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Estudo 42 - Epístola aos Efésios

A santidade cristã
Texto bíblico - Efésios 1 a 6 Texto áureo - Ef 4.23,24

"... a vos renovar no espírito da vossa mente;


e a vos revestir do novo homem, que segundo Deus
foi criado em verdadeira justiça e santidade."

Introdução

A carta de Paulo aos efésios é tida como uma daquelas que foram escritas da prisão em Roma.
Segundo o costume do império, naquela época, sendo ele um prisioneiro domiciliar, deveria ter ao seu
lado, permanentemente, um soldado romano de guarda para impedi-lo de deixar a residência que lhe fora
alugada para isto. Por isso é que os historiadores explicam o final desta carta quando Paulo vislumbra a
armadura do cristão. Ele estaria por certo no seu reduto de prisioneiro contemplando a sentinela romana
ao seu lado, quando então se apropriou da visão de seus apetrechos de vestimenta para aplicá-los à
mensagem que desejava transmitir como lemos no capítulo 6.

Éfeso era a capital da província romana na Ásia. Acidade mais importante e influente na região da
Turquia moderna. Era famosa por ser a sede do culto a Diana, uma deusa da mitologia grega (Ártemis),
absorvida agora pela mitologia romana. Além do templo de Diana, com suas sacerdotisas virgens e
eunucos (jovens emasculados), era também um grande centro comercial. Como igreja cristã se tornou
também referência no NT, pois, o apóstolo João deve ter ali encerrado o seu ministério, e ela mesma viria
a ser a destinatária de uma das sete cartas do Apocalipse.

A carta trata do plano de Deus para propiciar a união em um tempo certo, sob a autoridade de
Cristo, de tudo aquilo que exista no céu e na terra. Na primeira parte o apóstolo fala do povo de Deus, os
cristãos, como um povo só, independentemente de raça ou nacionalidade, unidos que foram pela morte de
Cristo na cruz do Calvário. Indo além, menciona mesmo que o Espírito Santo lhes dá o poder para
continuarem a viver unidos no amor do Pai. A seguir, aborda a nova vida que os discípulos de Cristo, os
seguidores do Caminho, deveriam tomar por estarem unidos nele. Esta nova vida se exterioriza no melhor
relacionamento que tenham uns com os outros. Esta carta, dizem alguns historiadores, como a que foi
escrita aos crentes em Colossos, também pode ter sido preparada para ser levada a outras igrejas da
região. Aliás são três as cartas que tomam o título de "cartas da prisão", pois, devem ter sido escritas na
mesma época de Roma: aos efésios, aos colossenses e a Filemom.

Éfeso vai-se tornar um dos maiores centros primitivos do cristianismo, principalmente depois da
queda de Jerusalém em 70 a.C. Paulo, passou ali três anos, evangelizando a cidade e as regiões vizinhas,
ocasião em que teve que "combater com as feras" como menciona em 1Coríntios 15.32. Aliás foi durante
sua estada aí que ele escrever suas cartas à igreja em Corinto.

Mais tarde, João, o apóstolo deve ter sido pastor desta igreja, fato este que Irineu e Eusébio
confirmam nnos séculos II e III da era cristã. Foi daí que ele teria sido exilado para Patmos onde
escreveria a revelação de Deus a ele, o livro Apocalipse.

I - Dados históricos e preliminares

Paulo vai passar por Éfeso em sua segunda viagem bem ao final dela, mas de maneira rápida (At
18.19-21). Porém, logo no início da terceira viagem ele chega a Éfeso (At 19.1), e deverá então nela ficar
os três anos citados por ele mesmo (At 20.31) fazendo dela o centro propulsor de suas andanças pela

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região da Ásia e da própria Europa: Macedônica, Grécia, Filipos, Trôade, Mileto, Samos e outras
menores, conforme nos registra Atos 19.1 a 20.38. Sua despedida dos crentes em Éfeso é dramática e
muito emotiva, por onde podemos ter uma idéia do seu grau de afinidade com aquela igreja.

Isto deve ter ocorrido em torno de 54 a 57 a.C. enquanto a carta para a igreja teria sido escrita um
pouco mais tarde entre 59 e 61 a.C., tempo que se supõe ocorre a prisão do apóstolo em Roma. Esta
carta, por sua composição bem genérica, sem muitas citações pessoais como se verifica em outras, deve
ter sido escrita assim pelo apóstolo com a finalidade de que a sua leitura, tal como a escrita aos
colossenses (Cl 4.16), fosse lida também entre as demais comunidades cristãs que visitou nesta sua última
viagem missionária.

II - Esboço básico do livro - Sua divisão

Em seus 6 capítulos e 155 versículos podemos perceber claramente a seguinte divisão do seu
conteúdo:

1. Saudação e hino de louvor e exaltação a Deus - 1.1-23


2. A supremacia da graça sobre o pecado - 2.1-22;
3. O apostolado de Paulo entre os gentios - 3.1-21;
4. A unidade da fé e a santidade cristã - 4.1 a 5.21;
5. Os relacionamentos dos crentes em Cristo - 5.22 a 6.9;
6. A armadura de Deus para o crente e despedidas - 6.10-24;

III - A visão global do texto

Embora possamos retirar diversos temas como assuntos principais desta carta, ela dispõe, no
entanto, de uma singularidade interessante. Em geral todos os que se voltam para escrever, deixam para o
fim de seus escritos aquelas abordagens mais marcantes. Paulo, nesta carta aos efésios, faz exatamente o
contrário. O início desta epístola é uma verdadeira apoteose. Somos levados a ler, quase sem respirar, do
versículo 3 ao versículo 14, tal a beleza das palavras, a profundidade do assunto que aborda, a riqueza do
conteúdo que traz para nós. Nele, o apóstolo aborda uma das maiores preciosidades da vida cristã, o
grande mistério da vida do homem, o maior milagre reservado para a humanidade: a revelação de Deus à
criatura humana para sua redenção. E ele faz isto com tal propriedade e riqueza de palavras que somos
obrigados a ler o texto quase que de um fôlego só, de tal maneira as idéias se complementam e se
sobrepõem.

Além deste aspecto inicial, a carta se destaca também pela ênfase que dá à graça de Cristo unindo
todos os homens sob a sua bênção salvadora, e a necessidade da santidade cristã em oposição aos
costumes mundanos, o que é ressaltado com a belíssima imagem final da armadura espiritual que Deus
disponibiliza aos seus santos.

IV - Os pontos principais em destaque

Vamos ressaltar alguns dos passos contidos nesta carta como pontos de alerta e de advertência
que devem ser por nós refletidos:

4.1 - Um hino de louvor em sua vida: Muitas vezes nossas vidas cristãs se tornam tranqüilas e
tão normais que perdemos a inspiração para o louvor e a adoração. Mecanicamente, pensamos que "não
há porque fazê-lo", pois nada acontece de especial ou diferente. Ou seja, acostumamo-nos às revelações
do Pai de tal forma já conhecidas que, não experimentamos mais, em nosso viver, momentos de êxtase ou
gozo espiritual. Somos como que levados a vivenciá-la em monotonia e passividade. Paulo nos dá um
exemplo fulgurante de uma pessoa que embora, vivendo com intensidade a vida cristã e passando até por
dissabores e tristezas em muitos instantes, ainda assim, sabia cultivar o momento do louvor e da adoração
em sua intimidade. Este início do primeiro capítulo desta carta é um belíssimo hino de louvor e exaltação
a Deus. Vale a pena lê-lo em reverência, de joelhos até, para que a sua beleza e sua profundidade
impregnem a nossa vida e nos transforme em pessoas que vibrem sempre com sa salvação alcançada e
com o poder do Senhor que nos salvou.

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4.2 - A supremacia da graça de Deus sobre as obras: Outro texto de grande realce na carta é
quando o apóstolo se dedica a exaltar a soberania da graça de Deus. O capítulo 2 contém textos de grande
esplendor teológico e que nos devem servir de paradigmas para a vida em meio à sociedade em que
vivemos presentemente: "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de
Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie". Ainda visando demonstrar o grau infinito dessa
graça para a salvação do ser humano, ele declara no mesmo capítulo: Mas Deus, sendo rico em
misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos
vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele". Ou seja,
as obras de nada valem para a salvação. Apenas a graça que nos foi dada por Deus antes mesmo que
nascêssemos (Gn 3.15), pode-nos dar a certeza da ressurreição eterna.

4.3 - Os dons do Espírito, segundo a carta aos Efésios: Um outro destaque desta carta é a
descrição que Paulo faz nela dos dons outorgados por Deus aos seus servos, por meio da ação do Espírito
Santo em suas vidas. Em nossos estudos já vimos que Paulo fez esta mesma descrição em Romanos 12 e
em 1Coríntios 12. Ele volta a fazê-lo aqui. Nas três vezes em que entra neste assunto, Paulo o faz de
maneira mais ou menos uniforme, com poucas diferenças. Em Romanos são sete: profetizar (pregar),
ministrar (servir), ensinar, exortar, repartir (solidariedade), presidir e usar de misericórdia; Em 1Coríntios
são oito: sabedoria, ciência, fé, curas, milagres, profecia, discernimento, línguas (falar e interpretar); e.
finalmente, aqui em Efésios, ele volta a mencioná-los, mas de maneira mais objetiva, pois aborda as
funções que os dons criariam na igreja. São cinco os dons que ele aponta e que devem estar presentes na
vida desses ministros: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. O que chama atenção nesta
descrição de Paulo aos efésios é a forma especial como ele a finaliza, como que dizendo: - Todos esses
dons têm que ser praticados em conjunto pelos ministros de Deus "tendo em vista o aperfeiçoamento dos
santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à
unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura
da plenitude de Cristo".

4.4 - O relacionamento humano diante de Deus: Paulo com muita propriedade nos aponta para
os cuidados que devemos ter em nossos relacionamentos como crentes. Dos versículos 5.22 a 6.9, ele
como que expõe todas as formas de relacionamento que podemos ter, e de como devemos cuidar para que
o nome de Cristo seja honrado e preservado em meio a esses contatos em que nos inserimos como pais,
cônjuges, filhos, irmãos, servos, empregados e senhores, de forma a não macular o nome da igreja.

V - Sua contextualização

Efésios é uma carta de muitas possibilidades de aplicação para os dias presentes. Quando Paulo
escreveu aos crentes na cidade de Éfeso, ele ensinou-lhes a como combater as situações adversas da vida.
Parece que ele estava sabendo que hoje nós seríamos inspirados por ele, pois a sua mensagem é plena de
utilidade para nós também. Para isto ele nos aconselhou sobre as sete armas que estão à nossa disposição.
Vamos conferi-las na figura que o apóstolo nos apresenta de um soldado que se apresenta para a batalha.
Ele vai vestir este soldado de todos os recursos indispensáveis para que seja bem sucedido na luta. Se a
luta será incessante, ele tem que estar bem preparado para enfrentá-la, em todos os aspectos do viver. Este
soldado, espiritualmente, somos eu e você, diante das lutas que enfrentamos no mundo.

5.1 - Enfrentando as adversidades da vida: Lutando sem cessar contra elas foi o que ele
recomendou quando escreveu para os efésios dizendo “revesti-vos de toda a armadura de Deus, para
poderdes permanecer firmes contra as ciladas do Diabo”. Sim, esta luta pela eficácia da vida cristã deve
ser travada por mim e por você, sem cessar. Em todos os momentos de nosso viver. No colégio, no
trabalho, no lar, na condução, todos nós temos de lutar sem cessar para que o nosso testemunho cristão
seja luz para os que estão ao nosso redor.

5.2 - Primeira e segunda armas – Verdade e justiça: Para começar ele aponta para duas
virtudes indispensáveis ao caráter cristão. Não se pode imaginar alguém que se diga crente e que não
demonstre em seu viver estar de posse dessas duas qualidades morais imprescindíveis. Elas não são
exigidas apenas do crente. O cidadão comum é delas cobrado pela sociedade civil. O apóstolo Paulo vai-
se referir a elas como as duas primeiras armas de que devemos estar equipados para enfrentar o mundo:
“Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça”. O

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dorso do soldado naquela época era envolvido por uma espécie de malha fina (para o crente esta malha
seria a verdade), sobre a qual, colocava-se depois a couraça, uma espécie de armadura para proteção dos
golpes mais duros (para o crente esta couraça seria a justiça). O viver na verdade e o buscar a justiça
deviam ser duas evidências para o mundo da pessoa do crente. O que o apóstolo está nos requerendo é
que pratiquemos a retidão em todos os nossos atos, a dignidade em nossa maneira de viver, enfim,
integridade enfim.

5.3 - Terceira e quarta armas – Paz e fé: Mas o apóstolo prossegue e nos apresenta a seguir
mais duas armas. Agora mais diretamente vinculadas ao crente. Verdade e justiça são virtudes esperadas
de todos os seres humanos. Paulo agora começa a particularizar aquilo que só se pode esperar de alguém
crente em Jesus, de mim e de você: “Calçados os pés com a preparação do evangelho da paz, tomando
sobretudo, o escudo da fé, com o quais podereis apagar todos os dardos do Maligno.” Os pés tinham que
ser bem protegidos para a batalha. De forma figurada então, o apóstolo nos fala que o crente deve estar
revestido em seus pés, com o evangelho da paz, isto é, a mensagem de Cristo sendo levada por nossos pés
a todos os que estão ao redor. Mas não somente os pés, mas o corpo também deveria estar protegido, por
isso ele aconselha o uso também do escudo da fé. A fé em Cristo nos protege, o corpo todo, das investidas
do mal. Ela, a fé em Cristo, é o nosso escudo a preservar-nos do mal.

5.4 - Quinta e sexta armas – Salvação e Bíblia: Para completar a armadura que ele nos indica
como necessária para que lutemos sem cessar diante das artimanhas do pecado, o apóstolo nos apresenta
mais dois equipamentos essenciais para esta nossa preparação para a batalha: “Tomai também o capacete
da salvação, e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus”. Com esta frase ele nos ensina que a
salvação obtida pelo crente desde que creu em Cristo, é a sua principal arma. Como o capacete envolve a
cabeça do soldado, assim o sentimento da salvação deve envolver toda a mente do crente, isolando-o
deste mundo tenebroso em que vive. Ou seja, mesmo diante das piores situações lembremo-nos sempre,
que somos salvos por Jesus, não pertencemos a este mundo, fazemos parte do reino de Deus. Vocês
devem ter percebido que todas essas cinco armas mencionadas até aqui pelo apóstolo são apenas armas
defensivas. Ele deixou para a última indicação, a única arma de ataque, a maior e melhor arma ofensiva
do crente: a Bíblia, a Palavra de Deus que ele apresenta como a espada do Espírito. É a Bíblia Sagrada
que nos inspira na luta, que nos aponta os pontos fracos do inimigo, que nos ensina o caminho da vitória,
que nos dá a condição de derrotá-lo, finalmente.

Conclusão

Vivendo digna e retamente (praticando a verdade e justiça em nossos atos)... Testemunhando do


evangelho e resistindo ao mal (pregando a paz de Cristo e a fé nele)... Mostrando ao mundo a bênção do
ser cristão (demonstrando a alegria da salvação)... estaremos preparados para enfrentar sem cessar a luta
contra o pecado, defendendo-nos assim de todos os seus dardos inflamados, até que, possamos desfechar
o golpe final com o nosso contra-ataque: o bom uso da Palavra de Deus (a espada do Espírito), vencendo
então a batalha. Porém, mesmo assim, para finalizar, Paulo nos recomenda que sobretudo, mesmo que
armados com estas seis equipagens acima descritas, devemos viver sempre “em oração e súplica”, pois só
assim, a vitória será alcançada.

"Olho"

O início desta epístola é uma verdadeira apoteose. Somos levados a ler, quase sem respirar, do
versículo 3 ao versículo 14, tal a beleza das palavras, a profundidade do assunto que aborda, a riqueza
do conteúdo que traz para nós. Nele, o apóstolo aborda uma das maiores preciosidades da vida cristã, o
grande mistério da vida do homem, o maior milagre reservado para a humanidade: a revelação de Deus
à criatura humana para sua redenção

Leituras diárias:

Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo


Ef 1 Ef 2 Ef 3 Ef 4.1-16 Ef 4.17-32 Ef 5 Ef 6

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