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- Introdução
- Uma vez que essa fé foi posta em dúvida pelas crises da vida, o autor tenta
mostrar como Jesus é infalível modelo de pastor e de prática pastoral de vida: se
envolve na vida cotidiana dos cristãos e como Deus nos salva pontualmente
quando somos como Cristo, perseverantes, inclusive nos sofrimentos.
- A carta nos convida ver nossa vida mais claramente, sem ignorar os problemas,
à luz da verdade sobre um Deus redentor e sobre Jesus, a prova do poder e do
plano de Deus.
- O estilo grego, ainda que menos elegante do que aquele de Tiago, foi
considerado como uma séria objeção a que o apóstolo Pedro seja o seu autor.
Entretanto, como Tiago e Judas, e admite geralmente o uso de um secretário.
Com efeito, o autor diz expressamente que escreveu por meio de Silvano (5,12).
1- Autor
- A afirmação da epístola de ter sido escrita por Pedro (1,1) foi aceita desde
Eusébio de Cesareia (HE 4.14.9) até o séc. XIX. Muitos biblistas modernos,
porém, não aceitam a autoria petrina. Eles explicam a epístola ou como o
trabalho posterior de uma “escola” petrina ou como uma obra puramente
pseudoepígrafa.
- Pedro se dirige a cristãos vindos em grande parte das fileiras dos pobres (1Pd
2,18s), uma carta de consolação e encorajamento. Os leitores são convidados a
suportar com firmeza e até com júbilo os sofrimentos e provações que lhes
sobrevieram e que deverão continuar. Estarão próximos da maledicência (1Pd
2,12; 3,16) por serem cristãos (1Pd 4,16). A melhor resposta a tais acusações de
hostilidades é levarem vida irrepreensível (1Pd 2,12.15;3,2.13-17). Serão
confortados e fortalecidos com o exemplo de Cristo, de sua mansidão diante do
sofrimento injustamente infligido (1Pd 2,21-23s).
- O público para o qual se dirige é amplo e geral: cristãos da Ásia Menor que
vivem como “estrangeiros” entre os vizinhos pagãos. Incluidos ai estão muitas
classes sociais: escravos, famílias, dirigentes. É dada bastante atenção à maneira
como o cristão também pode ser bom cidadão. Embora haja certa ênfase na
conversão e na nova posição dos convertidos, a carta dirige-se a uma variedade
de pessoas e trata de muitos assuntos.
- Muitos admitem que a carta foi escrita em Roma. A alusão à Babilônia (5,13) é
vista como uma alusão à metrópole pagã que rivalizava com a antiga Babilônia
em esplendor material. Uma vez que Pedro moreu ali na perseguição de Nero e
essa perseguição ainda não fora mencionada, a epístola poderia ter sido escrita
antes do final do ano 64 d.C.
- Alguns biblistas, no entanto, preferem estabelecer a data desta carta pelo fim do
século I, provavelmente nos anos 90. As Igrejas das Cartas Católicas no fim do
século I estavam preocupadas com questões internas, com o relacionamento entre
a Igreja e o mundo pagão e com as grandes perseguições romanas.
4- Gênero literário
- Pesquisadores modernos admitem que muito material confessional e hínico foi
incorporado em 1Pedro, mas, veem nela uma carta autêntica com sua própria
unidade literária e propósito.
- Uso do AT
- O autor de 1Pedro usa textos explícitos do AT: Ex 19,5 / 2,5.9; Lv 19,2 / 1,16;
Sl 118,22 / 2,7; Is 52,3-12 / 2,22-25 etc.
- 1Pedro também contém tradições bíblicas sem citar textos concretos: por
exemplo, cita personagens do AT como Noé (3,20), Sara e Abraão (3,6). Faz
referência ao tema da construção da casa de Deus (2,5), utiliza temas do livro do
Êxodo (1,19), cingir-se para caminho (1,13), a condição de peregrino do cristão
(1.1.17; 2,11). Enfim, 1Pedro só pode ser entendida com o transfundo do AT
como ponto de referência fundamental.
5- Alguns temas
a- A Igreja
- A carta lembra aos cristãos sua livre eleição por Deus, sua conversão e sua vida
nobre e fecunda em Cristo. O caráter marvailhoso da Igreja e a maneira como a
vida em Cristo é superior à religião pagã, recebem grande ênfase. Como surgiu a
Igreja, como Deus a fundou, sua estrutura, sua dignidade, seu chamado à
santidade, suas relações com a sociedade pagã, enfim, tudo isso, é tratado com
muito zelo na carta.
b- Deus e Cristo
- Por outro lado, os membros da Igreja são lembrados que eles tem um novo
Deus que cuida deles, elege-os, exalta-os e julga-os. O Deus cristão é superior
aos seus antigos deuses pagãos. De maneira análoga, são relatados os atos
divinos sobre Jesus, como Ele foi libertado de seus sofrimentos e venceu a morte.
Em 1Pedro, a recordação da missão pascal de Cristo serve a um propósito
bastante pastoral, porque a experiência cristã é interpretada tendo em mente esse
modelo.
c- Visão pastoral
- A carta não ignora os problemas, nem os menospreza, mas nos convida a ver
nossa vida mais claramente à luz da verdade sobre um Deus redentor e Jesus, a
prova do poder e do plano de Deus.
6- Teologia
a- Deus
- A primeira saudação faz referência à estrutura trinitária do mistério de Deus.
Nesse sentido, se percebe uma maturidade teológica pouco comum. Deus é Santo
(1,15-16), é aquele que julga sem parcialidade (1,17), o único a quem devemos
temer (2,17). Deus é sempre no NT o criador, mas, de fato o único documento
que utiliza este vocábulo é precisamente 1Pedro (4,19).
- Deus é também aquele a quem chamamos “Pai” (1,17), o Deus de toda graça
(5,10), o qual, em sua grande misericórdia, nos gerou de novo (1,3).
Precisamente, por isso, somos chamados a fazer sua vontade (2,15; 3,17; 4,2.19)
por nele toda a nossa inquietude, porque cuida de nós (5,7; cf. 4,19).
- A vocação cristã é a de chegar a ser santo, como ele é Santo (1,15-16), honrar-
lhe de todo o coração (4,11.16; 2,9) e viver de tal maneira que os seres humanos
cheguem também a golrificá-lo (2,12). Deus quer fazer-nos entrar em sua glória
eterna (5,10), herança que nos reserva em relação com nosso segundo nascimento
(1,3).
b- Cristologia
- Jesus Cristo, ainda que existente desde a fundação do mundo, não se manifestou
ainda plenamente, até estes últimos tempos (1,20). O Espírito de Cristo já estava
nos profetas, predizendo os sofrimentos que lhe estavam reservados e a glória
que havia de seguir (1,11). Cristo sofreu e morreu em sua condição humana, mas
foi vivificado no Espírito (3,18b).
- Jesus Cristo se encontra na glória e está sentado á direita de Deus (3,18). Glória
quer dizer “vitória”. O fato de Deus ter ressuscitado a Jesus e lhe tenha conferido
glória (1,21) significa que podemos ter acesso a ele (2,4) e, portanto, que
podemos entrar na sua luz maravilhosa (2,9), da verdade (1,22) e da nova vida
(1,23). Mas, a glória de Cristo será manifestada em toda a sua plenitude (4,13;
5,1; 1,5.7.13). Uma herança nos espera no céu (1,4) e que nada poderá destruir ou
manchar (1,4). Esta manifestação plena nos conduzirá a uma alegria sem fim
(1,6; 4,13).
- Os sofrimentos de Cristo
- Há pelo menos quatro textos que fazem referência ao sofrimento de Jesus: 2,21;
2,22; (3,18); 4,la e 4,lb. Mas, os sofrimentos de Jesus são a base das exortações
aos seus discípulos para que suportem o sofrimento. Precisamente, por isso, se
explicita qual foi a atitude de Jesus diante do sofrimento injusto (2,21-25), a fim
de que o discípulo possa ser revestido da mesma atitude (4,1) quando for
perseguido injustamente pelo fato de ser cristão (4,15-16).
c- Vida cristã
d- Eclesiologia
- O Fundamento da comunidade é Cristo
- A carta se abre com uma saudação inicial de tipo epistolar (1,1-2), depois segue
uma ação de graças doxológica, semelhante a outras que nos são familiares por
obras do NT (1,3-12). A partir de 1,13 temos uma exortação aos leitores para que
recordem seu chamado a uma vida nova, marcada pela eleição que lhes constitui
um novo povo de Deus (até 2,10).
- Exortação final: 5,6-11. Confiai em Deus; do sofrimento, Ele vos leva à glória
- Despedida