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CARTA DE PAULO AOS EFÉSIOS

Texto base: Efésios 1.1-6


INTRODUÇÃO
Estamos iniciando hoje com a graça de Deus a exposição dessa que é uma das mais belas
cartas do novo testamento, a carta do apóstolo Paulo aos Efésios. Aqui o apóstolo Paulo vai
unir de forma equilibrada doutrina e vida, teologia e ética. A carta tem uma divisão bem
simples. Nos três primeiros capítulos Paulo lança as bases da doutrina e, nos três últimos
capítulos, aplica a doutrina. A vida decorre da doutrina e a doutrina é o fundamento da
vida. Não podemos glorificar a Deus com a plenitude do nosso coração e com o vazio de
nossa cabeça nem podemos glorificar a Deus com a plenitude de nossa cabeça e com o
vazio do nosso coração. É preciso que essas coisas andem juntas, entendimento, boa
doutrina, e um coração que arde de amor pelo Senhor Jesus.
Há dois temas principais que norteiam a carta: (1) Cristo reconciliou toda a criação consigo
mesmo e com Deus e (2) Cristo uniu pessoas de todas as nações a si e uns aos outros em
sua igreja. Essas grandes ações foram cumpridas por meio do trabalho voluntário, poderoso
e soberano do triúno Deus – Pai, Filho e Espírito Santo – e são reconhecidas e recebidas
somente pela fé por meio de sua graça. À luz dessas grandes verdades, os cristãos devem
viver a vida como um tributo de gratidão ao seu grandioso Senhor.
Diferente das outras cartas do apóstolo, onde ele escreveu para tratar de problemas locais
da igreja, a carta aos Efésios não foi escrita para tratar de um problema dessa igreja. Talvez
por isso há quem acredite que essa foi uma carta circular, ou seja, a carta foi escrita para
circular em todas as igrejas da Ásia.
CONTEXTO
A cidade de Éfeso era uma metrópole da Ásia antiga onde hoje é a Turquia. Um centro
financeiro importante da sua época. Paulo via a cidade de Éfeso como uma cidade
estratégica no seu plano de propagação do evangelho. A região da antiga Éfeso forma um
contexto apropriado para o livro de Efésios por causa da fascinação dessa cidade por magia
e ocultismo. Isso ajuda a explicar a ênfase de Paulo no poder de Deus sobre todas as
autoridades celestiais e na ascensão triunfante de Cristo como cabeça sobre toda a igreja e
sobre todas as coisas nessa época e na que há de vir. Os efésios precisavam ser lembrados
dessas coisas para permanecerem firmes em sua fidelidade a Cristo como supremo poder
no mundo e em suas vidas. Essa carta é datada como tendo sido escrita no ano 62 d.C.
quando Paulo era mantido preso em Roma, por essa razão é uma das conhecidas cartas da
prisão de Paulo.
PLANTAÇÃO

É possível que o evangelho tenha sido primeiramente levado a Éfeso por Priscila e Áquila
como nós podemos ver em AT 18:26). A jovem igreja começou com Priscila e Áquila, e foi
firmemente estabelecida mais tarde por Paulo em sua terceira viagem missionária (At 19),
tendo ele a pastoreado por cerca de três anos. Depois de Paulo ter saído, Timóteo
pastoreou a congregação, possivelmente por um ano e meio, em especial para reagir contra
o falso ensino de uns poucos homens influentes (tais como Himineu e Alexandre)

Quando Paulo chegou a Éfeso, ele encontrou 12 novos convertidos que tinham um
conhecimento bem raso do evangelho, esses foram ensinados por Paulo, Batizados, e por
meio de imposição de mãos receberam o Espírito Santo. Tudo isto está registrado no
capítulo 19 de Atos.

V1 – Paulo começa sua Carta mencionando os únicos dois títulos de fama que possui. (1)
Era um apóstolo de Cristo. Nesta afirmação tinha em mente três coisas.

(a) Significava que pertencia a Cristo. Sua vida não era sua própria para dispor dela a seu
gosto: era possessão de Jesus Cristo e devia vivêla de acordo com o que Cristo exigia.

(b) Significava que tinha sido comissionado e enviado por Jesus Cristo. A palavra apostolos
vem do verbo apostellein que significa despachar ou enviar. Podia usar-se, por exemplo,
para um esquadro naval enviado a uma expedição ou para um embaixador enviado por seu
país nativo. Descreve ao que é enviado para desempenhar uma tarefa especial. O cristão se
considera a si mesmo, durante toda sua vida, como membro de uma força de trabalho de
Cristo. Tem uma missão: a de servir a Cristo no mundo.

(c) Finalmente dá a entender que todo o poder que possuía era um poder delegado. O
cristão é representante de Cristo no mundo. Mas não leva a cabo esta tarefa por virtude e
poder próprios; com ele estão a virtude e o poder de Jesus Cristo.

(2) Paulo continua dizendo que era apóstolo por vontade de Deus. Ao dizer isto não há
nenhum acento de vanglória, mas sim de pura admiração. Paulo vivia no final de seus dias o
assombro de que Deus tivesse eleito um homem como ele para esta tarefa. O cristão nunca
deve inflar-se de vanglória pela tarefa que Deus o encomenda; antes, tem que sentir-se
maravilhado porque Deus o tenha considerado digno de desempenhá-la. Assim, pois, Paulo
continua dirigindo sua Carta aos que vivem em Éfeso e são fiéis a Jesus Cristo. O cristão vive
sempre uma dupla cidadania. Os amigos de Paulo viviam em Éfeso e em Cristo. Todo cristão
tem um domicílio humano e outro divino. Vive em certo lugar do mundo, mas ao mesmo
tempo vive em Cristo. E este é precisamente o segredo da vida cristã.
V2 – Graça descreve sempre um dom e um dom que o homem não pode obter por si
mesmo, e que nunca ganhou nem mereceu em forma alguma. O tratamento que Deus nos
dá, e seus dons, são coisas que recebemos por pura generosidade do coração de Deus.
Cada vez que mencionamos a palavra graça pensamos no puro encanto da vida cristã e na
pura e imerecida generosidade do coração de Deus.

Devemos tomar cuidado ao relacionar à vida cristã a palavra paz. Em grego o termo é
eirene, mas traduz o hebreu shalom. Na Bíblia a palavra paz nunca é puramente negativa:
nunca descreve simplesmente a ausência de tribulações, dificuldades e aflições. Shalom
significa tudo o que se relaciona com o bem supremo do homem; todo aquilo que contribui
a fazê-lo homem no mais alto sentido da palavra; tudo o que faz com que a vida seja
verdadeiramente digna de ser vivida. A paz cristã é algo absolutamente independente das
circunstâncias externas. A pessoa pode viver no meio do luxo e as comodidades no melhor
da Terra; pode possuir a melhor das casas e a maior conta bancária e entretanto carecer de
paz; por outro lado, a pessoa pode desfalecer na prisão, morrer no pelourinho ou viver uma
vida carente de toda comodidade e, entretanto, desfrutar de uma paz perfeita. Qual a
explicação para isto? A explicação é que há uma só fonte de paz em todo mundo: o
cumprimento da vontade de Deus.

V3 – Em grego a longa passagem que vai do versículo 3 ao 14 é uma só oração. É tão longa
e tão complicada porque representa nem tanto o enunciado de um raciocínio como um
lírico canto de louvor. A mente de Paulo avança, não porque esteja pensando logicamente,
mas sim porque os dons e as maravilhas de Deus desfilam perante seus olhos e penetram
em sua mente. O crente é apresentado como o recipiente de toda todas as benção
espirituais. Portanto ele não necessita buscar bênçãos adicionais de Deus. Deve, pelo
contrário, apropriar-se das que já foram fornecidas.

Todas as três Pessoas da Santa Trindade participam desta provisão de bênçãos espirituais.

1) A obra do Pai está mencionada em primeiro lugar. Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor
Jesus Cristo. "Quase todas as epístolas de Paulo começam com alguma atribuição de
louvor". Observe o jogo de palavras no uso de bendito. Que nos tem abençoado. Somos
convocados a bendizer a Deus, o qual já nos abençoou a nós. Mas é claro que Deus nos tem
abençoado pelo que realizou, enquanto a nossa bênção em retribuição é de palavras, isto é,
de louvor. Ele é o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Isto o identifica como o Deus
verdadeiro, não alguma divindade falsa ou imaginária. O louvo de Paulo enfatiza a
mediação de Cristo em todas as bençãos de Deus pela repetição deque todas essas coisas
são nossas em Cristo.
V4 – O verbo abençoou está no passado, isso quer dizer que em algum momento da
história Deus abençoou o seu povo com todas as bençãos espirituais. Paulo diz aqui que
esse momento foi antes da fundação do mundo. O mundo nem existia e Deus já tinha dado
graciosamente as suas bençãos ao seu povo, antes que houvesse, qualquer obra ou mérito
Deus nos escolheu, nele, (em Cristo). A palavra “para” vai apontar para uma função. Deus
nos escolheu em Cristo para sermos santos em primeiro lugar. A santidade é inegociável na
vida cristã. É uma busca diária, constante, uma luta que só termina na sepultura, ou na
volta de Cristo. Enquanto estamos aqui respirando lutamos como nosso coração e
buscamos em Deus forças para vivermos uma vida santa que honre o precioso nome do
Senhor Jesus Cristo.

Mas Paulo continua e agora ele diz que nós fomos escolhidos por Deus em Cristo Jesus,
para sermos santos e irrepreensíveis diante dele. Irrepreensível aqui significa ser livre da
culpa da transgressão e dos pecados em que os cristãos viviam antigamente. É viver sem
dar ouvidos as acusações de satanás e de posse da obra perfeita de Cristo na cruz. Afinal é
em Cristo, isto é na mediação de Cristo, que somos santos e irrepreensíveis.

V5,6 – Eu sei que essa provavelmente não é a palavra preferida de muitos, mas é bíblica.
Em amor Deus nos predestinou para Ele. A doutrina da predestinação é uma das doutrinas
mais disputadas no meio cristão. Há quem defenda, e entenda que sim Deus predestinou
um povo para a salvação, e há quem defenda que não, não existe predestinação e sim livre
arbítrio. Curiosamente essa sentença “livre arbítrio” não existe em toda escritura. Há quem
chegue ao cúmulo de dizer que predestinação é uma doutrina do diabo, o que certamente
não pode ser dito. Você pode até dizer que não entende, tudo bem, só não diga que é do
diabo, porque definitivamente não é, é bíblica, e a bíblia fala em muitas passagens dessa
verdade. E Ele nos predestinou para sermos adotados como seus filhos de novo na
mediação de Cristo.

Alguém pode perguntar: mas qual é o critério? Um bom caminho para entendermos um
assunto talvez seja começar dizendo o que esse objeto de estudo não é.

1) A predestinação não é uma escolha feita com base na presciência de Deus.


2) A predestinação não é feita com base no mérito humano.

Tudo o que sabemos é que essa escolha é feita segundo o propósito da sua vontade e para
o louvor da sua glória. É isso. Segundo o conselho da sua vontade e para o louvor da sua
glória outras traduções vão dizer.

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