresso
de seu ministério. Eu aconselharia você a fazer uma profunda análise do meio ambiente no
qual pretende plantar sua igreja. Como são as pessoas, seus hábitos e costumes, enfim, a
“vida” do local. Tendo esta análise por base, peça a Deus e use sua mente para entender
atividades, ambientes, atitudes que estejam de acordo com o que você constatou. Assim
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feito, busque estudar biblicamente o que lhe é permitido desenvolver, como pessoa e como
igreja, a fim de tornar seu ministério interessante a seus seguidores atuais e futuros.

Ser empático: Os quatro tipos básicos de comunicação são: ler, escrever, falar e ouvir.
Estamos constantemente aprendendo a falar, na verdade desde que nascemos. Levamos
anos aprendendo a ler escrever. Mas quanto a ouvir? Comparativamente, poucas pessoas
têm um treinamento para ouvir o que quer que seja. Se você deseja interagir eficazmente
com as pessoas, influenciar seus pensamentos, primeiro precisa compreender. Precisa ser
empático e não há como ser empático com uma pessoa sem ouvi-la.Tentar primeiro
compreender implica uma mudança profunda de paradigma. Tipicamente, nós procuramos
primeiro que nos compreendam. Esta é uma tentação típica de um plantador que sabe ter a
visão do que Deus realmente quer para aquelas determinadas pessoas. Contudo, se você
deseja realmente exercer bem sua liderança, fazer com que as pessoas entendam e
abracem a visão que Deus lhe deu, motivar seus seguidores e ser eficaz no hábito da
comunicação interpessoal, precisa aprender a ouvir. Caso contrário você não será ouvido.
Quando uma pessoa está falando o líder deve praticar a chamada atenção empática.
Quando falo em atenção empática, não estou me referindo às técnicas de ouvir de modo
ativo ou passivo, que basicamente se resumem a repetir o que a outra pessoa disse. Esse
tipo de atenção se baseia na habilidade, está desvinculada do caráter e do relacionamento,
e com freqüência insulta as pessoas que estão sendo “ouvidas”. Elas também são
essencialmente autobiográficas. Quando eu falo em atenção empática estou me referindo à
atenção com a finalidade de compreender. A atenção empática entra dentro do quadro de
referência da outra pessoa. A empatia não é igual à solidariedade. A essência da atenção
empática não está em concordar com alguém, mas sim em compreender aquela pessoa
profundamente, nos planos emocional, espiritual e intelectual, desta forma a atenção
empática é poderosa porque lhe dá informações precisas para trabalhar.

Ser pró-ativo X ser inativo: Apesar da palavra pró-atividade ser atualmente muito comum nos
livros sobre administração, trata-se de um termo que não encontraremos na maioria dos
dicionários. Ela significa muito mais do que tomar a iniciativa. Implica que nós, como seres
humanos, somos responsáveis por nossas próprias decisões e suas conseqüências.
Possuímos iniciativa e responsabilidade suficientes para fazer com que as coisas
aconteçam. Pessoas super pró-ativas acostumam-se com a responsabilidade. Não colocam
a culpa por seu comportamento nas circunstâncias ou condições. Seu comportamento é
fruto de sua própria escolha consciente, baseada em valores, e não resultado de um
condicionamento, baseado em sentimentos. Ser proativo é tomar a iniciativa, se arriscar ao
invés de se preservar, é correr o risco, é unir a criatividade com a atividade a fim de não ficar
à mercê do ambiente e circunstâncias. É delegar ao invés de centralizar.

Ser excelente: Por mais incrível que possa parecer, apesar da afirmação do apóstolo Paulo
de que quem deseja o pastorado excelente obra deseja, muito raramente o ministério
pastoral é tratado com a excelência que lhe é devida. Não somente por parte dos fiéis, mas,
sobretudo, por parte dos próprios pastores, plantadores aí incluídos. O processo de
plantação de igreja nada mais é do que o desenvolvimento de um ambiente no qual as
pessoas se aproximarão de Cristo pela primeira vez ou por continuidade em seu processo
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de santificação. Não nos deveria ser surpreendente então, que tudo que estivesse
relacionado com este processo fosse tratado com o máximo de zelo e dedicação possível. A
excelência deve ser buscada pelo plantador desde o primeiro momento de seu chamado.
Excelência em sua conduta e vida devocional, excelência na expressão de sua fé, em seu
estudo teológico e posterior exposição das Escrituras através de ensino e pregação,
excelência em sua vida acadêmica, no desenvolvimento de suas habilidades e também na
parte física de sua igreja. Precisamos lidar com a casa de Deus com o mesmo coração do
rei Davi ao planejar a construção do templo, buscando em nosso ministério a excelência
moral, estética e funcional. De maneira que não só a igreja seja reconhecida por uma
teologia madura, bem pregada e aplicada, como também por sua pontualidade, limpeza,
cordialidade, serviço, relevância moral e estética. Se queremos ter um ministério digno do
Nome que proclamamos e respeitável de vemos buscar a excelência em toda sua expressão
porque a excelência espanta a mediocridade e a mediocridade exorciza a excelência.
E que Deus nos abençoe!

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Bibliografia

- A estratégia Starbucks , Joseph Michelli / Editora Campus

- As 21 irrefutáveis leis da liderança , John C. Maxwell / Ed. Mundo Cristão

- Bíblia de Genebra – Teologia Refomada , James Montgomery Boice

- Bíblia Sagrada – versão revista e atualizada , João Ferreira de Almeida

- Concordância Bíblica - Sociedade Bíblica do Brasil

- Minidicionário da língua portuguesa , Silveira Bueno / FTD

- Liderança espiritual , J. Oswald Sanders / Ed. Mundo Cristão

- O oitavo hábito , Stephen R. Covey / Editora Campus

- Os sete hábitos das pessoas muito eficazes , Stephen R. Covey / Editor Best Seller

- Revista Mente e cérebro , ano XV , número 177

- Seja um líder de verdade , John Haggai / Editora Betânia

- Talento não é tudo , John C. Maxwell / Ed. Thomas Nelson Brasil

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