INTRODUÇÃO
A Bíblia dá grande enfoque à doutrina, e dela provém o material para seu
conteúdo. Ela é enfática em sua condenação contra o falso. Adverte contra as
“doutrinas dos homens” (Cl 2.8); contra a “doutrina dos fariseus” (Mt 16.12);
contra os “ensinos de demônios” (1 Tm 4.1); contra os que são “levados ao redor
por todo vento de doutrina” (Ef 4.14).
Entretanto, se por um lado a Bíblia condena o falso, por outro igualmente exorta
urgentemente e recomenda a verdadeira doutrina (2Tm 3.16). Portanto, nas
Escrituras a doutrina é reputada como “boa” (1Tm 4.6) e “sã” (1 Tm 1.10).
As Doutrinas Bíblicas são dez, a saber:
1. Doutrina das Escrituras (BIBLIOLOGIA);
2. Doutrina de Deus (TEOLOGIA OU TEONTOLOGIA);
3. Doutrina de Jesus Cristo (CRISTOLOGIA);
4. Doutrina do Espírito Santo (PARACLETOLOGIA OU PNEUMATOLOGIA);
5. Doutrina do Homem (ANTROPOLOGIA);
6. Doutrina do Pecado (HAMARTIOLOGIA);
7. Doutrina da Salvação (SOTERIOLOGIA);
8. Doutrina da Igreja (ECLESIOLOGIA);
9. Doutrina dos Anjos (ANGELOLOGIA) e
10. Doutrina das Últimas Coisas (ESCATOLOGIA).
Pode não parecer, mas essa pequena mudança altera totalmente o sentido do
texto. A partir de Mateus 6.25 Jesus começa a falar acerca dos cuidados e
inquietações que afligiam a nós cristãos, de uma forma geral. Ele diz: “Não
andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que
haveis de beber, nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a
vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?”. Cristo,
portanto, estava fazendo menção às necessidades básicas de todo o ser
humano: Comida, bebida e vestimenta.
Em seguida, Jesus demonstra aos seus ouvintes como Deus provê todas estas
necessidades, dando exemplos da natureza como as aves do céu e os lírios do
campo. Ainda, diz para não andarem preocupados ou inquietos, afinal, o Pai
celestial bem sabe de todas as necessidades do homem (v.32). Exatamente
nesse ponto é que Jesus pede para buscar primeiro o reino de Deus, e a sua
justiça, e todas ESTAS COISAS seriam acrescentadas.
Desse modo, a expressão “estas coisas” refere-se àquilo que Jesus havia dito
inicialmente, ou seja, às necessidades básicas de todo ser humano e não uma
vida de riquezas incalculáveis (bens materiais). Deus compromete-se em suprir
as nossas necessidades e não o nosso luxo! (Fp 4.19).
3.2.3 “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a
sua cruz e siga-me” (Mt 16.24). Com frequência ouvimos os irmãos reclamarem
do peso da cruz. Precisamos entender que a dor e a solidão são disciplinas de
Deus para tornar a nossa alma mais doce. Entretanto, o problema é a
interpretação que se dá à cruz mencionada no texto sacro.
“Meu emprego é a minha cruz”, “meu cônjuge é a minha cruz”, “meus filhos são
a minha cruz”, “esse carro atribulado é a minha cruz”. Será que nos identificamos
com algumas dessas exclamações? Ledo engano, pensar que qualquer dessas
situações é a nossa cruz.
A cruz mencionada pelo nazareno deve ser compreendida como toda dor no
corpo em decorrência da renúncia ao pecado. Os crentes sofrem por amor a
Jesus (At 9.16). Sofrimentos por amor a Jesus não são motivo de tristeza, mas
de alegria (1 Pe 4.13; Tg 1.2-4), sabendo que fomos destinados a isto (1 Ts 3.2-
4; 1 Pe 2.21) e que o fazemos por amor a Cristo (2 Co 12.7-10). Essa alegria
não vem do fato de o crente gostar de ser perseguido ou de ser reputado mártir,
mas pelo testemunho que dá e pelo galardão que se segue. Sofrer pelo
Evangelho, isso sim é “tomar a cruz” (Gl 5.17).
3.2.4 “Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se
semelhante aos homens” (Fp 2.7). Essa passagem menciona o “kenosis”
(esvaziamento) de Cristo. Muitos acreditam que ao fazer-se carne o Senhor
Jesus abriu mão de sua divindade, e utilizam-se do texto supracitado para apoiar
tal crença. Cristo “esvaziou-se”, não deixando alguns atributos divinos ou
poderes, mas assumindo a forma de servo. Jesus deixou sua condição e
privilégio que tinha no céu e colocou-se temporariamente numa posição
subordinada ao Pai (Jo 5.19). Mas não precisou abrir mão de sua deidade para
cumprir sua missão. Ele é plenamente Deus (Cl 1.19; 2.9), é o Emanuel – Deus
conosco (Mt 1.23).
Vejamos alguns atributos da divindade aplicados a Cristo: Onipotência (Mt
8.26,27; 14.19), Eternidade (Jo 8.58; Ap 22.13), Onisciência (Mc 2.8; Jo 1.48;
6.64; 2.25; 16.30; 21.17), Poder para perdoar pecados (Mc 2.5-7), É digno de
culto (Mt 14.33; Fp 2.9-11; Hb 1.6; Ap 5.12,13)
3.2.5 “Então disse o Senhor: não contenderá o meu Espírito para sempre com o
homem. porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte
anos" (Gn 6.3). A partir desse versículo muitos entendem que a construção da
arca durou 120 anos. Isso não é real, pois mesmo não tendo acesso à tecnologia
de ponta e avanças técnicas das quais dispomos hoje, Noé e os seus não teriam
levando todo esse tempo para a execução da obra.
No texto em voga, Deus pronunciou um julgamento a respeito da humanidade;
nada disse com relação ao dilúvio ou a arca. Pouco antes desse pronunciamento
Noé gerou sua prole: Sem Cão e Jafé (Gn 5.32). Somente bastante tempo depois
que eles nasceram é que Deus deu ordem para a arca ser construída. Os três
filhos de Noé não somente já eram homens feitos quando Deus falou da arca,
como já estavam casados. Isto se infere claramente do texto bíblico: “Porque eis
que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra, (AQUI É QUE O DILÚVIO FOI
ANUNCIADO), para desfazer toda a carne em que há espírito de vida debaixo
dos céus. tudo o que há na terra expiará. Mas contigo estabelecerei o meu pacto,
e entrarás na arca tu e os teus filhos, e a tua mulher, e as mulheres de teus filhos
contigo." (Gn 6.17).
Diante do exposto, concluímos que Noé não levou 120 anos construindo a arca.
Pode, sim, ter pregado durante quase um século, mas, quanto a construir a arca,
isto pode ter tomado um espaço de tempo consideravelmente curto, de uns três
a cinco anos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A primeira estrofe do hino 306 da Harpa Cristã diz: “a Palavra de Deus é para
mim, um tesouro sem igual em valor!” Que verdade contundente e irrefutável.
Santa Bíblia que nos guia pela senda da luz. É por seus preceitos que devemos
pautar nossa vida, sendo diligentes em seu estudo e atentando cada dia para
recomendação do profeta Oséias: “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao
Senhor” (6.3), pois é desse modo que alcançaremos corações sábios e
evitaremos os erros e desvios teológicos.
Realizemos constantemente uma profunda e sincera análise com o intuito de
avaliar nosso crescimento, seguindo criteriosamente a ordenança de Pedro:
“CRESCEI na graça e no conhecimento”.
Despertai, bereanos! Assim como os crentes de Beréia, a Igreja de Cristo precisa
de gente crítica e com uma leve dose de ceticismo, pois nem tudo o que reluz é
ouro (2 Coríntios 11.14).
BIBLIOGRAFIA
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Filosofia, Vol. 1. São Paulo: Vida Nova, 1995.
HALLEY, Henry H. Manual Bíblico de Halley. São Paulo: Vida Nova, 1992.
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
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