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Paróquia São Miguel Arcanjo

Padres Barnabitas Diocese de Bragança

14 de junho de 2022

Largo de Nazaré
Espiritualidade formativa para a liturgia paroquial
Tema: Fortalecer-se na fé da Igreja para o serviço ao Reino de Cristo na
liturgia.
“Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele
produz muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer” Jo 15,5.

1. A Igreja desejada pelo Pai


Aos que creem em Cristo, Deus pai decidiu chamá-los à santa Igreja, a
qual, prefigurada já desde o princípio do mundo e admiravelmente preparada
na história do povo de Israel e na Antiga Aliança, foi constituída no fim dos
tempos e manifestada pela efusão do Espírito, e será gloriosamente
consumada no fim dos séculos.
Caráter comunitário da Salvação – Lugar de Israel na economia da
salvação.
2. Aliança e Povo de Deus - Ex 6,7, Dt 26,17-18 e Jer 30,22
Fidelidade e gratuidade de Deus se mostra na Aliança. É um dom seu. A
Aliança se celebra e se renova no culto comum. Santidade é o cumprimento da
Aliança em consonância com o ser propriedade de Deus. As promessas dos
profetas dizem respeito com que Deus os fará capazes disso, é uma graça.
A unidade da diversidade, porque se trata de doze tribos que constitui
um só povo. A centralidade da liturgia que se dá em torno do santuário comum
no qual se realiza o culto. A “personalidade corporativa”, a ideia de que uma
pessoa assuma a representação em nome de todo: o “servo sofredor”,
associado a um conceito comunitário de salvação.

3. Momentos importantes para apreciar a vontade de Jesus com respeito


à Igreja (Jesus quis fundar um Igreja?)
A pregação e atualização do reino é a missão. Nesse sentido,
1 Jesus prega o Jesus a Igreja começa com o anúncio da Boa Nova ( Mc 1,14-
Reino 15 ).

Pois a constituição de uma comunidade de seguidores implica


2 Jesus chama uma forma de vida comunitária (em certo sentido alternativa a
discípulos Israel), que continuará nas comunidades cristãs pós-pascais.

O grupo de “12” desapareceu com o tempo, mas deve ter sido


significativo para a Igreja primitiva porque muito se fala sobre
eles (Mt 10,1-4 , Mc 3,13-19 , Lc 6,12-16 , etc.) De acordo
Jesus escolhe com Paulo (em 1 Cor 15,5), eles são testemunhas qualificadas
3 os “12” da ressurreição. Poderia ser apenas a instituição de um grupo
mais estável, preparado para continuar a missão, ou o sinal de
"um novo Israel" (referindo-se às 12 tribos). Com ele com o
tempo, a ênfase no 12 foi substituída pela ideia do “apóstolo”.
Ele é o porta-voz e chefe do grupo, como é evidente em todo o
NT (de modo que Mt 16,13-23 reflete algo transversal). O
próprio nome "Pedro" tem a ver com sua confissão de fé e a
promessa de Jesus associada a essa
Jesus dá um confissão. Provavelmente por trás dessa centralidade está o
4 papel a Pedro fato de que o a primeira Igreja entendeu que a mensagem é
transmitida por testemunhas (não uma ideia abstrata). Depois
da ênfase em Pedro, alguns acreditam que existe uma relação
com Abraão, que também recebe um novo nome após sua
confissão de fé e é feito "pai de um povo". Em todo caso,
Pedro é um vigário porque a rocha firme é Cristo.

Talvez seja o momento mais importante da fundação da Igreja


porque o povo foi constituído com a aliança, e aqui Jesus sela
"a nova aliança" (constituindo "o novo povo" com o 12). Nesse
5 sentido, sendo ou não uma ceia pascal, de qualquer maneira a
A última Ceia
chave hermenêutica é pascal (pelo sangue da aliança, o
sacrifício dos justos que traz a salvação, etc.). Além disso, um
memorial explícito é instituído para o futuro.
O rechaço de Isso implica a ruptura entre o Povo e os discípulos, e que a
6 Jesus por vida/morte se faz ato de oferenda, testemunho extremo de
Israel amor.
É a chegada definitiva do reino, mas de forma histórica (não
plena), em desdobramento progressivo até sua consumação
7 definitiva (escatológica). É o fundamento existencial da Igreja,
A ressurreição
razão pela qual se passa de predicar o Reino a anunciar a
Jesus morto e ressuscitado.
No Pentecostes, com a morte na cruz (de acordo com Jo
19,30) ou no aparecer-se ressuscitado (Jo 20,22). Fala de
uma nova permanência e assistência de Jesus entre os seus,
8 de modo que Ele continue sendo o chefe do grupo e quem o
A vinda do conduz. Pois a Igreja não é apenas a continuidade de sua
Espírito Santo mensagem, mas "sua nova forma de presença no Espírito". É
por isso que a Igreja é “Corpo de Cristo” (1 Cor 12, 12-30).

Ruptura Entre os anos 60 e 70 (d. C.), a Igreja nascente rompe com


9 explícita com Israel sócio-político e religioso. É um passo chave na
Israel constituição da Igreja.
Abertura a Isso transcende a geração apostólica, prolongando a Jesus
10 missão Cristo na história “até o final dos tempos”.
universal

3. Igreja: Povo de Deus – ‘Novo Israel’.


Era a vontade de Deus “santificar e salvar os homens não individualmente, sem ligação
uns com os outros, mas fazer deles um povo para que os servisse verdadeiramente e
os servisse com uma vida santa” (LG 9). A salvação cristã é a incorporação ao Povo de
Deus.
O Povo de Deus, a Igreja, no NT:
 A continuidade da comunidade dos discípulos de Jesus e do povo judeu é clara
no NT: eles vão ao Templo, recolhem o AT, observam a lei, etc.

 A grande notícia a respeito do AT é o evento da morte e ressurreição de


Cristo. Isso o leva à convicção de que no mistério pascal de Cristo se cumprem
as antigas promessas. Consciência de que a aliança definitiva foi selada no
sangue do Cordeiro.

 A ruptura com o judaísmo é uma experiência, junto com a rejeição do povo


judeu, que desperta na comunidade formas de vida e de culto que marcarão
definitivamente a diferença e o aperfeiçoamento entre as duas comunidades:
- Incorporação ao povo pelo batismo (Atos 2,38).
- Oração em comum nas casas (At 2,46).
- O partir do pão (Atos 2.42; 1 Co 11.20ss).
- Koinonia (comunhão de bens, Atos 2.42).
- Direção autônoma da comunidade pelos apóstolos e sacerdotes (At 2,42;
14,23; 1 Tm 5,17,19).
- Abertura aos gentios (Ga 3,23-29).
- Deslocamento do cetro do Cristianismo de Jerusalém para Roma (Atos).
Características desta cidade:
- Pertencimento: Pela fé e pelo batismo. Comunidade dos “escolhidos” de Deus
em seu Filho Jesus Cristo (1Pd 2,9-10; Ef 1,3-5; Col 3,12-15).
- Depositário das promessas messiânicas (2 Cor 1,20). Novo e verdadeiro Israel
(Rm 9,6; Ga 3,6-11).
- Cabeça: Cristo, o Ungido, presente no Espírito Santo, que flui da cabeça aos
m embros.
- Lei: Caridade, infundida pelo Espírito Santo.
- Missão: Sal e luz da terra.
- Destino: o Reino.

4. Igreja: Corpo de Cristo


São Paulo:
- Em 1 Cor e Rm, é usado para corrigir erros morais, abusos litúrgicos e
divisões internas entre os cristãos: todos os batizados formam um único
corpo. Cada membro tem sua função para o bem de todo o corpo.

- Encontre seu pleno desenvolvimento nas cartas de cativeiro: Ef e Col:


- Todos os crentes são membros de Cristo e formam um corpo com ele (1 Cor
6,12ss), que é a Igreja (Ef 1,22-23; Col 1,24).

- Cristo é a cabeça do corpo da Igreja (Ef 1,22 e Col 1,24), seu princípio de
unidade, vida e crescimento (Ef 4,12-16) e a medida de sua plenitude (Ef 2, 22;
Col 2.10).

- Capital duplo de Cristo:


- Capital cósmico, de primazia ou preeminência: "Tudo foi criado por Ele e para
Ele" (Col 1,16-17).
- Capitalidade de Cristo sobre a Igreja, na qualidade de Redentor universal.

- Os cristãos, por serem membros de Cristo, são "membros uns dos outros" (Ef
4,25; 1 Cor 12,27), cada um a serviço dos outros (Rm 12,5).

- A diversidade do corpo de Cristo provém da pluralidade dos membros,


funções, ministérios e carismas (Rm 12.4-8; 1 Cor 12.12-20). Mas, ao mesmo
tempo, unidos porque provêm do mesmo princípio, a Santíssima Trindade, e
caminham para o mesmo destino (1 Cor 12.7-30).

- Daí a corresponsabilidade e solidariedade dos membros do corpo na missão


comum a que todos são chamados (1 Cor 12,12ss).

- É um corpo não só espiritual, mas também visivelmente organizado: a


incorporação no corpo faz-se pelo baptismo e é aumentada e fortalecida na
Eucaristia.

 Os Padres, especialmente Santo Agostinho, falam do corpo de Cristo, referindo-


se tanto à Eucaristia como à Igreja.

 A partir do século V, a Eucaristia foi denominada corpo místico e corpo de


Cristo ou verdadeiro corpo da Igreja.

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