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Eclesiologia

Há quase dois milênios a igreja se move pela terra. Diversas tentativas do


inimigo de destruí-la através dos tempos já foram frustradas. A igreja
permanece firme e inabalável e jamais perdeu sua relevância histórica. O corpo
de Cristo cumprirá sua missão no mundo.

O que é eclesiologia e por que devemos estudar.

A Eclesiologia vem de dois termos gregos: ekklesia, ou igreja, e logos, ou


palavra/estudo. Portanto, Eclesiologia é o estudo da igreja, e essa doutrina
trata de questões de definição da igreja, relacionamento pactual com Deus,
relação com Israel e com o reino de Deus, características, governança
eclesiástica, ordenanças e ministérios. Essa matéria examina as afirmações
bíblicas a respeito da igreja e sintetiza esses ensinamentos de forma coerente
em um estudo.

Essa é uma doutrina de grande importância por um simples motivo: a igreja de


Jesus Cristo é, em si mesma, uma realidade necessária. O segredo de Deus é
revelado em Sua criação eleita e separada para o louvor de Sua gloriosa graça.
Deus reúne um povo para si, por meio de sua obra de salvação e isso revela
quem Ele é. Essa comunidade redimida não é, portanto, um acidente da
história, antes, é parte do propósito eterno de Deus.

O que é igreja?

A igreja foi, desde a eternidade, concebida na mente de Deus e planejada para


cumprir seu propósito especial sobre a face da terra. Ela faz parte de um
aspecto da doutrina cristã que fazemos parte e é regida por uma doutrina santa
do Reino de Deus. Ao desenvolvermos esse conceito, é necessário considerar
tudo que as escrituras afirmam a respeito de igreja, examinando no contexto as
passagens que trazem a palavra grega ekklesia, que significa “os chamados
para fora” para constituir um agrupamento de pessoas compromissadas com
Cristo e com a proclamação do evangelho por toda a terra.
A igreja pode ser vista sob algumas perspectivas:

- Religiosa: referente a organização e estrutura física.

- Institucional: algo que funciona de forma legal e regularizada.

-Denominacional: relacionado às raízes. (Ex: batista, presbiteriano, metodista


e etc).

- Espiritual: o que realmente Jesus implantou. O seu corpo vivo na terra.

Igreja universal x Igreja local

A igreja consiste em dois elementos inter-relacionados que costumam ser


chamados de igreja “universal” e de igrejas “locais”.

Igreja universal:

“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha
igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”

Mateus 16:18

“Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o


nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro. E
sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como
cabeça da igreja. Que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em
todos.”

Efésios 1:21-23

É o conjunto de todos os cristãos desde o seu início (Pentecostes) até a


segunda vinda de Cristo Jesus. Agrega tanto os crentes falecidos que agora
estão na presença de Cristo no céu quanto os crentes vivos espalhadas por
todo o mundo. Resumidamente, a igreja universal é o povo de Deus,
manifestada por Cristo, o cabeça e manifesta a si mesma, por meio do seu
corpo.
Igrejas Locais

“Nisto, porém, que vou dizer-vos não vos louvo; porquanto vos ajuntais, não
para melhor, senão para pior. Porque antes de tudo ouço que, quando vos
ajuntais na igreja, há entre vós dissensões; e em parte o creio.”

1 Coríntios 11:17-18

“Paulo, e Silvano, e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses em Deus, o Pai, e no


Senhor Jesus Cristo: Graça e paz tenhais de Deus nosso Pai e do Senhor
Jesus Cristo.”

1 Tessalonicenses 1:1

Lideradas por homens qualificados e publicamente reconhecidos, chamados de


pastores e presbíteros, responsáveis por ensinar a sã doutrina, governar, orar,
pastoreais e liderar por meio de um modo de vida exemplar. Isso tudo debaixo
da liderança de Cristo como Cabeça. Deve sempre buscar a pureza e a
unidade, por meio do auxílio do Espírito Santo e esforço humano. Além disso,
celebram duas ordenanças de seu relacionamento de aliança com deis por
meio de Jesus: batismo e ceia. São divididas em denominações específicas,
com costumes e tradições diversas, que variam de acordo com a localidade,
tempo de fundação e cultura.

O conceito de aliança

Desde a ordem criada até os seres humanos, todos os relacionamentos dos


quais Deus participou foram estruturados de acordo com algum tipo de aliança.

Algumas alianças em vigor antes de Cristo:

-Aliança adâmica

-Aliança noaica

-Aliança abraâmica

-Aliança mosaica
-Aliança davídica

A igreja da nova aliança

A antiga aliança, como aliança firmada por Deus com o povo de Israel,
fracassou em razão da falha trágica do povo em guardá-la; por isso, foi
substituída pela nova aliança, com ênfase especial no Espírito Santo, como
aliança formada por Deus com a igreja.

Essa mudança de alianças é fortemente destacada nas diferenças nos


símbolos associados à antiga e à nova aliança. A circuncisão pertencia à
aliança anterior; o batismo e a ceia do Senhor dizem respeito à presente
aliança.

Deus firma uma nova aliança com seu povo, por meio da morte de Jesus como
Cordeiro de Deus sem mácula e sem defeito. Agora não mais referente apenas
ao povo de Israel, mas agora tanto para judeus quanto gentios.

O início da igreja

A igreja começou no Pentecostes e antes disso ela não existia. Ao declarar que
a igreja começou com esse evento, não significa dizer que o povo de Deus não
existia antes disso. O Antigo Testamento gira em torno da eleição e da
instituição de Deus por seu povo, a nação de Israel, dentre todas as nações do
mundo. Antes de Pentecostes, Deus salvou e estabeleceu seu povo mesmo
quando ainda era um pequeno remanescente e preparava algo ainda muito
maior.

Da perspectiva de Jesus Cristo durante seu ministério terreno, a igreja era uma
realidade futura:

“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a


minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”
Mateus 16:18

Esse ponto futuro é referente a algo subsequente a morte, ressurreição e


ascensão de Jesus (Mt 16:18). Somente depois desses acontecimentos, o Pai
exaltaria o Filho; somente como Senhor crucificado, ressurreto e elevado
acima de todos, Jesus se tornaria Cabeça da igreja, seu corpo.
Consequentemente, a Igreja viria a existir somente depois desses
acontecimentos e, portanto, seria constituída corpo de Cristo.
A inclusão nesse corpo ocorre quando Cristo batiza seus seguidores com o
Espírito Santo e, além disso, eles recebem a dádiva dos dons espirituais, que
são usados para edificação da igreja.

A relação entre a igreja e o Reino de Deus

O papel da igreja está intimamente ligado com o Reino de Deus. O corpo de


Cristo expressa do Reino na presente era e introduz os salvos nessa dimensão
do governo de Deus e na luta contra as trevas.

Observa-se, inicialmente, que o Reino de Deus foi o cerne da mensagem


pregada não só por João Batista, mas principalmente por Jesus durante o seu
ministério terreno. Além disso, também foi o foco da proclamação da igreja
nascente, conforme registra o livro de Atos. Todas as vezes que o autor
menciona a pregação apostólica, a centralidade da mensagem cristã está no
Reino de Deus.

Feitas essas considerações, o Reino de Deus pode ser definido como o


domínio eterno de Deus em todas as eras, desde o eterno passado ao eterno
futuro, exercendo sua soberania sobre o universo, intervindo na história. E a
igreja entra como agente de estabelecimento desse Reino, com uma grande
responsabilidade de manifestar diante das nações esse conteúdo.

A igreja não é um fim, mas o instrumento que apresenta ao mundo o Senhor do


Reino e introduz em suas fronteiras os seres humanos arrancados do império
das trevas. Aqui e agora, em seu confronto com as forças do mal, antecipa as
características da vida abundante e da glória divina a serem integralmente
experimentadas na dimensão escatológica do Reino de Deus.

Dessa forma, a igreja realiza as obras do Reino mediante a proclamação do


evangelho de poder que lhe foram outorgadas por Cristo. A mesma
instrumentalidade que operou em Jesus, durante o seu ministério terreno, está
presente na vida da igreja para que os milagres se realizem e as boas novas
cheguem aos confins da terra.

As características da igreja

Caracterizada por 7 atributos:

1- Doxológico: voltada para glória de Deus.


2- Logocêntrica: centrada na palavra encarnada de Deus, Jesus Cristo e na
palavra inspirara de Deus, as escrituras.

3- Pneumodinâmica: criada, reunida, dotada e capacitada pelo Espírito Santo.

4- Pactual: conjunto de membros em um relacionamento de nova aliança com


Deus e em um relacionamento de aliança uns com os outros.

5- Confessional: unida pela confissão pessoal de fé em Cristo e pela confissão


coletiva da fé cristã.

6- Missional: chamada e enviada para proclamar o evangelho e promover o


Reino de Deus.

7- Espaçotemporal/escatológica: reunida como realidade história (situada no


espaço e no tempo) e que tem esperança garantida e destino claro, quanto a
volta de Cristo.

Além disso, podemos destacar:

- Pureza

O motivo pelo qual a santidade é associada a igreja é explicado pela obra


amorosa e sacrificial realizada na cruz por seu noivo, Jesus Cristo:

“Maridos, amem suas mulheres, assim como Cristo amou a igreja e entregou-
se a si mesmo por ela
para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra,
e apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou
coisa semelhante, mas santa e inculpável.”

O plano de Deus para a igreja é que ela seja uma noiva magnificamente bela
e casta, perfeitamente santa, inteiramente pura para ele, seu marido. Ele se
consagrou com amor sacrificial para santificar a igreja, uma obra iniciada, em
parte, por meio do perdão dos pecados, mas que também aguarda
cumprimento pleno futuro.

- Unidade
Além da busca por pureza, o crescimento da igreja implica em unidade,
entendida de três maneiras. Quanto a posição, a unidade é uma realidade para
a igreja: a igreja recebeu uma dádiva da unidade e, consequentemente já é
unida (Ef 4:3). Quanto ao propósito, o objetivo da igreja é “alcançar a unidade
de fé e o conhecimento do Filho de Deus, ao estado do homem maduro, a
medida da estatura da plenitude de Crito”. Ademais, a igreja é um elemento
que faz parte do plano divino para a consumação de toda criação, de convergir
em Cristo todas as coisas. Portanto a igreja procura a plena concretização da
unidade perfeita e trabalha arduamente para que isso aconteça.

GOVERNO ECLESIÁSTICO

“Porque, assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os
membros têm a mesma função; assim também nós, conquanto muitos, somos
um só corpo em Cristo e membros uns dos outros, tendo, porém, diferentes
dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção
da fé; se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina, esmere-se
no fazê-lo; ou o que exorta, faça-o com dedicação; o que contribui, com
liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce misericórdia, com
alegria”
( Rm 8.4-8 cf I Ts 5.12; I Tm 5.17).

Teocracia

Preliminarmente, admitimos o princípio de que o governo da Igreja é uma


teocracia comunitária. O povo eleito é espiritual e diretamente dirigido pelo seu
Senhor e Cabeça, Jesus Cristo, mediante o Espírito Santo, que habita a Igreja
e reside em cada crente. Para os ministérios globais da administração, do
ensino, da proclamação, da edificação e do pastoreio Deus elege e chama
ministros e os coloca nos respectivos ofícios de suas vocações. Ninguém,
portanto, administra a Igreja de si mesmo e para si mesmo, pois ela não nos
pertence: é rebanho do Pai entregue ao pastoreio do Filho( Jo 17.6-8).

Cristo governa a sua Igreja:

- Através de sua soberania. Diretamente, sem mediadores, sem intermediários,


sem sucessores, sem pontífices.
- Por meio de seus ministros, homens vocacionados, eleitos, chamados e
colocados no ministério. Os estatutos do ministro são as Escrituras Sagradas.
Deus indica

. Sistemas de Governos Eclesiásticos

Há três principais tipos de governos eclesiásticos:


1-Episcopal: poder centralizado no bispo(metodismo), no
primaz( anglicanismo), no patriarca( Igreja Ortodoxa Grega), no
papa(catolicismo romano).

2- Congregacional e outras. A Assembléia de Deus, embora se diga que seu


governo é congregacional, na verdade, possui um sistema misto:
congregacional- episcopal. Divide-se em regiões eclesiásticas denominadas
“ministérios”, com uma sede central cognominada “Igreja” e suas comunidades
subalternas, designadas “congregações”. O pastor-chefe( um tipo de bispo)
detém nas mãos, inapelavelmente, o governo do “ministério” com mais poder
que o de um bispo diocesano, controlando as finanças, o pastorado e os
pastores de todas as congregações.

3- Presbiterial: É o sistema presbiteriano de governo. Tem como base original a


assembléia da Igreja local, composta de todos os seus membros comungantes.
O ministro não é membro da Igreja sob o seu pastoreio, mas do presbitério,
concílio composto de ministros docentes, membros natos, e ministros regentes,
representantes, por eleição do Conselho, da Igreja local.

Governo Tripartite

É composto por: Pastor, presbíteros e diáconos.

A Igreja atua em três campos distintos, mas interligados, de atividades:


Docência e
pastoreio, governo, ação social e beneficência. Em cada área operam oficiais
específicos, eleitos e ordenados, com atribuições definidas na seguinte ordem:

PASTOR: docência e pastoreio, doutrinação da Igreja, administrar os


sacramentos, invocar a Bênção Apostólica sobre o povo de Deus.

PRESBÍTEROS: A ordenação ministerial ao presbiterato não lhe confere,


necessariamente, “autoridade judicial” ou “poder impositivo”, mas um ministério
pastoral na área regencial da Igreja. Tal pastorado deverá ser exercido com:
submissão a Cristo, subordinação às Escrituras, respeito à doutrina, ao
governo e à disciplina da Igreja, humildade, sinceridade, amor e espírito
fraternal. Ele ministra os sacramentos( função de herança sacerdotal), e exerce
a docência religiosa na comunidade( função rabínica e profética).

DIÁCONOS: “Diakonos”, “diakoneo”, servo humilde, servo da corte (doulos),


servir, ajudar, colaborar, prestar serviço, ser útil, servir a mesa, cuidar das
necessidades normais e rotineiras do lar, ser operário, trabalhador dirigido e
comandado. O ministério de diaconia consiste em: Arrecadação de ofertas para
fins piedosos, cuidar dos pobres, doentes e inválidos da comunidade,
manutenção da ordem e reverência nos lugares reservados ao serviço
divino, exercer a fiscalização para que haja boa ordem na Casa de Deus e
suas dependências.

● Todos os níveis de governo da igreja tem uma única finalidade, manter a


Cristocentricidade, bibliocentricidade, koinonia e reverência.

Ordenanças da igreja

No protestantismo, existem dois tipos de sacramentos que como igreja


reconhecemos serem os principais deixados por Jesus como uma ordenança
que compõe as doutrinas básicas. Eles são: A ceia do Senhor e o Batismo. A
diferença que levou a divisão entre o catolicismo e o protestantismo diante
dessas doutrinas ocorreu por meio dos reformadores do século 16, eles
reduziram o número de sacramentos da igreja avaliando que, Jesus Cristo
ordenou dois (e somente dois) sacramentos: na última ceia com os discípulos,
instituiu a celebração da ceia do Senhor (Mt. 26:26-29) e, na Grande comissão,
ordenou a prática do batismo (28:18-20). É isso que nos difere do catolicismo
que adota 7 sacramentos em sua doutrina, e eles são: batismo, crisma,
eucaristia, penitência, matrimônio, ordens sagradas e unção dos enfermos.

Sacramentos e Ordenanças

A contribuição de Agostinho para a teologia dos sacramentos no quinto século


foi decisiva para a igreja nos séculos vindouros. Ele definiu sacramento de
modo geral como sinal visível de uma graça invisível, porém genuína.

● Batismo na igreja primitiva

Quando Jesus iniciou seu ministério messianico, seu primeiro ato foi ser
batizado por João (Mt 3:13-17), e o batismo foi um aspecto importante de seu
ministério (Jo 4:1,2). Depois da ressurreição, Jesus comissionou seus
discípulos com a tarefa de dar continuidade a sua obra. Também nessa
empreitada o batismo teria um papel fundamental (Mt 28:19).

A igreja primitiva levava a sério sua responsabilidade de batizar. No


pentecostes, no final do sermão de Pedro, ele instrui a multidão: “Arrependam-
se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo para o perdão
de seus pecados, e vocês receberão o dom do Espírito Santo” (At. 2:38). E a
reação foi impressionante, onde cerca de três mil pessoas aceitaram o
evangelho e foram batizadas (v.41).
Os documentos mais antigos fora do Novo Testamento mostram a importância
contínua do batismo para o cristianismo. Ao juntar as considerações em
desenvolvimento a respeito desse rito na igreja primitiva, o batismo cumpria
seis propósitos: perdão dos pecados (acrescentado a fé na pessoa e obra de
Jesus Cristo), livramento da morte, processo da regeneração ou novo
nascimento, dádiva do Espírito Santo, renúncia do diabo e suas obras, e
identificação com Jesus Cristo.

● A adoção do batismo para recém-nascidos

No final do segundo século, Tertuliano desaprovou o envolvimento de crianças


no batismo. A prática consistia em padrinhos apresentarem-se em lugar dos
bebês a serem batizados. Durante essa cerimônia, os padrinhos prometiam
educar as crianças na fé cristã e garantir que elas viveriam sinceramente para
o Senhor. Tertuliano levantou a objeção de que essas promessas não podiam (
e não deviam) ser feitas. O batismo devia ser ministrado posteriormente na
vida das crianças, quando elas próprias se tornassem cristãs.

● Mudanças da reforma no batismo

Os três reformadores magisteriais - Martinho Lutero, Ulrico Zuinglio e João


Calvino, deram continuidade à prática de vários séculos do pedobatismo. Que
é o conceito de batismo para crianças. Ao mesmo tempo, contudo, outro
movimento reformador, o anabatismo, rompeu com o pedobatismo. Para os
anabatistas, somente quem é capaz de entender o evangelho de forma
consciente, arrepender de seus pecados e crer em Jesus Cristo para salvação
deve ser batizado.

● Desdobramentos pós reforma

Evidentemente, a igreja católica reagiu a esses conceitos protestantes de


batismo, pois considerou que todos eles eram errôneos de uma forma ou de
outra. O concílio de Trento condenou todos os pontos de vista que negavam
que a igreja tinha a posição correta sobre o batismo. O concílio também
condenou a prática anabatista de negar o batismo de crianças.

Pedobatismo

Afirmativamente, sua base bíblica apoia-se na construção de um pactual a


favor do pedobatismo, que consiste nesses quatro pontos: primeiro, a aliança
abraâmica através da circuncisão. Segundo, que essa aliança ainda é vigente
nos nossos dias, porém através do batismo. Terceiro, como os propósitos de
Deus os recém nascidos participavam dos benefícios da aliança e por isso
passavam pela circuncisão. Quarto, como substituto da circuncisão, o batismo
é o sinal e selo iniciatório da nova aliança da graça.

Credobatismo

Primeiro, o credo batismo trata do reconhecimento de que a bíblia trata


claramente que apenas os adultos que criam eram batizados. Essa
declaração é correta: O único modelo apresentado no Novo Testamento é de
batismo de pessoas que ouviram o evangelho, arrependeram-se de seus
pecados e creram em Jesus Cristo. Somente depois de se apropriarem da
mensagem da salvação - uma confissão de fé crível - foram batizadas.

A PRÁTICA DO BATISMO DE CRENTES

A Forma de Batismo

Historicamente, três formas de batismo têm sido praticadas na igreja: imersão,


mergulhar uma pessoa inteiramente na água e depois levantá-la. Efusão, jogar
uma boa quantidade de água sobre a cabeça da pessoa. E aspersão de uma
pequena quantidade de água sobre a cabeça da pessoa. Apesar do uso
amplamente difundido dessas três formas, a mais utilizada é o batismo por
imersão.

Significado do Batismo

O novo testamento apresenta vários significados para o batismo. Uma vez que
o batismo é em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28:19), é um ato
que associa o novo cristão ao Deus Triuno.
O apóstolo Paulo ao falar sobre morrer para o pecado e viver para Deus,
também liga o batismo à identificação com os principais acontecimentos da
vida de Cristo (morte, sepultamento e ressurreição) (Rm 6:3-5 e Gl. 3:26-28).
Outro significado do batismo segundo o Novo Testamento é a purificação dos
pecados e livramento do juízo divino.

O batismo é necessário para a salvação?

O batismo não é o fator decisivo para a salvação. O fato de ele não ser
necessário, contudo não anula sua relevância para todo Cristão. No Concílio de
Jerusalém sobre salvação, a questão inequívoca apresentada pelo concílio e
explicitada pelo apóstolo Pedro, era que a salvação para os judeus, assim
como para os gentios, dá-se pela graça de Deus apropriada pela fé (v. 7-11).
A CEIA DO SENHOR

A segunda ordenança ministrada nas igrejas protestantes é a Ceia do Senhor,


também chamada com frequência de eucaristia. Paulo declara que participar
do cálice e do pão significa ter comunhão com o sangue e o corpo de Jesus
Cristo (1Co 10:16).

A ceia na igreja primitiva

As primeiras comunidades cristãs continuaram a observar a ceia do Senhor


iniciada por Jesus e explicada por Paulo. Para Tertuliano os elementos não são
símbolos vazios, pois ele também afirmou que a carne, o corpo humano, se
alimenta do corpo e sangue de Cristo. De acordo com Inácio, o pão é o
remédio da imortalidade, o antídoto que tomamos a fim de não morrer mas
viver para sempre em Jesus Cristo. Para agostinho, portanto, a ceia do Senhor
retrata a unidade dos membros e os desafia a viver corpo de Cristo. Para
Cipriano, assim como Cristo em sua condição de Sumo Sacerdote se ofereceu
como sacrifício ao Pai, os ministros da igreja como sacerdotes oferecem um
sacrifício real a Deus quando celebram a ceia do Senhor.

Perspectivas importantes da Ceia

● Transubstanciação

Acreditava-se que a substancia pão e vinho, transformavam-se em no corpo e


sangue de Jesus Cristo durante a Ceia. Transubstanciação foi o termo adotado
pelo papa Alexandre III, para se referir a essa mudança substancial.
O quarto Concílio de Latrão, em 1215, fez o pronunciamento oficial da Igreja
Católica a respeito da presença eucarística de Jesus Cristo, “cujo corpo e
sangue estão verdadeiramente contidos no sacramento do altar sob as formas
de pão e vinho”. Desse modo, a validade da doutrina de transubstanciação foi
oficialmente defendida pela Igreja.

● Consubstanciação Luterana (ou união sacramental)

Em contraposição a esse conceito ilegítimo, Lutero apresentou a própria


interpretação da ceia do Senhor - é o testamento de Cristo: “Um testamento,
como todos sabem, é uma promessa feita por alguém prestes a morrer em que
ele destina sua herança e aponta seus herdeiros. Portanto, um testamento
implica, primeiro, a morte do testador e, segundo, a promessa da herança e a
designação do herdeiro”.
Embora Lutero tenha discordado da doutrina oficial da transubstanciação e
formulado o próprio conceito da ceia do Senhor como testamento, continuou a
defender a ideia de que Jesus Cristo está verdadeira e completamente
presente no sacramento.

● Conceito Memorial Zungliano

Ulrico Zuínglio desenvolveu um conceito bastante diferente da ceia do Senhor


como seu contemporâneo Lutero, divergiu da ideia católica de
transubstanciação. Nessa visão a igreja observa a ceia do Senhor como
memória da morte sacrificial de Jesus na cruz do Calvário e de seu sangue que
ratificou o relacionamento de nova aliança da igreja de Deus.
A natureza substitutiva da morte sacrificial de Jesus é destacada no relato de
Lucas das palavras de Jesus ao partir o pão: “Isto é o meu corpo, que é dado
por vós” (Lc. 22:19). Jesus também deu a entender claramente que aquilo que
estava instituído devia ser um rito contínuo: “Façam isso em memória de mim”
(Lc. 22:19).

O que se deve guardar a respeito da ceia

Portanto, a ceia do Senhor foi instituída por Jesus Cristo como rito contínuo
que a igreja deve observar entre a primeira e a segunda vindas de Cristo, na
expectativa de sua volta. Essa celebração apresenta elementos simbólicos: o
pão partido, um cálice de vinho e a distribuição de ambos os elementos para a
igreja. A igreja observa a ceia do Senhor em memória da morte sacrificial de
Jesus na Cruz, e o fazem em comunhão com a comunidade de fé.

A igreja e seu destino final

A igreja peregrina anseia pela volta de Jesus. Sem entrar no mérito da


Escatologia Bíblica, que também faz parte de uma dos temas da Teologia
Sistemática, esse será o glorioso momento em que a grande colheita será
apresentada ao Senhor. A transitoriedade histórica da igreja terá sido
consumada.

Ela tem rumo, e seu destino final também faz parte do projeto que Deus
desenvolveu para ela. Nossa morada permanente não é aqui, pois, como
Abraão, esperamos a cidade cujo construtor é Deus (Hb 11:10).
O que nos resta é sermos fiéis até o fim, para que, como parte da igreja – a
Assembléia Universal dos Santos -, tomemos posse da herança que nos foi
reservada. As recomendações da bíblia quanto a isso são de zelo, vigilância,
fidelidade e perseverança para que não fiquemos a beira do caminho e não
sejamos apanhados de surpresa no dia da volta de Jesus.

Então, consolemos uns aos outros com estas palavras: “Maranata, ora vem,
Senhor Jesus.”

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