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O USO DO VÉU

CONDUTA CRISTÃ (PARTE III)

I – INTRODUÇÃO

A questão do uso do véu pelas mulheres cristãs nas reuniões de oração e nos
cultos de adoração e louvor a Deus tem suscitado as mais diversas
interpretações por parte de muitos estudiosos da Palavra de Deus. Este
assunto, apresentado pelo apóstolo Paulo em I Coríntios 11:1-16, não pode ser
ignorado, pois o mesmo faz parte das muitas instruções de Deus no Novo
Testamento. Todo o contexto deve ser analisado, isento de quaisquer idéias
preconcebidas. 

Entendemos que as recomendações dadas pelo apóstolo Paulo, de acordo


com o contexto da primeira epístola aos coríntios, foram dirigidas não só à
igreja de Corinto, mas a “todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso
Senhor Jesus Cristo...” I Coríntios 1:2.

Na mesma epístola o apóstolo Paulo foi claro ao dizer que “se alguém cuida
ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são
mandamentos do Senhor.” I Coríntios 14:37.

Na carta dirigida aos gálatas ele afirmou o seguinte:

“Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é
segundo os homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas
pela revelação de Jesus Cristo.” Gálatas 1:11 e 12.

Estas informações são muito valiosas e indispensáveis, pois elas dão


credibilidade aos escritos do apóstolo Paulo. Por esta razão é muito seguro
afirmar que o verdadeiro povo de Deus deve fundamentar sua fé nos ensinos
“dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da
esquina.” Efésios 2:20.

Sobre o assunto do véu há interpretações que divergem entre si e estas


discordâncias giram em torno de questões sobre as quais o texto sob análise
apresenta definições muito claras.

Da forma como os argumentos do apóstolo Paulo estão dispostos no texto


bíblico (I Coríntios 11:1-16), não há como imaginar que ele tivesse redigido
uma carta orientando a respeito do uso obrigatório do véu, e depois concluir
que nada disso tem valor ou nada disso é preciso.

Para se chegar a um entendimento sobre este assunto é preciso estar


descompromissado com quaisquer placas denominacionais e considerar a
Palavra de Deus como única regra de fé. Igualmente é preciso compreender
qual é a atitude correta que o homem e a mulher devem adotar quando
entrarem em comunhão direta com Deus.
II – UMA QUESTÃO DE HIERARQUIA

“Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o varão, e o varão a
cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo.” I Coríntios 11:3.

A mesma orientação encontra-se em Efésios 5:23: “Porque o marido é a


cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja: sendo Ele próprio
o salvador do corpo.” 

Esta hierarquia de responsabilidade em questões espirituais deve ser


entendida dentro do contexto em que esta passagem bíblica está inserida. O
fato de o homem ser a cabeça da mulher não significa que ele está autorizado
a agir como um ditador, um déspota ou tirano. A responsabilidade do homem é
proteger, amar e honrar a mulher, tendo em vista a sua natureza frágil. O
exercício da liderança, quando é de origem divina, sempre é colocado diante
de nós baseado no amor, ternura, lealdade, compreensão e orientação. O
apóstolo Paulo afirmou que “assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim
também as mulheres o sejam em tudo a seus maridos. Vós, maridos, amai a
vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se
entregou por ela.” Efésios 5:25. 

Também o apóstolo Pedro em sua primeira epístola fez a seguinte


recomendação:

“Igualmente vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à
mulher, como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça
da vida, para que não sejam impedidas as vossas orações.” I Pedro 3:7.

A questão de o homem ser a cabeça da mulher tem sua origem e está


estreitamente ligada com a narrativa da criação:

“Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma
ajudadora que lhe seja idônea. ...Então o Senhor Deus fez cair um sono
pesado sobre o homem, e este adormeceu; tomou-lhe, então, uma das
costelas, e fechou a carne em seu lugar; e da costela que o Senhor Deus lhe
tomara, formou a mulher e a trouxe ao homem. Então disse o homem: Esta é
agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; ela será chamada varoa,
porquanto do varão foi tomada. Portanto deixará o homem a seu pai e a sua
mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne.” Gênesis 2:18, 21-24.

Foi com base nesta narrativa é que o apóstolo Paulo iniciou a sua
argumentação sobre a questão do uso do véu por parte das mulheres. Em
seguida ele escreveu:

“Porque o homem não proveio da mulher, mas a mulher do homem; nem foi o
homem criado por causa da mulher, mas sim, a mulher por causa do homem.
Portanto, a mulher deve trazer sobre a cabeça um sinal de poderio, por causa
dos anjos. Todavia, no Senhor, nem a mulher é independente do homem, nem
o homem é independente da mulher; pois, assim como a mulher veio do
homem, assim também o homem nasce da mulher, mas tudo vem de Deus.” I
Coríntios 11:8-12.

Esta é uma prova inconteste de que a mulher não está sendo rebaixada por
usar o véu, uma vez que “a mulher é a glória do homem.”(I Coríntios 11:7). Ao
cobrir-se com o véu nas reuniões de oração e adoração a Deus, a mulher
assume uma postura de igualdade com o varão, para poder orar ou profetizar (I
Coríntios 11:4 e 5).

III – O VÉU E O CABELO COMPRIDO

Muitos relutam em aceitar as recomendações do apóstolo Paulo quanto ao uso


do véu por parte das mulheres durante as reuniões de adoração a Deus. Em
seus argumentos, como defesa, eles apresentam o texto de I Coríntios 11:15:
“Mas se a mulher tiver o cabelo comprido, é para ela uma glória? Pois o cabelo
lhe foi dada em lugar de véu.” 

Os que apóiam este argumento cometem um equívoco dos mais grotescos,


colocando o apóstolo Paulo em contradição consigo mesmo, levando-se em
conta à seguinte orientação dada por ele anteriormente:

“Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também; se, porém,
para a mulher é vergonhoso ser tosquiada ou rapada, cubra-se com
véu. ...Portanto, a mulher deve trazer sobre a cabeça um sinal de autoridade,
por causa dos anjos.” I Coríntios 11:6 e 10.

Não faria sentido algum o apóstolo Paulo dizer quase em toda a sua
explanação que as mulheres cristãs devem usar o véu e no final dispensá-las
de seu uso. É totalmente incoerente afirmar que o cabelo comprido do verso 15
substitui o véu do verso 6. Acontece que os vernáculos usados no original
grego para essas vestimentas não são os mesmos, ou seja, no verso 15 o
vernáculo grego usado é “PERIBOLAION” e tem o significado de mantilha, uma
vestimenta feminina mais pesada, usada em lugares públicos, que cobria não
só a cabeça, mas também os ombros e o dorso, enquanto que no verso 6 o
vernáculo grego usado é “KATAKALUPTÔ” e tem o significado de véu, um
tecido leve que servia para cobrir apenas a cabeça, usado em ocasiões
especiais, nas reuniões de oração e adoração a Deus. Portanto, o apóstolo
Paulo está falando de duas vestimentas diferentes, com fins diferentes.

Assim, a vestimenta que o apóstolo Paulo disse que seria substituída pelos
cabelos compridos, conforme I Coríntios 11:15, seria a MANTILHA, que fazia
parte da vestimenta feminina usada em lugares públicos e não o véu como
muitas instituições erroneamente ensinam. Acontece que a situação
apresentada no verso 6 é completamente diferente e inversa. Caso a mulher
resolvesse não usar o véu, devia tosquiar ou rapar o seu cabelo. Mas se para
ela era vergonhoso ser tosquiada ou rapada, deveria cobrir-se com o véu. 

Depois de elucidar bem o assunto, Paulo fez a seguinte pergunta: “Julgai entre
vós mesmos: é conveniente que uma mulher com a cabeça descoberta ore a
Deus?” I Coríntios 11:13. Tomando-se como base os argumentos por ele
apresentados anteriormente, a resposta logicamente é: NÃO.

IV – O ARGUMENTO CULTURAL

Predomina atualmente o argumento de que o uso do véu tem a ver com a


cultura da época. Este argumento é fruto da equivocada interpretação que se
faz da Palavra de Deus. 

O uso do véu para orar não é uma questão cultural. A obediência e a sujeição
da humanidade a Deus e ao Seu Filho Jesus Cristo não é resultado de um
costume regional. A hierarquia determinada em I Coríntios 11:3 nada tem a ver
com a cultura da época, mas trata-se de uma ordem universal da parte de
Deus:

“Quero, porém, que saibais que Cristo é a cabeça de todo homem, o homem a
cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo.”

Da mesma forma, quando o apóstolo Paulo diz que o homem não deve cobrir a
cabeça para orar porque é a imagem e glória de Deus, e que a mulher deve
cobrir-se para orar porque ela é a glória do homem (I Coríntios 11:7), não está
dando a entender tratar-se de uma questão cultural.

Entendemos que todos estes aspectos são de índole universal e transcendem


a todos os tempos, culturas e raças. Tornando-se válida a ordem hierárquica
encontrada em I Coríntios 11:3, então é necessário validar o uso do véu para
orar como inerente da mensagem evangélica para a humanidade de todos os
tempos. 

IV - CONCLUSÃO

Corinto era considerada um dos pólos comerciais do sul da Grécia. Durante a


sua permanência de um ano e meio nesta cidade, aproximadamente em 50-51
d.C., o apóstolo Paulo reuniu uma congregação formada de judeus e gentios.
Esta era a mais problemática de todas as demais congregações, pois ela
estava seriamente comprometida com:

a) carnalidade (ICoríntios 3:1; 5:1-3);


b) imaturidade e infantilidade (I Coríntios 3:1 e 2);
c) Ciúmes, contendas e divisões (I Coríntios 1:11-13; 3:3 e 4);
d) Demandas judiciais na justiça comum (I Coríntios 6:1-8);
e) Incontinência e desregramento na Ceia do Senhor (I Coríntios 11:17-22);
f) Pecado de incesto ( I Coríntios 5:1).

Sem sombra de dúvidas, a situação da Igreja de Corinto contrastava com a


pureza e profunda espiritualidade vivida pelas demais congregações. Mas, por
que o assunto sobre o uso do véu não foi tratado pelo apóstolo Paulo em
outras epístolas? A explicação é simples: a polêmica sobre esse assunto
ocorreu somente na igreja de Corinto. 
Ao concluir suas recomendações sobre o assunto, o apóstolo Paulo deixou
claro que não é costume das igrejas de Deus contender sobre as ordenanças
de Deus:

“Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem
tampouco as igrejas de Deus.” I Coríntios 11:16.

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