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INTRODUÇÃO
Em Julho 2007, o então papa da igreja Católica, Joseph Ratzinger, que foi um papa
conhecido pelas suas posições conservadoras, afirmou que a Igreja Católica era a única
legitima igreja de Cristo. Na verdade, esta é a posição oficial da igreja católica, e de
muitas outras igrejas, que creem serem as únicas igrejas verdadeiras, entre elas
Tabernáculo da Fé, Adventismo do Sétimo Dia, entre outras.
À medida que envelheço, tenho estado mais convencido de que precisamos de
pastores modelos e igrejas modelos.
CONTEXTO
Paulo foi para a Macedônia por uma orientação divina. “Passa a Macedônia e ajuda-
nos!”, mas a escolha da cidade de Tessalônica foi uma questão de estratégia. Deus envia
o obreiro e dirige a obra. Em apenas 3 semanas Paulo plantou esta igreja que era a Capital
da Provincia, com cerca de 200 mil habitantes, no meio de oposição e dor.
É importante frisar a forma como Paulo se dirige a esta igreja: “à igreja dos
tessalonicenses em Deus Pai.” (1 Ts 1.1). Ele não fala da igreja em Tessalonica, mas de uma
igreja que fazia parte da cidade, era dos tessalonicenses, tinha uma identificação com a
cidade. Não era apenas uma igreja para a cidade, mas na cidade, a serviço da cidade e
da cidade. Esta igreja estava “em Deus Pai.” Era uma igreja viva do Deus vivo.
Paulo se refere à igreja de Tessalônica como uma igreja “modelo para todos os
crentes da Macedônia e da Acaia” (1 Ts 1.7). O que havia nesta igreja que fazia diferença e
inspirava a tantas outras comunidades? Como identificar a igreja de Cristo e saber que
a igreja está cumprindo o propósito de Deus na história? Como saber que igreja tinha na
mente de Cristo quando ele afirmou: “Eu edificarei minha igreja e as portas do inferno
não prevalecerão contra ela?” (Mt 16.18)
Neste texto, Paulo fala de uma igreja modelo no Século I, que se tornava
paradigma para outros que seguiam o. Senhor Jesus. Curiosamente ele não se refere à
Igreja de Jerusalém como a Igreja modelo, mas reconhece nesta igreja da Tessalônica, as
marcar irrefutáveis da graça de Deus.
Quando estudamos as igrejas primitivas, percebemos que elas sempre passaram
por problemas teológicos e éticos.
Em Jerusalém, a Igreja irmã, ela quase se dividiu por causa de problemas étnicos
e raciais. As viúvas gregas estavam se sentindo desprezadas e preteridas na igreja, e
felizmente a liderança soube corrigir a rota e a distorção. A igreja foi tomada por
murmurações. Foi nesta igreja que surgiram Ananias e Safira. A igreja sempre enfrentou
problemas na história. A Igreja de Jerusalém também não era perfeita. Aliás, não há
igrejas perfeitas, E SE VOCÊ ENCONTRAR UMA IGREJA PERFEITA EU
RECOMENDO PARA QUE VOCÊ NÃO FAÇA PARTE DELA PARA NÃO
ESTRAGA-LA.
Laodiceia foi criticada por Jesus pela sua frieza, apatia e arrogância (Ap 3.14-22).
A Igreja de Laodiceia também não era perfeita.
Tiatira foi criticada pelo seu misticismo desenfreado (Ap 2.18-19) e pela liderança que
acobertava uma mulher que vivia em adultério e ainda espiritualizava sua atitude com
uma áurea mística de profecia. (Ap 2.18-19) A Igreja de Tiatira também enfrentou
grandes problemas.
A Igreja de Tessalônica, apesar de naturalmente não ser perfeita, tinha algumas
marcas que a distinguia das outras igrejas. Ela não era perfeita, mas era modelo (1 Ts 1.7)
Quais eram as características desta igreja? Quais eram suas marcas? Ele começa
descrevendo esta igreja com as três virtudes cardeais: Fé, amor e esperança.
Características da maturidade desta igreja. Fé em Jesus, amor por Deus e pelas pessoas,
e esperança, na segunda vinda de Cristo.
a) – Glorifica a Deus – Jesus afirma: “Nisto conhecereis que sois meus discípulos,
se amardes uns aos outros”. O amor é uma das credenciais dos discípulos de
Cristo.
A esperança que permeava a vida desta igreja não era uma esperança débil, frágil,
pusilânime, permeada de dúvidas e incertezas. pelo contrário, suas convicções eram
sólidas, não eram dúbios nem inconstantes quanto ao que criam. Não era uma esperança
em que as pessoas faziam amarguradamente, mas com alegria, aguardando a vinda do
Senhor.
Numa época de tanto relativismo moral e espiritual, de tantos paradoxos e
desconstrução, é fácil desenvolvermos uma fé volátil e liquida, fluida, pós-moderna. isto
leva as pessoas a perderem a confiança rapidamente em Deus, quando as coisas não
estão dando certas.
Existe uma esperança frágil e insegura. E existe uma esperança firme. Qual é a
esperança que norteia o seu coração?
A esperança firme não teme o amanhã (estamos nas mãos de Deus, e não dos
homens e do acaso. Deus governa a história, é dono da história, tem a agenda da história).
O Salmista afirma: “O Senhor é a minha luz, a minha salvação, a quem temerei.” (Sl
27.1). O que pode roubar nossa alegria, e nos encher de desespero e angústia quando
temos uma esperança firme? A esperança firme nos sustenta em nosso viver.
Mas a esperança firme tem a ver com a eternidade. Foi isto que Jesus procurou
afirmar aos discípulos quando se sentiram fragilizados com a possibilidade de sua morte.
“Não se turbe o vosso coração, crede em Deus, crede também em mim, na casa de meu
pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos
lugar.” (Jo 14.1-3)
A firme esperança nos sustenta em relação ao que nos acontecerá depois da morte.
Billy Graham afirmou: “Um dia você vai ouvir que Billy Graham morreu. Não acredite
nisto. Naquele dia eu serei mais vivo do que nunca!'.” Seu neto se lembrou disto no
funeral do seu avô. Outra de suas frases foi a seguinte: “A única coisa que a morte pode
fazer a um cristão é aproximá-lo de Cristo.”
Nossa esperança é firme por causa daquele que fez a promessa: Jesus. “Não se
turbe o vosso coração.” (Jo 14.1-3), É firme também por causa da vida de Cristo. Paulo
afirma: “...e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os
mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura.” (1 Ts 1.10)
Uma igreja saudável é marcada por uma esperança firme.
Não fazemos as coisas para sermos aceitos por Deus, mas porque somos aceitos
por ele. A igreja bíblica está cheia de gente que se percebe filho amado de Deus, e que
recebe esta graça em seu coração. São amados de Deus, possuem identidade de filhos
amados, não de órfãos.
A Bíblia ensina: “Mas sabemos que todos são aceitos por Deus somente pela fé em
Jesus Cristo e não por fazerem o que a lei manda. Assim nós também temos crido em Cristo
Jesus a fim de sermos aceitos por Deus pela nossa fé em Cristo e não por fazermos o que a lei
manda. Pois ninguém é aceito por Deus por fazer o que a lei manda.” (Gl 2.16. NTLH).
Salvação é pela graça de Deus e não depende do esforço humano, ou de alguma
performance humana, ou do serviço que desempenhamos. É fácil insistir em fazer as
coisas para sermos aceitos por Deus, para Ele se agradar de nós, mas a salvação não
tem nada a ver com o que podemos ou com o que temos que fazer. Não fazemos para
sermos aceitos por Ele, mas por termos sido aceitos, por termos compreendido a Sua
salvação. Estamos procurando realizar as obras de Deus não para alcançar algo, mas
somente para revelar o Deus que conheceu. Não fazemos para sermos aceitos, mas por
sermos aceitos; não para ganhar algo, mas porque já recebemos seu favor
Você já reconheceu a eleição de Deus, através de Cristo, e a tem percebido como
você é amado por Deus? Uma das coisas mais fantásticas da vida é identidade e
relacionamento. Esta igreja sabia que era escolhida por Deus, por isto sabia que se
percebesse especial e amada – era um relacionamento firmado no amor.
Eleição para muitos é um tema pesado, destinado àqueles que se aprofundam
nos estudos teológicos, mas se lermos cuidadosamente nas Escrituras veremos que se
trata de uma das grandes razões de gratidão. Saber que somos escolhidos de Deus, nos
dá senso de pertencimento, identidade e amor.
É uma igreja impactada pela obra do Espírito Santo. Não apenas sabe sobre o
Evangelho, mas experimenta o evangelho, de forma prática: Ora com fé, tem
expectativas de milagres.
A. Chega em Palavra – “não chegou até vós tão somente em palavra.” Não
apenas em palavras, mas tambem em palavras. Quando estudamos a estratégia
de evangelização da igreja primitiva, vemos que a pregação consistia em quatro
métodos: Expor, arrazoar, anunciar e demonstrar.
A palavra “poder”, vem do grego “dínamos” (dinamite). Você não usa dinamite
para explodir areia e lama, mas rochas, pedras. A mensagem encontrará estruturas de
pensamentos que são verdadeiras barreiras e barricadas. A mensagem sem poder não é
capaz de atingir o coração do homem.
O poder do Evangelho tem uma dimensão destrutiva e outra construtiva.
Quando o evangelho chegou nesta cidade, os convertidos abandonaram seus deuses
falsos, seus ídolos. Ele tem o poder de desestruturar a forma de ver e interpretar a vida.
Tem o poder construtivo, porque estas pessoas se converteram ao Deus vivo.
Por isto, pregação precisa ter estes dois elementos: palavra e poder. M. L. Jones
afirma que “pregação é a lógica pegando fogo.” É teologia em chamas.
APLICAÇÃO
1- Esta igreja imitou a Cristo – ““Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e
do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com
alegria do Espírito Santo. (1 Ts 1.6)
C. Teve a reação certa. “tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita
tribulação, com alegria do Espírito Santo.”
Por terem recebido a palavra certa, não se escandalizaram no meio da tribulação.
Muitos abandonam a fé porque receberam a palavra cheia de promessas que não são
evangélicas:
- “todos seus problemas serão resolvidos.”
-“Venha pra Jesus e você terá sucesso financeiro.”
-“Declare! Profetize! Decrete! Sua palavra tem poder. Toda crise e doença
desaparece.”
O que a Palavra sempre nos ensina é que Deus não nos promete uma viagem fácil,
mas uma chegada segura. Não promete ausência de lutas, mas vitória garantida.
A diferença entre o salvo e o perdido não são as circunstâncias da vida. Pessoas
descrentes podem passar a vida inteira em condições mais favoráveis que a de um crente.
Basta ler o Salmo 73 para perceber esta verdade. Asafe olhava para os ímpios e começou
a ter inveja deles, até que descobriu a diferença entre o ímpio e o crente.
Jesus contou a parábola da casa construída sobre a areia e sobre a rocha: mesmo material,
mesma estrutura, mas o fundamento era diferente.
Os cristãos de Tessalônica não se escandalizaram no meio do sofrimento, porque
construíram suas vidas sobre a palavra de Deus.
2. Alegria ultra circunstancial: “Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor,
tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito
Santo. (1 Ts 1.6)
3. Tornou-se o modelo certo – “De sorte que vos tornastes o modelo para todos os crentes
da Macedônia e da Ásia.” (1 Ts 1.7)
4. Ruptura com deuses falsos - “Pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que
repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos
convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro.” (1 Ts 1.9).
Conversão de que, para quem? “Deixando os ídolos vos convertestes a Deus.” (1 Ts 1.9)
Dos ídolos para Deus.
Tessalônica é uma cidade grega que fica a 80 kms de Atenas, onde estava o Monte
Olimpos, e na mitologia grega, no cume deste monte ficava Zeus, “o grande Deus” do
panteão grego de divindades. Quando ele sacodia sua cabeleira, o Monte Olimpo tremia.
Os gregos tinham muitos deuses e ídolos, eles eram presos destes ídolos e divindades.
Com a pregação da palavra, eles saíram da idolatria para o Evangelho.
Conversão não é para viver vida sem compromisso. Não é apenas abraçar a
salvação e viver numa suposta graça despreocupada, negligente e indolente, mas
recebemos a salvação para servir a Deus.
5. Esperança gloriosa – “E para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou
dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura.” (1 Ts 1.10)
No início citamos o papa Ratzinger. Afirmando que ele estava errado com sua
afirmação, assim como estará errado qualquer pessoa ou denominação que
equivocadamente se acha a única verdade. Na verdade, a igreja verdadeira coloca o Deus
verdadeiro no centro de sua adoração.
Neste texto estudamos algumas características desta igreja que se tornou
referência e modelo. Se você me perguntasse hoje sobre alguns dos anseios de minha
alma eu diria que gostaria de pastorear uma igreja que fosse refúgio e descanso para as
pessoas cansadas, trouxesse graça e esperança ao coração das pessoas, e que inspirasse
esta geração. Eu gostaria de ser pastor de uma igreja na qual pudessem olhar para ela e
desejassem imitar as coisas boas e saudáveis que ela produz, e que, inspirasse também
as próximas gerações, a cidade e atraísse outras pessoas com uma direção profunda,
sábia e abençoadora em direção a Deus.
Nossa igreja iniciou com 19 membros em 2022, contando e membros menores.
Hoje somos de 65 membros. Mais do que um numero simbólico e marcante, meu desejo
é que esta igreja se torne referência de graça, do evangelho, de saúde e santidade para
muitas outras igrejas e pastores jovens, que eles pudessem olhar para nosso jeito de ser
e fazer ministério e dissessem: “Esta igreja é uma boa referência para nós”.