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A TEOLOGIA DAS

CARTAS PAULINAS
A IMPORTÂNCIA DA TEOLOGIA PAULINA
 A contribuição de Paulo de Tarso para a teologia bíblica é imensa.
 Embora nascido na cidade de Tarso, foi criado em lar judeu, segundo os costumes estritos do
judaísmo (Fp 3:5) e se orgulhava de sua ascendência judaica (Rm 9:3; 11:1). Ele declara ter
vivido como fariseu em obediência estrita à Lei (Fp 3:6; II Co 11:22), e que foi além de muitos
de seus contemporâneos no zelo pelas tradições orais dos círculos fariseus (Gl 1:14).
 Sua experiência no caminho de Damasco não apenas o fez reconhecer Jesus como o Messias
ressuscitado e glorificado; ela também conteve um chamado de Deus para uma missão particular.
Este fato está registrado nos relatos da conversão em Atos (9:15-16; 22:5-16; 26:12-18). Deus o
havia separado, antes de nascer, para pregar o evangelho aos gentios (Gl 1:15 e s; 2.1-10).
 Ele era o apóstolo aos gentios e ampliou seu ministério para incitar a fé também nos judeus (Rm
11:13-14). Ele tinha uma incumbência que não escolhera para si e que colocava sobre ele a
inevitável necessidade de pregar o evangelho (I Co 9:16 e s.).

 Paulo se engajou em uma carreira missionária celebrada na última parte do livro de Atos. Treze
epístolas escritas por Paulo durante essa carreira missionária tornaram-se livros da Bíblia.
A IMPORTÂNCIA DA TEOLOGIA PAULINA
 Com exceção da carta aos Romanos, as demais foram escritas de forma não sistemática e
surgiram à medida que as situações afloravam e exigiam respostas. De natureza variada, as
circunstâncias abrangiam desde temas teológicos complexos até os de prática litúrgica.
 Em todos os seus escritos ele faz constantes referências às Escrituras dos judeus, o seu interesse
estava no Antigo Testamento; ele faz quase 90 citações explícitas e inúmeras alusões, quase sempre
da Septuaginta (em grego) e não do hebraico. Demonstrando que o AT foi uma fonte determinante
para sua teologia.
 Muitos estudiosos propuseram diferentes “centros” do pensamento Paulino que integraria todo o
seu ensino; justificação pela fé, escatologia, a igreja como corpo de Cristo, reconciliação,
participação em Cristo, história da salvação e Cristo. Mas a única categoria abrangente o suficiente
para incluir o incrível espectro dos ensinamentos de Paulo seria “a obra de Deus em Cristo”.
 Deus fez Paulo nascer e se criar entre dois ambientes, para que pudesse levar todo o pensamento
cativo a Cristo (2 Co 10.5). A teologia paulina fundamenta-se na vida orientada pela busca “das
coisas que são do alto” (Cl 3.1), isto é, uma vida cujos interesses sejam compatíveis com o Reino
de Deus, dentro de uma visão ética cristã.
TEMAS TEOLÓGICOS ESPECÍFICOS

 HISTORIA DA A CRUZ
SALVAÇÃO
 O RETORNO DO
 FÉ E OBRAS; SENHOR
JUDAÍSMO
 A IGREJA COMO
 CRISTO CORPO DE CRISTO
HISTORIA DA SALVAÇÃO
 Paulo, mais do que qualquer outro autor bíblico, nos ajuda a compreender a unidade do
plano de Deus, conforme revelado nas Escrituras, ao integrar as várias partes da revelação
bíblica.
 Diante dos judaizantes de um lado que procuravam impor a Lei mosaica aos cristãos
gentios (cf. Gálatas) e, do outro lado, cristãos gentios que subestimavam a importância da
herança israelita (cf. Romanos 9-11), ele destacou o significado último de Cristo e da nova
aliança sem rejeitar a antiga.
 Paulo explica na carta aos Gálatas 3.15-29, que a história da salvação está radicada na
promessa de Deus a Abraão, promessa cumprida em Cristo, a “semente” a quem a promessa
foi feita. A lei mosaica, entregue séculos após a promessa, não poderia modificar essa
organização básica.
 Portanto, a salvação sempre foi, como fora com Abraão, baseada na fé. A lei foi apenas
uma fase temporária na história da salvação, enquanto Deus a usava para preservar Israel
até que a promessa fosse cumprida. Contudo, a história da salvação também tem um futuro.
O Messias veio, mas ele deverá vir novamente.
FÉ E OBRAS; JUDAÍSMO
 Várias gerações de estudiosos paulinos radicados no paradigma reformado, viam Paulo
como um defensor da liberdade e fé versus o legalismo do judaísmo de seu tempo. Os
judeus, conforme o estereótipo apresenta, acreditavam que as pessoas eram salvas pelas
obras; Paulo contrariou isso com o evangelho da salvação pela graça e fé.
 Segundo “a nova perspectiva sobre Paulo”, E. P. Sanders argumenta que o judaísmo da
época de Paulo não era legalista, mas ensinava que os pecadores eram salvos pela
eleição de Deus expressa na aliança. Mesmo na opinião de Sanders, os judeus continuam
crendo que a obediência à Lei era necessária para a salvação.
 Devemos ser um pouco cautelosos em aceitar completamente a opinião de Sanders.
Pois encontramos evidências tanto nos escritos judaicos da época e no NT de ter havido
alguns judeus que se desviaram para certo legalismo.
 Acreditamos que a antítese reformada tradicional de “obras” versus “fé” é solidamente
fundamentada em Paulo e deve ainda ser vista como contribuição principal do apóstolo à
teologia bíblica.
CRISTO
 Paulo não viu Jesus fisicamente, mas sua muitas alusões ao ensinamento de Jesus mostram
que ele conhece e valoriza a existência terrena de Jesus. O título mais usado por Paulo para
se referir a Jesus é “Cristo”, que nunca perde completamente o sentido subjacente sobre o
Messias, o herdeiro prometido de Davi, que cumpre as promessas de Deus a Israel.
 Entretanto, o valor de Jesus para Paulo encontra-se principalmente no seu estado ressurreto
como Senhor (Rm 1.3-4). Este título tem importância imensurável para Paulo, pois vem do
AT, onde se aplica a Deus. (cf. Jl 2.32; Rm 10.13). O que esse título sugere, Romanos 9.5
parece declarar de forma explícita, Paulo chamando Jesus de “Deus” (v. tb. Tt 2.13).
 Como Senhor, Jesus é o regente do Universo, pois Deus “tudo sujeitou debaixo de seus
pés” (1 Co 15.26-27; citando Sl 110.1; cf. tb. Cl 1.15-17).
 Mas o título “Senhor” é mais importante por seu significado relacional do que ontológico.
“Jeus é Senhor” (1 Co 12.3) é a confissão cristã básica, por meio da qual os cristão
reconhecem Jesus como aquele a quem lhe devem adoração e obediência.
A CRUZ
 A morte de Jesus na cruz é o ponto mais decisivo no plano redentor de Deus para a
humanidade. Paulo usa muitas imagens para comunicar aos leitores a importância da
morte de Cristo.
 Particularmente dominante é a imagem sacrificial tirada do AT. Deus estabeleceu Jesus
como “sacrifício para propiciação” e seu sangue derramado (representando morte
sacrificial) traz perdão (Ef 1:7; Cl 1:14), justificação (Rm 5:9) e reconciliação (Ef 2:13).
 No AT, o propiciatório era o lugar onde Deus santo encontrava-se com os homens
pecadores; ali o sangue era aspergido. No NT, a cruz tornou-se o lugar onde Deus irá
encontrar o homem através do sangue de Cristo (Rm 3.25; 2 Co 5:19).
 A linguagem de “redenção” sugere que a morte de Cristo é vista por Paulo como o alto
preço pelo qual Deus comprou a liberdade dos seres humanos escravizados pelo pecado
(Rm 3:24; cf. 1 Co 6.20). Paulo também pode apresentar a cruz como vitória sobre os
poderes espirituais do mal (Cl 2.15)
O RETORNO DO SENHOR
 Embora Cristo reine mesmo agora, Paulo aguarda ansiosamente o dia quando seu
senhorio será estendido sobre todo o mundo (Fp 2:11).
 A teologia de Paulo, embora orientada decisivamente para a cruz e a ressurreição,
também aguarda o retorno de Cristo em glória, a Parusia (“vinda” ou “presença”). A
Parusia trará libertação final para os cristãos: “todos seremos transformados” ( 1 Co
15:51). Aqueles que morreram serão ressuscitados num corpo transformado (1 Ts 4:16; 1
Co 15:21-23). E os que ainda estiverem vivos na Parusia serão “transformados” à medida
que a “habitação terrena” será trocada por uma “eterna” (2 Co 5:1-10; 1 Ts 4:17).
Esse é um forte motivo que deve influenciar a nossa conduta. Tanto os crentes como o
mundo têm que comparecer ante o tribunal de Deus (Rom. 14:10) e de Cristo (II Cor.
5:10) “para que cada um receba no corpo, segundo o que praticou, o bem ou o mal”.
A IGREJA COMO CORPO DE CRISTO
 Paulo nunca vê os cristãos isoladamente, mas sempre como membros de uma
comunidade: a igreja (ekklésia), aqueles que foram “chamados para fora” do mundo para
formar o povo escatológico de Deus. Conquanto, Paulo muitas vezes se dirija à igreja
existente em uma localidade específica, ele, em última instância, vê a igreja como uma
entidade única e universal que abrange todos os que creem. Essa ideia é especialmente
notória em Efésios e Colossenses (Ef 1:22-23; 4.4; Cl 1:18).
 Também é notória nesses livros assim como em 1 Coríntios 12 e Romanos 12, a ideia
da igreja como “corpo de Cristo”. A metáfora está baseada no próprio corpo de Cristo
entregue em nosso favor e é usada por Paulo principalmente para comunicar a
diversidade na unidade que deve caracterizar o corpo. Paulo afirma que o corpo é um,
pois Cristo não pode ser dividido. O Espírito designou funções bem distintas no corpo.
 O maravilhoso ensino de Paulo sobre o corpo único com diversas partes deveria
instruir a igreja de nossa época, alertando-nos contra divisões desnecessárias, e nos
estimular a celebrar e aprender com a diversidade dentro de nossas comunidades.

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