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Ética Pastoral

Comentário do Livro do Pastor Nemuel Kessler

Por: Amilton Wanina

O capítulo escolhido é o primeiro “Qualificação do pastor“, por entender que o


grande problema que verificamos na liderança das igrejas está ligado ao facto de
que temos pessoas ocupando determinadas funções sem qualquer qualificação e
muito mesmo sem o chamado de Deus ou vocação Divina, cujo o caso em questão
é a pastoral ou cargo de Pastor.

Concordo com o pastor Nemuel quando diz que: O pastor deve ser convicto de que
foi chamado por Deus, como Paulo, por exemplo, que declarou que a sua escolha
não fora resultado de motivação humana, "mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai,
que o ressuscitou dos mortos" (Gl 1.1). Veja At 9.15. “o testemunho das escrituras
e a recomendação dos líderes cristãos, através dos séculos concordam em que, a
menos que aquele que aspira ao ministério sinta que é um “enviado de Deus”, ele
não deve procurar o cargo.” Deus, quando chama o homem para cumprir o seu
propósito universal, lhe confere qualidades de dons e talentos que serão úteis ao
seu ministério, a fim de produzir a unidade, a maturidade e a perfeição da Igreja.
Pág. 15

Assim, percebemos que o chamado, é de Deus e a capacitação também vem dEle,


sejam elas espirituais e materiais…”Jesus Cristo determina providencialmente
lugares de serviço na igreja desses homens 'dotados' (At 11.22-26), ou mesmo
através do Espírito Santo (At 13.1,2 e 16.6,7).”Pág. 16

Assim como nada escapou dEle para que a União de Cristo com igreja fosse
cosumada (Ef 1.22,23; Ef 2.21,22; 2 Co 3.18; At 2.4; Rm 12; 1 Co 12-14; Ef 1.23),
o ministro é qualificado para o exercício da sua função aconteceu com Moisés, Elias,
Davi e os demais no A.T (Êx 2.11-14; At 7.22-29;) e até o nosso Senhor Jesus
Cristo, Deus filho que foi ungido para libertarnos (Lc 3.22; At 10.38)…

Essa é a razão por que os milagres e maravilhas acompanharam o


seu ministério (Mt 4.23-25; 11.4-6; Jo 5.36; 10.25,38; 14.10,11). Tanto
os discípulos quanto aqueles que são chamados para o ministério são
exortados a buscar o poder do Espírito Santo (Lc 24.49; At 1.4,5,8), e
os acompanharão grandes sinais (Mc 16.17,18). Pág. 16

Vocação Divina

Sem a mão do Senhor, sem o chamado, sem a vocação, não existe ministério, pelo
menos não um ministério de acordo com a Sua vontade ou ministério de sucesso
em Cristo Jesus. E ser agraciado por seja qual for a vocação é um motivo de alegria
e grande honra de servir ao Soberana de forma tão peculiar.

"E ninguém toma para si esta honra, senão o que é chamado por Deus, como Arão"
(Hb 5.4)

Tanto a Chamada quanto a vocação, vem dEle e para Ele, para o serviço do seu
reino ante a nossa estadia na terra até o dia em que o seu filho descerá em Glória
para resgatar a sua igreja, a todos aquele que atenderam ao seu chamado
diligentemente no exercício da sua função serviram naquilo em que pela qual foram
vocacionados.

Amor a Jesus e ao seu rebanho, são indispensáveis para o serviço na ceara, só


assim ele suportará todas as provações e dificuldades que haverá de enfrentar
nessa jornada e sentir-se-á confiante de que aquele que o chamou e vocacionou é
a quem ele deve refugira-se, renovar as suas forças, buscar soluções e acima de
tudo confiar.

…para que alguém se torne servo e seja reconhecido, e assim se faça


participante dessa honra que Deus confere a seus servos, é
indispensável que antecipadamente se haja provado vocacionado e
por Deus chamado a seu serviço. Do contrário, jamais será um
verdadeiro e eficiente ministro de Cristo". Os homens que exercem
com dignidade o ministério são desprendidos de sentimentos
gananciosos; são sóbrios, temperantes, sinceros, e acerca deles diz
Paulo: "Que os homens nos considerem como ministros de Deus" (1
Co 4.1). O ministro vocacionado pelo Senhor coloca o ministério acima
de tudo e cuida ser a obra mais importante na face da terra (At 13.2;
Rm 1.1). Deve ter uma experiência pessoal de sua própria redenção,
pois é uma testemunha do poder e da graça de Deus, e não pode se
escusar de falar das coisas que tem ouvido e que lhe tocam o coração.
O pastor, além de lembrar-se frequentemente de sua redenção
pessoal, deve esforçar-se também para enriquecer a sua vida cristã
de novas experiências da graça de Deus por todos os meios ao seu
alcance. Pág. 17

A vocação divina inclui o profundo desejo de obedecer à voz do Bom Pastor na sua
consciência, com a exigência, muitas vezes, de sacrifícios e sofrimentos. O apóstolo
Paulo declara que "se anuncio o Evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me
é imposta essa obrigação" (1 Co 9.16). "Os verdadeiros pastores são o dom de
Cristo." É Ele (A Quem lhes dá o coração de pastor, a "entranhável afeição de Jesus
Cristo Cristo"(Fp 1.8).

Conduta Pastoral

Chamado, Vocacionados e a conduta?

Pastores dotados de muito conhecimento, aprovados no ensino, porém soberbos,


arrogantes; pastores supostamente humildes, porém sem habilidade para manejar
a palavra e ensinar, pastores bem-intencionados, porém distante daquilo que são
as orientações bíblicas, pastores dados ao vinho, família pouco exemplar, etc,
muitas das vezes não refletem o caracter de um verdadeiro obreiro, de um
verdadeiro servo.

Um pastor não pode ser aprovado no ensino, mas dado ao vinho, ou ser humilde,
mas governar um lar sabiamente, mas não ter o domínio das escrituras. A sua
conduta não é negociável no sentido de que devemos abdicar de algumas para ter
outras, é bem verdade que algumas serão mais evidenciadas em nossas vidas, mas
somos chamados para sermos santos como aquele que nos chamos, somos
aperfeiçoados e Cristo Jesus, e é o dever do pastor, diariamente buscar aperfeiçoar-
se naqueles aspectos de sua conduta em que não seja tão aprovado e cuidar de
vigiar naqueles em que é aprovado.

Assim listamos algumas das suas inúmeras características:

1. Ter cuidado de si mesmo e da doutrina (1 Tm 4.16). Paulo é explícito em sua


exortação: "Se alguém ensina alguma doutrina, e não se conforma com as sãs
palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade,
é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras,
das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas. Contendas de
homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade
seja causa de ganho, aparta-te dos tais" (1 Tm 6.3-5). (Cf 2 Tm 3.10; 4.2; Tt 1.9).

2. Ser irrepreensível, vigilante, sóbrio, honesto, hospi taleiro, apto para ensinar,
não cobiçoso, de torpe ganância, não avarento (1 Tm 3.2,3).

3. Obediente, humilde e sábio, como Epafrodito, companheiro de Paulo (Fl 2.25),


homem com três qualidades essenciais para o bom ministro: fraternidade, espírito
de cooperação e de companheirismo.

4. Que governe bem a sua própria casa, e tenha os seus filhos em sujeição, com
toda a modéstia (1 Tm 3.4).

5. Que tenha bom testemunho dos que estão de fora. Onésimo era "um irmão fiel"
(Cl 4.9) e Epafras, "grande cooperador de Paulo" de quem diz: "Saúda-vos Epafras,
que é dos vossos,... Pois eu lhe dou testemunho de quem tem grande zelo por vós,
e pelos que estão em Laodicéia, e pelos que estão em Hierá 19 polis" (Cl 4.12,13).
(Cf Cl 1.7; Fl 23; 2 Tm 4.12; Tt 3.12; Ef 6.21).

6. Ter uma grande capacidade de perdoar. O perdão não se mede e nem é barato:
custa um preço - custou uma crucificação. "Ao Senhor, nosso Deus, pertence a
misericórdia e o perdão; pois nos rebelamos contra ele" (Dn 9.9). Há dois tipos de
perdão: o vertical (Lc 18.10-12) e o horizontal (Mt 5.44-48; 6.14,15; 1 Jo 4.20).

7. Ter uma grande capacidade de autodomínio. No exercício do seu ministério,


deve o pastor dominar-se a si mesmo para merecer grande confiança e ilimitado
respeito na comunidade. "Todos podem se apressar em falar, menos o pastor. Sabe
perguntar, sabe identificar o centro de uma questão, sabe julgar com discernimento.

Desafios Modernos

O mundo tornou-se numa aldeia global, onde podemos viajar pelo mundo a partir
de um tablet, pc ou smartfone, com isso muita coisa boa tem surgido no seio da
comunidade cristã, mas maioritariamente temos visto levantando-se alguns
desafios na vida de pastores, que tem sido maioritariamente de serem firmes e
consistentes no ensino da palavra e não deixar-se contaminar pelos mecanismos
humanos de liderar a igreja para atrair assim mais pessoas ou quanto ao ensino das
falsas Doutrinas tal como alertou Ap. Paulo a Timóteo: que nos últimos dias
sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos,
avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães,
ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes,
cruéis, sem amor para com os bons,..." (2 Tm 3.1-4).

Manter a igreja pura e unida em Cristo, actualmente sem dúvida é dos grandes
desafios na vida do pastor.

Recursos do Pastor.

O pastor enfrentará muitos desafios, porém se confiar naquele que o chamou e


vocacionou é o mesmo que providenciará os meios para manter o seu rebanho
firme, porém o pastor tem o seus deveres para que isso seja possível em seu
ministério que consistem em basicamente:

1. Persistir em Ler - (2 Tm 2.15; 1 Tm 4.13,15; Tt 1.9) O pastor que não se


atualiza de forma alguma poderá Tender o seu rebanho contra os perniciosos
ensinamentos heréticos que surgem a todo momento. Quando, estudando
pesquisando, seus conhecimentos teológicos irão se firmando cada vez mais
e lhe darão segurança em suas afirmações;
2. Persistir em exortar - Quer o povo goste ou não, a palavra precisa ser
pregada e em amor, focado nos pecados da Igreja e só assim serão
chamados ao arrependimento;
3. Aplicar-se ao Ensino: Como se pode ensinar sem que se haja aprendido? (Jo
14.26). O ensino da doutrina é uma das responsabilidades mais importantes
do pastor, "pois ela é o alimento de que se nutrem as ovelhas" (SI 23.2,5)

Assim para enfrentar os desafios modernos, o pastor precisa continuar voltado para
o estudo profundo das Escrituras Sagradas, possuir uma cultura adequada para
"entender com simpatia a mentalidade do povo, e apresentar os ensinos da Bíblia
como orientação segura de vida". O povo não se satisfaz mais com
superficialidades; ele tem fome e profundas necessidades espirituais e sede das
verdades bíblicas, e cabe ao pastor alimentá-los com as grandes verdades da
revelação divina apresentadas na exposição das Sagradas Escrituras.

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