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REGENERADOS PARA SERVIR

A Carta aos Efésios

INTRODUÇÃO
Paulo destina essa carta à igreja, na antiga cidade de Éfeso, situada na atual Turquia
hoje. Era uma colônia grega, a qual se tornou província romana, cuja característica e
grande atração da cidade era o culto à deusa Diana. (At 19:28).
Paulo escreve essa carta não porque havia alguma disputa ou problema interno, como
no caso de outras de suas cartas, mas para apresentar as doutrinas fundamentais, como
um resumo da fé cristã, fortalecendo assim a fé daqueles irmãos. Ela foi escrita,
objetivando mostrar que a unidade da igreja é algo real e possível de ser vivida no dia a
dia e que, por isso, ela expressa seu louvor e apela para que vivamos em santidade e
unidade (4:13; 5,8). A igreja é, na visão apresentada pelo apóstolo, uma nova sociedade
de Deus vivendo nesse tempo. Não será possível ver todo o conteúdo desta carta, numa
só lição, mas poderemos extrair significativa aplicação para nossa vida.

Vamos ler a Bíblia em Efésios 1:2-3,7-10 (NVI) – “A vocês, graça e paz da parte de Deus
nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo. 3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em
Cristo… 7 Nele temos a redenção por meio de seu sangue, o perdão dos pecados, de
acordo com as riquezas da graça de Deus, 8 a qual ele derramou sobre nós com toda a
sabedoria e entendimento. 9 E nos revelou o mistério da sua vontade, de acordo com o
seu bom propósito que ele estabeleceu em Cristo, 10 isto é, de fazer convergir em Cristo
todas as coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da plenitude dos tempos”

ORAÇÃO

DESENVOLVIMENTO
Paulo escreveu esta carta à igreja de Éfeso e a todos os crentes, a fim de lhes dar um
ensino profundo na maneira de nutrir e manter a unidade da igreja. Quis que circulasse
esta informação importante em forma escrita porque ele se achava na prisão e não podia
visitar as Igrejas pessoalmente.
Alguns eruditos consideram-na a composição mais divina da raça humana, por
exemplo: John Stott, diz que a carta para os Efésios é a coroa dos escritos de Paulo;
William Barclay, vê Efésios como a rainha das epístolas paulinas; John Mackay, ilustre
presidente do Seminário de Princeton, em seus tempos áureos, considerou Efésios o
maior e o mais amadurecido de todos os escritos paulinos; Mackay, era de opinião que,
de todos os livros da Bíblia, Efésios era o mais convincente para a situação atual, tanto da
igreja como do mundo. Aqui, Deus e homem, Cristo crucificado e Cristo ressurreto,
doutrina e música, pensamento teológico e viver diário, vida no lar e vida no mundo,
experiência arrebatadora de segurança em Cristo e consciência de perigo iminente,
calma íntima e turbulência externa no caminho da vida reconciliam-se sob os rios do mais
iluminado pensamento que jamais cintilou na mente humana.

1. UMA NOVA VIDA EM CRISTO (EF 1:3; 2:10)


A lógica do ensino paulino é que se deve apresentar a doutrina, ou o alicerce da nossa
fé, para a partir daí buscar a prática do dever cristão. Nessa doutrina, está incluído o
fato de sermos escolhidos pelo Pai e, assim, nos tornamos um povo seu. Há muitas
bênçãos envolvidas (1:3), as quais ultrapassam esta vida presente, pois são bênçãos
celestiais (1:20; 2:6). Toda essa sorte de bênçãos está destinada aquele que crê. O fato de
sermos eleitos para sermos conforme Cristo, é um estímulo à santidade e nunca desculpa
para pecar.

Vamos ler a Bíblia em Efésios 1:4-6 (NVI) – “Porque Deus nos escolheu nele antes da
criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. 5 Em amor nos
predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom
propósito da sua vontade, 6 para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu
gratuitamente no Amado”

@ O Comentário Bíblico Beacon diz que… As bênçãos destinadas ao povo de Deus não
são acidentais. São resultado dos propósitos que foram estabelecidos na mente e espírito
de Deus antes da fundação do mundo. Paulo não tem a intenção de empregar esta frase
em outro sentido senão dizer que a escolha de Deus é eterna, é a "determinação da
mente divina antes de todos os tempos". Nossa salvação não é uma reflexão tardia, mas
o cumprimento da vontade gloriosa de Deus Pai. Este propósito é a eleição para uma vida
santa e irrepreensível, que se baseia na predestinação à filiação. A eleição é uma
afirmação básica da Bíblia: a) Ela enfatiza a verdade que a iniciativa em ocasionar a
redenção do homem é tomada por Deus e não pelo homem; b) A eleição ou escolha de
Deus não é arbitrária, de forma que alguns sejam destinados à salvação e outros à
perdição, sem levar em conta a disposição de cada indivíduo. Os eleitos são constituídos,
não por decreto absoluto, mas por aceitação das condições do chamado de Deus; c)
Aqueles que respondem ao evangelho em fé são designados os eleitos, os escolhidos, ou
a ecclesia ("os chamados para fora"). Eles são a igreja; d) Eleição e predestinação, que
resultam em nossa adoção como filhos e fornecem a base para uma vida santa e
irrepreensível, expõem "a majestade superlativa da graça, glória, sabedoria e poder de
Deus". A vontade ou desejo de Deus em nos levar à filiação não é por mérito que
possuamos, mas surge de "sua pura bondade, originando-se única e exclusivamente da
liberdade de seus pensamentos e deliberação amorosa".

Paulo para de escrever sua carta, com o intuito de fazer uma oração de gratidão
(1:15,16), pois havia fé em Jesus e amor aos irmãos naquela igreja. Sua gratidão e
alegria eram tanto que ele diz: “Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me
de vós nas minhas orações”. De quem você tem se lembrado, dessa forma, e orado por?
Mas também, Paulo ora pedindo (1:17-23) que, o conhecimento deles seja cheio do
espírito de sabedoria e de revelação. Quão importante é agirmos com a sabedoria divina!
Quantos erros e sofrimentos desnecessários!
Contudo, o seu pedido a Deus vai além: “tendo iluminados os olhos do vosso
entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas
da glória da sua herança nos santos. E qual a sobre-excelente grandeza do seu poder
sobre nós, os que cremos...”. É maravilhoso saber que, toda essa glória que nos está
reservada, advém da mesma operação da força do poder de Deus que se manifestou em
Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos; elevando-o aos céus, onde está à direita do Pai,
acima de toda e qualquer outra autoridade.
Nessa ótica, então, precisamos compreender qual é a nossa atual condição humana.

2. NOSSA CONDIÇÃO NATURAL (2:1-3)


É impactante saber que apesar de respirando, andando e fazendo todas as coisas
fisicamente, mesmo assim, estávamos mortos. Paulo apresenta os dois motivos pelos
quais todos estão mortos: 01. Delitos; 02. Pecados. A pessoa que, ainda, não nasceu de
novo, está morta, ou seja, fora da vida de Deus e separada d’Ele por causa dos pecados.
Nessa vertente, é possível nos lembrarmos do profeta Isaías (Is 59:2s), denunciando que
as vossas iniquidades fazem separação entre vós e vosso Deus; e os vossos pecados
encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça. Que estado triste e miserável do
homem sem Deus! É como a distinção entre um corpo cadáver e o outro, são. Logo, essa
é a condição espiritual de todos.

Vamos ler a Bíblia em Efésios 2:1-3 (NVI) – “Vocês estavam mortos em suas
transgressões e pecados, 2 nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente
ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos
que vivem na desobediência. 3 Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles,
satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como
os outros, éramos por natureza merecedores da ira”

@ O Comentário Bíblico Beacon diz que… Paulo distingue pelo menos cinco
características da vida que outrora seus leitores levavam longe de Deus. A primeira, era
uma vida de morte espiritual; eles estavam mortos em ofensas e pecados (v.1).' A morte
espiritual é "a morte de pecado"," que é o estado de separação de Deus ocasionado por
ofensas e pecados; A segunda, característica dos pecadores é que eles andam segundo o
curso deste mundo (v.2). Os homens espiritualmente mortos abandonam as normas e
caminhos de Deus pelas normas e caminhos deste mundo; Terceira, estas pessoas
andavam segundo o príncipe das potestades do ar (v.2). Este mundo tem um deus, o
diabo; Quarta, eles, e Paulo também, viviam nos desejos da nossa carne (v.3). A vida era
mantida dentro dos limites dos apetites e impulsos próprios da natureza humana caída
ou dela provinha; Quinta, característica, estas pessoas sem Deus eram por natureza
filhos da ira (v.3). No estado pré-cristão, sem a ajuda do Espírito de Deus, os leitores, e
Paulo também, estavam por natureza (congenitamente) entregues ao pecado. Uma lei
do pecado os controlava e, assim, caíam sob a ira de Deus.

Outro aspecto, é que éramos escravos. Um escravo não tem opção e, assim, é aquele
que segue o ‘príncipe da potestade do ar’ (2:2); é um ‘espírito que atua nos filhos da
desobediência’. Melhor dizendo, o homem sem Deus é direcionado por Satanás e faz o
lhe agrada, desobedecendo a Deus. Isso seria como uma estrada que se caminha, ou um
sistema que é proposto, o qual é chamado por ele no curso deste mundo.
Assim como o rio segue o curso d’água, assim também o homem sem Deus segue o
mal, sem saber qual será o seu fim, tendo um abismo diante de si. Vemos claramente
que, nesse caso (2:3), os desejos da carne pendem para o pecado; as paixões são tão
fortes que dominam a vida, pois não há alguma força espiritual.
Não podia ser outra a consequência, senão a condenação, mediante ao fato de serem
considerados: ‘filhos da ira’.

3. DEUS MUDA A HISTÓRIA? (EF 2:4-7)


Sim, Deus muda a história de cada um de nós. Paulo alterna a sua visão de escravidão,
condenação e morte, para a misericórdia de Deus, usando a expressão: Mas Deus... De
fato, só mesmo Deus, para nos dar vida juntamente com Cristo (2:5); para nos fazer
ressuscitar com Cristo (2:6), bem como, nos fazer assentar nos lugares celestiais em
Cristo (2:6). Você crê nisso?

Vamos ler a Bíblia em Efésios 2:4-7 (NVI) – “Todavia, Deus, que é rico em misericórdia,
pelo grande amor com que nos amou, 5 deu-nos vida juntamente com Cristo, quando
ainda estávamos mortos em transgressões — pela graça vocês são salvos. 6 Deus nos
ressuscitou com Cristo e com ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus, 7
para mostrar, nas eras que hão de vir, a incomparável riqueza de sua graça,
demonstrada em sua bondade para conosco em Cristo Jesus”

# "Todavia Deus!" Essas palavras estão entre as mais notáveis da Bíblia. Deus escolheu
salvar-nos, em vez de deixar-nos continuar em pecado e viver eternamente no inferno
com o demônio. Ele nos deu vida (vivificou-nos), ressuscitou-nos da sepultura do pecado
e tirou-nos do cemitério! Ele fez mais do que isso: tornou-nos membros de Cristo! Fomos
vivificados, ressuscitados e assentados nos lugares celestiais com ele. Deus fez isso por
causa de sua imensa graça e bondade para conosco. Bondade quer dizer que Deus não
nos deu o que merecíamos; e graça, que ele nos deu o que não merecíamos. Somos
feitura dele, sua nova criatura (2 Co 5:17).

Assim como Cristo na sepultura recebeu vida, ressuscitou e assentou-se à destra do Pai,
assim também, será conosco. Todavia, precisamos perguntar: Por que Deus agiu assim
para com homens pecadores como nós? Paulo responde, graciosamente, que Ele agiu
assim, porque é rico em misericórdia e nos amou com grande amor (2:4). A sua graça é
riquíssima (2:7) e nos leva a experimentar a sua bondade para conosco em Cristo (2:7). A
salvação, portanto, é fruto da riqueza da graça de Deus e não das obras ou feitos
humanos (2:8,9).
Não há algo que possamos fazer para alcançar a salvação, pois um morto não pode
fazer nada por si mesmo, não tem nem o fôlego de vida. Esse tema é encerrado,
mostrando que fomos salvos para as boas obras. Não salvos por elas, mas para executá-
las. Somos cooperadores de Deus na construção desse mundo e, quando somos salvos,
temos vida para fazer a vontade de Deus prevalecer sobre o mal (2:10).

4. SALVOS PARA ABENÇOAR (2:11-22)


Uma vez salvos pela graça, somos convocados para realizar a vontade de Deus. E a sua
vontade é manifesta por meio de maturidade e unidade da igreja saudável, a qual conduz
ao serviço e crescimento. Destarte, Paulo apela para a prática da doutrina que acabou de
expor. E ele começa, realmente, rogando (4:1), ou seja, apelando, pedindo que andemos
de “um modo digno”, isto é, de acordo com o chamado. Paulo vai usar os termos
lembrai-vos e naquele tempo, para mostrar que no passado, sem Cristo, estávamos longe
da comunidade da graça, vivendo sob o regime religioso feito por mãos de homens. Que
triste saber que, sem Cristo, éramos estranhos às alianças da promessa e sem qualquer
esperança, e sem Deus no mundo!

Vamos ler a Bíblia em Efésios 2:14-16 (NVI) – “Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos
fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade, 15 anulando em seu corpo a lei dos
mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois,
um novo homem, fazendo a paz, 16 e reconciliar com Deus os dois em um corpo, por
meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade”

O apóstolo continua seu argumento dizendo: Mas agora em Cristo Jesus vós, que
estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Assim sendo, uma vez que Cristo
é a nossa paz, já não existem barreiras de separação entre quaisquer pessoas. A parede
de separação já foi derrubada e a inimizade desfeita. O objetivo do Senhor é sempre
estabelecer a paz. Pela cruz, seja judeu ou gentio, ambos são reconciliados e superadas
as inimizades. Se Jesus veio para evangelizar a paz aos que estavam longe, como nós, e
aos que estavam perto, os judeus, nós, como corpo de Cristo, temos que fazer o mesmo.
Somos a família de Deus e edificados sobre o mesmo fundamento dos apóstolos e
profetas, mas Cristo é a principal pedra da esquina. Se somos parte desse edifício, a casa
de Deus, precisamos estar bem ajustados, para fomentar o crescimento do grande
templo santo para o Senhor.

CONCLUSÃO
@ O Comentário Bíblico Beacon diz que… Para Paulo, a situação difícil do gênero
humano nunca é desesperadora. No plano de fundo tenebroso da morte espiritual, o
apóstolo esboça uma caracterização fascinante da nova vida em Cristo. Há três
características distintas desta nova vida: Primeira, é uma vida iniciada em Deus;
Segunda, a nova vida em Cristo é vida de ressurreição. Como cristãos, quer judeus quer
gentios, tomamos parte na ressurreição de Cristo e também na sua exaltação; Terceira
característica: obtemos a nova vida em Cristo. Não obtemos por boas obras (a essência
da religião legalista) o direito à libertação do pecado e da morte. Graça significa que tudo
começa e termina com Deus. A salvação é, então, um presente de nosso Criador.
Nessa lição, aprendemos parte do que Paulo ensinou aos Efésios. Se somos novas
criaturas em Cristo, precisamos conhecer nossa doutrina. Fomos alcançados pela graça,
pois Deus nos elegeu para sermos conforme a imagem de Cristo. Porém, nossa condição
era de total desespero, pois estávamos mortos em nossos delitos e pecados.
O ser humano, sem a graça de Deus, está morto espiritualmente. Que será da
eternidade? Deus muda essa realidade com o mesmo poder, o qual ressuscitou Jesus
dentre os mortos. Assim como ele está assentado à destra do Pai no céu, somos nessa
condição, também, chamados a evangelizar a paz e edificar o templo santo para o Senhor

PARA PENSAR E AGIR


01. Deus nos escolheu para sermos conforme a imagem de Cristo. É um privilégio
inaudito e nos desafia a sermos santos como ele é santo, e nunca deve ser uma desculpa
para pecar.
02. Todos os seres humanos estão destinados à perdição eterna, pois já estão mortos
em seus delitos e pecados. Como você tem aproveitado as oportunidades, para mostrar
essa nova realidade a àqueles que ainda vivem na ilusão?
03. A Igreja do Senhor está sendo construída, a partir do momento que Jesus
evangelizou a paz e quebrou todos os muros de separação entre as pessoas. Pense na
Igreja como o templo santo do Senhor e como você está contribuindo para o seu
crescimento.

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