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Lição 6 - Carta à igreja em Sardes (Ap 3.

1-6)
Autor: Erberson R. Pinheiro dos Santos
A cidade de Sardes ficava a cerca de sessenta quilômetros de Tiatira.
Foi fundada por volta de 1200 a.C. e foi a capital do rico e poderoso reino da
Lídia. Ela estava localizada em um local alto de difícil acesso. Sua estrutura
e localização foi pensada para ser uma fortaleza militar inconquistável 1.
Por muitos anos foi uma potência militar e raramente perdia uma
batalha. Todos os seus vizinhos a temiam e a reverenciavam por causa da
sua riqueza. Sardes foi a primeira cidade a cunhar moedas de ouro e de prata.
No ano de 546 a.C. o rei Ciro (da Pérsia) perseguiu o rei Creso (da Lídia) até
a cidade de Sardes (que era a capital da Lídia). Um dos batalhões de Ciro
subiu pelos muros da cidade, que supostamente eram intransponíveis, entrou
na cidade e abriu os portões. A partir dessa invasão, Ciro transformou a
cidade no quartel general do império Persa.
Muitos anos depois quando Alexandre o Grande conquistou a Pérsia,
Sardes passou a pertencer ao império grego. Em 214 a.C. Antíoco III invadiu
a cidade para acabar com uma rebelião. Ele usou a mesma estratégia que o
rei Ciro, subiu por um local onde os guardas não estavam vigiando, e assim
conseguiu entrar e abrir os portões. Depois desse episódio Sardes perdeu a
importância para Pérgamo.
Assim como as outras cidades do império, Sardes era um centro de
adoração a vários deuses. Havia um templo dedicado à deusa Ártemis, que
concorria com o templo de Éfeso.
1. Apresentação de Cristo
Ao anjo da igreja em Sardes escreva: Estas são as palavras
daquele que tem os sete espíritos de Deus e as sete estrelas
Apocalipse 3:1
Aqui, Jesus é apresentado como aquele que “tem os sete espíritos”.
Apesar das dificuldades de interpretação desse versículo, observamos que
não é a primeira vez que aparece essa expressão no livro do apocalipse:

1
OSBORNE, Grant R. Apocalipse: comentário exegético. 1ª Edição. São Paulo: Vida Nova, 2017. p. 189.
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1
João às sete igrejas da província da Ásia: A vocês, graça e paz da
parte daquele que é, que era e que há de vir, dos sete espíritos que
estão diante do seu trono, Apocalipse 1:4
Percebe-se que os sete espíritos estão relacionados às sete igrejas. Em
Zacarias 4.2,10 temos uma referência às sete lâmpadas que representam os
olhos do Senhor. De qualquer maneira, sete na cultura hebraica remete à
ideia de perfeição. Neste caso, os sete espíritos indicam a obra perfeita do
Espírito Santo na igreja.
Vale ressaltar que Cristo “tem” os sete espíritos. Neste caso, ele tem o
controle de todas as coisas, e nada foge do seu conhecimento. Como essa
igreja estava morta, somente o Espírito Santo poderia reavivá-la. O
verdadeiro avivamento não pode ser produzido pelo homem, mas tem como
agente principal o Espírito de Deus.
2. Uma igreja morta
Quando Jesus se dirige às igrejas da Ásia, Ele sempre apresenta
algumas características boas e outras ruins. Entretanto, para a igreja de
Sardes, não é realizado nenhum elogio. O texto diz “conheço tuas obras”,
indicando que Cristo tem o conhecimento de todas as coisas. Entretanto, isso
não é um elogio, pois há tão pouca coisa boa nessa igreja, que essa frase pode
ser considerada uma ironia.
Jesus diz: você tem fama de estar vivo, mas está morto (Ap 3.1). Neste
caso, eles achavam que estavam vivos, e passavam essa ideia aos outros.
Quem olhava para aquela igreja, pensava que ela era saudável, que tinha
vida. Porém, Jesus, que conhece todas as coisas, sabe que eles estão mortos.
Aquela cidade possuía um grande cemitério onde estavam enterrados os
grandes reis do passado. Aquela igreja representava aquele cemitério.
Uma igreja sem vida não tem o Espírito Santo. O apóstolo Paulo diz
que antes estávamos mortos em delitos e pecados, mas agora, Deus nos deu
vida juntamente com Cristo (Ef 2.1,3,4). Do ponto de vista divino, um morto
é aquele que ainda não se converteu, pois ainda permanece nas obras das
trevas. Quem está em Cristo é vivo.

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É triste ver o próprio Cristo dizendo que uma igreja está morta. E o
maior problema é que os crentes dessa igreja ainda não perceberam o estado
em que se encontram, totalmente sem vida.
Essa igreja não foi perseguida pelo diabo e nem sofreu perseguição do
imperador. Nela não estava presente a heresia dos nicolaítas ou de Balaão.
Ela estava sendo destruída por dentro. Hernandes Dias Lopes diz em seu
comentário2:
A igreja de Sardes não era molestada por ataques externos, pois
quando uma igreja perde sua vitalidade espiritual, já não vale a
pena atacá-la.

3. Um remanescente vivo
Esteja atento! Fortaleça o que resta e que estava para morrer,
pois não achei suas obras perfeitas aos olhos do meu Deus.
Apocalipse 3:2
O versículo começa com um imperativo “esteja atento”, ou seja, sejam
vigilantes. Aquela cidade já tinha sido invadida duas vezes por falta de
vigilância. A igreja estava cometendo o mesmo erro. A palavra usada aqui
para vigilância é gregoron, a mesma usada por Jesus e Paulo para se referir
à vigilância na ocasião da segunda vinda de Cristo (Mc 13.35,37; Mt 24.42;
25.13; Lc 12.36-38; 1Ts 5.6). Se o crente não está esperando Jesus voltar,
sua vida espiritual será um fracasso. Assim estava a maioria dos crentes,
estavam mais preocupados com as coisas aqui dessa terra do que com as
celestiais.
Aqui nesse ponto quero destacar o remanescente que ainda estava
vivo. Mesmo diante de uma situação caótica, alguns ainda estavam firmes
em Cristo. Eles deveriam agir rapidamente e tomar uma atitude, para evitar
que toda a igreja morresse.
Não sabemos exatamente qual foi atitude tomada pelos crentes vivos
daquela igreja. Não sabemos se eles “morreram” juntamente com os outros
ou se mantiveram firmes, e tentaram ajudar os fracos. Uma coisa é certa,

2
LOPES, H. Dias. Apocalipse: O futuro chegou, as coisas que em breve devem acontecer. 1ª Edição. São
Paulo: Hagnos, 2005. p. 116.
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Deus sempre tem seus escolhidos, mesmo nas situações mais difíceis (1Re
19.18).
Às vezes nos encontramos nessa situação, vemos a igreja tomando
uma direção totalmente diferente das orientações de Jesus e nos sentimos
impotentes para fazer alguma coisa. Nesse caso, é necessário evangelizarmos
nossos próprios irmãos.
4. Obras imperfeitas
O texto na NVI diz: não achei suas obras perfeitas aos olhos do meu
Deus (Ap 3.2b. A palavra traduzida como “achei” é heureca, geralmente era
usada no contexto jurídico. Estava associada à conclusão de uma
investigação. Neste caso, Jesus analisou e examinou as obras daqueles
crentes, e chegou à conclusão de que eram imperfeitas. As obras não
agradavam à Deus. Precisavam melhorar em quantidade e qualidade.
Que obras eram essas?
Essas obras possivelmente eram as mesmas de apocalipse 2.19a:
Conheço as suas obras, o seu amor, a sua fé, o seu serviço e a sua
perseverança. As virtudes cristãs não estavam sendo praticadas naquela
igreja. Se não tem amor, não tem fé, consequentemente não tem serviço nem
perseverança.
Uma igreja viva se preocupa com a prática das boas obras. E não
adianta fazer algo “meia boca”, pois Cristo vai julgar e considerar imperfeito.
Deus exige de nós nada menos que o melhor. A perfeição deve ser o alvo de
todo cristão, pois o próprio Jesus disse:
Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês".
Mateus 5:48
Vou ser sincero, isso assusta. Como atingir a perfeição diante do Deus
perfeito? Talvez a resposta se encontre na seguinte passagem bíblica:
Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas
humildemente considerem os outros superiores a si mesmos.
Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos
interesses dos outros.

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Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora
sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que
devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo,
tornando-se semelhante aos homens.
E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo
e foi obediente até à morte, e morte de cruz!
Filipenses 2:3-8
5. Solução
Lembre-se, portanto, do que você recebeu e ouviu; obedeça e
arrependa-se. Mas se você não estiver atento, virei como um
ladrão e você não saberá a que hora virei contra você.
Apocalipse 3:3
A advertência é a mesma de Éfeso, lembrar e arrepender. Eles
deveriam lembrar do que receberam e ouviram. Não apenas manter a
recordação na mente, mas colocá-las em prática em suas vidas3.
Deveriam lembrar do que receberam e do que ouviram. Eles
receberam a tradição dos apóstolos e ouviram o que foi ensinado na igreja.
Era uma igreja instruída, mas que havia esquecido o valor da Palavra de
Deus. O verdadeiro avivamento é fundamentado na Palavra, orientado e
limitado por ela. Ele tem na Bíblia a sua base, sua fonte, sua motivação, seu
limite e seus propósitos4.
Aquela igreja precisava de arrependimento. A palavra usada para
arrependimento no texto de apocalipse 2.5 é metanoēsēs, que significa
“mudança de pensamento”5.
Vale ressaltar aqui também a questão da vigilância, o texto diz “Mas
se você não estiver atento”. Neste caso, mais uma vez observamos um alerta
com relação à vigilância. Ser vigilante é ser perseverante e obediente diante
das realidades espirituais.

3
OSBORNE, Grant R. Apocalipse: comentário exegético. 1ª Edição. São Paulo: Vida Nova, 2017. p. 195.
4
LOPES, H. Dias. Apocalipse: O futuro chegou, as coisas que em breve devem acontecer. 1ª Edição. São
Paulo: Hagnos, 2005. p. 120.
5
Dicionário Bíblico Wycliff. 2ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 210.
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5
Se eles não tomassem uma atitude, Jesus viria até eles como um ladrão
(Ap 3.3b). Neste caso, a linguagem usada aqui é a mesma de Mateus 24.43,
Lucas 12.39, 1Tessalonicenses 5.2-4, 2Pedro 3.10. Geralmente, a vinda de
Cristo como um ladrão está associada à segunda vinda. Entretanto, parece
que nessa passagem (Apocalipse 3.3), Jesus vai vir a qualquer momento para
executar juízo sobre essa igreja que estava morta.
6. Recompensa ao que vencer
O vencedor será igualmente vestido de branco. Jamais apagarei
o seu nome do livro da vida, mas o reconhecerei diante do meu
Pai e dos seus anjos. Apocalipse 3:5
Aqui, observamos três promessas para os vencedores. A primeira diz
que os vencedores receberão vestes brancas. Essa imagem pode estar
associada ao triunfo romano, quando os cidadãos vestiam togas brancas na
celebração de vitórias militares6. A mensagem para essa igreja é que os
vencedores irão comemorar a vitória juntamente com Cristo. O versículo 4
diz: Eles andarão comigo, vestidos de branco, pois são dignos. A ênfase na
cor branca tem relação com a pureza, santidade, glória e celebração. No
relato de Marcos sobre a transfiguração de Jesus podemos perceber a ênfase
na brancura das suas vestes
Suas roupas se tornaram brancas, de um branco resplandecente,
como nenhum lavandeiro no mundo seria capaz de branqueá-las.
Marcos 9:3
Aqui, as vestes brancas estão associadas à glória de Jesus. Em
Apocalipse 14.14 e 19.11 está relacionada à pureza e santidade. Os poucos
que não se contaminaram, são os vitoriosos e podem andar com Cristo, pois
são dignos. Essa dignidade não tem relação com mérito próprio, mas com os
méritos do nosso Senhor. Eles permaneceram fiéis mesmo vivendo em uma
sociedade pagã e congregando em uma igreja morta.
A segunda promessa é “não ter o nome apagado do livro da vida”. A
ideia de que no céu tem um registro das pessoas e das obras vem desde o
Antigo Testamento:

6
OSBORNE, Grant R. Apocalipse: comentário exegético. 1ª Edição. São Paulo: Vida Nova, 2017. p. 197.
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6
Mas agora, eu te rogo, perdoa-lhes o pecado; se não, risca-me do
teu livro que escreveste".
Respondeu o Senhor a Moisés: "Riscarei do meu livro todo aquele
que pecar contra mim. Êxodo 32:32,33
Várias outras passagens do Antigo Testamento fazem menção ao livro
da vida (Sl 9.5; 69.28; 87.6; Is 4.3). No mundo pagão, a mesma imagem fazia
parte do cotidiano das pessoas, pois os nomes dos cidadãos eram registrados
em um livro e a remoção do nome implicava na exclusão da comunidade.
Quando os gregos eram condenados por crimes hediondos, seus nomes eram
removidos do registro civil. Portanto, ter o nome escrito no livro da vida é a
garantia da vida eterna.
A terceira promessa diz que “os nomes dos vencedores serão
reconhecidos pelo Pai e seus anjos”. Essa promessa tem relação direta com
o nosso testemunho de Cristo aqui nesta vida. Jesus disse:
"Quem, pois, me confessar diante dos homens, eu também o
confessarei diante do meu Pai que está nos céus. Mateus 10:32
Será uma maravilha ter nosso nome reconhecido diante do Pai
Celestial. O nome nos tempos antigos indicava a essência ou as
características de uma pessoa. Como salvos em Cristo, somos uma nova
criatura e temos uma nova identidade, que será apresentada diante de Deus.
Não adianta ter uma boa reputação aqui na terra, e não ter o nome no livro
da vida.

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