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Robinson Cavalcante
Introdução:
Dificilmente haverá uma palavra na linguagem religiosa, seja ela de que tradição for – seja ela
erudita ou popular – que tenha sido mais incompreendida, distorcida e mal definida do que a
palavra “santidade”. Trata-se de uma palavra profundamente desgastada e, por isso,
prejudicada no vocabulário cristão.
De modo que santidade é uma dessas palavras que precisam ser purificadas, limpas. É
preciso que tiremos o cascalho, as impurezas conceituais para, então, conseguirmos
enxergar sua beleza.
Como a santidade é percebida e compreendida para maioria das pessoas? Há pelo menos
quatro percepções populares distorcidas do conceito de santidade.
1. Santidade como perfeição moral. Ou seja, santo é aquele que não comete pecados.
Impecabilidade é a palavra. Santidade seria, portanto, uma vida sem deslizes morais, éticos,
espirituais. Perfeição. Gente assim vive uma espiritualidade neurotica, obcecada por uma
santidade inalcançável.
Essa percepção é terrivelmente perigosa porque contribui para uma consciência geradora de
culpa – culpa porque o individuo neurótizado pela idéia de santidade idealizada sempre vai
falhar
O apostolo João escreve que “se dissermos que não temos pecados, enganamo-nos a nós
mesmos, e não há verdade em nós” (1Jo.1.8)
Hebreus 4.15: “mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém,
sem pecado”, a referencia é a Jesus
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3. Santidade como usos e costumes. Durante muito tempo associou-se santidade a usos e
costumes. Aferia-se o grau de santidade de um cristão pela maneira como ele ou ela se
vestia. A santidade era medida pelo comprimento da saia e do cabelo e pela ausência de
adornos femininos.
Rigorosa no que é irrelevante, mas que faz vista grossa no que é essencial
4. Santidade como fuga da vida, alienada. É a santidade dos mosteiros, dos retiros
espirituais, dos montes. É a noção de que pra ser santo o individuo precisa fugir da vida e
enclausurar-se dentro de um reduto fortificado, uma espécie de bunker espiritual.
Gente que demoniza tudo que é cultural chamando-o de “mundo”. Gente que desenvolveu
uma Santidade alienígena, extraterrestre. Gente que se isola na vida e da vida.
O período patristico – 100-451 a.C. (Perído monástico) criaram monasteiros, onde vivia
reclusos para não se contaminaram com o mundo.
Jesus disse que o problema não é o mundo do lado de fora, mas o mundo do lado de dentro:
João 17:15:
Transição:
José não viveu em santidade protegido numa estrutura eclesiástica ou religiosa. José viveu
em santidade em contextos absolutamente hostis: traição, abandono, prisão, ameaças,
ciladas, amarguras, distancias.
Com José aprendemos alguns conceitos importantes sobre santidade. Quatro conceitos que
são próprios de uma vida de santidade:
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A palavra que traduzimos hoje por santidade na Bíblia tem a sua raiz ligada ao termo
separação, ou separado – qodesh no A.T., e hagios no N.T. A idéia é a de alguma coisa que
foi separada para um respectivo fim, uma determinada finalidade.
No A.T., todas as vezes que Deus queria usar algo ou alguém, antes, ele santificava: o
tabernaculo, os utensílios, o sacerdote, o sábado, Isael.
Deuteronômio 7:6:| “Pois vocês são um povo santo para o Senhor, o seu Deus. O Senhor, o seu Deus,
os escolheu dentre todos os povos da face da terra para ser o seu povo, o seu tesouro pessoal”
José foi um jovem santo porque foi distinto. Deus o escolheu e o distinguiu entre seus onze
irmãos: Zebulom, Issacar, Rúben, Naftali, Benjamim, Dã, Simeão, Levi, Judá, Gade e Aser.
Há quem pense que santidade é qualidade de gente excepcional, especial, iluminadas, isto é,
santas são aquelas pessoas extraordinárias, e por isso mesmo, raras.
Na praia do mar da Galileia, entre os muitos pescadores do vilarejo, Jesus escolhe quatro:
Pedro, Tiago, André e João – Mc. 1.14-20
O que havia de especiais nesse grupo? Absolutamente nada. Gente comum, sem pedigree,
sem cacife, sem talentos, mas Deus os escolhe.
Repito: distinção não é excepcionalidade. Não é ser especial, extraordinário. É ser comum,
mas diferente. É ser igual a todos ao mesmo tempo diferente de todos.
José foi estava preso entre demais presos, mas José é distinto – ele interpreta sonhos
José era um jovem santo não porque era uma criatura medonha ou ser extraordinário, mas
porque deus o separou, o distinguiu
José é tentado pela mulher de faraó inúmeras vezes. O ambiente da tentação se instala. A
armadilha está posta. A voz da sedução é doce e suave. A mulher de Potifar é o predador;
José, a presa.
A tentação é continua, insistente – “dia a pós dia ela insistia com José para que se deitasse
com ele” – v. 10
Versículo 8 diz que José simplesmente recusou “recusou”, não apenas recusou a proposta,
mas insistiu em recusar. À cada investida José dizia “não! Não quero, não vou, não insista”
A isca estava lançada. E ela não aceitava não como resposta: “venha pra cama comigo”
José estava determinado a não ceder às proposta. José não iria jogar fora o projeto lindo de
Deus pra sua vida por um instante de prazer.
Ilustração : Por que alguém rejeitaria um pedaço de pudim? Ou porque não gosta, ou porque
o pudim ta feio, ou porque está cheio de pudim. Não era o caso de José.
Como pode José rejeitar esse pudim tentador? As razões são duas:
Versículo 8
1. Primeiro, sua lealdade ao seu senhor – o faraó: “Meu senhor não se preocupa com coisa
alguma de sua casa, e tudo o que tem deixou aos meus cuidados. Ninguém desta casa está
acima de mim. Ele nada me negou, a não ser a senhora, porque é a mulher dele”
2. Segunda, sua fidelidade ao seu Deus: “Como poderia eu, então, cometer algo tão perverso
e pecar contra Deus"
Está aqui um bom conceito de santidade: Fidelidade horizontal e vertical. Sou santo não
porque tenho cara de santo, não porque vivo nos montes, mas porque sou fiel
horizontalmente – aos meus líderes, ao meu patrão, às minhas amizades, à minha esposa,
aos meus filhos e filhas.
Mas sobretudo, porque sou fiel ao meu Deus!! Existem votos, alianças, compromissos
assumidos.
“Verás que um filho teu não foge a luta”, diz o hino nacional.
Eu tenho minha versão: “Verá que Jovem santo, filho de Deus foge!
Sansão não fugiu e perdeu: perdeu a força, perdeu a aliança de nazireu, perdeu a visão,
perdeu a liberdade e, por fim, perdeu a vida!
José sabe quem é. José tem uma identidade afirmada, definida. Sabe de onde veio e para
onde vai.
1. Momento em que José perde sua identidade. Genesis 41. 45: “O faraó deu a José o nome
de Zafenate-Panéia e lhe deu por mulher Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om. Depois
José foi inspecionar toda a terra do Egito”
José até então sabia quem era. Mas agora faraó começa tirar-lhe a identidade: dar-lhe um
nome de um deus egípcio: Zafenate-Paneia. Este nome tem significado: “o deus fala e vive”.
José era o nome hebreu. Zefenate-Paneia era nome egípcio, pagão.
“Antes dos anos de fome, Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om, deu a José dois
filhos. Ao primeiro, José deu o nome de Manassés, dizendo: "Deus me fez esquecer
todo o meu sofrimento e toda a casa de meu pai".
Ao segundo filho chamou Efraim, dizendo: "Deus me fez prosperar na terra onde
tenho sofrido".
Manassés é nome Egípcio, que significa: “deus me fez esquecer todo o sofrimento e toda a
casa de meu pai”
Roupas egípcias, pinturas egípcias, esposa egípcia, filho com nome egípcio. José vive como
um egípcio.
2. Segundo momento, José recupera a consciência de sua identidade. Mas acontece alguma
coisa entre o nascimento do primeiro e segundo filho. Pois ao nascer o segundo, José não
põe mais nome egípcio no filho, mas Hebreu: Efraim que significa: “Deus dos meus
antepassados me fez prosperar na terra onde tenho sofrido”
José recupera sua identidade. José estava dizendo: “Eu sei quem eu sou. Eu sou Hebreu.
José estava voltando a ser quem era.
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Os jovens Hananias, Misael e Azarias três jovens que estavam entre os hebreus que foram
levados cativos para a Babilônia pelo rei Nabucodonosor em 586 a.C. Na Babilônia seus
nomes foram mudados para Mesaque, Sadraque e Abednego, nomes de divindades
babilônica.
Sabe quem é não vive a partir da opinião dos outros, daquilo que os outros pensam ou
acham
Quem tem identidade afirmada é livre da obsseção de agradar os outros o tempo todo e todo
o tempo
Quem tem identidade afirmada em Deus não desanima com críticas de quem não construiu
nada
Não somos o que o Diabo diz quem somo. Nem o que o que os outros dizem quem somos.
Somos o que Deus diz quem somos: somos filhos amados e queridos
Por cinco vezes no capítulo 39, aparece a expressão “O Senhor estava com José”:
Versículo 3: “Quando ele percebeu que o Senhor estava com ele e que o fazia prosperar em
tudo o que realizava”
Versículo 21: “José ficou na prisão, mas o Senhor estava com ele”
Versículo 23: “O carcereiro não se preocupava com nada do que estava a cargo de José,
porque o Senhor estava com José e lhe concedia bom êxito em tudo o que realizava”
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José é um jovem santo não porque é um jovem belo, inteligente, capaz, habilidoso, mas por
Deus era com ele
Santidade não é alguma coisa que acontece fora de Deus, mas em Deus porque é Deus
quem nos santifica