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1 Coríntios 3

Falta de Espiritualidade
PRESB. ANDERSON CEZAR
1 Coríntios 3
3.1 — Paulo declara que não pode falar com eles como a espirituais, mas como a
carnais. Como uma pessoa pode ser espiritual e também carnal? Observe que os termos
específicos, carnal e natural, não exprimem a mesma verdade. Aquele que é natural (1
Co 2.14) não possui o Espírito de Deus. O carnal não é igual ao homem natural, mas é
semelhante a uma criança em Cristo. A pessoa não atingiu a maturidade espiritual, mas
é considerada alguém que está unida a Cristo. O indivíduo carnal é espiritual no sentido
de ter o Espírito de Deus, mas não de viver com consistência ou maturidade. Isso,
muitas vezes, é o que acontece com os cristãos hoje, mas era igualmente o problema de
muitos cristãos do primeiro século (Hb 5.11-14).
3.2 — Leite [...] criei. Paulo não esperava que os coríntios se tornassem maduros em
Cristo no momento em que eles se convertiam. Ao depositarem sua fé em Cristo, eles
foram justificados, uniram-se com Cristo e com Sua morte na cruz (Rm 6.3-5), e, então,
o Espírito de Deus passou a viver neles (1 Co 2.12; Rm 8.9). Eles foram considerados
justos diante de Deus por causa da justificação de Jesus. Portanto, quando Paulo instituiu
a igreja de Corinto, ele lhes ensinou como a novos convertidos, a justificados. Contudo,
ele esperava que eles crescessem em sua fé, ou seja, que se santificassem. O
comportamento dos cristãos em Corinto deveria ter começado a se alinhar com a posição
que eles tinham como justos em Cristo.
3.3,4 — Porque ainda sois carnais. Naturalmente, faltam ao cristão imaturo muitas
características cristãs, mas ninguém deve esperar que essa condição perdure. Paulo ficou
surpreso ao ver que os coríntios ainda não haviam chegado à maturidade nem sido
capazes de fazer distinção entre o bem e o mal (Hb 5.14).
3.5-10 — Paulo plantou, ou iniciou, a igreja de Corinto; Apoio a regou — teve um ministério
importante ali depois da partida de Paulo — , mas ambos foram somente servos por
intermédio de quem Deus operou. Os que plantaram e regaram a igreja não têm do que se
vangloriar, porque é o Senhor quem dá o crescimento: somente Ele atrai os incrédulos para si.
E nossa responsabilidade fazer nosso trabalho, sejam lá quais forem os resultados, pois Deus
irá recompensar-nos por nossos esforços e pela qualidade de nosso serviço (1 Co 9.24-27).
Paulo desenvolve quatro conclusões a partir de sua observação no versículo 6: (1) somos
servos de Deus, auxiliadores de Cristo, que cumprem a tarefa que lhes foi designada. Sem
Ele, não podemos fazer nada (Jo 15.5). Até a fé daqueles que creem por nosso intermédio é
um dom de Deus; (2) os servos em suas diversas tarefas são, na verdade, um só. Eles não
estão competindo uns com os outros. Todos estão fazendo a obra de Deus, o qual é aquele que
dá o crescimento; (3) embora os servos sejam um, o galardão de cada pessoa estará
fundamentado na qualidade do trabalho realizado. O tipo de material usado determinará o
tipo de galardão que a pessoa terá; (4) Paulo conclui que a igreja é o edifício de Deus a ser
edificado pelos cooperadores de Deus (ou seja, Paulo, Apoio e outros ministros — v. 9).
3.16,17 — Não sabeis. Essa expressão, encontrada em outras nove passagens em 1 Coríntios
5.6; 6.2,3,7,15,16,19; 9.13,24, sempre introduz uma afirmação incontestável. Templo. Existem
duas palavras gregas traduzidas como templo no Novo Testamento. Uma [hieron] se refere ao
edifício do templo e a todos os seus átrios; a outra se refere mais estritamente ao santuário
[nãos], o Santo dos santos onde ninguém, exceto o sumo sacerdote, podia entrar [uma vez no
ano, no Dia da Expiação]. Paulo usou o último termo para descrever o santuário no qual Deus
habita. Em 1 Coríntios 6.19, essa palavra [nãos] que designa o templo se refere a cada cristão;
em Efésios 2.21, refere-se à igreja local, ao templo físico onde Deus é cultuado, assinalando
que o Senhor leva muito a sério as nossas ações na igreja e como Igreja. Destruir. Quem
perturba e destrói a Igreja por meio de divisões, maldades e outros atos prejudiciais pede a
disciplina de Deus (1 Co 11.30-32).
3.18-23 — A sabedoria deste mundo não corresponde à sabedoria de Deus, a loucura do
Cristo crucificado (1 Co 1.18-25). Paulo cita Jó 5.13 e Salmo 94-11 para exortar os membros
da igreja de Corinto a se humilharem.
Tudo é vosso. A literatura estóica da época, a qual os coríntios teriam conhecido, muitas
vezes, falava que o sábio tinha tudo. Tudo o que Deus tem feito na igreja, e em todo o universo,
beneficia os cristãos. Não há espaço para a vanglória insensata nem para a competição entre
cristãos.

3.21-23 — Ninguém se glorie nos homens. Essa é a conclusão do capítulo 3. Os coríntios


limitaram- se seriamente ao se gloriarem em diferentes mestres, quando Cristo é a Fonte de
tudo. Os mestres terrenos são simplesmente servos do Senhor para o bem do povo de Deus (v.
5). A vida e a morte pertencem ao cristão que vive e morre vitoriosamente pelo poder de Cristo
(1 Co 15.55-57). Nele, não temos nada a temer no presente nem no futuro.
Os estoicos apresentavam uma visão unificada do mundo consistindo de uma lógica formal, uma
física não dualista e uma ética naturalista. Dentre estes, eles enfatizavam a ética como o foco
principal do conhecimento humano, embora suas teorias lógicas fossem de mais interesse para os
filósofos posteriores.
O estoicismo ensina o desenvolvimento do autocontrole e da firmeza como um meio de superar
emoções destrutivas. Defende que tornar-se um pensador claro e imparcial permite compreender
a razão universal (logos). Um aspecto fundamental do estoicismo envolve a melhoria da ética do
indivíduo e de seu bem-estar moral: "A virtude consiste em um desejo que está de acordo com a
natureza".[10] Este princípio também se aplica ao contexto das relações interpessoais; "libertar-
se da raiva, da inveja e do ciúme"[11] e aceitar até mesmo os escravos como "iguais aos outros
homens, porque todos os homens são igualmente produtos da natureza".[12]
A ética estoica defende uma perspectiva determinista. Com relação àqueles que não têm a virtude
estoica, Cleanto uma vez opinou que o homem ímpio é "como um cão amarrado a uma carroça,
obrigado a ir para onde ela vai".[10] Já um estoico de virtude, por sua vez, alteraria a sua
vontade para se adequar ao mundo e permanecer, nas palavras de Epicteto, "doente e ainda feliz,
em perigo e ainda assim feliz, morrendo e ainda assim feliz, no exílio e feliz, na desgraça e
feliz",[11] assim afirmando um desejo individual "completamente autónomo" e, ao mesmo
tempo, um universo que é "um todo rigidamente determinista“.23
I Coríntios 4
A incompreensão do papel dos pregadores era um dos principais problemas dos coríntios. Para corrigi-los,
Paulo usou como exemplos a si mesmo e Apolo. Ele discutiu:

4.1-21 — Estes versículos ampliam a discussão sobre os obreiros como ministros de Cristo. A primeira
epístola aos Coríntios 4.1-5 afirma que os chamados ministros de Cristo também são considerados
despenseiros ou administradores a quem foi confiada uma responsabilidade. Portanto, não nos devemos
comparar com outros ministros. Nossa responsabilidade é com Cristo.

4.1 — Os ministros não tinham uma posição especial, ao contrário dos despenseiros. O despenseiro era um
escravo que administrava todas as questões relacionadas à família de seu senhor, embora ele mesmo não
tivesse nada (compare o testemunho da igreja do primeiro século em At 4.32). José ocupava essa posição na
casa de Potifar (Gn 39.2-19). Como despenseiros, os cristãos administram a mensagem e o ministério que
Deus lhes confiou.
 4.2-5 — Cada um receberá de Deus o louvor. O despenseiro não deveria preocupar-se com a avaliação
daqueles à sua volta nem mesmo em avaliar a si mesmo; ele precisava somente agradar ao seu senhor. De
igual modo, embora os cristãos possam beneficiar-se de avaliações construtivas de seus irmãos cristãos, seu
supremo Juiz é o próprio Senhor. Uma vez que Deus é o Juiz, devemos ter cuidado para não fazermos uma
avaliação dos outros antes do tempo.

 4.6-13 — Paulo repreendeu os coríntios por causa do orgulho deles (v. 6). Ele fez com que se lembrassem de
que eles se gloriavam dos dons que Deus, generosamente, havia-lhes distribuído (v. 7,8). Então, quase de um
modo sarcástico, o apóstolo comparou a “grandeza” deles com a atitude servil de Apolo e dele mesmo (v. 9-
13). Os homens que eles exaltavam a ponto de causar divisões na igreja (1 Co 1.11-17) viam-se como servos
necessitados de Deus (v. 10-13).
4.6,7 — O termo grego manthano traduzido por aprendais está relacionado à palavra matheteuo traduzida por
discípulos em Mateus 28.19. Implica o uso de uma habilidade e não apenas de conhecimento. Os coríntios
sabiam o que era humildade, por isso, Paulo pediu que eles fossem humildes. Para os gregos, a humildade era
um defeito, uma característica de escravos. Para os cristãos, no entanto, ela exemplifica a atitude de Cristo (Fp
2.5-8).

Em nós. Paulo apresentou a si mesmo e Apoio como exemplos a serem seguidos (1 Co 4.16; 11. 1).

Do que está escrito. Essa expressão, muitas vezes, é usada para introduzir uma citação do Antigo Testamento
(Rm 14-11). Paulo estava exortando os coríntios a não irem além dos ensinamentos das Escrituras. Então, eles
evitariam o orgulho e as dissensões que estavam dividindo a igreja. O verdadeiro ministro da Palavra de Deus
usará as Escrituras para unir e fortalecer a igreja. Somente aqueles que desejam exaltar a si mesmos usarão
indevidamente a Bíblia e, consequentemente, enfraquecerão e dividirão a igreja.
4.9, 10 — Espetáculo se refere às execuções públicas realizadas pelos romanos. Nessas execuções, homens
condenados eram levados ao Coliseu, onde eram atormentados e mortos por animais selvagens enquanto a
multidão eufórica assistia a tudo. Paulo mostrou que todo o mundo e os anjos eram testemunhas da humilhação
dos servos de Deus. Com um sarcasmo mordaz, o apóstolo comparou a avaliação superior que os coríntios faziam
de si mesmos com a que o mundo fazia dele. Paulo sabia que o cristão encontra a verdadeira força quando
entende as próprias fraquezas e a suficiência de Cristo (2 Co 12.7-10; Fp 4.11-13).

4.11-13 — Paulo lista as dificuldades que ele sofrera no ministério de Cristo, tanto problemas físicos como
insultos verbais (2 Co 11.22-30).

4.14 — Embora os coríntios, provavelmente, tivessem vergonha de sua conduta, o objetivo de Paulo quando
escreveu era advertir-lhes sobre as sérias consequências de seus atos. A expressão Como meus filhos amados
enfatiza a responsabilidade que os pais têm de aplicar a disciplina correta com amor.
4.15 — Aos... pais. Paulo usou esses dois termos para fazer a distinção entre seu papel e o dos mestres
coríntios, escravos que cuidavam dos filhos de seus senhores. O apóstolo era o líder espiritual dos coríntios.
Era dele a responsabilidade final por eles e o direito de ordenar que seguissem seu exemplo.

4.16 — Paulo incentiva seus leitores a serem seus imitadores enquanto ele seguia Cristo (1 Co 11.1). A
palavra se refere ao modo como um aluno imitaria um professor ou ao modo como um ator desempenharia
um papel (1 Co 11.1).

4.17 — Por alguma razão, Paulo não pôde ir de imediato a Corinto, mas confiava em Timóteo para ensinar
devidamente aos coríntios. Timóteo já estava fazendo o que apóstolo esperava que seus leitores começassem a
pôr em prática: seguir o bom exemplo de Paulo.
4.18-20 — Alguns em Corinto, provavelmente, os preceptores que causaram dissensões (v. 15), agiam como
se Paulo nunca mais fosse voltar para exigir explicações para as ações deles. Inchados. Tais pessoas eram
convencidas e propensas à jactância. Neste contexto, o Reino de Deus não se refere ao reino futuro de Cristo,
mas ao domínio presente de Cristo no coração de Seu povo. Essa realidade era a garantia de que Paulo teria
poder para expor e disciplinar aqueles que atribulavam a igreja de Corinto.

4.21 — Paulo usa, neste versículo, a mesma palavra grega rhabdos para vara, usada por Lucas para descrever
o instrumento utilizado para espancar Paulo e Silas (At 16.22-24)- O termo também é usado de forma
figurada para referir-se à autoridade de Cristo para julgar (Ap 19.15). Deus deu a Paulo autoridade para punir
os agitadores em Corinto, ainda que o apóstolo preferisse não fazer valer tal poder.

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