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DIDÁTICA DO

ENSINO RELIGIOSO

BACHAREL EM TEOLOGIA
2
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 03
CAPÍTULO I - ALGUNS CONCEITOS 04
CAPÍTULO II - TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS 09
CAPÍTULO III - PLANEJAR... PRA QUE? 14
CAPÍTULO IV -METODOLOGIA: ESPAÇO DAS TÉCNICAS, DINÂMICAS E
RECURSOS 19
CAPÍTULO V - AÇÃO DOCENTE:ALGUMAS COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS
27
CAPÍTULO VI - DIDÁTICA E EDUCAÇÃO CRISTÃ 32
CONSIDERAÇÕES FINAIS 40
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 41

Autora: Rosane Torquato


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INTRODUÇÃO

“Todo aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre.” (Lc.6:40b)

A missão de todo cristão é seguir a Jesus, promovendo a expansão do Reino


de Deus nesta terra. Não basta semear a palavra, temos que cuidar e zelar para que
a semente brote e dê bons frutos, frutos que permaneçam. Não basta apenas
instruir. Este instruir deve ser desenvolvido no espaço do “bem”, ou seja, não pode
ser feito de qualquer forma. Aqui estão implicados alguns conceitos que foram
diretamente vivenciados pelos primeiros discípulos junto ao Mestre o qual lhes fez
um convite: Segue-me!
Foi dentro do espaço do seguir do estar junto do vivenciar que posteriormente
vemos aqueles homens e mulheres simples tornando-se grandes referências para a
história cristã. Isto envolveu compromisso, determinação, visão objetiva da onde se
pretendia chegar, espaço solidário de diálogo (dente outros) onde o Mestre ensinava
na busca de verdadeiras transformações na vida daqueles homens e mulheres.
Alguns de vocês podem estar se perguntando: “Por que ou prá que estudar
Didática num curso teológico?” Acredito que perguntas são necessárias desde que
contribuam para a não permanência na queixa, isto é, perguntas devem ser
formuladas a nos conduzir num processo de reflexão-ação. Desta forma, acredito
que uma das perguntas a serem feitas neste contexto poderia ser: “Como a didática
pode me ajudar enquanto teólogo, pastor e líder?”
Esta apostila pretende ser um recurso nas possibilidades de construção
dessa resposta, possibilitando espaço para que outras perguntas surjam de forma a
nos conduzir numa constante investigação do saber que nos inquieta e nos fascina.
Através deste material procuramos apresentar:
- Alguns conceitos sobre Educação, Pedagogia e Didática;
- As principais tendências pedagógicas e suas relações com o
ensinar/aprender;
- As diferentes ações dentro do fazer didático: Planejamento, objetivos,
currículos, procedimentos de ensino (metodologia), recursos e avaliação;
- A importância da metodologia no fazer didático;
- O papel do professor no contexto atual;
- A relação da didática com a educação cristã.

Na tentativa de melhor articular o conhecimento no espaço da reflexão,


apresentamos no final de cada capítulo uma leitura complementar baseada em
diferentes pensadores da educação. Através da interpretação, relação teoria-prática,
análises e inferências, estes textos também nos ajudarão no processo de avaliação
da aprendizagem deste módulo.
Esperamos que este módulo contribua de forma construtiva a sua vida pessoal,
coletiva, ministerial. Que Deus o abençoe.
Rosane Andrade Torquato
pedagoga
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CAPÍTULO I
ALGUNS CONCEITOS

1- O que é educação?
A palavra educação corresponde tanto ao processo de educar quanto ao
resultado desse processo. Ou seja, educação é um constante ir e vir, fazer e refazer,
elaborar e reelaborar, construir e reconstruir diante de novos conhecimentos, novas
possibilidades de aprendizagem. Aqui estão presentes diferentes agentes (o
aprendente, o educador, o ambiente, os recursos utilizados, dentre outros) que
participam no processo contribuindo, de forma positiva ou não, nos resultados.
As diversas ciências que inferem o seu olhar sobre o fenômeno Educação (p.
ex.: Sociologia, Antropologia, Psicologia, História, Economia ...) vão analisá-la a
partir de seus próprios conceitos o que resulta em diferentes definições do que
chamamos aqui Educação. Isso tem um grande valor para o campo educacional.
Entretanto, para efeito de nosso estudo aqui, vou apresentar o significado
etmológico da palavra para, então, relacioná-lo com a prática educacional.
Educação provém de dois vocábulos latinos: educare e educere. Educare tem
o significado de orientar, nutrir, decidir num sentido externo, levando o indivíduo de
um ponto onde ele está a um que se deseja chegar. Educere refere-se a promover o
surgimento de dentro para fora das potencialidades que o indivíduo possui
(GRINSPUM, 1999). Tomando como base, estes dois sentidos, o espaço da
educação é na verdade amplo e complexo. Orientar e conduzir o indivíduo de um
ponto a outro promovendo ao mesmo tempo o surgimento e/ou desenvolvimento de
potencialidades até então desconhecidas, sufocadas ou reprimidas, requer de todo
educador, consciente de sua função, uma constante releitura de sua própria função,
de seu pensar e fazer, a fim de que estes tornem-se espaços e instrumentos de um
conhecer que não é só do educando, mas também do próprio educador. Todo
aquele que pretende pensar e fazer educação a partir destes sentidos - educare e
educere, descobre-se imerso e tomado de uma teoria-prática não apenas
transmissora de informações, mas, acima de tudo, uma teoria-prática que: reflete
criticamente e constantemente o seu papel e função; respeita os limites e
possibilidades de cada educando; se aventura na construção de um saber de forma
criadora e inovadora; compreende o significado e sentido da liberdade e da
autoridade bem como o espaço do diálogo na construção do saber 1.
A educação acompanha o indivíduo por toda sua vida, pois sua aprendizagem
é constante e, portanto, sempre está se educando. O processo educativo
proporciona ao indivíduo o instrumental físico, intelectual, emocional e social de que
precisa para tornar-se um ser social, um ser humano. LIBÂNEO afirma que
educação “... é o conjunto das ações, processos, influências, estruturas, que
intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa
com o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e
classes sociais”. (1999, p.22)
O espaço do educativo é muito amplo e complexo, pois, a educação acontece
em diferentes momentos e espaços, tais como a família, rua, trabalho, igreja, meios
de comunicação, política. Desta forma, distinguimos diferentes modalidades de
pratica educativa: educação informal, não-formal e formal. A educação informal diz
respeito a ações e influências que o indivíduo ou grupo sofre advindos de seu meio
ambiente (físico, social, cultural ...) das quais resultam experiências, práticas, porém

1 Em seu livro Pedagogia da autonomia, o educador Paulo Freire reflete o sentido da


educação, mas precisamente do pensar e fazer educação, de forma crítica e responsável, nos
chamando a atenção para o real sentido do que seja ensinar a partir de uma relação dialética e de
respeito entre os agentes (educandos e educadores) envolvidos nesta relação.
5
não foram exercidas de forma intencional ou organizada. A educação não-formal é
aquela realizada com certo grau de sistematização, desenvolvida em instituições
educativas, porém fora dos limites institucionais. A educação formal compreende
espaços de formação, escolares ou não; caracteriza-se por ter objetivos educativos
claros e ações intencionais institucionalizada e sistematizada. “Há uma
interpenetração constante entre essas três modalidades que, embora distintas, não
podem ser consideradas isoladamente. Se há muitas práticas educativas, em muitos
lugares e sob variadas modalidades, há, por conseqüência, várias pedagogias: a
pedagogia familiar, a pedagogia sindical, a pedagogia dos meios de comunicação
etc., e também a pedagogia escolar.” (LIBÂNEO, 1999, p.23-24)
A partir dessas declarações há de se considerar o ato educativo além de uma
prática individual, uma prática social. As ações dentro do espaço eclesiástico, que se
apresentam de forma intencional e organizada visando mudanças, transformações
individuais e coletivas, são ações educativas. Essas requerem um olhar que saiba
articular o teórico e o prático a fim de conduzir todo o processo educacional de forma
consciente e pedagógica.

2- O que é pedagogia?
A palavra pedagogia nos remete a História Antiga quando escravos, entre os
gregos, conduziam as crianças ao local de ensino. Em geral, sendo pessoas mais
inteligentes que seus próprios senhores, estes escravos eram verdadeiros
professores. Isto fica claro quando da conquista da Grécia por Roma, pois, os
romanos confiavam a educação de seus filhos aos gregos (agora escravos),
reconhecendo assim a superioridade cultural destes. O pedagogo vai convertendo-
se desta forma no formador de homens. (SAVIANI, p.27,28)
Na evolução de seu campo científico e espaço histórico a Pedagogia é
reconhecida hoje como teoria e prática da educação. Prática que por natureza é
pluridimensional. Ciência da e para a educação. Para o pedagogo francês
HOUSSAYNE (citado por Libâneo) a pedagogia busca ligar a teoria e a prática a
partir de sua própria ação. É portanto, neste espaço de articulação da teoria-prática
que a Pedagogia “tem sua origem, se cria, se inventa e se renova” (1999, p.22)
Vivemos num mundo de grandes transformações e múltiplas diversidades. O
indivíduo como ser coletivo, pessoal e singular sente o reflexo dessas
transformações em todas as dimensões de sua vida bio-psico-social. Este, portanto,
necessita adquirir novas posturas para transitar e interagir com essas situações. A
educação precisa ser compreendida como um fenômeno plurifacetado que ocorre
em diversos espaços, institucionalizados ou não. Nossa sociedade é hoje chamada
de sociedade do conhecimento. A necessidade de propagar e internalizar diferentes
saberes exige ações conscientes do fazer pedagógico2, dentro ou não de espaços
institucionalizados e próprios do saber sistematizado. MAZZILLI, citando as palavras

2 O fazer pedagógico é compreendido aqui muito mais do que métodos e técnicas (isso é o
espaço do didático). Nas palavras do professor Libâneo, este fazer implica em “submeter os
conteúdos científicos a objetivos explícitos de cunho ético, filosófico, político, que darão uma
determinada direção (intencionalidade) ao trabalho com a disciplina e a formas organizadas do ensino
(...) Isso quer dizer que para ensinar Matemática não basta ser um bom especialista em Matemática.
É preciso que o professor agregue o pedagógico-didático, ou seja: que conteúdos da Matemática-
ciência devem constituir-se na Matemática-matéria de ensino visando à formação dos alunos?”
Perguntas devem ser formuladas diante do conhecimento escolhido, tais como: a que objetivos serve
este conhecimento? Que representações, atitudes, convicções são formadas em cima do mesmo?
Que habilidades, hábitos, modos de agir, ligados a essa matéria podem ajudar o indivíduo, o aluno a
agir de forma pratica diante de situações concretas da vida? Qual a seqüência mais adequada à
aprendizagem do aluno (respeitando seu nível escolar, idade, conhecimento já existente)? (1999,
p.27)
6
de Florestan Fernandes, afirma que é necessário uma compreensão mais clara das
possibilidades concretas da educação de "conjugar a consciência pedagógica dos
problemas da sociedade a uma nova forma de ação prática." A ação pedagógica
deverá reformular-se a fim de transformar possibilidade em realidade, pois é a
prática em última instância, o critério de avaliação do discurso transformador. (1992,
p.49, 51)

3- O que é didática?
O ser humano não vive isolado no tempo e no espaço. Faz parte de uma
comunidade (família, trabalho, igreja, clubes, etc), de um Estado, de uma sociedade,
de um mundo ativo e em constante transformação. Toda ação educativa é uma ação
humana. Esta ocorre de forma sistemática (instituições escolares, por exemplo) e/ou
assistemática (família, grupo de amigos, etc). Toda a ação didática é inspirada a
partir do sujeito, ou seja, pelo homem, suas necessidades, dificuldades,
necessidades de mudança, novas percepções que poderão ocasionar ou não novas
ações em sua vida.
Como desenvolver ações que norteiem o caminho do processo educativo que
possam nos auxiliar no alcance de nossos objetivos? A Didática é uma disciplina
técnica que tem como objeto a técnica de ensino, procurando estudar e avaliar os
aspectos práticos e operacionais da técnica escolhida. Nas palavras de SCHMITZ,
Didática é “a ciência que estuda a organização da situação de aprendizagem e
educação para o aluno, a partir deste mesmo aluno e para o alcance de seus
objetivos”. (1984, p.3)
É necessário considerar aqui a diferença entre o pedagógico e o didático. “O
didático refere-se especificamente à teoria e prática do ensino e aprendizagem,
considerando-se o ensino como um tipo de prática educativa, vale dizer, uma
modalidade de trabalho pedagógico. Dessa forma, o trabalho docente é pedagógico
porque é uma atividade intencional, implicando uma direção (embora nem todo
trabalho pedagógico seja trabalho docente). (LIBÂNEO, 1999, p.27)
A ação didática além de ser uma simples organização sistemática do contexto
educativo representa uma atitude, uma posição diante do que considere-se
conveniente e significativo para o aluno.

 PARA VOCÊ REFLETIR...


1- Como percebo a partir das colocações aqui apresentadas, o sentido da
educação na minha própria vida?
2- Como caracterizam-se as ações pedagógicas que desenvolvo no nível da
educação informal (família, grupo de amigos, trabalho ...)?
3- Em que momento desenvolvi ações didáticas a partir dos conceitos até
aqui apresentados?

LEITURA COMPLEMENTAR

Educação “bancária” e educação libertadora

Na verdade, como mais adiante discutiremos, a razão de ser da educação


libertadora está no seu impulso conciliador. Daí que tal forma de educação implique
a superação da contradição educador-educandos, de tal maneira que se façam
ambos, simultaneamente, educadores e educandos.
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Na concepção “bancária” que estamos criticando, para a qual a educação é o
ato de depositar, de transferir valores e conhecimentos, não se verifica nem pode
verificar-se esta superação. Pelo contrário, refletindo a sociedade opressora, sendo
dimensão da “cultura do silêncio”, a “educação bancária” mantém e estimula a
contradição.
Daí, então, que nela:
a) o educador é o que educa; os educandos, os que são educados;
b) o educador é o que sabe; os educandos, os que não sabem;
c) o educador é o que pensa; os educandos, os pensados;
d) o educador é o que diz a palavra; os educandos, os que a escutam
docilmente;
e) o educador é o que disciplina; os educandos, os disciplinados;
f) o educador é o que opta e prescreve sua opção; os educandos os que
seguem a prescrição;
g) o educador é o que atua; os educandos,os que têm a ilusão de que atuam,
na atuação do educador;
h) o educador escolhe o conteúdo programático; os educandos, jamais
ouvidos nesta escolha, se acomodam a ele;
i) o educador identifica a autoridade do saber com sua autoridade funcional,
que opõe antagonicamente à liberdade dos educandos; estes devem
adaptar-se às determinações daquele;
j) o educador, finalmente, é o sujeito do processo; os educandos, meros
objetos.

Se o educador é o que sabe, se os educandos são os que nada sabem, cabe àquele
dar, entregar, levar, transmitir o seu saber aos segundos. Saber que deixa de ser de
“experiência vivida” para ser de experiência narrada ou transmitida.
Não é de estranhar, pois, que nesta visão “bancária” da educação, os homens sejam
vistos como seres da adaptação, do ajustamento. Quanto mais se exercitem os
educandos no arquivamento dos depósitos que lhes são feitos, tanto menos
desenvolverão em si a consciência crítica de que resultaria a sua inserção no
mundo, como transformadores dele. Como sujeitos. (...)
A educação libertadora,problematizadora, já não pode ser o ato de depositar, ou de
narrar, ou de transferir, ou de transmitir “conhecimentos” e valores aos educandos,
meros pacientes, à maneira da educação “bancária”, mas um ato cognoscente.
Como situação gnosiológica, em que o objeto cognoscível, em lugar de ser o término
do ato cognoscente de um sujeito, é o mediatizador de sujeitos cognoscentes,
educador, de um lado, educandos, de outro, a educação problematizadora coloca,
desde logo, a exigência da superação da contradição educador-educandos. Sem
esta, não é possível a relação dialógica, indispensável a cognoscibilidade dos
sujeitos cognoscentes, em torno do mesmo objeto cognoscível. (...)
Em verdade, não seria possível à educação problematizadora, que rompe com os
esquemas verticais característicos da educação “bancária”, realizar-se como prática
da liberdade, sem superar a contradição entre o educador e os educandos. Como
também não lhe seria possível fazê-lo fora do diálogo.
É através deste que se opera a superação de que resulta um termo novo: não mais
educador do educando; não mais educando do educador, mas educador-educando
com educando-educador.
Desta maneira, o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto
educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também
educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em
8
que os “argumentos de autoridade” já não valem. Em que para ser-se,
funcionalmente, se necessita de estar sendo com as liberdades e não contra elas.

(FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 3a. ed. Rio de Janeiro,


Paz e Terra, 1975 in PILETTI, N., 1996 )
9
CAPÍTULO II
TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS

Todo o processo educativo é permeado por um arcabouço de representações


de sociedade e de homem que se quer formar. É por meio da educação que as
novas gerações adquirem os valores culturais e reproduzem ou transformam os
códigos sociais de cada sociedade. As tendências pedagógicas originam-se de
movimentos sócio-políticos e filosóficos, levando em consideração o momento
histórico em que se manifestam, aliando desejos da sociedade (ou de parte dessa)
com práticas didático-pedagógicas que favoreçam o conhecimento. As tendências
foram classificadas em:

Liberais - Marcou a educação brasileira nos últimos 50 anos, mostrando-se ora


conservadora, ora renovada. A Pedagogia Liberal enfatiza: o preparo do indivíduo
para o desempenho de papeis sociais, de acordo com as aptidões individuais; os
indivíduos precisam aprender a adaptarem-se aos valores e á normas vigentes na
sociedade de classes; a idéia de igualdade de oportunidades, mas não leva em
conta a desigualdade de condições.

Progressistas - É uma tendência que parte da análise crítica das realidades sociais
que sustentam as finalidades sócio-políticas da educação. Tem como base Filosófica
a concepção dialética (visão do homem concreto, síntese de múltiplas
determinações em face do contexto histórico). As ações pedagógicas
fundamentadas em tendências progressistas caracterizam-se pelo ensino centrado
no aluno, este é sujeito construtor de sua aprendizagem. Todo aprendizado deve
partir do conhecimento prévio do aluno. O processo educativo visa formar o aluno
nos aspectos intelectual, estético, ético e político. O ensino deve ser significativo
conduzindo a um compromisso com os problemas sociais. O professor torna-se
mediador e problematizador da aprendizagem.

1. Tendências Liberais:
1.1. Pedagogia Tradicional
Iniciou-se no século XIX e ainda segue em nossos dias. O ensinar é apenas
transmitir informações, conhecimentos já sistematizados e/ou acumulados pela
humanidade. Ensinar pode ser aqui entendido como ‘dar a lição’ e ‘tomar a lição’. O
Aprender consiste em adquirir informações que preparem o sujeito intelectual e
moralmente para adaptar-se à sociedade.
A avaliação é a evocação dos conhecimentos memorizados. Desenvolve-se
através de interrogatórios orais, provas e trabalhos escritos. Há uma constante e
rigorosa vigilância sobre a disciplina do aluno. O método caracteriza-se por ser
expositivo dogmático, objetivando preparar intelectual e moralmente o aluno.
Principais pensadores:
 João Amós Commenius (1627): Princípios para ensinar
por modelos completos, perfeitos e exercícios.
 Johann F. Herbart (1776-1841): Metodologia de aulas-
expositivas: comparações, exercícios, lições de casa.
10
1.2. Pedagogia Renovada Progressivista
É a chamada Pedagogia Nova, conhecida como movimento do
Escolanovismo ou Escola Nova. Tendência inspirada numa concepção humanista
mais moderna. Teve origem na Europa e nos Estados Unidos, no final do século
XIX, influenciando o Brasil por volta dos anos 1930. O papel da escola é de adequar
necessidades individuais ao meio, propiciar experiências. A relação professor-aluno
é baseado num clima psicológico-democrático. Professor é auxiliar das experiências.
Ensinar é criar condições que enfatizem o desenvolvimento cognitivo do aprendiz. É
dado maior valor aos processos e habilidades cognitivas (mentais) do que aos
conteúdos. As atividades são adequadas à natureza do aluno e às etapas de seu
desenvolvimento. O aprender é uma atividade de descoberta, é auto-aprendizagem
a partir de situações-problemas. Na avaliação é dado valor à qualidade e não a
quantidade, ao processo e não ao produto. Parâmetro na teoria piagetiana,
observando múltiplos critérios.
Principais pensadores:
 Maria Montessori - Ênfase nos princípios de liberdade,
atividade, vitalidade e individualidade. Formação de ambiente
apropriado para a aprendizagem.
 John Dewey - Aprendizado através da pesquisa
individual, projetos. Criou uma “escola laboratório” para crianças na
qual pôs em prática suas técnicas educativas. O aluno torna-se um ser
ativo que concebe, elabora e executa o próprio trabalho. Os trabalhos
das crianças não devem ser apenas verbais, mas orientados para um
fim prático bem definido.
 Ovídio Decroly - Criador dos Centros de Interesse. A sala
de aula constitui-se de pequenos e diferentes ambientes que visam
desenvolver, a partir de situações relacionadas a vida da criança, a
curiosidade e o conhecimento de questões mais amplas com a
mediação do professor.
 Jean Piaget – Método psicogenético. O pensamento é a
base em que se assenta a aprendizagem. O desenvolvimento do
pensamento e da linguagem da criança se dá através de etapas bem
definidas. Logo, não é pelo aumento de conhecimentos que se dá o
desenvolvimento da inteligência, mas através da formação de uma
nova estrutura mental

1.3. Pedagogia Renovada Não-Diretiva


Tendência inspirada nas teorias de Carl Rogers (psicólogo clínico) e do
educador inglês A. S. Neill (fundador da Escola de Summerhill). No Brasil teve forte
influência sobre psicólogos, professores, orientadores educacionais a partir de 1960.
A ênfase está na criança, no educando, na vida. Desloca-se o eixo do intelecto para
o sentimento. O aspecto psicológico toma o lugar da lógica; no lugar do professor, o
aluno; ao invés dos conteúdos cognitivos. Preocupada em estabelecer um clima
favorável para mudança dentro do indivíduo. Transmissão dos conteúdos torna-se
secundário. Professor é um facilitador. É desenvolvido um clima de confiança na
relação aluno-professor no qual há possibilidade de crescimento pessoal. Aprender
é modificar suas próprias percepções. Só se aprende o que está relacionado com
estas. Privilegia-se a auto-avaliação. “Tudo o que estiver a serviço do crescimento
pessoal, interpessoal ou intergrupal é educação. O objetivo da educação será uma
aprendizagem que abranja conceitos e experiências, tendo como pressuposto um
processo de aprendizagem pessoal. Nesse processo, os motivos de aprender
11
deverão ser os do próprio aluno. Essa aprendizagem implica necessariamente
mudanças.” (MIZUKAMI, p.45)
Principais pensadores:
 Carl Rogers – Objetivo da educação seria o de ajudar os alunos
a converter-se em indivíduos capazes de ter iniciativa própria para a ação e
responsáveis por suas ações; aprendizagem participativa; professor deve
desenvolver a “compreensão empática” (comunicar confiança com
congruência e autenticidade).
 S. Neill – realiza o postulado de uma educação sem violência;
princípio da afirmação da liberdade sobre a autoridade; a criança deve fazer
tudo o que quiser, entretanto, esse querer tem que ser regulado pelas
decisões tomadas coletivamente em assembléias.

1.3. Pedagogia Tecnicista


Determinada pela crescente industrialização, quando a Pedagogia do
Escolanovismo não responde às questões referentes ao preparo de profissionais.
Desenvolveu-se na Segunda metade do século XX nos Estados Unidos e no Brasil
de 1960 a 1979. Ensinar consiste em modelagem de comportamentos considerados
necessários ao aprendiz. Esses são inspirados nos princípios da racionalidade, da
eficiência e da produtividade.
Aprender é desenvolver destrezas e habilidades necessárias para a execução
de tarefas específicas. A aprendizagem acontece por meio de estímulo-resposta
(instrução programada). O método recorre a ações individualizadas, utilizando
módulo instrucional; instrução programada para o desenvolvimento das
competências técnicas requeridas pelo mercado de trabalho. Implica em mudança
de comportamento, em função de objetivos instrucionais específicos. Prática diluída,
eclética e pouco fundamentada, levando ao exagero apego aos livros didáticos.
O professor é o técnico e responsável pela eficiência do ensino. A avaliação
observa se os objetivos propostos foram atingidos. Assume a função de controle
rigoroso de todas as variáveis e instâncias do processo. A avaliação se faz por meio
de testes objetivos, coerentemente elaborados e articulados com os objetivos
previstos.

Principais pensadores:
Skinner - O homem é produto do meio - análise funcional.
Popham, Briggs, Papay, Gerlach, Glaser - Modelos de instrução e sistemas.

2. Tendências Progressistas:
2.1. Pedagogia Libertadora
Parte de uma análise crítica das realidades sociais, sustentando as
finalidades sócio-políticas da educação. Iniciou-se nos anos 1960. Crítica porque
questiona concretamente a realidade do homem com a natureza e com os homens
visando transformação. Educação problematizadora. O aprender é o ato de
conhecimento da realidade concreta vivida pelo aluno. O importante é despertar uma
nova forma de relação com a experiência vivida. O que se aprende é conseqüência
do nível crítico de conhecimento ao qual se chega pelo processo de reflexão e
crítica. Educador e educando são sujeitos do ato de conhecimento. O método passa
pelo autentico diálogo. A avaliação ocorre no processo.
Principal pensador no Brasil:
Paulo Freire – Educador brasileiro. Inspirador e divulgador da pedagogia
libertadora. Suas idéias foram aplicadas no Chile e regiões da África. Formulador da
pedagogia libertadora para a educação popular e para a educação de adultos.
12

2.2. Pedagogia Libertária


Procura a independência teórica-metodológica. Dá maior ênfase às
experiências de autogestão, à prática da não-diretividade e à autonomia. Entende o
sujeito como produto social, afirmando que o desenvolvimento individual se realiza
no coletivo. A auto-gestão é o conteúdo e o método. Conteúdos resultam dos
interesses e necessidades do grupo. O conhecimento torna-se a descoberta de
respostas a necessidades e exigências da vida social. Autonomia do grupo: os
alunos tem liberdade de trabalhar ou não; normas estabelecidas pelo grupo. A
relação professor-aluno caracteriza-se como de confiança; professor é orientador e
catalisador, misturando-se ao grupo na busca de uma reflexão comum. Não há
qualquer forma de poder ou autoridade. A pedagogia libertária abrange quase todas
as tendências anti-autoritárias em educação.
Principais pensadores:
 Celestin Freinet – A escola por ele concebida, é vista
como elemento ativo de mudança social e é também popular por não
marginalizar as crianças das classes menos favorecidas. Propõe o
trabalho/jogo como atividade fundamental. Algumas técnicas da
pedagogia de Freinet: o desenho livre, o texto livre, as aulas-passeio, a
correspondência inter-escolar, o jornal, o livro da vida (diário e
coletivo), o dicionário dos pequenos, o caderno circular para os
professores, etc.
 Michel Lobrot - Temas geradores extraídos da vida dos
alunos, saber do próprio aluno.

2.3. Pedagogia dos conteúdos


Propagada no Brasil no final dos anos de 1970. Difusão dos conteúdos é
tarefa primordial a fim de proporcionar as camadas populares o saber sistematizado
de forma ajudá-los na sua emancipação. Estes conteúdos são vivos e indissociáveis
das realidades sociais. A escola deve fornecer instrumentos por meio da
socialização dos conteúdos a fim de promover a participação ativa na
democratização da sociedade. Os conteúdos são relacionados com a experiência
dos alunos, momento este em que se dá a ruptura em relação à experiência pouco
elaborada. Cabe ao professor fazer a análise dos conteúdos em confronto com as
realidades sociais. Seu papel é mais diretivo; desperta outras necessidades, propõe
conteúdos compatíveis com a vivência do aluno. O aprender baseia-se no
desenvolvimento da capacidade de processar as informações, lidando com os
estímulos do ambiente, organizando os dados disponíveis da experiência. O novo
conhecimento baseia-se numa estrutura cognitiva já existente. Na inexistência desta
o professor deve providenciar os meios para que a mesma seja disponibilizada pelo
aluno.

Principais pensadores:
 Snyders (1974): Busca levar o aluno ao contato com as grandes
realizações da humanidade. Ênfase aos modelos, em todos os campos
do saber.
 Demerval Saviani – Educador brasileiro; preocupado em que todos os
alunos tenham acesso ao conjunto do saber historicamente acumulado
13
pela sociedade, de forma a que estes tenham a oportunidade de
conhecer o que somente algumas classes mais elitizadas alcançam.

 PARA VOCÊ REFLETIR...


- Que concepção pedagógica você considera ser aquela que vem
dando base para as ações educacionais em sua igreja?
- Qual concepção pedagógica fundamentou sua aprendizagem na
educação básica (até o 2o. grau)? Que elementos desta
concepção se relacionam com a experiência escolar vivida?

LEITURA COMPLEMENTAR

O bom jardineiro, ou o ciclo da educação

A educação não é uma fórmula de escola, mas sim uma obra de vida.
Há jardineiros ditos modernos ou científicos que se gabam de obter uma boa
colheita, quaisquer que sejam as condições do solo,do clima, da luz ou do esterco.
Mas que abundância de enxofre e arseniatos, de inseticidas e caldas! Se isso não
for suficiente, escondem-se os cachos de uvas em saquinhos protetores e colhe-se a
pêra ainda verde, para guardá-la sobre uma camada de algodão onde amadurecerá
à vontade.
O fruto está salvo, e tem bom valor de mercado. Mas está tão impregnado de
tóxicos, que se torna veneno para quem o consome. E a árvore que o deu, esgotada
e ferida antes do tempo, seca antes mesmo de ter ousado lançar para o céu os seus
braços audaciosos.
É já na semente, ou no broto, que o jardineiro prudente cuida e prepara o
fruto que virá. Se esse fruto é doente, é porque a própria árvore que o gerou estava
enferma e degenerada. Não é do fruto que se deve tratar, mas do fruto, mas da vida
que o produziu. O fruto será o que fizerem dele o solo, a raiz, o ar e a folha. É deles
que devemos cuidar, se quisermos enriquecer e garantir a colheita.
Se um dia os homens souberem raciocinar sobre a formação dos seus filhos
como o bom jardineiro raciocina sobre a riqueza do seu pomar, deixarão de seguir
os eruditos que, nos seus antros, produzem frutos envenenados que matam ao
mesmo tempo quem os produziu e quem os come. Restabelecerão valorosamente o
verdadeiro ciclo da educação: escolha da semente, cuidado especial do meio em
que o indivíduo mergulhará para sempre as suas raízes poderosas, assimilação pelo
arbustro da riqueza desse meio.
A cultura humana será, então, a flor esplêndida, promessa segura do fruto
generoso que amadurecerá amanhã.

FREINET, C. A pedagogia do bom senso.


14
CAPÍTULO III
PLANEJAR... PRA QUE?

Quando decidimos fazer uma viagem de férias com


a família, com os amigos, ou apenas aproveitar ao máximo
aquele feriado tão esperado, mobilizamos sonhos,
expectativas, dinheiro. As improvisações, na maioria das
vezes, impedem uma ótima qualidade e boas lembranças
do período de lazer. A viagem de férias para ser bem
desfrutada necessita de um planejamento (mesmo que seja
apenas visitar a vovó em outra cidade). É interessante
ressaltar que, estando todos de acordo quanto ao destino final, o roteiro pode até
sofrer algumas alterações devido às circunstâncias como: desinteresse da maioria
por determinado local; falta de cooperação do clima (dependendo da situação a
chuva pode atrapalhar os planos de muita gente...); por outro lado, há locais que nos
encantam com a sua beleza e aconchego e ali queremos ficar um pouquinho mais
de tempo...
Saber onde queremos chegar, o que queremos alcançar, requer de nós
empenho, objetivos firmes, comunicação aberta e fluida, avaliação constante do
percurso tomado, das paradas necessárias, do tempo despendido e do resultado
alcançado. Toda ação que implica em conduzir, mostrar as pessoas algo novo e
transformador é uma ação intencional, portanto, educacional. A responsabilidade de
orientar e nutrir torna-se mais valiosa quando criamos espaços para que o outro
perceba e desenvolva seus talentos, dons e potencialidades que Deus criativamente
deu a cada um de nós.
Enquanto líderes cristãos, desenvolvemos ações intencionais quando diante
de uma classe, grupo, igreja, comunidade local. Logo, sem perceber, nossas ações
são educativas e/ou educacionais. Isto porque, temos uma meta, utilizamos recursos
para atingi-la, necessitamos de um espaço, de tempo, recursos humanos e
materiais... Tudo isso girando em torno de ver vidas transformadas (que aprenderão
o novo!). Planejar implica, em primeira instância, estar conscientes de nossos
objetivos. Nossas ações educacionais necessitam de um planejamento que esteja
claro, concomitantemente, para nós mesmos (educadores/líderes) e para os
educandos/liderados.
15
1- Funções do planejamento

O planejamento tem algumas funções que asseguram o fazer


pedagógico. Vejamos abaixo:

FUNÇÕES DO PLANEJAMENTO

ESBOÇAR
Situação futura a PREVER
partir da atual O que; como; GARANTIR
onde; por que; Objetividade;
funcionalidade;
quando? continuidade

2- Etapas do planejamento
Segundo PILETTI, o planejamento educacional tem algumas etapas que são:
Conhecimento da realidade; Elaboração do Plano; Execução do Plano e Avaliação e
Aperfeiçoamento do Plano. Vejamos brevemente qual o sentido de cada uma
dessas relacionando-as ao contexto eclesiástico:
Conhecimento da realidade  conhecer o aluno, participante de um grupo ou
membro da igreja é a primeira etapa do processo de planejamento. É necessário
saber quais são as expectativas, aspirações, frustrações e necessidades
individuais/coletivas do grupo com o qual lidamos. Aqui é o momento da coleta de
dados, da sondagem. PILETTI declara:
“Uma vez realizada a sondagem, deve-se estudar cuidadosamente os dados
coletados. A conclusão a que chegamos, após o estudo dos dados coletados,
constitui o Diagnóstico. Sem a sondagem e o diagnóstico corre-se o risco de propor
o que é impossível alcançar ou o que não interessa ou, ainda, o que já foi
alcançado.” (2003, p.63)

Elaboração do Plano a partir do diagnóstico temos condições de


estabelecer o que é possível alcançar, como fazer e como avaliar os resultados. É
aqui que vamos: delinear os objetivos de nossas ações; selecionar e organizar os
conteúdos, as metodologias e os diferentes recursos; definir os momentos de
avaliações.

Execução do plano  desenvolvimento do que foi previsto. Na execução


poderá aparecer, em alguns momentos, o que não foi plenamente previsto (como a
chuva na viagem de férias, lembra?). Entretanto, a flexibilidade é uma das
características do bom planejamento.
Avaliação e aperfeiçoamento do plano  Esta poderá ocorrer no final de
todas as ações. Entretanto, a prática educacional é construída e reconstruída a todo
instante, o que torna isso favorável a uma avaliação contínua, ou seja, que se dá
durante todo o processo educacional.

3- Componentes do planejamento
Dentro do planejamento educacional geral da igreja, de uma organização
(Departamento Infantil, Classe de Jovens, Apoio Feminino, etc) ou até mesmo de um
16
plano de aula para a EBD – Escola Bíblica Dominical, é necessário que se atente
para alguns componentes fundamentais que nortearão todo o fazer educacional dos
mesmos. São eles: Objetivos; Conteúdos; Metodologia; Recursos; Avaliação.
Coerência e adequação são características essenciais na relação desses.

3.1. Objetivos educacionais:


“É a descrição clara do que se pretende alcançar como resultado da
nossa atividade”. (PILETTI, p.65) São os objetivos (a mudança desejada) que vão
nortear todas as ações educacionais. “Objetivos associam-se, portanto a “pré”
visões, ao que se “vê” adiante na condução metodológica do ensino para a
aprendizagem. Portanto, os objetivos dizem respeito ao que, com fundamento, com
estudo, se espera – e se faz por onde – que o aluno alcance.” (RANGEL, p.61)
A fim de melhor direcionar as ações educacionais, os objetivos
educacionais são definidos em: objetivos gerais e objetivos específicos. Os objetivos
gerais são aqueles a serem desenvolvidos a longo prazo (Ex.: “Compreender o valor
da vida cristã”). Os objetivos específicos são definidos a partir dos gerais e
observáveis a curto prazo (Ex.:”Apresentar uma síntese sobre o valor da vida cristã
baseado na epístola de Tiago”). Quando os objetivos específicos apresentam-se
claros e bem definidos nos ajudam a:
- delinear os conhecimentos e conceitos a serem adquiridos e as
habilidades a serem desenvolvidas;
- estabelecer os procedimentos de ensino;
- indicar o que e como avaliar no processo;
- inferir critérios na própria avaliação do trabalho docente
-
3.2. Conteúdos
São as informações sistematizadas. Na escola tradicional, o conteúdo
assumia o lugar de fim e meio. Entretanto, com as progressivas conquistas no
campo da educação, descobriu-se que o mais importante não é dar o maior número
de informações ao aluno, mas sim como essas podem auxiliá-lo na sua formação
pessoal e social. O conteúdo não deixa de ter importância, mas deve assumir o
papel de meio, de instrumento na formação de nossos alunos. Por exemplo, para a
maioria de nós que estudamos geometria no ensino tradicional apenas como uma
forma de ter mais “conhecimento”, estas informações - para muitos que não viam
função prática do assunto – perdeu-se no esquecimento. Por que? Porque não teve
significado e sentido para as nossas vidas. Entretanto, o mesmo assunto é hoje
tratado por muito ambientes escolares de uma forma contextualizada e significativa
para o aluno (geometria no pátio da escola, no ângulos do quarto, da sala ...). Em
geral, em muitos ambientes que se dizem educacionais, ainda os conteúdos
assumem o papel de objetivo e não de meio. Tudo vem pronto de cima pra baixo.
Não nasce de um real planejamento, mas apenas de cumprimento de tarefas. Os
conteúdos tem o seu lugar e merecem o devido respeito e ações conscientes.

3.3. Como ensinar? Métodos, técnicas e recursos


Não são raras as vezes que temos os objetivos claros e o conteúdo
adequado, porém, a forma utilizada é a mesma para diferentes grupos e propostas.
Em geral, os resultados no processo e ao final não manifestam aquilo que tínhamos
inicialmente em nossos objetivos. Nos perguntamos: “O que aconteceu?... Por que o
grupo ou a sua maioria não atingiu o esperado?” Alguns mais corajosos indagam:
“Aonde errei?” A resposta a essas perguntas não se resume a apenas uma
alternativa simplista (não esqueça, estamos lidando com seres humanos!).
Entretanto, pesquisas apontam para a prática de muitos educadores que não
17
conseguem “traduzir” adequadamente o conhecimento em questão. Devido a sua
importância e, ao mesmo tempo, a dificuldade que muitos têm em desenvolver a
mesma, definiremos o que são métodos e técnicas a principio, reservando um
capítulo a frente na tentativa de melhor articular o tema.
O que são métodos? O significado etmológico da palavra quer dizer caminho
a seguir para alcançar um fim. Ou seja, é o indicador das grandes linhas de ação. É
a visualização do caminho. O veículo de chegada é a técnica.
Técnica é a operacionalização do método. Por exemplo, no ensino tradicional
o método utilizado caracterizava-se por ser passivo, ou seja, os alunos ouviam
enquanto apenas o professor falava. A técnica, portanto, era a aula expositiva e/ou
técnica de perguntas e respostas. Vale aqui salientear que não se está colocando de
lado o valor da exposição ou das perguntas e respostas. Devemos nos lembrar que
o ensino até então era centrado no professor (transmissor de informações, logo a
autoridade em classe), desta forma, o método e as técnicas também eram focadas
em atender o professor. Com a evolução das ciências da educação compreende-se
hoje que o foco do ensino não é este apenas, mas sim a aprendizagem – logo, se
não houver aprendizagem, não houve ensino.
O que são recursos? Recursos de ensino são os elementos da aprendizagem
que vão servir de estímulo para o aluno. Os recursos podem ser classificados em
Humanos (professor, alunos, comunidade escolar, pais) e Materiais (ambiente
natural, sala de aula, giz, quadro, caderno, livros, computador, televisão, vídeo,
rádio, etc).
Métodos, técnicas e recursos devem contribuir para a relação
ensinar/aprender tanto no que diz respeito ao educando quanto ao educador.

3.4. Avaliação
Avaliar normalmente é relacionado a situações como fazer prova, atribuir nota
e passar de um nível para outro. Isto é resultado de uma concepção educacional
tradicional como já vimos anteriormente. Dentro de uma concepção pedagógica em
que as experiências do aluno com o aprender são percebidas e dinamizadas, a
avaliação é percebida e operacionalizada de maneira formativa. A avaliação
formativa é caracterizada por dimensões indissociáveis: diagnóstica, contínua e
cumulativa. Diagnóstica porque identifica limitações e avanços no processo de
aprendizagem, abrindo espaço para possíveis acertos na relação aluno-professor (o
quê, quando, como, aonde...). Contínua porque articula o saber adquirido ao longo
do processo com a possibilidade da aplicação do mesmo em diferentes situações.
Cumulativa porque verifica a aquisição de novas competências na medida em que o
aluno aprofunda seus estudos e melhora seus trabalhos. Na avaliação formativa
todas as atividades de aprendizagem propostas para o desenvolvimento de
competências devem ser observadas, analisadas e avaliadas. As mais significativas
devem fazer parte de uma avaliação formal. O fazer uma prova não é invalidado,
mas é visto com um outro olhar. A prova aqui não é um fim em si mesma, mas parte
de uma avaliação processual e não deve ter valor acima das demais atividades.

 PARA VOCÊ REFLETIR...


- como você normalmente prepara suas aulas, programações especiais,
reuniões e encontros da igreja?
- Ao preparar uma atividade da igreja no que você primeiro pensa? Nos
métodos? Objetivos? Conteúdos?
18
- Quais métodos e técnicas você normalmente usa para dinamizar a
aprendizagem de seus alunos?
- Em que o planejamento de atividades pode tornar suas atividades
educacionais mais eficientes?

LEITURA COMPLEMENTAR

UMA FÁBULA

Certa vez os animais resolveram preparar seus filhos para enfrerntar as


dificuldades do mundo e, para isso, organizaram uma escola. Adotaram um currículo
prático, que constava de natação, corrida, escalagem e vôo. Para facilitar o ensino,
todos os alunos deveriam cursar todas as matérias ao mesmo tempo, em regime
seriado.
O pato, exímio em natação (melhor mesmo que seu professor), conseguiu
notas regulares em vôo, mas era aluno fraco em corrida e escalagem. Para
compensar esta fraqueza, ficava retido na escola o dia todo, fazendo exercícios
extras. De tanto treinar a corrida, ficou com os pés terrivelmente esfolados e, por
isso, não conseguia mais nadar como antes. Entretanto, como o sistema de
promoção era a média aritmética das notas das várias disciplinas, conseguiu ser um
aluno sofrível e ninguém se preocupou com o caso, exceto, naturalmente, o pobre
pato.
O coelho era o melhor aluno no curso de corrida, mas, de tanto tentar a
natação sofreu tremendamente e acabou nervoso.
O esquilo escalava qualquer árvore, admiravelmente, conseguindo belas
notas no curso de escalagem, mas foi frustrado no de vôo, pois o professor o
obrigava a voar de baixo para cima e ele insistia em usar os seu métodos, isto é, em
subir na árvore e voar de lá para o chão. Em natação ele teve que se esforçar tanto
que acabou por passar com a nota mínima em escalagem, saindo-se
mediocremente em corrida.
A águia foi uma criança problema, severamente castigada desde o princípio
do curso, porque usava métodos próprios para atravessar o rio ou subir nas árvores,
o que era proibido, pois eles não estavam previstos no programa.
No fim do ano, uma enguia anormal, que tinha nadadeiras, consegue a
melhor média em todos os cursos; foi a oradora da turma.
Os ratos e cães de caça não entraram na escola, porque a administração
recusou-se a incluir duas matérias que eles julgavam importantes: “como
escavar tocas” e “como escolher esconderijos”. Acabaram por abrir uma escola
particular, junto com as marmotas, e, desde o princípio, obtiveram grande sucesso.
19
CAPÍTULO IV
METODOLOGIA: ESPAÇO DAS TÉCNICAS, DINÂMICAS E RECURSOS

Como aprendemos? Aprendemos através da observação, atenção, reflexão,


análise, crítica, classificação, comparação, dedução, dentre outros, aplicando e
desenvolvendo assim aspectos cognitivos. Mas o ser humano não é só razão, por
isso além do pensar, há o criar, o intuir, o sentir envolvendo desta forma aspectos
relacionados ao afeto e valores.(TORQUATO, 2003, p. 60)
Somos estimulados a todo instante através da visão, audição, olfato, tato, não
de forma isolada, porém, articulada, justaposta, sobreposta. Cada vez mais as
pessoas estão tendo acesso a uma inúmera quantidade de dados e informações.
Transitar neste novo contexto é o grande desafio. O papel do professor necessita ser
revisto e reposicionado para que a verdadeira aprendizagem aconteça. O principal
papel do professor hoje é de ser um facilitador ajudando os alunos na interpretação,
relação e contextualização de diferentes dados.
Na organização de nosso planejamento, além de descrever objetivos claros
que almejamos na aprendizagem de nossos alunos, necessitamos de métodos e
técnicas que deverão ajudar na construção da aprendizagem de cada um.

1. O professor e as técnicas pedagógicas


Diferentes técnicas são elaboradas e reelaboradas na tentativa de mediar a
construção do conhecimento. Descrevemos abaixo algumas técnicas apresentadas
pelo professor ANTUNES (1991) que podem ser facilmente aplicadas de acordo com
a necessidade de cada contexto.
Debate
Objetivo: Interpretar as diferentes posições do grupo a fim de desenvolver uma
síntese do tema abordado.
Divida a turma em dois ou mais grupos (grupos muito grandes podem prejudicar a
participação daqueles mais introvertidos). O tema deve ser polêmico (ex.: o trecho
de um filme; recorte de um artigo de jornal) a fim de que os grupos apresentem
argumentos lógicos e consistentes. Os alunos devem ser estimulados a não se
desanimarem diante dos argumentos contrários aos seus. Com este método você
desenvolve a habilidade de argumentação, atenção e interpretação.
Seminário
Objetivo: Propor mudanças a partir das hipóteses levantadas através de pesquisa
previamente realizada de forma a contribuir positivamente no contexto em que está
inserido.
Os alunos participam ativamente no seminário visto que a pesquisa e apresentação
do tema serão realizados por eles mesmos. Este método permite que os alunos
aprendam a estudar, interpretar, criticar (mostrando possíveis soluções) os trabalhos
existentes. Como professor você irá incentivar, orientar e mediar os caminhos
possíveis para que o aluno ou o grupo alcancem êxito na pesquisa e
conseqüentemente no seminário. Para que o seminário seja enriquecedor, sugira
aos alunos para que se utilizem de diferentes formas de apresentação (gravuras,
desenhos, vídeos, gráficos, testemunhos pessoais de convidados, etc).

Phillips 66
Através da técnica toda a classe participa da discussão. Dividida em Grupos de seis
componentes cada um, para trocarem idéias durante seis minutos e, depois,
exporem as suas conclusões. O(A) professor(a) pode usar esta técnica no início da
aula, para despertar a atenção; no meio, para conservar a motivação; e no final,
20
para a fixação e a integração da aprendizagem. Com esta técnica, todos participam,
dão opiniões e sugestões através de uma atividade informal e democrática. Exponha
de maneira clara a questão, oriente a divisão dos grupos. Decorridos os seis
minutos, cada relator apresentará as conclusões de seu grupo, escrevendo-as no
quadro ou no papel bobina.

2. O professor e as dinâmicas de grupo


Já no início de sua história o homem percebeu que suas tarefas seriam
melhores, mais eficazmente realizadas se feitas coletivamente. Na caça, uns
espantavam os animais, outros os dirigiam para as armadilhas. Assim criou-se a
divisão do trabalho e especialização das tarefas. Era o início da organização em
grupos criada e mantida para atender necessidades coletivas (obter alimentos para a
tribo).
Por essa razão, desde os primórdios tempos, o homem vive em grupos. A
medida que as tarefas de sobrevivência e as necessidades materiais e de
autopreservação foram se tornando mais decisivas,o conhecimento e as ações
subseqüentes sobre as situações escapavam às possibilidades de um só indivíduo,
exigindo a atividade de um conjunto de pessoa. Com a complexidade crescente da
vida em sociedade, o trabalho em grupo tornou-se imprescindível para a solução de
problemas e geração de informação e conhecimento.
Por meio da participação em grupos, o homem: compreende o ambiente
circundante; aprende a reconhecer e representar-se a si mesmo; desenvolve novas
e diferentes habilidades; obtém recompensas e reconhecimentos que não estarão
disponíveis para ele individualmente; dá significado a sua existência.

2.1. A importância das dinâmicas de grupos


O conhecimento da dinâmica do grupo do qual a pessoa faz parte ajuda a
entender muitas de suas ações e reações. W.C.Trow e colaboradores realizaram
diversas investigações sobre dinâmica de grupo e sobre seu relacionamento às
atividades docentes. Chegaram a algumas conclusões sobre os grupos de classes:
A conduta e a opinião dos alunos são reguladas, em grande parte, por grupos
pequenos e coerentes, existentes dentro da classe; esses grupos exigem que os
seus membros se submetam a certas normas, já que têm poder sobre eles, em
particular.
A meta principal- dizem Bany e Johnnson, dos educadores centrados no
grupo é a formação de cidadãos democratas, que não só possam participar de modo
efetivo dos atos da coletividade, como também iniciar ações coletivas, necessárias
para a perpetuação da sociedade democrática. Por serem partidários desta valiosa
premissa, dão grande importância à ação coletiva do grupo.
Todas as técnicas de dinâmica de grupo têm valor relativo. Pode haver
excelente dinâmica de grupo numa aula expositiva, marcada por um clima de
diálogo, e péssima dinâmica de grupo com uma técnica muito movimentada.
O que mais importa é o clima de liberdade, comunicação, participação,
cooperação e responsabilidade. As técnicas devem estar em função desse clima, e
sem ele viram agitação e dispersão. A dinâmica de grupo representa uma estratégia
para a mudança. Às pessoas é oferecida a experiência de mudança no
relacionamento, na forma de comando, na liderança, na comunicação, na auto-
estima , na descoberta de si. Na medida em que eu mudo, meu grupo muda, o
mundo pode mudar.
Algumas sugestões que podem ser úteis para melhor aproveitamento das
idéias e técnicas apresentadas.
21
- BOM PLANEJAMENTO: As técnicas devem ser planejadas em função de
objetivos a alcançar e atividades a realizar. Não improvise.
- FLEXIBILIDADE: A previsão não significa empobrecimento. É bom dispor
de uma boa reserva de técnica, para socorrer-se delas como alternativas,
conforme os problemas e necessidades do grupo.
- REDUZA A COMUNICAÇÃO VERBAL: As instruções e esclarecimentos
verbais devem reduzir-se ao mínimo. O excesso de explicações dispersa e
confunde. A melhor coisa é a visualização das etapas e das técnicas
através de gráficos no quadro ou cartazes. Muito úteis também as
instruções escritas em fichas, bem como o uso de códigos ( desenhos,
cores, etc );
- PROBLEMA DO TEMPO: As técnicas devem adaptar-se aos objetivos de
cada atividade e ao tempo disponível. Exemplificando: todas as etapas de
uma determinada dinâmica podem desenvolver-se no período de uma
reunião ou de uma aula, como podem também desdobrar-se através de
dois ou mais períodos.
- COMBINAÇÃO DE TÉCNICA: Numa mesma aula ou reunião podem ser
combinadas, às vezes, técnicas diferentes, tornando as atividades mais
ricas e o grupo mais dinâmico.
- CRIAÇÃO DE TÉCNICAS E PAPÉIS: A criatividade de um grupo bem
motivado não tem limites. De modo especial os jovens surpreendem às
vezes com técnicas que não têm nome e que não estão nos livros, mas
que merecem estar. Também a criação e desempenho de papéis novos
injeta energias jovens no grupo, estimulando novas formas de
participação.
- PUBLIQUE O QUE CRIOU: Muitas coisas não melhoram porque
cultivamos demais o complexo de inferioridade ou o individualismo.
Existem experiências muito ricas, por aí, nos grupos, em todos os setores,
que permanecem como patrimônio isolado de poucos. Comunique aos
outros o que descobriu ou inventou. Passe adiante. Se puder, publique.

2.2. Executando dinâmicas de grupo


Tomando como referência os princípios expostos, a aplicação de qualquer
técnica pressupõe que os envolvidos estejam constituídos em grupos, de quatro a
dez elementos dependendo do número total de participantes envolvidos, e que
existam fatos científicos ou experiências a conhecer, avaliar ou investigar.
Considerando essas propostas, existem algumas técnicas específicas para o
conhecimento, outras para a avaliação e algumas para a investigação; ainda que, na
maior parte das vezes, a mesma técnica de avaliação fixe informações científicas e,
como decorrência natural, instigue o participante a investigar outros fatos.
- Por quê utilizar dinâmicas de grupo?
As técnicas pedagógicas constituem extraordinário instrumento de motivação,
uma vez que transformam o conhecimento a ser assimilado em um recurso de
ludicidade e em sadia competitividade. Em Dinâmica de Grupo não ocorre a
competição interpessoal que magoa o derrotado, mas a disputa grupal que se apoia
numa solidariedade da micro-unidade. Nessas condições as técnicas além de
motivadoras contribuem seguramente para a criatividade, desinibição, coerente
avaliação dos progressos, fixação dos conhecimentos adquiridos e, principalmente,
favorecimento e fortalecimento da formação da personalidade do envolvido, na
medida que o inserem positivamente em um grupo de trabalho ou de estudo.
- Quando usar dinâmicas de grupos?
22
Na escola, as técnicas pedagógicas devem alternar-se com aulas expositivas
e ser aplicadas sempre que houver necessidade de fixação de algum conteúdo. Em
geral, após duas aulas, propomos a aplicação de uma técnica, ainda que, na maior
parte das vezes é interessante em um mesmo espaço/ aula marcar-se um tempo
para exposição e outro para o emprego de uma técnica que, nesse caso específico,
vise a avaliação do conteúdo proposto.
Onde desenvolver?
Não existem limitações materiais para o emprego de qualquer técnica. Uma
sala, um galpão ou mesmo uma área descoberta podem sugerir condições
adequadas para o emprego das técnicas.

2.3. Sugestões de dinâmicas de grupo

- Pessoas- Balão
Objetivos: Oportunizar a reflexão sobre o modo de ser de cada um,
ressaltando que os valores que possuímos, influenciam nossas atitudes, decisões e
comportamento; Incentivar os participantes a tomarem decisões responsáveis e
reagirem com maturidade na tentativa de superar críticas e ofensas.
Material: Balão e alfinete
Desenvolvimento:
1o. Conversação para a introdução da dinâmica.
2o. Encher o balão e explicar aos participantes por que, certas pessoas, em
determinados momentos agem e ou vivem como se fossem balões cheios de ar.
Possíveis comentários:
- alguns são aparentemente cheios de vida, mas por dentro nada
mais têm do que ar;
- outros parecem ter opinião própria, mas se deixam levar pela mais
suave brisa;
- por fim existem aqueles que vivem como se fossem balões cheios,
prestes a explodir, basta que alguém os provoque com uma ofensa
para que ( neste momento estoura-se o balão com o alfinete )
“estourem”.
Fechamento:
- Pedir para que todos dêem sua opinião sobre suas dificuldades em
superar críticas e ofensas.
- Solicitar aos participantes que falem como se sentem e pedir que se
identifiquem em alguma das situações acima mencionadas, se este
for o caso.

- A Lâmpada de Aladim
Objetivos: Expressar valores, necessidades e desejos individuais; Perceber
os valores do grupo.
Material: Ficha de trabalho contendo o desenho de uma lâmpada , lápis e fita
crepe.
Desenvolvimento:
1º Conversação sobre os objetivos do trabalho, levando os participantes a
refletirem sobre seus próprios desejos, necessidades e valores.
2º Pedir que cada um imagine que encontrou uma lâmpada mágica e portanto
tem direito a fazer um pedido. Neste momento são entregues as fichas ( lâmpadas )
para que cada um individualmente anote o que foi solicitado.
23
3º Cada pessoa apresenta seu pedido ao grupo e as fichas vão sendo
coladas no quadro sem que os participantes saibam o critério adotado para a
classificação das fichas.
CRITÉRIOS:
1-pedidos feitos em benefício próprio;
2-pedidos feitos em benefício do outro;
3-pedidos feito em benefício da coletividade.

4º Quando todos os pedidos tiverem sido apresentados, o instrutor pede ao


grupo que tente perceber qual foi o critério utilizado para cada agrupamento.
5º Inicia-se a discussão dos seguintes pontos:
- análise dos pedidos ( quais aparecem em maior quantidade e por
quê? )
- o que mais chamou atenção em todos os pedidos etc.
Fechamento:
O instrutor reflete com o grupo sobre a importância de todos os pedidos
pontuando, o fato de que a satisfação pessoal é composta pelo bem- estar coletivo.

Observações: O ponto essencial desse trabalho é a expressão das


necessidades, sonhos e desejos pessoais, grupais e coletivos. O instrutor deve ficar
atento para não valorizar um tipo de pedido em detrimento de outro. Todos são
legítimos. No entanto, não pode deixar de analisar com o grupo os eventuais
desequilíbrios que favoreçam apenas uma dimensão, possibilitando assim uma
reflexão existencial mais profunda.

- Frases
Objetivos: Oportunizar um momento de reflexão no qual cada um escolherá
uma frase que classificará como 1º plano. ( Essa dinâmica mostrará que todas as
frases são importantes e que não podemos deixar de fora nenhuma delas.)
Desenvolvimento:
1º Conversação para a introdução da dinâmica;
2º Escrever as frases no quadro para debate. Abaixo, algumas sugestões:
 Ser mais independente de meus pais ( ou não depender
economicamente deles )
 Obter boas notas na escola
 Respeitar meus valores culturais
 Não abusar de drogas e álcool
 Dar-me bem com meus pais
 Ter boa saúde durante toda a vida
 Casar-me
 Comer todos os dias
 Viver de acordo com minha religião
 Ter minha casa própria
 Ser criativo(a)
 Ter um marido/ uma mulher que me ame muito
 Ser muito rico
 Ser popular com meus amigos/ minhas amigas
 Ser bom/ boa nos esportes
 Ter um bom relacionamento sexual com quem amo realmente
 Conseguir um emprego que me realize profissionalmente
 Ter filhos
24

3º Os participantes escolherão uma frase que classificarão como a mais


importante
4º O instrutor selecionará as cinco mais escolhidas
5º Comentário sobre a inter- relação entre as frases bem como sua
importância, nas tomadas de decisões, e seu interferimento no fututro; “Seu
próprio conceito e as escolhas interferem no seu futuro e demonstram seus
valores.”
Valorizar o respeito ao próximo, sua individualidade e suas escolhas.
Ressaltar que é preciso buscar tempo para reflexões e opções como
estas.
6º Sugerir que os participantes levantem questões que mais os preocupam
( profissão, drogas, violência etc ).

3- O professor diante dos recursos didáticos


Na caminhada do aprender os recursos são inúmeros. Desde elementos da
natureza, sucatas a objetos conhecidos como escolares como o lápis, o caderno, o
mural, o livro, o quadro, chegamos aos eletrônicos como o retroprojetor, a televisão,
o vídeo, o computador, dentre outros. Nenhum recurso deve estar acima da relação
professor-aluno. O professor é quem vai articular o recurso a favor da aprendizagem.
Ao escolher um recurso algumas perguntas deverão ser feitas: O que
pretendo ensinar ficará melhor “traduzido” através deste ou daquele recurso? Tenho
total domínio deste recurso? Ele está adequado ao meu grupo? Como usar ao
máximo todas as potencialidades do recurso a favor da aprendizagem?
Para cada recurso há características e funções diferentes. Um mural, mesmo
que tenha diferentes objetivos, tem como principais elementos que o definem o de
ser um local fixo para exposição de trabalhos, propagandas, esquemas, etc.
Enquanto isso um cartaz caracteriza-se pela sua mobilidade e facilidade de ir de um
canto a outro, sendo a durabilidade, em geral, bem menor do a de um mural.
Na construção e organização de qualquer recurso por mais simples que este
seja deve ser levado em consideração alguns aspectos: tamanho, proporção, cores,
letras, linguagem apropriada ao recurso, características do público, ambiente físico,
etc.

4- O Professor e os recursos audiovisuais


Todos temos os mesmos instrumentos para chegar ao conhecimento, mas
de formas diferentes. Uns têm mais facilidade de aprender através das imagens,
outros através da fala, outros através da música, do movimento, do isolamento
ou da cooperação. Fomos criados por Deus com múltiplos e diferentes sentidos –
alguns desses nem sabemos de sua existência, porque nunca foram
estimulados, por isso não os usamos. Pesquisas constataram que aprendemos:
1% através do gosto;
1,5% através do tato;
3,5% através do olfato;
11% através da audição;
83% através da visão.

Retemos:
10% do que lemos;
20% do que escutamos;
30% do que vemos;
50% do que vemos e escutamos;
25
70% do que ouvimos e logo discutimos;
90% do que ouvimos e logo realizamos.

Inúmeras são as possibilidades de encaminharmos nossas aulas, encontros,


etc. Cabe a cada interlocutor (professor, líder) perceber, criar a partir de sua própria
realidade. O importante é possibilitar diferentes oportunidades e espaços para que
nossos alunos aprendam, sejam estes crianças, adolescentes, jovens, adultos ou
idosos.
Os recursos audiovisuais como a televisão, o vídeo e o computador tornam-se
grandes aliados quando usados adequadamente em nossas ações educacionais.
Vale a pena conferir diferentes trabalhos de pesquisa que estão sendo feitos nesta
linha de pesquisa que visa melhor compreender como otimizar melhor os recursos
audiovisuais em prol de uma verdadeira aprendizagem.3

5- A criatividade como espaço de aprendizagem


Num mundo complexo e de incertezas, a criatividade é um recurso humano natural
que precisa ser desenvolvido enquanto habilidade necessária até mesmo à
sobrevivência nas próximas décadas. Formados numa premissa de educação em
que mais recebíamos a semelhança de um depósito de informações, onde o saber
pessoal era subestimado em detrimento do saber erudito, muitos de nós têm hoje
grandes dificuldades em criar. Criar pressupõe espaço para reler o que se passa a
volta inferindo novas ações, pressupõe espaço e tempo para o novo.
ALENCAR (1992) afirma que para proporcionar condições de desenvolvimento do
potencial criador de seus alunos, o professor necessita conhecer algumas
dimensões da criatividade, dentre elas:
- habilidades relacionadas ao pensamento criativo (fluência de idéias,
flexibilidade e originalidade de pensamento entre outras);
- traços de personalidade que favoreçam a expressão da criatividade
(independência, iniciativa, autoconfiança, determinação, curiosidade,
espontaneidade, entre outros);
- clima psicológico (ambiente encorajador onde o aluno se sente seguro e
livre para expor suas idéias, sem medo de ser criticado. Quando o aluno
sente que vai ser criticado, ridicularizado e ameaçado, ele certamente
deixa de expressar novas idéias e de fazer uso de suas potencialidades
criativas).

Vários são os percursos que o professor poderá seguir de forma a possibilitar


melhores condições de desenvolvimento do potencial criador. São apresentadas
algumas sugestões a seguir:
- os alunos expressam melhor suas habilidades criativas quando realizam
atividades que lhes dão prazer;
- valorize as idéias originais dos alunos ajudando-os a refinar e esculpir as
mesmas;
- desenvolva diferentes exercícios e atividades que proporcionem diferentes
respostas;
- desenvolva atividades que requeiram do aluno iniciativa e independência;
- dê chance aos alunos para discordar de seus pontos de vista;
- ajude os alunos a se libertarem do medo de cometer erros promovendo
um ambiente de respeito e aceitação pelas idéias de seus alunos;

3 Sobre isso sugerimos o livro “Vídeo e Educação” de J. Ferres lançado pela editora Artes

Médicas. Vale a pena conferir também “Linguagem Total: uma pedagogia dos meios de comunicação”
do professor F. Gutierrez, lançado pela Summus.
26
- reconheça que a criatividade incorpora uma variedade de processos
(resoluções de problemas, pensamento divergente, pensamento
convergente) e uma série de elementos motivacionais e referentes a
personalidade (autoconceito, autoconfiança, curiosidade, flexibilidade,
determinação, dentre outros).

Ensinar criativamente é uma rica possibilidade de provocar aprendizagens de forma


prazerosa. Ela é capaz de modificar professores, alunos, pessoas, o mundo em que
vivemos.

 PARA VOCÊ REFLETIR...


Como você escolhe métodos e técnicas para aplicar nas atividades educacionais de
sua igreja?
O que é criatividade para você?
Como é aproveitada a expressão criativa de seus alunos ou liderados?
O que você pode fazer para potencializar seus recursos e espaços a fim de que
estes sejam transformados em ambientes de real aprendizagem ou mudanças?
27
CAPÍTULO V - AÇÃO DOCENTE – ALGUMAS COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS
A sociedade contemporânea apresenta algumas características de grande
impacto sobre a educação. Estas definem-se como maior complexidade, mais
tecnologia, compressão das relações de espaço e tempo, trabalho mais
responsabilizado – mais precário, com maior mobilidade, exigindo um trabalhador
multicompetente, multiqualificado, capacitado a gerir diversas situações de grupo, de
se adaptar a novas situações, sempre pronto a aprender, em resumo, um
profissional mais informado e autônomo.
O paradigma emergente4 que surge como caminho e fim a ser compreendido
e construído na formação do sujeito busca perceber o sujeito de forma integral.
Neste, segundo o comentário de BEHRENS (1999, p.59-64), o sujeito deve ser visto
como um ser indivisivo, havendo o reunir do cérebro e emoções, usando também as
sensações, sentimentos e intuições num movimento constante do aprender. O
indivíduo é percebido como sujeito de sua própria história, necessitando refletir e
compreender seu contexto imediato e amplo de forma crítica e participativa,
desenvolvendo habilidades que o expressem como cidadão social.
Cabe à educação, através de suas diversas modalidades, fornecer condições
de aprendizagem numa nova perspectiva em que se almeja um profissional de
educação mais autônomo, participativo, interlocutor de sua própria aprendizagem,
numa dimensão intra e interpessoal. Novas competências são necessárias a esse
novo perfil de professor que deve reler constantemente sua prática a partir de uma
teoria que também vai sendo reelaborada através de uma constante reflexão crítica.

1. Formação do professor no contexto atual


Para NÓVOA a formação do profissional de educação deve “estimular uma
perspectiva crítico-reflexiva, que forneça aos professores os meios de um
pensamento autônomo e que facilite as dinâmicas de autoformação participada.
Estar em formação implica um investimento pessoal, um trabalho livre e criativo
sobre os percursos e os projetos próprios, com vista à construção de uma
identidade, que é também uma identidade profissional”. (1992, p.25)
O autor ainda acrescenta que ninguém se forma por acumulação de cursos e
conhecimentos, mas sim através de um trabalho reflexivo-crítico sobre as práticas
e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal. É necessário trabalhar
no intuito da diversificação dos modelos e das práticas de formação, garantindo
novas relações dos professores com o saber pedagógico e científico. A formação
deve passar pela experimentação, pela inovação, pelo ensaio de novos modos de
trabalho pedagógico. (p.25-28)
Sob esta premissa a formação do professor deve se encaminhar no objetivo
de prepará-lo para um pensamento crítico, analítico, articulando-se entre situações-
problemas e identificação de respostas. Com isso PERRENOUD concorda quando
declara que “No quadro de um processo de profissionalização, mais do que difundir
respostas e soluções, a formação prepara os futuros professores para se
interrogarem e para identificarem e resolverem problemas. Confere, portanto,
competências metodológicas, não sobretudo para se ensinar, mas para se refletir
sobre a prática de cada um.” Portanto, o fundamental é formar um profissional
prático reflexivo, capacitado para a auto-observação, auto-avaliação e auto-
regulação. Não sozinho e desinteressado pelos resultados da investigação em

4 Não se impõe aqui um novo paradigma como caminho para ações. As diferentes
tendências pedagógicas coexistem através de valores e ações desenvolvidos por muitos. Entretanto,
aqui apresenta-se o paradigma emergente como uma possibilidade de articulação da teoria-prática
pedagógica diante das novas e rápidas mudanças que influenciam o sujeito pós-moderno.
28
educação, porém permanecendo o artesão da integração destas várias
contribuições numa prática pessoal. (1993: p.200-201).
A formação do professor deve ser continuada e também caracterizada pela
consciência de que o ensinar exige criticidade, esperança, disponibilidade para o
diálogo, estética e ética, respeito aos saberes do outro (do aluno principalmente),
bom senso, esperança.5 Estar consciente aqui implica em movimento. Movimento
que me conduz a prática, uma prática que reflete e avalia posições gerando novos
pontos de partida ou apenas mudanças no roteiro.

2. Comunicação – espaço da aprendizagem


Bachelard observa que os professores têm dificuldades para compreender
que seus alunos não compreendem, já que perderam a memória do caminho do
conhecimento, dos obstáculos, das incertezas, dos atalhos, dos momentos de
pânico intelectual ou de vazio. (JAPIASSU, 1976) Compreender de fato o que se
passa a nossa volta é a verdadeira leitura que todo educador constantemente deve
fazer. Nossos alunos vão para diferentes ambientes onde há ações educacionais,
carregando suas experiências pessoais, familiares, culturais, comunitárias, etc.
Ajudá-los a reler essas diferentes situações, de forma que a releitura favoreça a
reelaboração e reconstrução de aspectos constituintes da própria individualidade, é
desafio que começa a partir de nós mesmos, de nossas próprias releituras e
constantes auto-avaliações críticas que proporcionam um novo olhar, um novo agir.
O desenvolvimento individual está, contudo, atrelado ao desenvolvimento de uma
coletividade, pois, é na relação com o outro que formamos nossa identidade. Não
existe individualidade sem contexto, sem o próximo. Sendo assim, refletir seu
contexto deve ser parte integrante do auto-conhecimento. É a compreensão de sua
origem sem ser por ela esmagado.
A comunicação é espaço de ação comum. Logo, para que haja
compreensões, mudanças, aprendizagens é necessário ter um espaço em que não
só um, mas ambos enquanto interlocutores, participantes neste processo, conduzam
sua admiração sobre o mesmo objeto, que a linguagem seja comum e reconhecida
por ambos. FREIRE declara
“Se, na verdade, o sonho que nos anima é democrático e solidário, não é
falando aos outros, de cima para baixo, sobretudo, como se fôssemos os portadores
da verdade a ser transmitida aos demais, que aprendemos a escutar, mas é
escutando que aprendemos a falar com eles. Somente quem escuta paciente e
criticamente o outro, fala com ele, mesmo que, em certas condições, precise de falar
a ele (...) O educador que escuta aprende a difícil lição de transformar o seu
discurso, às vezes necessário, ao aluno, em uma fala com ele.”(1999, p.128)
Nossa sociedade é marcada historicamente pela fala de apenas uns poucos
em diferentes ambientes. O ambiente que pretende ser educacional (para além da
instrução) é caracterizado como um espaço de todos e para todos. Logo não há
dicotomia entre comunicação e liberdade. Estes, na verdade, são fenômenos
coincidentes. A comunicação só se faz autenticamente com liberdade. Por sua vez,
a liberdade só é conquistada por meio da comunicação.
Compreender a comunicação como espaço de aprendizagem é ter diferentes
conteúdos (o meu e o do outro); é lidar muitas vezes com a incógnita, com a
surpresa, com o maravilhamento que poderão constituir-se, ou não (dependerá das
percepções e da forma de condução do processo), em grandes e autênticos
espaços do saber e do aprender. Aqui está o grande desafio de uma pedagogia que

5 Paulo Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia apresenta, de forma reflexiva, algumas

questões que o ensinar exige daqueles que realmente se propõem a educar.


29
comunica, que provoca a partir do problema e torna, o até então incompreendido,
significativo.

3. Novo olhar, nova prática


O papel do professor necessita ser revisto e reposicionado para que a
verdadeira aprendizagem aconteça num ambiente comunicacional. Verifica-se que o
papel do professor, nesse momento, sofre constantes alterações que coadunam com
a verdade inserida em nossa sociedade, portanto, buscando adequar-se à
necessidade de aprendizagem. DELORS afirma que

“O professor deve estabelecer uma nova relação com quem está aprendendo, passar do
papel de "solista" ao de "acompanhante", tornando-se não mais alguém que transmite
conhecimentos, mas aquele que ajuda os seus alunos a encontrar, organizar e gerir o saber, guiando
mas não modelando os espíritos, e demonstrando grande firmeza quanto aos valores fundamentais
que devem orientar toda a vida.”(1999, p.155)

Baseando-se nesta premissa vários estudiosos da educação destacam


algumas características referentes a este novo professor. Este deve constituir-se
dentre outros aspectos, como facilitador, mediador e catalisador do aprender.
Como facilitador ajuda alunos a interpretar, analisar e a aplicar essas informações
de forma consciente e inteligente. Ser um facilitador exige portanto, algumas
características que não se resumem a apenas transmitir informações.
Na posição de mediador ele deve ser aquele disposto a conduzir o educando
ao conhecimento de forma a fazê-lo gestar novas idéias e paradigmas. Nesta
posição entende-se que o educador tem igualmente a função de reinterpretar a
informação mediando esta ao contexto do aluno. Como catalisador observa-se a
função de acelerador da reação de aprendizagem. Nesta posição ele entende que
deve ser alguém disposto a construir o conhecimento de forma interessante ao
educando, levado o aluno a desejar adquirir o conteúdo de forma ávida e empática.
O único senão, conforme definição da palavra encontrada em dicionário, é que o
educador tem sua substância de conhecimento alterada neste processo, enquanto
os elementos catalíticos sofrem pouca ou nenhuma inferência em sua essência. Não
é possível ao educador permanecer inerte frente às transformações em seus alunos,
ele precisa interagir com o conhecimento gerado. Creio que esta interação traz
consigo uma inevitável mudança na essência do conhecimento do educador.
Mediante essas colocações, verifica-se que o perfil deste novo educador
implica em este ser criativo, comunicador, colaborador, mediador, acelerador e
construtor de oportunidades no qual o conhecimento seja uma aventura
emocionante. O conhecimento é agora construído a partir de problematizações (isso
instiga! mas dá trabalho...)que pode ser desenvolvido através de pesquisas e
projetos na busca de análises e soluções para o problema levantado. A avaliação é
inclusiva porque torna-se contínua e formativa, observando os momentos mais
significativos e relevantes que fazem parte de um todo e não apenas pontual. A
meta do professor agora, mais do que ensinar, é aprender a aprender, possibilitando
o mesmo a seus alunos.
O professor DEMO argumenta que "Mais importante que escutar, copiar,
aprender matéria, é fazê-la com as próprias mãos, por elaboração própria,
teorização das práticas, argumentação pessoal”.(1996, p.59) O professor consciente
de sua função pedagógica como guia e orientador (bases etmológicas da função que
carrega), há de considerar que a reescritura do mundo sempre se fará a partir do
real, baseado num espaço de inter-ação, espaço de diferentes e não apenas deste
ou daquele; espaço este em que ele (o professor) não perde sua função, mas esta
ganha uma nova forma e vigor.
30

 PARA VOCÊ REFLETIR...


- Qual o perfil dos professores que passaram pela minha vida nos diferentes
espaços da educação (informal, formal, não-formal)?
- Como se dá a comunicação nas diferentes situações da minha vida?
- Enquanto professor e educador que aspectos preciso reelaborar a partir
da releitura da minha teoria-prática educacional?
- Como articular os novos paradigmas educacionais a uma nova prática
educacional dentro da igreja?

LEITURA COMPLEMENTAR

Bons professores são mestres temporários, professores fascinantes são mestres


inesquecíveis

Um bom professor é lembrado nos tempos de escola. Um professor fascinante é um


mestre inesquecível. Um bom professor procura os alunos, um professor fascinante
é procurado por eles. Um bom professor é admirado, um professor fascinante é
amado. Um bom professor se preocupa com as notas dos seus alunos, um professor
fascinante se preocupa em transformá-los em engenheiro de idéias.
Ser um mestre inesquecível é formar seres humanos que farão diferença no mundo.
Suas lições de vida marcam para sempre os solos conscientes e inconscientes dos
seus alunos. O tempo pode passar e as dificuldades podem surgir, mas as sementes
de um professor fascinante jamais serão destruídas.
Tenho investigado a vida de grandes pensadores como Confúcio, Buda, Platão,
Freud, Einstein. Todos eles foram mestres inesquecíveis, porque estimularam seu
íntimo a velejar para dentro de si mesmos. Na coleção de livros Análise da
Inteligência de Cristo (Cury, 2000), tive a oportunidade de investigar os pensamentos
de Jesus Cristo, bem como sua capacidade de proteger a emoção, e sua habilidade
de trabalhar nos solos da inteligência dos seus discípulos.
Apesar das minhas limitações, fiz uma análise psicológica e não teológica da sua
personalidade. Os resultados foram extraordinários. Talvez, pela primeira vez, textos
referentes a Jesus Cristo tenham sido adotados em faculdades de psicologia,
pedagogia e direito.
Aparentemente, ele morreu como o mais derrotado dos homens, pois o mais forte
dos seus discípulos o negou e os demais o abandonaram. Mas ninguém é derrotado
quando suas sementes são enterradas. As sementes que ele plantou nos solos da
memória dos seus discípulos inspiraram a inteligência, libertaram a emoção,
romperam o cárcere do medo, fizeram dos jovens galileus, tão despreparados para a
vida, uma fina casta de pensadores.
A conclusão a que cheguei é que Jesus Cristo se tornou o mestre inesquecível não
por atos sobrenaturais, mas porque arejou o anfiteatro da mente humana com
habilidade ímpar. Nunca alguém tão grande se fez tão pequeno para tornar grandes
os pequenos. Independentemente de religião, os que amam a educação devem
estudá-lo.
Excelentes escolas têm gerado alunos com problemas. No passado, as escolas da
periferia não conseguiam ajudar seus “alunos-problemas”. Hoje, boas escolas que
usam teorias respeitáveis, como a do construtivismo e das inteligências múltiplas,
têm sido incapazes de formar coletivamente jovens sábios e lúcidos.
31
Seja um mestre fascinante. Inspire a inteligência de seus alunos, leve-os a enfrentar
seus desafios e não apenas a ter cultura informativa. Estimule-os a gerenciar seus
pensamentos e a ter um caso de amor com a vida.
Não se cale sobre sua história, transmita suas experiências de vida. As
informações são arquivadas na memória, as experiências são cravadas no
coração.
(CURY, A. Pais brilhantes, professores fascinantes, p.72-74)
32
CAPÍTULO VI
DIDÁTICA E EDUCAÇÃO CRISTÃ

1. O que é Educação Cristã?


A partir dos conceitos do que é Educação fica mais fácil elaborarmos um
conceito de Educação Cristã. Podemos defini-la como o processo de ações
intencionais que favorece o crescimento e desenvolvimento das potencialidades
contidas dentro do ser humano, tendo como principal fundamento a verdade e o
amor, essências de Cristo.
Podemos observar outros conceitos. Educação cristã é:
 Transmissão de vida a partir do resgate da compreensão e da comunhão
da e com a pessoa de Cristo;
 Orientação para a maturidade cristã;
 Espaço de construção da consciência da presença e do amor de Deus
como condição do conhecer, do fazer, do estar junto no processo do
desenvolvimento integral de cada indivíduo;
 A possibilidade de construir e reconstruir a experiência humana a partir do
conhecimento e relacionamento de e com Jesus Cristo.

2. Bases bíblicas para a educação religiosa


Para que qualquer estrutura se mantenha firme é necessário ter fundamentos
sólidos. Isto se aplica também à Educação Cristã. Sendo o Judaísmo o berço do
Cristianismo, nossos fundamentos e conceitos de educacão cristã remetem-se, em
primeira instância, a educação religiosa judaica apresentada no Antigo Testamento.
Mais tarde, com o advento e vida de Cristo e também a partir da sistematização
doutrinária dos apóstolos, temos o espaço da educação cristã cujo clímax da
revelação e da ação convergem na pessoa de Jesus Cristo. Apresentamos abaixo
de forma sintetizada alguns aspectos da educação cristã a partir do Antigo e Novo
Testamento.

2.1. No Antigo Testamento:


Principais centros educacionais em Israel
O povo hebreu teve o privilégio de receber a orientação divina para o processo
educativo de seus filhos. Caberia aos pais apresentar aos filhos os mandamentos de
Deus e as conseqüências da obediência ou não aos mesmos. Geralmente o pai
cuidava da educação do filho enquanto a mãe da filha.

a) O lar – Principal local da educação religiosa. Preocupação divina


com as outras gerações. A importância dada a uma relação dialógica. A
educação não deveria ser apenas uma transmissão de informações e
experiências, mas acima de tudo, era necessário a formação de um caráter,
de uma vida diferente. É apresentado a forma educativa de como se
desenvolveria esta mudança na criança.(Ex.12:26,27; Sl 78:1; Dt. 6:1-9);

b) Sacerdotes e levitas - A educação não se restringia às crianças.


Sacerdotes e levitas deveriam instruir o povo através dos ritos e da leitura de
toda instrução deixada por Deus através de Moisés(Lv. 10:11;Dt. 33:10;Dt.
31:10,13);

c) O Templo - A instrução da criança se dava preferencialmente no


lar. Entretanto, havia ocasiões em que existiam outras formas de educação. O
33
caso mais conhecido por nós é o de Samuel. Há situações apresentadas na
Bíblia mostrando que a partir do Templo o ensino poderia ser difundido para
todos (I Sm. 1:19-28; 2:11;II Cr. 17:7-12)

d) As escolas de profetas - São consideradas um fenômeno


extraordinário no meio do povo hebreu no que diz respeito ao ensino. Vemos
isso atavés de Samuel, Elias, Eliseu, dentre outros. “Alguns estudiosos do
assunto acreditam que tais escolas eram instituições organizadas com
instrução programada, mas não há evidências suficientes que justifiquem
essa opinião” (ARMSTRONG, 1992)

e) A sinagoga -Devido ao exílio do povo judeu na Babilônia, o povo


começou a perder sua identidade cultural e religiosa. Com isto surgem as
primeiras sinagogas ainda no exílio. Essas foram criadas com o objetivo de
adoração ao verdadeiro Deus e manutenção dos costumes judaicos. Eram
locais pré-estabelecidos pelo povo onde este deveria ir para adorar ao Deus
vivo juntos, como antes faziam no Templo. Com o passar do tempo, deu-se
início as “escolas da sinagoga”. Pela época do Novo Testamento, a escola da
sinagoga era parte vital da vida judaica. O objetivo educacional e cultural era
ministrado à parte dos momentos de adoração. “Durante a semana, os
meninos iam a essas classes para estudar as Escrituras com professores
qualificados. Essas classes suplementavam a educação religiosa que os
meninos recebiam dos pais.” ( TENNEY, p.82)

2.2. No Novo Testamento


Para os cristãos, os princípios de educação cristã no novo testamento têm
seu principal alicerce na vida e ensinos de Jesus. Dirigidos por Deus, os apóstolos
sistematizaram os ensinos de Jesus, bem como o grande legado de informações e
experiências vividos por homens e mulheres que tiveram o privilégio de conviver
com o Senhor Jesus.

2.2.1. Jesus, o grande Mestre


 A si mesmo se chamou Mestre6 Jo. 13:13
 Competência no ensino Mt.7:28,29; Jo. 7:46
 Revelação do conhecimento é comunitário Jo. 15:14-16
 Ensino como forma de continuidade e qualidade Mt.28:19-20
 Nos escolhe Ef. 4:11-15

2.2.2. O Espírito Santo


 Educador – Jo. 14:26; I Cor.2:10-13
 Orientador nas verdades divinas - Jo. 16:13
 Nos constrange a pregar e ensinar - Cl. 1:28,29

2.2.3. Igreja
 Estabelecimento educacional – Mat 28:19,20; Col.3:16; II Tim.2:2
 Espaço de formação cristã - Gal. 4:19,20

3. Pontos básicos na Educação Cristã:

6 O termo “Mestre” significa Rabi, professor; homem superior e de muito saber; perito.
34
A fim de melhor compreender o processo e o fim da educação cristã apresentamos
abaixo os principais pontos no exercício da mesma.
 Novo Nascimento (I João 5:1; II Cor. 5:17)
 Crescimento contínuo (Fil.:3,13, 14)
 Amadurecimento cristão (Col.2:2,3; Fil. 4:8-9)
 Serviço (I Cor.3:9; Ef. 4:11,12)

4. Prática da educação cristã


Não é raro falarmos de Educação cristã e muitos logo pensarem no ensino da EBD -
Escola Bíblica Dominical. Entretanto, ao compreendermos o verdadeiro sentido de
educação dentro dos princípios e de toda historicidade bíblica, observamos que
educação cristã atravessa todos os sentidos e dimensões do ser cristão
(relacionamento com Deus, relacionamento com o próximo). Desta forma, não só a
EBD, como também o culto, a evangelização, o serviço, dentre outros são espaços
de aprendizagem, logo há a necessidade de se rever a prática caso se deseje
educação como premissa de transformação. Jesus antes de subir aos céus,
declarou palavras imperativas: “Ide... fazei discípulos... batizando-os... ensinando-
os...” (Mt. 28: 19,20). A missão que Jesus nos delegou é muito ampla e ao mesmo
tempo CONTÍNUA E CICLÍCA, vejamos:

INDO

ENSINANDO FAZENDO

BATIZANDO

Todas as atividades da igreja devem objetivar uma reflexão-ação, ou seja


quando a pessoa se conscientiza do que deve fazer ( a partir de sua vida) ela deve
fazer de forma transformadora (a transformação começou nela e deve conduzí-la a
fazer novas coisas. Isso é aprendizagem, isso é educação!). Vejamos abaixo como
as principais atividades da igreja podem ser desenvolvidas objetivando uma
transformação consciente, um aprender verdadeiro com base em ações didático-
pedagógicas.
4.1. No culto
 No culto Buscar em Deus a direção (o que Ele quer desenvolver nas
pessoas);
 O culto deve ser planejado levando em consideração as características
das pessoas (cultura, necessidades, etc);
 A direção e participação das pessoas ensinam conceitos e valores;
 A oração ensina a essência da comunhão e da intimidade com Deus;
 A música é um recurso poderoso no ensino da adoração a Deus e também
de verdades teológicas;
 A mensagem deve possibilitar à transformação de vidas;
 A entrega dos dízimos e ofertas ensina conceitos como: mordomia dos
bens, dependência divina;
35
 A ceia do Senhor é uma grande oportunidade de reflexão-ação, de
comunhão com o próximo, de compreensão constante de símbolos
utilizados por Jesus.

4.2. Na evangelização
Agir de forma clara e planejada: A quem vai ser anunciado o evangelho (suas
características e peculiaridades)? Como vai ocorrer? Qual o conteúdo a ser
utilizado (todo o plano de salvação? Ponto a ponto em diferentes encontros...)?
Quando e aonde?

4.3. Na EBD, reuniões em pequenos grupos, Apoio feminino, outros


 Ter sempre claro na mente quais são os objetivos (o objetivo geral sempre
deverá ser o alcance da maturidade cristã!!!);
 Qual o tempo que disponho?
 Como o conteúdo, o ensino será desenvolvido dentro deste tempo?
 Observar as características específicas do grupo (idade, aspectos
psicossociais e espirituais, etc);
 Como se dará a avaliação? Quais critérios observáveis tenho definido
como avaliadores?

4.4. Serviço
 Educação cristã e ação cristã estão intimamente ligadas;
 A verdadeira aprendizagem se manifestará na prática;
 Possibilitar espaços para que talentos e ministérios se desenvolvam.

5. Aprendendo com a metodologia de Jesus


Jesus articulava seu discurso com a sua prática, ou seja, havia coerência
entre suas palavras e ações ao implantar o projeto do reino de Deus neste mundo.
Mesmo sendo soberano não se valia disso nas pregações e ensinos, porém
procurava compreender a capacidade de apreensão de seus ouvintes (Nicodemos,
mulher samaritana, multidão, discípulos, etc). Sua palavra era contextualizada em
todas as dimensões da pessoa (histórica, social, psicológica e espiritualmente).
Poucas foram às vezes em que os discípulos não chamaram Jesus de Mestre,
demonstrando, desta forma, o reconhecimento de seus ensinos e de sua conduta.
Vejamos abaixo algumas formas, métodos que Jesus utilizava para que o
ensino provocasse mudança na vida daqueles que o ouviam ou seguiam:

 Partia do conhecido para ensinar o desconhecido – Lc. 14:7 ss


 Começava do ponto em que a pessoa se encontrava – Lc.
12:13-21
 Permitia o diálogo enquanto ensinava – Mt. 13:10-23
 Diálogo direto – Nicodemos Jo. 3:1-15
 Perguntas – Mulher Samaritana – Jo. 4:5
 Preleção – Sermão do Monte – Mt. 5, 6 e 7
 Parábolas
 Leitura do Antigo Testamento – Lc. 4:15-17
 Projetos – dois a dois - Lc.10.1
 Uso de símbolos – Mt. 26:17-30; Jo. 13:1-20
 Ensino individual e coletivo – Jo. 3:1-21; Mt. 5-7
 Uso de materiais visuais e concretos- Mt.6:26-34, Jo. 4:1-42
36

Devemos estar conscientes de que estas ações deverão ser algo constante na igreja,
respondendo sempre a algumas questões básicas: O que desejo alcançar? Qual
a mensagem que desejo passar? Como vou alcançar? Quais os
critérios vou utilizar para observar se atingi ou não meu alvo?

6. Desenvolvimento e formação do educador cristão


Jesus Cristo deve ser para todo o cristão o principal alvo e exemplo de vida.
Suas palavras, atitudes, relacionamentos são marcas vivas na vida daquele que
realmente O segue (João 15).
O crescimento e o desenvolvimento do educador cristão deverá refletir a
pessoa de Cristo. “Jesus é o exemplo para o professor cristão, nos aspectos de
quem era, o que ensinava e como ensinava. Jesus, com a palavra falada da maneira
certa, com o olhar de compaixão, com a pergunta que sonda o íntimo, com a
declaração que surpreende, com o vislumbre de revelação e com o momento de
silêncio, fazia com que as pessoas saíssem de dentro de si mesmos e entrassem
então numa nova situação de confiança, de alegria e de paz.” (HURST, p.65). O
Senhor Jesus dava significado (ou seja, tornava importante e de grande valor para
os ouvintes) ao que pregava e ensinava. Isto ocorria porque Ele manifestava:
 amor incondicional pelos seus ouvintes;
 dependência de Deus Pai;
 convicção da mensagem (conteúdo) que pretendia falar e
ensinar;
 clareza de seus objetivos;
 coerência no que falava;
 compreensão das diferenças individuais;
 uso de diferentes recursos, dentre outros.

Como líderes e educadores cristãos precisamos estar atentos às


características que necessitamos desenvolver em nosso ministério a fim de que o
mesmo cause impacto na vida das pessoas gerando transformação. Essa é a
principal meta de todo educador. A partir da pessoa de Cristo e sua função enquanto
mestre (educador), observa-se as seguintes características do educador cristão:
Em relação a si próprio:
 Ama a Jesus;
 Obedece aos mandamentos divinos;
 Reconhece sua dependência do Espírito Santo;
 Vida em constante crescimento, adoração e serviço;
 Coerência entre o que fala e o que vive;
 Não cessa de buscar o conhecimento;
 Mantém-se atualizado;
 Sabe o valor do seu ministério e investe no mesmo: oração,
pesquisa, aperfeiçoamento;
 Ensino vivo que gera mudanças e transformações;
 Cuida de sua aparência física (alimentação, lazer, sono,
condicionamento físico);
37
 Desenvolve o hábito de fazer auto-avaliação de suas ações.

Em relação ao próximo (alunos, liderados, irmãos):


 Busca incansavelmente conhecer e compreender as virtudes,
limitações, aspectos psicossociais, culturais e espirituais;
 Ama incondicionalmente;
 Ama o que faz, por isso serve; Serve em amor, por isso faz;
 Ora incessantemente por transformações individuais e coletivas.

7. Educação cristã: educação que tem futuro


O mundo sofre as conseqüências de nossas falhas educacionais, sejam estas
por ação ou omissão. Famílias desestruturadas, pais e filhos envolvidos em
diferentes conflitos. Escolas que não conseguem trazer respostas para as inúmeras
dificuldades de aprendizagem, de ensino apresentadas por aqueles que nela
participam. Sociedade em desespero: preconceitos, injustiças, desempregos,
extremidades sociais, violências, discriminações, ansiedade, competição, stress,
depressão...
A Igreja de Cristo precisa:
 Despertar para a sua real missão;
 Perceber as angústias e aflições do próximo;
 Orar e agir de forma organizada em prol de mudanças que
comecem de dentro para fora do indivíduo;
 Possibilitar tempo e espaço para que as pessoas cresçam e
amadureçam na vida cristã a fim de que as mesmas continuem o processo de
multiplicação;
 Pensar como Jesus pensou (mente de Cristo).
Ser um agente de Deus e facilitador de caminhos e formas para que a igreja
local aprenda verdadeiramente os princípios divinos não é tarefa simples. Todo
aquele que se dispõe a ensinar, sabe que primeiro precisa aprender (a Palavra
possui dois gumes, não é mesmo?!).
Lançar mão da criatividade, disposição e mediação são alguns dos
itens necessários ao verdadeiro educador que entende sua função no
processo social e pessoal de cada sujeito.
Temos um grande desafio neste mundo caótico em que vivemos: Viver
valores, ensinar valores que traduzam o Reino de Deus, o Reino que o
Senhor Jesus incansavelmente ensinou e viveu.

A responsabilidade de orientar e nutrir torna-se mais valiosa quando criamos


espaços e situações para que o indivíduo (criança, adolescente, adulto, idoso)
perceba e desenvolva seus talentos, dons e potencialidades que Deus
criativamente deu a cada um de nós.
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PARA VOCÊ REFLETIR...
- Qual o seu conceito de Educação cristã?
- Como você percebe a Educação cristã na sua casa, igreja e ministério?
- Por que fazer educação cristã?
- Aonde começa a educação cristã?
- Qual a relação da didática com a educação cristã?
- Quais são os meus alvos enquanto líder e/ou educador cristão?
- Como posso desenvolver a educação cristã aonde estou?
- De que forma avaliar as ações educacionais que já desenvolvo na minha
vida?
- Quais as áreas ou características da minha vida que precisam ser
transformadas de forma a melhor desenvolver o ministério de educação ou
ações educacionais relevantes?
- O que posso fazer para desenvolver essas áreas ou características em
minha vida?

LEITURA COMPLEMENTAR

PERMANÊNCIAS E MOVIMENTOS: ESPAÇO DE CONHECIMENTO


"A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para a
frente." (Soren Kierkegaard)

A sociedade atual é caracterizada como a “sociedade do conhecimento”. Com


o avanço da ciência e da tecnologia, principalmente no último século, o indivíduo
tem de lidar hoje com inúmeras informações e mudanças, necessitando desenvolver
novos mecanismos para lidar com o novo (novas formas de se relacionar, de fazer,
de conhecer, etc).
A igreja evangélica, enquanto instituição social e formadora de opinião,
também sofre com essas transformações. Diferentes questionamentos vibram
fortemente em seu interior, tais como: “Como viver no mundo presente sem perder
os princípios que fundamentam a existência da igreja? Qual é o conhecimento
essencial à igreja pós-moderna? Como tornar este conhecimento algo de extrema
necessidade à vida de todo aquele que se chama cristão?”
Responder a estas e outras questões não é tarefa fácil. O pensamento acima
descrito assinala uma possibilidade de reflexão-ação em torno da seriedade do
conhecer “... e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” (João 8:32).
Aprecio o significado do verbo conhecer em uma de suas formas mais clássica:
conhecer é “estar intimamente ligado a”.
Conhecimento não é apenas estar cônscio da informação, mas é a
informação transformada em experiência de vida pessoal e/ou coletiva. Para tal é
necessário, além de crer, também desejar, seguir, conviver com. O conhecimento
apresenta-se aqui como permanência e movimento. Parece, a primeira vista,
contraditório, entretanto são ações que interagem entre si. O permanecer em Cristo
me conduz a conhecer (lembre-se: estar intimamente ligado a ...) a verdade, verdade
que se expressa na sua própria pessoa; permanência em Cristo que me move em
direção a um fazer consciente e não apenas imposto.
Conhecer envolve tempo, investimento; conhecer dá trabalho! Conhecer
implica em desejar ardentemente estar com o novo que se apresenta, abandonando
o que não se encaixa com o novo que me liberta. É como à imagem da estrada que
conecta distintos tempos e espaços.
Ao encarar o conhecimento a partir dos significados acima descritos, a igreja
local precisa refletir o sentido e a importância que é dada ao mesmo em seu espaço.
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Temos em nossas mãos a responsabilidade (e ao mesmo tempo o privilégio) de
possibilitar situações que verdadeiramente gerem conhecimento - permanência em
Cristo que gera transformação, libertação num sentido que vai do pessoal para o
coletivo. Um ambiente onde o conhecimento é tratado desta forma é um ambiente
dinâmico, atento a uma visão, consciente de seu papel e função enquanto agente
transformador. Somente o essencial, a verdade necessária vai nos dar base para
lidar com as demandas que a sociedade exige (conhecimento intelectual, profissão,
relacionamentos, exercício da cidadania, dentre outros). A igreja deve se preocupar
em possibilitar um espaço onde o conhecer gera mudanças. Particularmente,
acredito firmemente que as verdadeiras mudanças da igreja, que causarão impacto
nesta sociedade, serão aquelas que passarem por um conhecimento construído com
visão, determinação e responsabilidade. Conhecimento que brota da intimidade com
a verdade que liberta.Conhecimento que não abre mão de princípios, porém está
cônscio de sua real missão e move-se em direção ao que se propôs. Isso é o
essencial que se faz urgente!

(TORQUATO, R. O Batista Paranaense, ano LXXVIII, No. 4/2004, p.07)


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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Temos um grande desafio neste mundo caótico em que vivemos: Viver


valores, ensinar valores que traduzam o Reino de Deus, o Reino que o Senhor
Jesus incansavelmente ensinou e viveu. Compreender de fato o que se passa a
nossa volta é a verdadeira leitura que todo educador constantemente deve fazer.
A Didática preocupa-se com o ensino e, para que este aconteça é necessário
que haja aprendizagem. Logo ensinar e aprender coexistem e devem ser
construídos e re-construídos juntos na intenção de nos assessorar no projeto de
conduzir pessoas ao projeto divino, bem como na fomentação de espaços que
possibilitem o vir-a-ser de pontencialidades que estão dentro de cada um.
A igreja deve constituir-se num espaço de respeito às diferenças de cada um,
de como cada um aprende, pois, afinal, nossa mensagem é de vida. Isto é muito
sério, entretanto, nem todos assim pensam e continuam a “dar aulas” depositando
conteúdos e mais conteúdos bíblicos na cabeça de muitos. Conteúdos de grande
valor, mas que não estão atingindo as pessoas. Por que? Porque, de forma geral,
não estamos atentando para a importância da articulação dos conceitos didático-
pedagógicos com uma prática pautada numa relação do aprender a aprender.
Aprender que passa por relações, por respeito, por constante busca de
aperfeiçoamento e novas perguntas, dentre outras questões. Ações conscientes são
pautadas num planejamento eficiente.
Que o Senhor nosso Deus através do Seu Espírito criador e ensinador esteja
nos conduzindo por caminhos sobremodo excelentes na árdua tarefa possibilitar às
pessoas um novo vislumbrar de vida – o amadurecimento cristão.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ludopedagogia. Petrópolis: Vozes, 1991.
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