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Dons e Ministérios

da Igreja
APOSTILA ELABORADA POR
ADELAIDE JUNGES e DORIS HINZ WALDOW (2019)

REVISADO POR
Pr Fabio Cristiani (2023)
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................ 03

MÓDULO I

O Que É Igreja? ............................................................................................................. 05

O Serviço Do Povo De Deus No Antigo Testamento ......................... 07

Organização Da Igreja Do Novo Testamento ......................................... 07

Descobrindo Dons Espirituais .............................................................................. 11

Classificação Dos Dons ............................................................................................. 15

Conhecendo Os Seus Dons ................................................................................... 18

MÓDULO II

Estudo Dos Dons De Atuações Ou Serviços ............................................... 19

Estudo Dos Dons Manifestacionais ................................................................. 38

MÓDULO III

Dons Ministeriais.......................................................................................................... 63

MÓDULO IV

Organização Dos Ministérios Da Igreja ....................................................... 87

CONCLUSÃO .................................................................................................. 98

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 100

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INTRODUÇÃO

“Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado,


para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim,
a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o
mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como
também amaste a mim” (Jo 17.22 e 23).

A oração de Jesus pelo seu povo tem o propósito de dar


esperança e entusiasmo para a vida ministerial. Somos chamados
a viver de modo impactante na sociedade, de maneira que o
mundo seja atraído por Deus através do nosso testemunho.
Nossa responsabilidade é mostrar, com atitudes, o Deus que
servimos e assim despertar o mesmo desejo em pessoas que
ainda não o seguem.
No entanto vivemos em tempos onde a Igreja se preocupa
mais em impactar e atrair pessoas aos seus programas
maravilhosos. O desafio de propagação do evangelho é muito
maior. Como Filhos de Deus, regenerados pelo precioso sangue
de Cristo, precisamos ter a visão que nosso Amado Pai Celestial
tem ao olhar para o mundo que vive em trevas. Segundo Armélio
Giannetta:

“precisamos aprender a ser a


igreja que, no poder do Espírito,
glorifica a Deus trazendo
pecadores ao conhecimento
experimental de Cristo como
Senhor e Salvador”. Por meio da
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pregação do evangelho e da vida
dos seus membros que
testemunham da graça e poder
de Deus que opera neles. Uma
igreja assim se caracteriza pela
sua única preocupação: SERVIR –
servir a Deus e ao próximo. Esta
igreja não é uma academia onde
os membros aprendem doutrinas
e ritos religiosos, mas é o corpo
vivo de Cristo na terra, que
aprende a viver como Cristo nos
ensinou através da sua própria
vida, para desempenhar nos seus
lares e sociedade a função de sal
e luz do mundo, para a glória de
Deus.

O conteúdo desta apostila tem como meta equipar a Igreja


para um serviço funcional, baseado no texto de I Pedro 4.10, que
diz: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que
recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de
Deus”. Lembrando também que a obra de Deus se completa pelo
corpo vivo de Cristo, trabalha e coopera em harmonia para a
edificação da Igreja para “Honrar e Glorificar o nome de Deus”.

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MÓDULO I

MINISTÉRIOS DA IGREJA

O QUE É IGREJA?

Antes de falar sobre ministério, queremos refletir


brevemente sobre o que é Igreja. “Na Bíblia, a Igreja é vista
essencialmente como a comunhão dos santos, isto é, a reunião
dos que são participantes de Cristo e das bênçãos que nele há”. (L.
Berkhof). A igreja não é resultado da ação humana. A sua origem
é divina, cujo Cristo é o fundamento e a cabeça. Jesus mesmo
afirmou: “Edificarei a Minha Igreja” (Mt 16.18). Ainda em Cl 1.13-18ª,
lemos: “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou
para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a
remissão dos pecados. Este é a imagem do Deus invisível, o
primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas
as coisas, nos céus e sobre a Terra, as visíveis e as invisíveis,
sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer
potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes
de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo,
da Igreja”.
No Antigo Testamento, Deus distingue a Israel das outras
nações chamando- a de meu povo: “disse ainda o Senhor:
Certamente vi a aflição do meu povo, que está no Egito...” (Ex
3.7) “Vós, sim, que antes não éreis povo de Deus, que não tínheis
alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia” (I
Pe 2.10). Ligados a estas verdades bíblicas existem três idéias

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básicas, sobre as quais precisamos refletir:

 O Povo de Deus é um Povo Escolhido – A Igreja é uma


comunidade de pessoas escolhidas pelo próprio Deus. Moisés
afirmou: “O Senhor teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o
seu próprio povo, de todos os povos que há sobre a terra” (Dt
7.6). “Vós, porém sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa,
povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes
as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz” (I Pe 2.9).

 O Povo de Deus é um Povo Chamado – O Chamado de Deus é a

essência do conceito Neo-testamentário sobre a igreja.


“Ekklesia” significa a comunidade daqueles que foram
chamados e reunidos em Cristo e por Cristo. “E aos que
predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou a
esses também justificou...” (Rm 8.30).

 O Povo de Deus é um Povo Comprometido – Deus e o seu povo

estão comprometidos através da aliança da graça. Por meio


dessa aliança, e de seu sacrifício, Jesus introduziu cada crente na
presença imediata de Deus, transformando cada crente em
sacerdote junto a Deus: “Àquele que nos ama, e, pelo seu
sangue, nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino,
sacerdotes para o seu Deus e Pai...” (Ap 1.5-6). Cada pessoa que
faz parte da igreja foi chamada por Deus para exercer um
ministério. Jesus Cristo, por causa de seu sacrifício, fez de seus
seguidores sacerdotes de Deus, isto é, pessoas cujo serviço Deus

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aceita.

O SERVIÇO DO POVO DE DEUS NO ANTIGO TESTAMENTO

Deus escolheu um povo específico, uma nação para usar


como instrumento de propagação das bênçãos e do poder
restaurador para o mundo todo. As nações seriam atraídas para
Deus através das experiências e vida do seu povo. Encontramos
esse desafio no livro de Salmos 9.11: “Cantai louvores ao Senhor,
que habita em Sião; proclamai entre os povos os seus feitos.”

ORGANIZAÇÃO DA IGREJA DO NOVO TESTAMENTO

Com a unção do Espírito Santo, os discípulos de Jesus


passaram a pregar o evangelho com fidelidade e coragem. A
Igreja primitiva passou a fazer toda diferença nos lugares que
chegava. At 2. 42 – 47 descreve: “E perseveravam na doutrina dos
apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em
cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos
por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam
juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas
propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à
medida que alguém tinha necessidade. Diariamente
perseveravam unânimes no Templo, partiam o pão de casa em
casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de
coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o
povo. Enquanto isso hes acrescentava o Senhor, dia a dia, os
que iam sendo salvos”.

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A Igreja estava vivendo um momento de êxito e vitórias,
mesmo assim as dificuldades apareceram, conforme o relato de
At 6.1-7. Lendo a passagem vimos que os apóstolos, cheios do
Espírito Santo, encontraram uma forma mais eficiente de
organização, escolheram Diáconos.
Mais tarde o Apóstolo Paulo usou a mesma estratégia com
as Igrejas que fundou. Não escreveu uma epístola especial à
questão dos ministérios. Ele se limita a dar a cada Igreja
prescrições em harmonia com as circunstâncias locais. Com o
termo geral de “serviço” (diaconia), o Novo Testamento designa os
cargos e funções exercidos na Igreja. As funções se distinguem
entre os títulos bispos, presbíteros e diáconos.
Três fatos chamam a atenção:

 A necessidade do ministério de homens separados para presidir

as funções essenciais da vida da Igreja;

 A diversidade e a pluralidade dos ministérios, contudo


dominada em toda parte pelo ministério da palavra (pregação e
ensino);

 A existência de um ministério ecumênico exprimindo a unidade

das múltiplas igrejas locais.

BISPOS e PRESBÍTEROS (ANCIÃOS) – O primeiro vem do grego


“episkopoi” e tem como significado “supervisores”. O termo
Presbítero era usado pelos judeus sugerindo “força de caráter”. Os
estudos conferem que no Novo Testamento ambos são
sinônimos, mas exercem ofícios diferentes:
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1. Ensinar a Palavra – “Apegado à palavra fiel, que é segundo

a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo


reto ensino como para convencer os que o contradizem” (Tt
1.9).

2. Pastorear – “Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós,

não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus


quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem
como dominadores dos que vos foram confiados, antes,
tornando-vos modelos do rebanho” (I Pe 5.2 e 3). Entre as
funções do pastor estão: governar, vigiar, admoestar e animar.

3. Presidir – “Devem ser considerados merecedores de


dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com
especialidade os que se afadigam na palavra eno ensino” (I Tm
5.17).

4. Ministrar aos doentes – “Está alguém entre vós doente?

Chame os presbíteros da Igreja, e estes façam oração sobre


ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé
salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e se houver
cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados” (Tg 5.14 e 15).

DIÁCONO – Embora a palavra “diácono” apareça em nossas


versões com menos frequência, a verdade é que a palavra grega
assim transliterada, “diakonos” é traduzida por “ministro ou servo”
(Atos 6.1-4 / Fl 1.1 / I Tm 3. 8-12).
Em Atos 6.1-6 os diáconos escolhidos cuidavam dos

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negócios seculares das comunidades, este ofício não os privava
dos privilégios de pregar em público o evangelho de Cristo. Ex.
Estevão e Filipe foram pregadores e evangelistas.
Diácono então é alguém que serve na assistência e
administração e a sua função é reconhecida pela Igreja. Estão
subordinados aos presbíteros.
O texto de I Tm 3.8-12 enfatiza as qualidades de caráter. O v.
10 enfatiza o valor da aprovação daquilo que ele tem
demonstrado através do seu testemunho, para tal posição. O
processo de reconhecimento e de desenvolvimento do seu
desempenho deve ser levado em conta. A posição social ou a
necessidade de preencher uma vaga não deveriam ser razões
suficientes para que alguém fosse escolhido.

As atividades do diácono: O diácono zela pela boa ordem e


conforto nas reuniões e nos cultos; também coopera com o
Pastor nos serviços de Assistência aos necessitados da Igreja. Em I
Co 14.40, Paulo conclui as suas instruções sobre os cultos sensíveis
aos visitantes dizendo: “Tudo, porém seja feito com decência e
ordem”. Tanto a adoração, o trabalho de servir, a evangelização
de pessoas, bem como o planejamento merecem nossos
melhores esforços. Precisamos saber o porquê fazemos o que
fazemos, ou seremos derrotados pelo desânimo. Muitas vezes
seremos conduzidos ao desencorajamento, entretanto, o que
quer que façamos não será comparado ao que o Senhor Jesus fez
por nós: “... sabendo que recebereis do Senhor a recompensa da
herança. A Cristo, o Senhor, que servis. Quem faz injustiça
receberá em troco a injustiça feita e nisto não há acepção de

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pessoas ”(Cl 3.24-25).
O Diácono está sempre perto do Pastor, procura conhecer e
atender as suas necessidades e da sua Família, a fim de que ele
possa ser livre para pastorear a Igreja.
Seguindo os estudos do Novo Testamento vemos a
preocupação de organizar a Igreja e de não a deixar sem líderes.
O próprio Cristo escolheu seus apóstolos e os revestiu com seu
Espírito, para torná-los capazes de cumprir sua tarefa. Depois
vieram os Apóstolos, que, inspirados pelo Espírito, presidiram a
escolha dos homens necessários à Igreja (Atos 6.2-6; 24,23).
Este sistema tem seu fundamento na teologia da Igreja.
Cristo é o cabeça e governa a igreja pelo seu Espírito. A soberania
é de Cristo e do Espírito Santo. A autoridade vem do alto. Cristo
mesmo designou os apóstolos, e por meio deles, outros se
dispuseram para auxiliá-los nos serviços da igreja.

DESCOBRINDO DONS ESPIRITUAIS

Trabalhar o uso adequado dos Dons Espirituais é importante


e fundamental para a vida coletiva da Igreja. Se já sabemos quem
é o Espírito Santo e como ele se relaciona conosco, precisamos
conhecer melhor suas ações em nossas vidas.
Cada cristão é chamado para cumprir um papel que só ele,
com sua combinação de dons, personalidade e experiência, pode
fazer da maneira planejada por Deus antecipadamente. O
Apóstolo Paulo acrescenta ainda sobre este assunto que “fomos
criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de

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antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10). Deus
tem um propósito para a sua vida em particular. E você pode
descobrir este propósito como também o lugar em que poderá
oferecer sua contribuição singular no Reino de Deus.

 O que é um Dom Espiritual – “A manifestação do Espírito é


concedida a cada um, visando a um fim proveitoso” (I Coríntios
12.7). Segundo esta passagem, podemos entender que um dom
espiritual é uma capacitação especial concedida pelo Espírito
Santo a cada membro do Corpo de Cristo, de acordo com a graça
de Deus, para o exercício de algum serviço na igreja com o
objetivo de edificá-la.

 Dom é Graça – A palavra “dom” no Novo Testamento é


traduzida do grego “charisma” que quer dizer “graça”. Na forma
plural a palavra é “charismata”, cuja definição seria “manifestação
da graça”, que traduzida é “dons”. Em Romanos 12.6 encontramos
essas duas palavras: “Temos diferentes charismata, segundo a
charis que nos é dada”. Em I Pedro 4.10 elas são empregadas
novamente: “Servi uns aos outros conforme o charisma que
cada um recebeu, como bons despenseiros da multiforme
charis de Deus”.

Cuidados que precisamos tomar:

 Dom não é Habilidade ou Talento: Todo ser humano, em


virtude de ter sido criado à imagem de Deus, possui talentos
ou habilidades naturais que, provavelmente já exercíamos

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muito antes da nossa conversão.

 Dom não é Fruto: O fruto do Espírito é a atitude como


crescimento e maturidade em busca da semelhança com
Cristo e da plenitude do Espírito Santo na vida de todos os
cristãos.

 Dom não é Título: O título nos dá “status” espiritual e posição.


Jesus condenou isso na vida dos escribas e fariseus em
Mateus 23.5-7 – Os dons são do Espírito para exercer funções
e ninguém pode fazer deles um título.

Todos os Cristãos recebem Dons

Os dons espirituais estão reservados exclusivamente para


os cristãos. Nenhum incrédulo possui dons espirituais; e todo
verdadeiro crente em Jesus tem algum dom. Quando nascemos
de novo, recebemos o Espírito Santo e passamos a fazer parte
do Corpo de Cristo. Em I Co 12.18 diz que “Deus colocou os
membros no Corpo”. Não existe membro sem função.
Todos têm pelo menos um dom. É extremamente
incoerente pensar que os dons foram reservados para “alguns”
cristãos. Estamos debaixo da soberania do Espírito Santo, do Seu
querer e do Seu realizar. Em nenhum momento, portanto, isso
pode ser motivo de orgulho ou inveja porque, antes de tudo,
devemos pensar que quanto maior a atuação do Espírito Santo
em nós, maior a responsabilidade. O Senhor vai cobrar na mesma

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proporção, pois ele mesmo declarou: “A qualquer que muito for
dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou muito
mais se lhe pedirá” (Lc 12:48b).

O Propósito dos Dons

Todas as afirmações significativas que o Novo Testamento


faz sobre os dons (Rm 12; I Co 12; Ef 4), estão relacionadas ao
Corpo de Cristo e à sua edificação. Os dons espirituais não são
dados apenas para edificação de cada membro individualmente,
mas para o bem de todos. Em I Pedro 4.10, o apóstolo também
declara objetivamente esse propósito: “Servi uns aos outros
conforme o dom que cada um recebeu, como bons
despenseiros da multiforme graça de Deus”.
Esse serviço uns aos outros vai proporcionar “o
aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do ministério,
para a edificação do Corpo de Cristo” (Ef 4.12). Logo, os dons
unem a Igreja e não dividem (v 15-16). Quanto maior for o uso dos
dons, da forma certa e com a motivação correta, mais unida será
a Igreja.

A Diversidade dos Dons

Cada cristão tem dons diferentes. Se você descobrir um


dom em você, pode ter certeza de que apenas uma minoria de
sua igreja possui o mesmo dom. Não podemos esperar que a
maioria dos cristãos tenham determinados dons. O corpo que
não tem suas partes distribuídas organizadamente e na medida

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certa é aleijado. Com toda a certeza o Corpo de Cristo não é
aleijado. Ele colocou todos os membros no corpo “como quis”
porque sabia qual a necessidade, Por isso nem todos têm a
mesma função como deixa claro I Coríntios 12.29-30. Essas
funções são definidas basicamente pelos dons espirituais que
cada um tem. Todos os cristãos devem ter o mesmo fruto do
Espírito, mas nem todos têm o mesmo dom. O que pode
acontecer é a paralisia do corpo por muitos membros estarem
atrofiados. O desuso dos dons leva a Igreja à inércia.

CLASSIFICAÇÃO DOS DONS

Há diferentes maneiras de classificar os dons. Alguns


escritores os dividem em até nove grupos. A Bíblia não apresenta
nenhuma lista de classificação de dons que seja divinamente
inspirada.
Para a nossa classificação vamos extrair algumas idéias de
Bill Gothard, que nos parecem úteis para o nosso esclarecimento.
Em I Coríntios 12.4-7, encontramoso seguinte: “Há diferentes tipos
de dons (grego: carismaton), mas o Espírito é o mesmo. Há
diferentes ministérios (grego: diakonion), mas o Senhor é o
mesmo. Há diferentes formas de atuação (grego: energematon),
mas é o mesmo Deus quem efetua tudo em todos. A cada um,
porém é dada a manifestação (grego: phanerosis) do Espírito,
visando ao bem comum”.
Nesse texto fica claro que existem diferentes tipos de
ministérios (v 5). Com base nisso, cremos na existência de dons

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ministeriais, ressaltando a lista de Efésios 4.11, muitas vezes
denominada “os cinco ministérios”: Apóstolos, Profetas,
Evangelistas, Pastores e Mestres. Também existe outra lista em I
Coríntios 12.28- 30, que começa de forma parecida como a de
Efésios 4.
Nossos dons ministeriais geralmente são ligados ao
chamado que Deus nos concedeu. Existem muitos ministérios e
existem muitos dons que podem ajudar no desenvolvimento e
aperfeiçoamento desses ministérios.

Existem também diferentes formas de atuações, ou


serviços. É difícil ver atuações ou serviços como um dom, porque
são fundamentais à vida de todo cristão. Serviço (diakonia) é
usado também para descrever o ministério de Cristo (Mt 20.28; Lc
22.27; veja Is 52.13; 53.11), do Espírito Santo (2 Co 3.8), dos anjos
(Mt 4.11; Hb 1.14), dos Apóstolos (At 1.17, 25; 6.4; 12.25; 21.19) e da
igreja como um todo (Ef 4.12; Ap 2.19). Ser um cristão é ser um
servo (Jo 12.24-26). A execução de qualquer dom espiritual é uma
atuação, ou um serviço. Podemos definir serviço também como
motivação para suprir as necessidades pela realização de projetos
físicos, sociais, administrativos, financeiros ou espirituais que
ajudam a outros (aliviando-os e animando-os). Neste sentido
poderíamos classificar como atuações os dons de: Serviço,
Socorro ou Ajuda, Hospitalidade, Liderança, Exortação ou
Aconselhamento, Misericórdia e Contribuição.
Um terceiro grupo de dons, que podemos descobrir na
passagem de I Coríntios 12, são os dons manifestacionais (v 7). A
passagem continua dando uma lista deles: “A cada um, porém, é

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dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum. Pelo
Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria, a outro, a palavra
de conhecimento, pelo mesmo Espírito; a outro fé, pelo mesmo
Espírito; a outro, dons e cura, pelo único Espírito, a outro; poder
para operar milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento
de espíritos; a outro, variedade de línguas; e ainda a outro,
interpretação de língua. Todas essas coisas, porém são
realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui
individualmente,a cada um, conforme determina” (I Co 12.7-11).

Estes são dons de atuação irregular, pois são dons que


vêm e vão. Deus toca diferentes pessoas, “quando” e “como” Ele
quer com dons que não residem nelas, mas, que lhes são dados
em situações específicas. Dons manifestacionais são habilidades
que o Espírito Santo dá aos cristãos quando precisa acontecer
algo que supere as leis naturais, para que o Espírito atinja
claramente a vida de alguém. Parece racional ver esses dons
como dons que não residem nas pessoas, mas são dadas a elas
segundo as necessidades do momento. Ao mesmo tempo,
parece que algumas pessoas desenvolvem um ministério que
precisa, com alguma frequência, de um ou outro dom
manifestacional. Tais pessoas recebem com certa regularidade
esses dons. Elas estão na total dependência de Deus, pois
reconhecem que sem a manifestação sobrenatural dEle, através
dos dons, não haveria tal ministério. Podemos citar como
exemplo a vida de George Müller, o pai de órfãos, e o seu
ministério que dependia totalmente de seu dom da fé.

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CONHECENDO OS SEUS DONS

 Coloque-se diante de Deus em oração (I Co 12:31);


 Seja cheio do Espírito, deixando Deus se revelar em sua vida
(I Tm 4: 6-16 / II Tm 1: 6 e 7).
 Dedique-se a servir com os dons e ministérios que você já
conhece (Mt 25: 14-21).
 Ande sob a direção da liderança da Igreja (I Tm 4:14 / II Tm 1:6).
 Informe-se a respeito dos Dons – Descubra o que lhe dá satisfação
 Por último, procure fazer pelo menos dois tipos de testes de Dons.

SERVINDO, OS DONS SE REVELAM!!!

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MÓDULO II

ESTUDO DOS DONS DE ATUAÇÕES OU SERVIÇOS

LIDERANÇA

“O dom de liderança é a capacidade divina


de influenciar, motivar eorientar pessoas a
cumprir harmoniosamente os propósitos de
Deus.”

Este dom, dado pelo Espírito Santo, pode ser sinônimo de


“presidir”, palavra usada na tradução de Romanos 12.8. A palavra
grega é “proistemi”, que significa literalmente “ficar em pé na
frente”, que pode ser entendido como: liderar, dirigir, presidir ou
ser encarregado. Além de Romanos 12.8, essa palavra aparece
mais sete vezes no Novo Testamento. Aplica-se à liderança: na
igreja (I Ts 5.12; e I Tm 5.17), a governar bem sua família (I Tm 3.4, 5
e 12) e a empenhar-se ou distinguir-se nas boas obras (Tt 3.8 e 14).
A liderança tem haver com a motivação de ajudar um grupo
a perceber os propósitos e visão de Deus e mobilizar-se a realizá-
los. De estabelecer objetivos sintonizados com os planos de
Deus para o futuro da igreja, e transmitir esses

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objetivos aos outros de tal forma que trabalhem juntos em
harmonia, para alcançar estes objetivos para a honra e glória de
Deus.
O dom da fé permite que o pastor de uma igreja saiba
“aonde” quer chegar. O dom da liderança permite que ele saiba
“como” poderá chegar.

A Importância do Dom

A Bíblia nos ensina com clareza que as igrejas precisam ser


organizadas e, para isso, precisam de uma liderança.

Na igreja primitiva a ênfase foi sempre muito grande na


instituição de líderes (Tt 1.5; At 14.23). Por quê? Porque sem
liderança clara, objetiva e equilibrada a igreja cai (Pv 11.14). O povo
precisa saber para onde está indo e qual o objetivo a ser
alcançado. É impossível que a igreja possa marchar com firmeza
e equilíbrio sem o exercício deste dom. Quando a liderança não é
exercida ou mesmo reconhecida, o resultado é confusão. O
Espírito Santo é quem dirige, lidera, mas obviamente o faz através
de homens, distribuindo dons.
O autor de Hebreus fala da importância desse
reconhecimento por parte da igreja (Hb 13.17). Isso trará proveito à
própria igreja.

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Como deve ser exercido

O Novo Testamento está cheio de textos que falam das


qualificações que um líder deve ter como: humildade, serviço,
delicadeza, amor, etc.
Em Romanos 12.8 o Apóstolo Paulo nos diz como este dom
deve ser exercido: “... o que preside, com cuidado...” Algumas
traduções trazem “com diligência” que significa cuidado ativo,
zelo.
O líder distribui tarefas, delega autoridade dentro de um
programa previamente planejado e depois coordenado. E assim
desenvolvem habilidades no campo da delegação e transferência
de responsabilidades para outras pessoas.
O Senhor Jesus foi o nosso maior exemplo de liderança
quando falou e agiu desta forma (Mc 10.45). Isso nos leva a
considerar uma verdade fundamental. Aquele que possui o dom
de liderar não tem qualquer dificuldade em submeter-se aos que
estão acima dele. Tem o caráter de Cristo e, portanto, o coração
submisso e pronto a ser tratado e cobrado.

As funções de um líder podem ser resumidas em cinco


pontos:

Planejar – Liderar – Delegar – Supervisionar – Avaliar

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ADMINISTRAÇÃO

“O dom da administração é a capacidade


especial que Deus dá para compreender o
que faz funcionar uma organização, e a
capacidade especial de planejar e executar
procedimentos que conduzam aos
objetivos do ministério.”

A palavra grega “kuberneseis” em I Coríntios 12,


correspondente ao dom da administração e significa “piloto ou
timoneiro”, aquele que maneja o timão. O timoneiro está entre o
capitão do navio e a tripulação. O capitão toma as decisões
básicas para onde o navio deverá ir, enquanto o timoneiro cuida
para que, junto coma tripulação, leve o navio ao seu destino.
Essa é uma perfeita descrição da pessoa a quem Deus deu
o dom da administração. É aquele que fica entre o líder e o corpo.
O líder dirige a tomada de decisões juntamente com o
administrador, que orienta e acompanha a equipe de trabalho.
Alguns autores não fazem distinção entre o dom de
liderança e o dom de administração. O classificam como um
dom somente pelo fato de a palavra grega “kuberneseis” –
“Governar” – aparecer uma só vez no Novo Testamento, na
passagem de I Coríntios. Mas a diferença no grego permite essa
interpretação, e a diferença entre liderança e administração é

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muito clara na experiência. É interessante observar que
pesquisas feitas neste campo indicam que 68% dos cristãos que
receberam de Deus o dom da liderança têm também o dom da
administração.

A Importância do Dom
O dom da administração é necessário para fazer uma
organização funcionar e para planejar e executar os
procedimentos que realizem os alvos do ministério.

A mais notável ilustração bíblica do importante princípio da


delegação de responsabilidades e de autoridade é o conselho de
Jetro a seu genro Moisés, conforme Êxodo 18.13-27. Outro exemplo
típico e parecido com o anterior encontra se em Atos 6.1-7.

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CONTRIBUIÇÃO

“O dom de contribuir é aquela capacidade


especial que Deus dá aos membros do corpo
de Cristo de doar com liberalidade, tanto
dinheiro quanto bens, tendo como objetivo
suprir as necessidades que se relacionam à
obra de Deus”.

Encontramos o dom da contribuição na lista de Romanos


12.6-8. O texto diz: “O que reparte, faça-o com liberalidade. ”
Observamos não só a menção do dom, como também a forma
com que ele deve ser colocado em prática – com liberalidade. O
que é liberalidade? É dar com generosidade e prontidão, além
do normal (10%), com mão aberta, muitas vezes além das
possibilidades.

No texto em questão a palavra grega usada é “metadidous”


e significa literalmente “dar a metade”. Como podemos ver, este
dom espiritual está relacionado diretamente com posses ou
dinheiro, ou seja, repartir o que se possui na área material. Isso não
significa, em hipótese alguma, que é um dom apenas para os
ricos. Quem está disposto a repartir, reparte aquilo que tem,
sendo pouco ou muito. A passagem da oferta da viúva pobre (Mc
1.41- 44) e a menção do Senhor Jesus a fidelidade começa nas
pequenas coisas (Lc 16.10) nos revelam a importância da
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generosidade.
Por que Deus distribui este dom

A obra do Reino de Deus na terra requer dinheiro e bens.


Embora seja o dono de todas as coisas, “da prata e do ouro”, Deus
usa canais pelos quais direciona os recursos no principal
empreendimento que existe na terra – a implantação do Reino
de Deus. Nem mesmo o ministério de Jesus escapou dessa
necessidade. Havia um grupo de mulheres que ministravam a
Jesus, sustentando-O e também aos discípulos. Elas não estavam
expressando misericórdia. Elas acreditaram em seu ministério e
investiram com os seus próprios recursos para a expansão do
reino (Lc 8.1-3). De forma parecida, a igreja contribuía para o
sustento dos Presbíteros (I Tm 5.17-18), dos Apóstolos e de outros
obreiros do Evangelho (I Co 9.1-14).
Na Bíblia encontramos exemplos de igrejas inteiras que se
destacaram nessa área. A igreja de Filipos se destacava por suas
contribuições para Paulo (At 18.1-5; Fp 4.10-20). Paulo
parabenizou as igrejas da Macedônia, às quais foi concedida uma
“graça de Deus”, levando-as a ofertarem generosamente, no meio
de sua profunda pobreza (II Co 8.1-2), chegando a abençoar e
encorajar o coração do apóstolo (II Co 8.3-5). Graças a elas, temos
a exposição principal sobre contribuições na igreja, os capítulos 8
e 9 de II Coríntios.
É por isso que o Espírito Santo capacitou alguns homens e
mulheres com este dom. Ele é de suma importância na
realização do projeto de Deus para o mundo.

25
O dom de Contribuir tem sua base numa visão bíblica de
mordomia:

 Contribuir é uma tarefa da igreja toda.

 Nosso alvo não é preencher uma cota mínima: a Bíblia ensina

sobre o dízimo e ofertas voluntárias (II Co 9.6-15).

 Livres da escravidão financeira: Deus quer que sejamos livres

da escravidão financeira, especialmente dívidas (Rm 13.8),


precisamos ter todo cuidado para não falhar com nossos
compromissos e testemunho na sociedade.

 Compartilhar as necessidades uns dos outros: A Bíblia nos

chama para a responsabilidade de compartilhar com o nosso


próximo que está com dificuldade (IJo 3.16-18).

 Contribuir discretamente (Mt 6.1-4): Precisamos ser


suficientemente humildes e comprometidos uns com os outros
para dar e receber ajuda como fez a igreja primitiva (At 2.42-47;
4.34-37).

26
EXORTAÇÃO

“O dom da exortação é aquela qualidade especial


que Deus dá aos membros do Corpo de Cristo para
ministrar palavras de consolo, encorajamento,
ânimo e fortalecimento aos desencorajados e
vacilantes na fé.”

A palavra “exortar” vem do grego “parakaléo”, que significa


“encorajamento”, “conforto” ou “consolação”. Traz a idéia de
colocar-se ao lado de alguém para ajudar.
Quando Jesus se referiu ao Espírito Santo, a palavra usada
foi “parakleton” (Jo 14.16), ou seja, Consolador. Podemos observar,
então, que a palavra “consolador” no grego é composta da
mesma radical do verbo “exortar”. Este é o título dado ao Espírito
Santo no Evangelho de João, capítulos 14 a 17. Os discípulos
haviam tomado sua última ceia com o Mestre. Os seus corações
estavam tristes pensando na sua partida, oprimidos pelo
sentimento de fraqueza e debilidade. Quem nos ajudará quando
Ele partir? Quem nos ensinará e nos guiará? Quem estará conosco
quando pregarmos e ensinarmos? Com poderemos enfrentar um
mundo hostil? Cristo aquietou esses temores infundados com
esta promessa; “Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro
Consolador, para que fique convosco para sempre”.

27
Assim, podemos concluir que o Espírito Santo é o nosso
“Exortador”, que auxilia e ajuda em nossas fraquezas (Rm 8.26).
sempre está ao nosso lado para nos defender e nos encorajar.
Esta é a função daquele que tem o dom de exortar. É
colocar-se ao lado das pessoas, ajudá-las e reanimá-las.
Preocupar-se com o bem-estar espiritual de um irmão ou irmã na
fé, pelo período de tempo que for preciso. Sendo assim não é
alguém que está acima, mas ao lado.

A importância do dom

O mais eminente exemplo bíblico do dom da exortação,


depois de Jesus, encontra-se em José de Chipre, companheiro de
Paulo, apelidado pelos apóstolos de Barnabé, que significa “Filho
da Consolação ou Encorajamento” (At 4.36). Foi Barnabé quem
tomou Paulo sob as suas asas, quando os demais apóstolos
mostravam-se céticos no tocante à validade da conversão deste
(At 9.26- 28). Aproximadamente treze anos depois, quando Paulo
estava totalmente desaparecido da história, Barnabé foi atrás dele
e “quando o encontrou, levou-o para Antioquia”, integrando-o ao
seu ministério (At 11.25-26). Também foi Barnabé quem percebeu
o potencial espiritual de João Marcos e o encorajou novamente,
embora Paulo o tivesse rejeitado. Os dois homens que Barnabé
encorajou são responsáveis por grande parte do Novo
Testamento. Barnabé nunca escreveu uma única palavra
inspirada; mas duas pessoas a quem ele ministrou assim fizeram.
Paulo contribuiu com treze epístolas, e Marcos com o Evangelho

28
que tem o seu nome.

 Exortar exige dedicação: O texto de Romanos 12.8 diz: “... O


que exorta, faça-o com dedicação”. Aqui temos o conceito certo
de exortar, que não é assim tão fácil, exige dedicação. Estar ao
lado das pessoas ouvindo-as, encorajando-as, sem se deixar
influenciar negativamente é tarefa que requer renúncia,
desprendimento, disposição e extrema dedicação em amor.

 “Exortai-vos uns aos outros” (I Ts 5.11): Todos os cristãos


têm o dever de cuidar uns dos outros. Lemos ainda em Hebreus
3.13 “... exortai-vos mutuamente cada dia...”. O estilo de vida dos
cristãos, em associação uns com os outros, deveria aconselhar,
compartilhar e encorajar uns aos outros a todo o tempo. A ordem
é para todos. Ninguém pode negligenciar o mandamento do
Senhor. Porém, acima disso, alguns são dotados do dom especial
da exortação, o que deveria ser reconhecido, ao ponto em que
as pessoas da igreja que precisam de aconselhamento saibam
com quem devem buscar ajuda. Quando isso sucede, o corpo
local goza de boa saúde espiritual.

29
MISERICÓRDIA

“O dom da misericórdia é aquela capacidade


especial de sensibilizar-se profundamente
diante das pessoas que estão sofrendo aflições
físicas, mentais ou emocionais, tanto crentes
com incrédulas, e de expressar essa
compaixão por atos concretos feitos com
alegria, que espelham o amor de Cristo e
aliviam o sofrimento humano”.

Misericórdia é uma palavra de origem latina e vem da


junção de duas outras: “miséris” e “córdia”. A primeira significa
“miséria” e a segunda significa “coração”. Isto expressa
literalmente o seguinte: “um coração voltado para o miserável”.
Aquele que tem o dom de misericórdia tem profunda
sensibilidade para com as necessidades dos outros. Ele se
compadece e age em favor dos rejeitados, dos pobres, dos
necessitados, dos miseráveis. Essa pessoa tem um poder divino
para expressar o coração de Deus às pessoas que estão oprimidas
ou esmagadas pelas circunstâncias da vida. Tem uma graça
especial para sentir a dor do outro e responder com compaixão e
ternura. O amor de Deus torna-se muito real por meio dessa
pessoa.

30
A importância do dom:

O maior exemplo está na vida de Jesus. Ele não apenas tinha


grande compaixão das multidões, como também agia em favor
delas (Mt 9.35- 36). Depois de Jesus, a pessoa na Bíblia que,
possivelmente, mais demonstra esse dom é o apóstolo João, o
apóstolo do amor. Ele era um homem de intimidade, um homem
de coração terno e amoroso. Tanto o retrato dele nos evangelhos
como sua pessoa, revelada nas cartas que escreveu, indicam o
mesmo.
Quando Jesus mencionou a parábola do bom samaritano
em Lc 10.30-37, Ele de fato disse: “... vai, e faze da mesma maneira”
(v. 37). O que falta para muitos, sem dúvida, é olhar a
simplicidade e a objetividade dos ensinos de Jesus.

Deus está farto de religiosos, ritos e costumes. Ele diz: “Pois


eu quero misericórdia, e não o sacrifício, e o conhecimento de
Deus, mais do que holocaustos” (Os 6.6).
Em Tiago 1.27 aprendemos: “a religião pura e imaculada
para com o nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas
nas suas aflições, e guardar-se incontaminado no mundo”.
O Novo Testamento está cheio de expressões desse dom (Mt
25.31-40; At 4.32; Gl 6.9 e10; Tg 1.27; 2.14-17).

Como deve ser exercido o dom:

Se o dom da exortação ajuda as pessoas principalmente com


palavras de amor, o dom da misericórdia ajuda as pessoas
principalmente por meio de atos concretos que espelham o amor
31
de Cristo àqueles que sofrem.
Como podemos observar, este é um dom voltado à ação
social. Se formos honestos devemos admitir que a igreja como
um todo tem negligenciado este dom, que é uma de suas
principais atribuições. Graças a Deus pelos que tem o dom e tem
exercido a sua parte. Lembramos sempre de Efésios 2.8 e 9, mas
esquecemos do versículo 10 que diz: “pois somos feitura sua,
criados em Cristo Jesus para as boas obras...” Apenas sentir
compaixão não traz resultados. Aquele que possui o dom busca
também agir.
O texto de Romanos 12.8 faz ainda a seguinte observação: “o
que exerce misericórdia, com alegria”. Isto, portanto, não será
um peso, mas uma satisfação. Então, primeiro vem o sentimento
de compaixão, colocado pelo Espírito Santo, depois o exercício
da misericórdia feita da maneira correta – com alegria.
Os beneficiários do dom da misericórdia são os enfermos, os
portadores de deficiência física e mental, os prisioneiros, os cegos,
os pobres, os idosos, os aleijados, os mentalmente perturbados.
Esse dom beneficia tanto a crentes quanto a incrédulos. Envolve
até mesmo dar um copo de água no nome de Jesus.

32
SERVIÇO

“O dom de serviço é a capacidade especial que


Deus dá de exercer tarefas que glorificam a Deus,
edificam a Igreja, abençoam a vida dos irmãos e
pessoas fora da Igreja.”

Servir é o mesmo que ministrar. Esta é a visão do próprio


Senhor Jesus. Em algumas ocasiões o Novo Testamento usa a
palavra “diácono” para “ministro” e “diaconia” para “ministério”. A
palavra “ministério” no original grego é “huperetas”, que significa
servo. As palavras “diácono”, “ministro” e “servo” são usadas no
Novo Testamento com o mesmo sentido.
Isto está retratado na vida do próprio Mestre Jesus. Ele disse:
“Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para
servir e dar sua vida em resgate por muitos” (Mc 10.45).
“Servir” e “Ministério” são os dois termos que encontramos
nos textos que fazem menção a este dom espiritual. “...Se
ministério, dediquemo-nos ao ministério...” (Rm 12.7ª). “... Se
alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que em todas
as coisas seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem
pertence a glória e o domínio pelo século dos séculos, amém” (I
Pe 4.11b).

33
A importância do dom:

É difícil estudar o serviço como um dom, porque é


fundamental para a vida do cristão: “Servi uns aos outros, cada
um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da
multiforme graça de Deus” (I Pe 4.10). Serviço (diakonia) é usado
para descrever o ministério de Cristo (Mt 20.28; Lc 22.27), do
Espírito Santo (II Co 3:8), dos anjos (Mt 4.11; Hb 1.13 e 14), dos
apóstolos (At 6:4) e da igreja como um todo (Ef 4.12; Ap 2.19). Ser
cristão é ser um servo (Jo 12.26). Gálatas 5.13b diz: “servi uns aos
outros pelo amor”. Na família de Deus todos são servos uns dos
outros. “Antes, qualquer que entre vós quiser ser grande será o
que vos sirva, e quem entre vós quiser ser o primeiro será servo
de todos” (Mc 10.43-44).

O serviço pode se manifestar nas mais diversas áreas:


trabalhos voluntários, hospitalidade, disponibilidade, habilidades
manuais, deve ser prestativo/a, útil e daro melhor de si mesmo.

34
SOCORROS

“O dom de socorros é a capacidade especial de


Deus para realizar tarefas práticas e necessárias
que liberam, apóiam e capacitam assim a pessoa
ajudada a aumentar a eficácia do seu Ministério.”

Está registrado em I Coríntios 12.28: “A uns pôs Deus na


igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em
terceiro lugar mestres, depois operadores de milagres, depois
dons de curar, socorros, governos, variedadede línguas”.
É importante mencionar que muitos autores não
consideram este dom separadamente. Ele é freqüentemente
tratado como sendo o mesmo que Serviço ou Misericórdia.
Contudo, não são as mesmas palavras no original grego.
“Socorros” é a tradução da palavra “antilempsis”, que dá ideia de
alguém que se coloca debaixo de uma carga para dividir o seu
peso.
O dom de “socorros”, assistência ou auxílio é como o dom da
misericórdia – direcionado a indivíduos. A diferença é que o dom
da misericórdia beneficia mais as pessoas marginalizadas
enquanto o dom da ajuda se destina mais em aliviar outros
cristãos (muitas vezes líderes) das suas tarefas, para que esses
tenham mais tempo para praticar os seus próprios dons. O dom
de socorros não deve ser confundido com o dom do serviço. O
dom do serviço beneficia uma organização, o dom de socorros

35
beneficia indivíduos.
Por outro lado, não podemos fugir da forte relação que este
dom tem com o serviço social, ajuda e companheirismo. Alguém
que gosta de dividir a carga, por certo não se limitará a agir
apenas com relação a certo grupo de pessoas ou serviços, mas a
qualquer um que estiver necessitado. Em Atos 20.35 o apóstolo
Paulo usa a mesma palavra em questão quando diz que é
necessário “socorrer” os enfermos.
Assim, podemos concluir que o dom de socorros abrange
todos os aspectos, tanto na área física, como também na
espiritual.

A importância do dom:

Raymond Ortlund descreveu certa vez pessoas dotadas do


dom de socorros como “aquela gloriosa companhia dos
carregadores de maca”. Ele menciona que a pessoa dotada
desse dom como “o quarto homem com a maca” – a maca que
levou o paralítico até Jesus, segundo se vê em Marcos 2.1-12.

Geralmente ninguém ouve os nomes das pessoas que


prestam socorros ou auxílio. O nome a quem elas socorrerem,
entretanto, torna-se muitas vezes conhecido, por meio do serviço
prestado de alguém com o dom espiritual de socorros.

Levando as cargas uns dos outros – Em Gálatas 6:2 lemos: “Levai


as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo”. Esta
deveria ser a atitude de todos os cristãos, pois a palavra aqui é
para a igreja toda. Na verdade, todos nós deveríamos estar

36
sempre prontos a complementar os outros em suas deficiências e
limitações, praticando as funções universais. Para isso é preciso
um espírito de humildade, amor e compaixão, ao invés de juízo
ou crítica. Como diz o versículo: “assim cumprireis a lei de Cristo”.
Ele veio em nosso socorro, fazer aquilo que não poderíamos ter
feito jamais.

37
ESTUDO DOS DONS MANIFESTACIONAIS

PALAVRA DE SABEDORIA

“O dom da Palavra de Sabedoria é a capacidade


especial de Deus para aplicar as verdades da
Palavra de Deus com eficiência de forma prática e
prudente em situações específicas.”

Este dom está bem relacionado com a área do


aconselhamento cristão. Podemos encontrá-lo em I Coríntios 12.8.
Em meio a tantas crises e conflitos dos dias de hoje, tanto a
igreja quanto as famílias necessitam deste dom dado por Deus. O
cristão dotado de palavra de sabedoria é como médico que tem a
capacidade de diagnosticar os sintomas do enfermo e aplicar os
recursos da ciência médica àquele caso particular.
Quando uma pessoa dotada do dom da palavra de sabedoria
fala, os demais membros do corpo reconhecem que a verdade foi
dita, e que foi recomendado um procedimento correto.
Esse dom torna-se tremendamente valioso diante de
problemas. Sejam problemas individuais, de um casal, de uma
equipe de ministério ou da liderança da igreja, o dom revela o
conselho de Deus. Alguns pesquisadores indicam que esse dom é
demonstrado especialmente por pessoas que assessoram os
pastores e outros líderes. Tais pessoas recebem orientação divina

38
em situações específicas para esclarecer como aplicar as verdades
e princípios de Deus à situação que a igreja, ou o líder, está
enfrentando, para que supere os problemas e cresça. Precisamos
dessa sabedoria especialmente quando surgem conflitos e atritos.

Sabedoria para Todos – (I Co 1.18-2.16):


Billy Graham indica que os dois tipos de sabedoria são
diferentes do dom que é dado em ocasiões específicas, às
vezes, para pessoas que naturalmente não manifestam tais
qualidades. Nesse caso, vale àpena notar que Paulo fala de
“LOGOS SOPHIA”, “dom da palavra de sabedoria” Não do dom
de sabedoria. Isso sugere que é uma palavra específica que
alguém recebe em dado momento, não um dom permanente
em uma personalidade que tem facilidade para resolver
problemas. Uma palavra sábia provinda de Deus, no tempo
certo, para a pessoa certa e da maneira certa.
A Palavra nos exorta a pedirmos sabedoria (Tg 1.5). Quem
pede, recebe porque Deus dá a todos liberalmente. Em
Provérbios 2 também vemos que a sabedoria pode e deve ser
buscada por todos.
A Palavra de Sabedoria é um dom, é graça, dada a quem
Ele quer, de acordo com Sua soberania.
Isso deixa claro, portanto, que todos devem buscar
sabedoria em suas conversas e nos seus relacionamentos. Em
Tiago 3.14 -18 o texto nos mostra os dois tipos de sabedoria: a que
vem de Deus e a que não vem de Deus. O versículo 17 nos dá
todas as características da sabedoria que vem do alto: ”...
primeiramente é pura, pacífica, indulgente, tratável, plena de

39
misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento.” Estas,
sem dúvidas estão presentes na vida de todos os que têm o dom
e devem igualmente estar presentes na vida de todos os cristãos.
Palavra de Sabedoria também não tem nada a ver com
conhecimento intelectual nem com formação acadêmica.
Alguém pode ter tudo isso e é muito bom, porém essa “palavra”
tem poder divino e usa homens e mulheres para consolar
corações e realizar a obra do Senhor na terra.

Jesus demonstra o dom de sabedoria:

(Mt 13.54; 22.15-22, 23-33, 34-40, 41-46) e com boa razão é


chamado de Maravilhoso Conselheiro (Is 9.6).
Outra pessoa que ilustra esse dom é Salomão. Deus deu a
ele uma sabedoria sobrenatural, segundo ele pediu (I Rs 3.5-14).
Sua sabedoria se tornou notória (I Rs 3.16-28; 4.29-43; 5.12; 10.1-9),
resultando no livro de sabedoria (Provérbios).

40
PALAVRA DE CONHECIMENTO

“O dom da Palavra de Conhecimento é a


capacitação divina de lançaruma visão,
motivar e direcionar um povo para a realização
harmoniosa dos propósitos de Deus”.

Podemos encontrar este dom em I Coríntios 12.8. Em


algumas traduções aparece como Palavra da Ciência. Este é
mais um dos dons que podem confundir e gerar controvérsias,
mal entendidos.
Muitos interpretam esse dom, definindo-o como
“capacidade para descobrir, acumular, analisar e esclarecer
informação”, o que o faria equivalente ao dom de ensino ou
Mestre. Não concordamos com esta interpretação:

1) Porque esse dom é chamado de “palavra de


conhecimento”, sugerindo que é um conhecimento que
vem num certo momento, não algo que a pessoa
acumula;

2) Porque Paulo ressalta que esse dom é dado


especificamente “pelo mesmo Espírito”, indicando que é
claramente um dom espiritual e não um talento
desenvolvido por alguém, independente de sua crença.

41
Alguns confundem esse dom também com profecia. Estão
recebendo palavra de conhecimento e o expressam como sendo
profecia.
Palavra de conhecimento não é profecia. Revelar significa
“tirar o véu, trazer à tona alguma coisa que está oculta, esclarecer,
trazer à luz”. Profecia está sempre ligada a Palavra de Deus,
significa, discurso divinamente inspirado.
Notemos também que, no original é “logos gnôsis”, dom da
Palavra de Conhecimento, não dom de conhecimento. Portanto,
não é ter todo o conhecimento sobre tudo, mas é um
conhecimento específico em determinada situação.
Assim, é preciso ficar claro que palavra de conhecimento
não significa entendimento, inteligência, ou sabedoria, como
alguns autores definem.

Jesus e o dom de conhecimento – O dom é ilustrado no caso de


Jesus com a mulher Samaritana. Ele sabia que ela havia tido
cinco maridos, e que o homem com quem ela vivia não era seu
marido (Jo 4.16 -19, 28-29). Jesus também demonstrou esse dom
quando: revelou que Lázaro estava morto (Jo 11.14); quando
mandou os dois discípulos procurarem um jumentinho (Mc 11.1-6);
quando indicou onde celebraria a páscoa (Mc 14.12-16); quando
disse que Judas iria traí-lo (Jo 6.70 e71) e que Pedro o negaria (Mc
14.30).

42
Exemplos bíblicos do dom – (At 5.1-11) Pedro reconheceu a
mentira de Ananias e Safira e (At 10.1-22) teve uma revelação
quanto à procura dos homens da parte de Cornélio. Eliseu soube
onde se encontrava o exército sírio e assim informou o rei de
Israel (II Rs 6.8-12), como também soube da mentira de Geazi (II
Rs 5.26). Samuel sabia que Saul vinha falar com ele e que as
jumentas do pai dele já tinham sido encontradas; sabia também
onde encontrar Saul quando este se escondeu entre a bagagem
(I Sm 9.15-20; 10.21-22). Paulo sabia detalhes sobre o naufrágio
antes que este acontecesse (At 27.21-26).

Características de alguém que manifesta o dom:

 Tem vida de oração.


 É sensível à voz do Espírito Santo (I Co 2.9-10).
 Não teme o confronto com o erro.
 É obediente à revelação de Deus (At 8.26-38).

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“O dom da Fé é a capacidade especial que Deus dá


para agir segundo aspromessas de Deus, com
confiança e convicção resoluta em Sua
capacidade de cumprir seus desígnios”.

O texto de I Coríntios 12.9 nos diz que alguns, pelo Espírito


Santo, recebem o dom da fé. Então nem todos têm o dom da fé.
Assim como qualquer outro dom, o Espírito o concede somente a
alguns.
Mas todos os cristãos devem ter fé, pois “sem fé é
impossível agradar a Deus” (Hb 11.6). Assim é necessário que
diferenciemos os tipos de fé que encontramos na Bíblia:

 Fé para Salvação (Ef 2.8-9) – Esta é a fé que, podemos dizer,


é inata em todo o ser humano. Se Deus quer que todos sejam
salvos, então obviamente dotaria todo o homem com suficiente
fé para salvação.
Por mais que alguém diga que não tem fé está enganando-
se a si mesmo. O homem, por ser formado de espírito, possui em
si uma necessidade natural de se relacionar com o Criador. No
momento do contato com a Palavra essa fé aflora e lhe dá a
possibilidade de ser salvo, se esta for sua escolha.

44
Esta fé, portanto, não é apenas acreditar, pois se assim fosse,
os demônios também estariam salvos (Tg 2.19). Fé é um ato de
entrega, de sujeição, de rendição.

 Fé para viver a Vida Cristã (Rm 1.17) – A vida cristã é


impossível de ser vivida sem fé. Tudo é pela fé. Aliás. Hb 11.6 diz,
que se não temos fé desagradamos a Deus. Paulo, falando aos
cristãos em geral diz: “Andamos por fé, e não por vista” (II Co 5.7).
Em Hebreus 11.1 encontramos a definição de fé. E todos os
cristãos recebem pelo poder do Espírito Santo. Ela vem pela
Palavra e cresce em contato com a Palavra (Rm 10.17).
Vale ainda uma consideração. Estamos vivendo dias em que
a Igreja está sendo assaltada por mistificadores que distorcem o
verdadeiro significado de fé. Fé não é simplesmente inspiração
ou entusiasmo. Não é apenas expressar “palavras mágicas”. Fé
não é força que manipula Deus.
A fé nasce no coração e não na mente. Não é simplesmente
positivismo. Estamos rodeados do engano. Não vamos confundir
poder da mente ou pensamento positivo com fé.

O Dom da Fé:

Este é o terceiro tipo de fé que encontramos na Bíblia, o


objeto do nosso estudo. Esta fé excede à fé “normal” que todo o
cristão tem e deve desenvolver. Os que têm esse dom destacam-
se entre os demais. São os que têm uma visão ampla. Conseguem
ver além das circunstâncias e procuram influenciar osoutros.
As pessoas dotadas do dom da fé usualmente estão se

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concentrando nas possibilidades, sem se deixarem desencorajar
pelas circunstâncias, pelos sofrimentos ou pelos obstáculos.
Possuem uma fé cega nas promessas de Deus, ignorando tudo o
que naturalmente possa contrariar. Às vezes são até tidos como
loucos por não usarem o bom senso ou pensarem fora da lógica.
São capazes de confiar em Deus quanto à remoção de
montanhas, conforme verificamos em I Coríntios 13.2. À
semelhança de Noé, elas se dispõem a construir uma arca em
seco, mesmo diante do ridículo e da crítica, sem jamais
tolerarem qualquer dúvida de que Deus realmente enviará um
dilúvio.
As pessoas dotadas do dom da fé não conseguem
compreender quando alguém os critica, visto que são
possuidoras de completa certeza de que estão cumprindo a
vontade de Deus. Interpretam as críticas contra elas como se
fossem críticas lançadas contra Deus; e, assim sendo, mostram-se
impacientes com seus irmãos na fé que não os acompanham em
seu senso de confiança em Deus. Usualmente, os cristãos dotados
do dom da fé têm muita coragem de assumir riscos, porquanto
sentem profundamente que estão em sociedade com Deus, e
que “se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8.31).

Exemplos Bíblicos:

1) Noé (Gênesis 6 e 7) – Segundo alguns estudiosos, nunca

antes tinha chovido sobre a terra. Ninguém sabia o que era chuva
até então e muito menos Noé. Por certo, ele parecia ridículo
diante dos homens construindo aquela enorme arca sem que

46
houvesse, segundo os homens, qualquer possibilidade de
colocá-la em uso. Noé perseverou firme na ordem que recebera
de Deus, não se deixando influenciar pela maioria ou pelas
circunstâncias.

2) Josué e Calebe (Números 13.25-33; 14.1-9) – Embora os

demais espias estivessem olhando apenas as circunstâncias,


Josué e Calebe estavam olhando além, ou seja, a promessa de
Deus. Será que os outros espias não conheciam as promessas de
Deus? Claro que conheciam, só não tinham suficiente fé nelas.

3) Paulo (Atos 27.21-26) – Num naufrágio, em meio a

circunstâncias totalmente desfavoráveis, Paulo crê no que Deus


lhe prometeu, afirma com toda a veemência e procura animar os
demais (v. 25). E assim foi, sem a menor esperança de salvamento,
Paulo afirma palavras de fé e ânimo que se tornaram fato.

Características de alguém que manifesta o dom


 Sempre envolvido com alvos e metas desafiadoras a serem
alcançados.

 Confia cegamente nas promessas de Deus (Js 14.12).

 Fala com plena convicção aquilo que crê (I Rs 17.13 e 14).

 Vê sempre além das circunstâncias (Nm 13.30).

 Não tem medo de contrariar a maioria (Nm 14.1-7).

 É perseverante na conquista do objetivo (Dt 1.36).

47
DONS DE CURA

“O dom de curas é aquela capacidade especial


que Deus dá a certos membros do Corpo de Cristo
para servirem de intermediários humanos por
meio de quem agrada a Deus curar enfermidades
e restaurar a saúde, em todos os níveis da vida do
ser humano – espiritual, mental e físico, à parte do
uso de meios naturais”.

O dom de cura – Os cristãos dotados do dom de cura não


exercem nenhum poder sobrenatural sobre as enfermidades.
Essas pessoas são simplesmente canais de Deus na operação do
milagre, quando Ele deseja curar. Ninguém entende de fato a
posição de Deus em relação as enfermidade e a saúde.
Igualmente, as curas não conferem imortalidade. Até onde
sabemos, todas as pessoas que foram curadas por Jesus
acabaram morrendo um dia.
O dom de cura não faz médicos e enfermeiras se tornarem
negligentes. Em muitos casos, Deus agrada-se em usar modernos
meios médicos de cura embora isso não deva ser confundido
com o dom de cura.
Quando Timóteo sentiu perturbações estomacais, Paulo
recomendou o uso de um pouco de vinho (I Tm 5.23). Veja como
Deus usou Paulo: “E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres

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extraordinários, a ponto de levarem aos enfermos lenços e
aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades
fugiam das suas vítimas, e os espíritos malignos se retiravam” (At
19.11 e 12). Algumas vezes os meios naturais estão na ordem do
dia; outras vezes, Deus resolve curar por via miraculosa. O cristão
dotado do dom de cura não pode manipular Deus. Tão somente
é um canal que Deus usa com a frequência que escolher. Deus já
me curou pessoalmente de ambas essas maneiras.

Orai uns pelos outros:

Algumas curas acontecem pelo exercício da fé. Neste caso,


é imprescindível que a pessoa tenha certeza que Deus lhe deu
esta fé. “E a oração da fé salvará o doente; o Senhor o levantará”
(Tg 5.15a). Assim, a oração pode ser feita por alguém que tenha ou
não tenha o dom, ou mesmo pelo próprio doente.
O próprio texto continua dizendo no v.16 “... e orai uns pelos
outros, para serdes curados. A oração de um justo é poderosa e
eficaz”. Aqui vemos a importância e a necessidade de todos
orarem pela cura uns dos outros. Por quê? Porque, pela fé, uma
pessoa pode ser curada estando ou não presente os dons de
curar.

Por que muitos não são curados?

Esta é uma pergunta que já resultou em muitos livros que falam


da doença e do sofrimento na vida do cristão.
Deus é soberano e esse deve ser o ponto de partida (Dt

49
32.39). Como já mencionamos não se pode manipular a Deus.
Ninguém pode exigir que Ele faça qualquer coisa.
A enfermidade pode estar presente até mesmo na vida dos
que tem os dons de curar. Como explicar isso? É oportuno
fazermos algumas considerações:

1) O nosso corpo físico é vulnerável e sujeito a doenças

como qualquer outro, nunca estaremos isentos de


doenças por sermos filhos de Deus enquanto estamos
neste mundo.

2) A vontade original de Deus era que não houvesse doença

ou morte. Porém, o pecado trouxe isso como


consequência.

3) Deus pode ferir, ou pode mesmo permitir que Satanás

toque algum filho Seu, como foi o caso de Jó, mas Ele
tem sempre um propósito específico, e é sempre o bem,
nunca o mal. (Rm 8.28).

4) Um “espinho na carne”, como foi o caso de Paulo, tem

como objetivo aperfeiçoar o poder de Deus em nós (II Co


12.7-10).

50
OPERAÇÃO DE MILAGRES

“Operação de Milagres é a intervenção de Deus


através do Espírito Santo,fazendo acontecer coisas
extraordinárias, as quais não podem ser explicadas
racionalmente, desafiando leis físicas do Universo,
quando a ação do homem torna- se totalmente
impossível”.

Ouve-se falar muito de milagres em nossos dias, mas poucos


são os que podem ser de fato comprovados. Parece difícil
discernir em meio a tantos enganos.
Deus concede a manifestação desse dom com o objetivo de
edificar a Igreja. Alguns grupos conservadores e teólogos
negligenciam a existência do mesmo. Dizem que os milagres
eram sinais que existiram apenas nos tempos apostólicos e
tinham como objetivo a proclamação do início da nova era.
Até pode ser que na época houve uma efusão maior desse dom,
mas isso não quer dizer que ele foi extinto. Deus e o Seu Espírito
são o mesmo (Hb 13.8).

O que é um Milagre?

Operação de milagres não é o mesmo que dons de curar,

51
embora algumas curas sejam também milagres. O termo grego
usado é: “energêma dynamis”, literalmente traduzido como
“poderes, realizações ou operações de Milagres”, ou seja “obras de
poder”.
De acordo com o Moderno Dicionário Enciclopédico
Brasileiro, milagre é “sucesso que não se explica por causas
naturais; fato devido a causas sobrenaturais; quebra das leis da
natureza”. São, na verdade acontecimentos que desafiam
qualquer explicação puramente racional.
Milagre é a intervenção de Deus quando a ação do homem
se torna totalmente impossível.
Como já sabemos, existem também milagres que resultam
da ação do reino das trevas. Mas aqui estamos falando dos
milagres que vem de Deus, através do Seu Espírito em nós.
A igreja não precisa fazer concorrência com as seitas, mas
sim deve crer no poder superior de Deus e permitir a ação de
Deus através do Seu Espírito.

O Propósito dos Milagres:

Embora não seja a única, é uma das formas que Deus usa
para convencer os pecadores. Na Bíblia os sinais atestavam a
autoridade dos profetas, dos apóstolos e do próprio Jesus.
Um exemplo está em I Reis 18. Elias, no Monte Carmelo,
desafiou os profetas de Baal. O milagre aconteceu caindo fogo do
céu, consumindo totalmente o altar encharcado. O objetivo desse
milagre foi abrir os olhos e quebrantar o coração do povo,
reconhecendo Deus como Senhor – “O que vendo todo o povo,

52
caíram de rosto em terra, e disseram: O Senhor é Deus! O Senhor
é Deus! (v. 39)”.

Em Atos 3 temos outro exemplo. Pedro e João são usados


por Deus para fazer andar um coxo desde nascença. Esta foi uma
forma que Deus queria usar para atrair a multidão – “... Ficaram
cheios de pasmo e assombro pelo que lhe acontecera” (v. 10); “...
Todo o povo correu atônito para junto deles, ao pórtico de
Salomão” (v. 11). Como resultado da pregação da Palavra,
motivada por esse milagre “muitos, porém dos que ouviram a
Palavra, creram, e chegou o número esse a quase cinco mil”
(4.4).

É importante uma observação. Podemos notar que, na


grande maioria dos casos, os milagres eram para levar os
pecadores ao arrependimento e os incrédulos a crerem e não
somente para o benefício de uma pessoa em particular.

Características visíveis na Vida de Jesus:

Jesus Cristo é o maior exemplo no exercício deste dom.


Assim, podemos tomar como base a maior parte das
características em Sua vida:

 Tem profunda comunhão com Deus – (Lc 5.16; Mt 17.21).


 Nunca age por sua própria vontade – (Jo .19-20).
 Sempre aponta para a glória de Deus – (Jo 8.50).
 Tem fé desafiadora – (Jo 11.40).

53
 Tem como objetivo infundir o temor de Deus nos
incrédulos – (Lc 5.26).

DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS

“O dom de discernimento de espíritos é aquela


capacidade especial concedida pelo Espírito
Santo de perceber o espírito que está atrás de
diferentes manifestações e atividades, sabendo
distinguir entre espíritos bons (anjos ou oEspírito
Santo), espíritos maus (demônios) e espíritos
humanos”.

Encontramos este dom em I Coríntios 12.10 e podemos


afirmar que é um dos dons extremamente úteis, especialmente
em nossa época. A Bíblia já nos adverte que muito engano
haveria nos últimos tempos. Lobos vestidos de ovelhas, falsos
mestres e falsas doutrinas (I Tm 4.1).
O Novo Testamento ensina claramente que todo cristão
precisa ser capaz de distinguir entre o bem e o mal, o certo e o
errado. O trecho de Hebreus 5.14 refere àqueles que “têm as sua
faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas
também o mal”. Os cristãos de Beréia foram elogiados por não
serem ingênuos. Eles comparavam com as Escrituras o que os
apóstolos diziam, conforme todos nós devemos fazer (veja Atos

54
17.11). A passagem de I João 4.1 é explícita ao dizer: “Amados, não
deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se
procedem de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído
pelo mundo fora”.
Essas passagens descrevem a função universal do cristão de
saber discernir com o poder de Deus. Entretanto, acima e além
daquilo que se espera de todos os cristãos, há um dom de
discernimento de espíritos, que é conferido a apenas alguns.
Trata-se de um dom que talvez não seja exercido com frequência.
Aqueles que o possuem talvez até se mostrem relutantes em usá-
lo, portanto, o mesmo requer muita coragem espiritual. Mas é
reconfortante para o Corpo de Cristo saber que Deus não nos
deixou indefesos contra as táticas de Satanás e suas forças
malignas.

Que é Discernimento de Espíritos?


A palavra “discernimento” vem do termo grego “diakrisis”
que significa, “ver, considerar, examinar, compreender, ouvir,
julgar de perto”.
Alguns possuem um conceito errado deste dom. Dom de
discernimento de Espíritos não é julgar no sentido de crítica. Não
é pensar mal, desconfiar de alguém ou supor algo a respeito
dele. Isso, pelo contrário, não vem do Espírito Santo, mas da
carne. Aquele que possui este dom julga acertadamente, pelo
Espírito que espírito está por detrás de alguma manifestação.
Esse dom não é simples discernimento, mas
especificamente discernimento de espíritos, podendo perceber
se determinado comportamento, que se apresenta como

55
oriundo de Deus é, na realidade, divino, humano ou satânico
(veja Mt 7.15- 23).

A importância do dom:

Sabemos que desde o princípio Satanás tem como objetivo


enganar o homem, e ele faz isso procurando imitar tudo àquilo
que Deus faz. Ele quer destruir a Igreja infiltrando-se de todas as
formas no meio dela. Tudo isso sempre existiu, desde o início,
mas em nosso tempo Satanás tem intensificado a sua ação, à
medida que a Igreja está sendo restaurada, ele começa a invadir
o território inimigo, “enganando os eleitos de Deus”.
A Bíblia diz que Satanás se transforma em anjo de luz (II Co
11.14 -15). Diante disso, o dom de discernimento de espíritos
reveste-se de extrema importância, pois só assim a ação do diabo
pode ser totalmente desmascarada.

Características de alguém que manifesta o dom:


 Busca diariamente um profundo Conhecimento Bíblico. Tem
facilidade em detectar a mentira – (At 5.1-9/ I Jo 4.1).
 Percebe o que é obra de espíritos enganadores – (At 16.16-18).
É prudente e age com cautela – (At 16.16-18).

56
VARIEDADE DE LÍNGUAS

“Variedade de línguas é um dom que o Espírito


Santo concede a alguns membros do Corpo de
Cristo de falar num idioma natural e espiritual
que nunca tenham aprendido”.

Encontramos o falar em línguas em três livros do Novo


Testamento: Marcos, Atos e I Coríntios. O termo grego usado é
“genos glôssa”, variedade de línguas = idiomas.
Em 2 livros, por ocasião do Pentecostes, estas “línguas” eram
idiomas existentes, pois pessoas de 16 nações diferentes ouviram
falar em sua própria língua.
Nos capítulos 12 a 14 de I Coríntios encontramos um vasto
ensino e orientação à Igreja sobre o uso deste dom. O fato de
existir o dom de interpretação e dar ênfase sobre a sua
necessidade, mostra que se trata de um idioma desconhecido
por aquele que o ouve.

Dom de variedade de línguas – Evidência da Plenitude com o


Espírito Santo?

Como pudemos observar todos os que são nascidos de novo

57
recebem o Espírito Santo. O que existe são várias outras
experiências de manifestações do Espírito Santo, onde somos
cheios Dele. O que precisa ficar claro é que falar em línguas não é
evidência de que alguém está cheio do Espírito ou foi cheio do
Espírito. O que evidencia alguém cheio do Espírito Santo, e deve
ser novamente salientado, é o Fruto do Espírito (Gl 5.22).
Não encontramos nenhum texto que diga que todos são
obrigados a falar em línguas. No livro de Atos encontramos
vários relatos de conversões e enchimentos do Espírito Santo
que não foram acompanhados da manifestação deste dom. A
Bíblia não iria entrar em contradição: “a outro, variedade de
línguas...” (I Co 12.10); “Falam todos em outras línguas?” (12.30).
Assim sendo, como qualquer outro dom, ele é dado pelo
Espírito Santo a quem Ele quer e tem sempre como objetivo a
edificação e não a divisão ou confusão. O dom supremo é o
amor: E eu passo a mostrar a vocês um caminhomais excelente
(I Co 13.1). Quando o amor está presente na vida da Igreja os dons
se tornam ferramentas que realizam o propósito da Igreja.
Outro aspecto importante a considerar é que o dom de
línguas não é sinal de maturidade cristã. Por isso ninguém que
tenha o dom pode jamais se considerar ou ser considerado
melhor ou mais espiritual do que os que não o tem. A
maturidade cristã não é adquirida numa experiência súbita e
repentina, mas num caminhar constante e perseverante de
profunda submissão e obediência à Palavra. O autor aos Hebreus
deixa isso bem claro: “o alimento sólido é para os adultos, para
aqueles que, pela prática, têm as faculdades exercitadas para

58
discernir tanto o bem como o mal” (Hb 5.14).

Como deve ser o uso do dom?

Se Paulo precisou dar todas aquelas instruções é porque,


vários problemas estavam existindo na Igreja de Corinto. É graças
a esses problemas que hoje podemos tomar como base à
orientação para não incorrermos aos mesmos erros.

O texto de I Coríntios 14.26-28 nos leva a fazer três


considerações:

1) Paulo está se referindo às reuniões, ou seja, qualquer


tipo de reunião que envolva duas ou mais pessoas. Ele diz que
cada pessoa que tiver alguma participação com um dom ou
outro deve sempre ter em mente a edificaçãodo Corpo de Cristo.

2) Se houver manifestações em línguas estranhas, no


máximo três pessoas, cada uma na sua vez, e sempre com
interpretação.

3) Se não houver interprete a pessoa não deve falar na


reunião. Por que a Bíblia não dá liberdade para todos orarem ao
mesmo tempo em línguas estranhas sem interpretação? “De
outra maneira, se tu bendisseres com o espírito, como dirá o
indouto o Amém sobre a tua ação de graças, visto que não
sabe o que dizes?” (14.16).

59
Na conclusão do capítulo 14 Paulo adverte: “se alguém
cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos
escrevo são mandamentos do Senhor. Mas, se alguém ignora
isto, será ignorado” (v. 37-38).

As possíveis origens das línguas estranhas


A origem do “dom de variedade de línguas” é sempre o
Espírito Santo. Esta é a única e verdadeira origem.
A segunda pode ser a influência psicológica e a terceira a
influência satânica. Não é mais novidade que a pratica do “falar
em línguas estranhas” é comum em muitas sessões espíritas e em
muitas religiões não cristãs do Oriente. Por isso a Palavra nos
adverte a provar os espíritos (I Jo 4.1).

60
INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS

“Interpretação de línguas é o dom pelo qual o


Espírito Santo capacita alguns membros do
Corpo de Cristo de dar o significado de uma
mensagem, entregue através de idioma estranho,
para a igreja”.

É preciso ficar claro que dom de interpretação não é


sinônimo de capacidade lingüística para traduzir. Neste caso não
seria “dom”, pois qualquer um poderia adquiri-lo, estudando. O
termo grego é “hermêneia”, capacidade para interpretar”.
Significa entender o que o outro está falando de uma forma
totalmente espiritual, inspirada e espontânea. Da mesma forma
como as línguas, ela não procede da mente, mas do Espírito.

A importância do dom:

61
Sempre que a Bíblia fala sobre o dom de línguas, em
seguida fala da interpretação (I Co 12.10, 30; 14.27-28). Um está
intimamente associado ao outro.
Hoje em dia vemos muita ênfase no dom de línguas, mas
pouca ou quase nenhuma na interpretação. Parece ficar claro na
Bíblia que sem a interpretação, de certa forma, o dom de línguas
perde o valor, pois não há edificação do Corpo. Se todo o dom
espiritual deve ter como objetivo a edificação do Corpo, então o
dom de línguas também deve ter esse objetivo e isso só acontece
com a devida interpretação.

Nisto vemos a importância do dom de interpretação, que


torna o dom de línguas edificante. Deveríamos nos perguntar:
Por que não vemos a manifestação deste dom na mesma
proporção que o de línguas?

62
MÓDULO III

DONS MINISTERIAIS

“E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas,


outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres,
com o fim de preparar os santospara a obra do ministério,
para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos
alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de
Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da
plenitude de Cristo” (Ef 4.11-13).

Em seu livro: “A Forte Mão de Deus”, Jens Kaldeway, compara


o ministério quíntuplo, citado no versículo acima, usando a figura
da mão humana. Cada dedo individualmente
tem a sua função própria, mas que trabalham em perfeita
harmonia para alcançar o mesmo objetivo.
A Bíblia usa a simbologia da mão para enfatizar a Ação e o
Poder de Deus.
Queremos refletir sobre alguns versículos:

“O teu braço é poderoso; a tua mão é forte, exaltada é a tua


mão direita” (Sl89.13).
63
Moisés clama a Deus dizendo: “Ó Soberano Senhor, tu
começaste a mostrar ao teu servo a tua grandeza e a tua mão
poderosa! Que Deus existe no céu ou na terra que possa realizar
as tuas obras e os teus feitos poderosos?” (Dt 3.23 e 24).

Davi em sua oração declara: “Nas tuas mãos estão a força e o


poder para exaltar e dar forças a todos” (I Cr 29.12b).

Também em Atos encontramos a poderosa mão de Deus


agindo no meio da Igreja. “Estende a tua mão para curar e
realizar sinais e maravilhas por meio do nome do teu santo servo
Jesus” (At 4.30). Qual foi o resultado desta oração, descrita no
versículo seguinte? Leia e reflita.

E ainda: “A mão do Senhor estava com eles, e muitos creram


e se converteram ao Senhor” (At 11.2).

Essa é a forte mão de Deus que continua agindo nos dias de


hoje. Precisamos tanto do poder de Deus quanto também das
pessoas, por meio das quais esse poder deve se desenvolver total
e plenamente.

No estudo dos dons ministeriais queremos analisar cada


ministério individualmente e, no final do capítulo lançamos o
desafio ao aluno de estudar e escrever a cooperação dos
ministérios no contexto atual da Igreja.

64
APÓSTOLO (MISSIONÁRIO)

“Apóstolo é alguém enviado com autoridade e


poder para comunicar as Boas Novas do Reino
de Deus, com a missão de iniciar e
supervisionar o desenvolvimento novas de
Igrejas ou estruturas ministeriais”.

No grego, a palavra é apostello, que é a junção da


preposição “apo” mais a palavra “stello”. “Apo” significa “de” no
sentido de “origem, descendência, instrumento”, e “Stell” significa
“enviar”. Assim, sendo, a palavra “apostello” significa alguém
enviado especialmente, com respaldo de autoridade de alguém
para arealização de uma missão específica.

Em Hebreus 3.1 o autor diz que Jesus é o Apóstolo, ou seja,


Ele é o Enviado de Deus, respaldado pela autoridade de Deus,
representando o próprio Deus, para a realização de uma missão
especial.

É certo que apóstolos como os doze não existem mais hoje.


Eles tinham um comissionamento explícito, dado por Jesus

65
pessoalmente, para falar em nome dEle (Mc 3.14), andaram com
Jesus e foram testemunhas oculares do seu ministério e
ressurreição (At 1.22; I Co 9.1-2; 15.8-9). Esses foram os que
colocaram o fundamento da doutrina cristã (At 2.42). Hoje a
revelação de Deus está atrelada a Sua Palavra.

Em que sentido, o dom de apóstolo existe hoje?


Observamos no Novo Testamento que muitos outros foram
chamados apóstolos e que não faziam parte desse grupo seleto.
São eles: Junias e Andrônico (Rm 16.7), Barnabé (At 14.14), Apolo (I
Co 4.6, 9) e outros.

Esses homens eram enviados de uma igreja para outra


incumbidos de uma missão especial. Logo, este dom hoje está
mais relacionado ao vocábulo de um missionário, já que a palavra
apóstolo é equivalente ao vocábulo de origem latina
“missionário”.

Características de um Apóstolo:

 Escolhido por Jesus (Mc 3.14; Jo 15.15).


O apóstolo precisa ser escolhido por Jesus assim como fez com
os doze. Isso acontece através do Espírito Santo que capacita.
Viajar de um lugar para o outro não faz de alguém um apóstolo.

 O Apóstolo é um fundador (At 13.1-5; Rm 15.20; II Co 10.16).


Todo apóstolo é um iniciador de trabalhos. São os que
ultrapassam os limites geográficos de sua igreja local para
evangelizar e implantar uma nova igreja. Sendo assim, um dom
que deve necessariamente acompanhar esse é o de Evangelista.
66
 Desenvolve Liderança (At 19.8-10).
Não é alguém que fica a vida toda no mesmo lugar. É alguém
que começa, forma liderança, entrega o trabalho a essa liderança,
e depois parte para outro trabalho pioneiro. Os dois anos que o
apóstolo Paulo ficou em Éfeso, foi sem dúvida para

67
alicerçar o trabalho iniciado. Ele não sairia de lá e nem enviaria
seus auxiliares se não houvesse outros para assumir a liderança (v
22).

 Supervisiona Trabalhos (At 20.1-2).


Paulo tinha uma constante preocupação com as igrejas que
fundava. Era isso que o levava a estar sempre voltando àqueles
lugares, revendo os irmãos e supervisionando o trabalho. Para um
apóstolo, não basta apenas lançar o trabalho na mão de uma
liderança, mas também supervisionar e acompanhar o que foi
ensinado, principalmente na doutrina.

 Lidera com base em sua Autoridade Espiritual (II Co 10.8-9;


I Co 14.36-38).
Basicamente o dom de apóstolo é caracterizado pelo
exercício de autoridade e liderança sobre certo número de
igrejas. Essa autoridade acontece pelo fato de serem os
iniciadores do trabalho. Eles têm autoridade reconhecida e ao
mesmo tempo a exercem. Um apóstolo tem liderança firme,
convicção daquilo que está ensinando e sabe conciliar
humildade com autoridade.

68
PROFETA

“Profeta é alguém capacitado pelo Espírito Santo,


para proclamar a verdade de Deus: pela pregação
da Palavra, por uma revelação específica, por
conselhos profundos, por uma advertência acerca
de problemas e ameaças futuras, pela oração; mas
que tem como objetivo exortar, consolar e edificar”.

Segundo o Antigo Testamento, o Profeta recebia e


transmitia uma mensagem imediata de Deus, por meio de uma
palavra divinamente inspirada para uma situação específica (Hb
1.1-2; II Pe 1.19-21; I Co 14.3,22-40; I Sm 3.1-21; Dt 18.18-
22; Ap 1.1-3).
Segundo o Novo Testamento, o profeta é alguém que prega
e ensina a Palavra de Deus, de acordo com as necessidades do
povo. Nos cultos primitivos tinham a tarefa de exortar, consolar, e
edificar a Igreja, bem como de comunicar o conhecimento e os
mistérios de Deus (At 15.32; I Co 14.3,24,25,31; I Co 13.2).

O que é Profecia?
A palavra profecia vem do grego “prophetéia” e significa
literalmente “um discurso inspirado divinamente”. Profeta seria
então alguém que recebe essa inspiração divina e a expõe
publicamente.
Profecia é uma palavra que vem de Deus, inspirada pelo
Espírito Santo, que pode referir-se ao passado, presente ou futuro,

69
cuja característica principal é revelar a vontade de Deus.

O conteúdo da Profecia

A Bíblia nos esclarece: “Mas o que profetiza, fala aos


homens para edificação, exortação e consolação” (I Co 14.3).
“Tratando-se de profetas. Falem apenas dois ou três, e os outros
julguem. Pois todos podereis profetizar, uns depois dos outros,
para que todos aprendam, e todos sejam consolados” (I Co 14.
29 e 31).
Assim encontramos quatro palavras que definem o
conteúdo da profecia:

 Edificação: - edificar é o mesmo que construir. Essa


construção é espiritual. A vontade de Deus revelada
especificamente à igreja, dentro do seu contexto específico
produz crescimento.

 Exortação: - exortar significa animar, incentivar ou


aconselhar. No sentido original significa “chamar para o
lado”. É interessante que a profecia tenha também esse
aspecto. Não é apenas em público, mas também
pessoalmente, ajudando com ânimo e incentivo.

 Consolação: - a consolação acontece num momento de


padecimento, sofrimento e às vezes desesperança. É uma
palavra que reanima a confiança no Senhor. É
encorajamento a continuar a luta, mesmo em meio a

70
dificuldades e provações (At 15.32).

 Ensino: - o ensino tem a ver com o esclarecimento das


verdades bíblicas. Com a profecia “todos aprendem”. O
povo de Deus se torna instruído, com o entendimento
correto das Escrituras pecam menos pois a falta de
conhecimento leva o povo à ruina.

Como comprovar a autenticidade da profecia?


Todas as profecias devem ser cumpridas: “Sabe que,
quando esse profeta falar em nome do Senhor, e a palavra dele
se não cumprir, nem suceder, como profetizou, esta é a palavra
que o Senhor não disse; com soberba, a falou o tal profeta; não
tenhais temor dele” (Dt 18.22).
Billy Graham em seu livro “O Espírito Santo” comenta: “e as
pessoas que dizem predizer o futuro? Muitas pessoas já me
fizeram esta pergunta. O que se exige na Bíblia (teste que se faz)
de um verdadeiro profeta (predizente) é que ele seja cem por
cento exato. Não cinquenta por cento. Também não setenta e
cinco por cento. Nem sequer noventa e nove por cento, mas cem
por cento exato”.
A sua palavra nunca vai contrariar ou sobrepujar as
Escrituras. Toda profecia deve ser submetida à Palavra de Deus.
Se ela discorda de alguma forma, não vem do Espírito.
Se a profecia glorifica a Deus ou dá testemunho de Jesus
Cristo de uma forma que corresponde bem à situação em que a
igreja ou pessoas, individualmente, estão enfrentando, é um sinal
de que é de Deus. Uma profecia edifica e não causa confusão.

71
Características de um profeta:

 É sensível ao sentimento alheio. Percebe com facilidade


quando há um problema e onde está o cerne do problema.
Depois de discernir a raiz do problema ele tem a palavra certa do
Senhor para aquela situação específica.

 É sensível a voz de Deus. Assim como ele é sensível no que


os outros sentem, ele também é sensível ao que Deus sente, por
isso pode transmitir a palavra certa.

 Ele sente peso no coração pela dor dos outros. Sofre com
os que sofrem. Sofre também com a desobediência e as
consequências. Um exemplo disto está na vida de Jeremias (4.19).
A possibilidade de o povo ser destruído o entristecia
profundamente.

 Ele nunca age isoladamente. Sabe que foi dado à igreja


para ser útil a ela e não para agir por conta própria. Paulo é um
exemplo disso quando foi enviado junto com Barnabé (At 13.1-2).
Ele submeteu-se à decisão unânime dos demais profetas e
mestres.

 Vive em santidade. Seria muito difícil algum profeta ser


reconhecido vivendo no pecado. Um profeta é, sem dúvida,
alguém puro e separado do mundo.

72
EVANGELISTA

“Evangelista é a pessoa chamada por Deus


para compartilhar as Boas Novas do Evangelho
com pessoas incrédulas, de tal modo que estes
aceitam e tornam-se discípulos e membros
responsáveis do Corpo de Cristo”.

A palavra “Evangelho” significa “Boas Novas”. Evangelista


significa “aqueleque anuncia Boas Novas”

Uma capacidade especial


É preciso lembrar que evangelizar não compete apenas aos
que possuem o dom (veja funções universais no primeiro
capítulo). Todos os salvos, os que fazem parte o Corpo de Cristo
podem e devem anunciar a boa notícia, ou seja, a salvação
através de Jesus Cristo. O “IDE” de Jesus dado em Mateus 28.19-
20 não foi dado apenas aos discípulos da época, mas a todos os
que ainda haveriam de surgir.
Aquele, porém, que tem o dom de evangelismo possui uma
capacidade especial em anunciar a mensagem. Ele tem mais
facilidade em comunicar a palavra. Proclamar o evangelho não
requer particularmente que haja algum dom espiritual.
Porém, visto que a salvação é uma obra que cabe
exclusivamente ao Espírito Santo, é necessário um dom
espiritual, para que o evangelho seja proclamado com eficiência

73
incomum, de tal modo que regularmente novas pessoas
obtenham fé em Cristo e se unam ao Seu corpo, a igreja (Jo 16.8).
O que significa Evangelismo?
Quando John Wesley teve sua experiência de fé, foi
transformado de uma pessoa tímida e sem resultados num
evangelista tão abençoado que dificilmente houve outro igual.
Quando foi proibido de pregar nas igrejas anglicanas, pregava em
campo aberto – isso só fez com que o número de ouvintes
crescesse. É difícil achar uma explicação para a influência que
John Wesley exerceu como evangelista. Suas mensagens não
eram o que hoje denominaríamos mensagens evangelísticas.
Tinham uma estrutura muito lógica e um conteúdo rico em
ensinamentos sólidos. Mas alcançavam o objetivo: milhares de
pessoas se converteram e houve um grande avivamento.
Não se pode descartar a possibilidade de que o Espírito
Santo pode direcionar evangelistas a diferentes áreas e de
diferentes formas. Essa lista certamente não é exaustiva. Deus
proveu uma grande variedade de modos como o dom do
evangelismo pode se manifestar.
Não podemos supervalorizar um método, ou criticar formas
pelas quais os irmãos usam esse dom. O Espírito Santo direciona
cada um individualmente; nós temos que buscar o Seu propósito
e exercer o ministério com convicção dentro dos padrões da
Palavra de Deus.

74
Características de um evangelista:

 Ele tem compaixão especial pelos perdidos. O evangelista


busca oportunidades para estabelecer relacionamentos com
descrentes. Esta é a mesma compaixão que Jesus teve ao ver
as multidões (Mt 9.36).

 Ele é sensível ao mandamento de Jesus. O evangelista


comunica a mensagem de Cristo em todo lugar com clareza e
convicção. No Apóstolo Paulo temos um exemplo de
evangelista. Em nenhum momento ele desprezou a ordem
que lhe foi dada. Ele disse: “... Ai de mim, se não anunciar o
Evangelho” (I Co 9.16).

 Identifica-se com as pessoas. Adapta sua apresentação do


evangelho de forma a atingir as necessidades do indivíduo. Ele
está disposto a fazer qualquer coisa para ganhar as pessoas.
Desvencilha-se de qualquer preconceito e vai até elas. Era o
que o Apóstolo Paulo também fazia (I Co 9.19-22).

 Aborda as pessoas com espontaneidade. O evangelista tem a


capacidade de desafiar e confrontar, sem violência, aos
descrentes a tomarem o passo de fé e se tornarem verdadeiros

75
e frutíferos discípulos de Jesus Cristo. Ele sabe discernir a
estratégia, o que exatamente as pessoas precisam ouvir num
evangelismo pessoal ou dentro de um contexto geral. Não se
limita à apenas um método ou a um padrão único. Foi o que
Jesus fez: Para Nicodemos, um teólogo filósofo, Ele falou
filosoficamente: “Nascer de novo”. À mulher samaritana, que
tinha uma enorme sede de afetividade, Ele ofereceu a água da
vida. Ao paralítico, em João 5, Ele ofereceu a cura. Paulo agiu
da mesma forma quando em Atenas encontrou uma
oportunidade para pregar o Evangelho ao ver um altar em
que estava escrito: “Ao Deus Desconhecido” (At 17.16-31).

 Apresenta o Evangelho completo. O evangelista prega um


Evangelho verdadeiro e completo que leva as pessoas a um
compromisso com Deus. Temos aqui outro exemplo da vida
de Paulo. Ao carcereiro e sua família, em Filipos, ele pregou o
Evangelho confrontando-os imediatamente e levando-os a
uma decisão (At 16.30-33). Filipe, que também foi chamado de
evangelista (At 21.8), fez o mesmo com o eunuco em Atos 8.26-
40.

76
PASTOR

“Guiar o rebanho. É a capacidade divina para


nutrir, cuidar e guiar o povoà maturidade
espiritual e a ser como Cristo”.

A estrutura gramatical grega leva-nos a crer na junção


“pastor-mestre” que pode ser entendida como “pastor que
ensina”. Embora nem todo o mestre seja pastor, todo o pastor
deve ser mestre.
A palavra grega para “pastor” é “poimen” que significa chefe
e condutor. Este termo podia ser usado tanto para alguém que
cuidasse de ovelhas como de povos.
O Espírito Santo pode dar esse dom a quem Ele quiser,
tanto homens como mulheres. Estas pessoas não devem
negligenciar o dom recebido, mas atuar como,
independentemente de serem ou não levantados oficialmente
como líderes pela igreja.

O mito do pastor “onicompetente”

Existe uma concepção ultrapassada do papel de um pastor


que, embora esteja desaparecendo, persiste ainda em alguns
círculos. Trata-se da idéia de que o pastor é contratado pela
congregação para fazer todo o trabalho da igreja; quanto melhor
for um pastor, tanto mais os membros de uma igreja podem
relaxar e se tornar espectadores. Isso não somente é um conceito

77
obsoleto, como também não é bíblico.
A visão bíblica do Corpo de Cristo é que a igreja local é um
organismo em que todos os seus membros funcionam juntos. O
melhor pastor não é aquele que poupa os membros da igreja
de suas respectivas responsabilidades, mas aquele que assegura
que cada membro tem sua responsabilidade e está procurando
trabalhar para cumpri-la.
O pastor não é “o cabeça” da igreja (essa função está
reservada a Jesus), mas o pastor pode assemelhar-se ao sistema
nervoso, que transmite as mensagens aos vários membros do
corpo, garantindo que os membros estão trabalhando juntos e
harmoniosamente.
O estereótipo que muitos membros de igreja têm dos
pastores é que estes precisam ser oradores públicos excelentes,
conselheiros habilidosos, eruditos na Bíblia e na Teologia,
relações públicas de melhor gabarito, administradores, mestres
de ética social, mestre de cerimônias, conquistadores de almas,
mestres estimuladores, diretores de funerais e competentes em
tudo mais. Um pastor assim “onicompetente” é o homem pelo
qual centenas de igreja estão procurando.
Naturalmente, nunca encontram tal homem. Qualquer
pessoa familiarizada com os dons espirituais pode predizer isso.
Ninguém do corpo de Cristo possui todos os dons, incluindo os
pastores.

O que é ser pastor?

O pastor é alguém que pastoreia, apascenta. A Bíblia usa


78
muitas vezes essa figura de linguagem para representar o
cuidado de Deus para conosco e a nossa posição diante Dele.
Jesus é o nosso “Supremo Pastor” (I Pe 5.4), o “Bom Pastor”
(Jo 10.11) e o “Grande Pastor das Ovelhas” (Hb 1.20).

Davi também foi um pastor de ovelhas e por isso


expressou-se com grande propriedade e profundidade no Salmo
23 colocando-se como ovelha do Senhor:

 Ele supre as necessidades (v 1).

 Ele guia (v 2-3) – O pastor orienta, vai à frente e leva as


ovelhas até ondeestá o alimento.

 Ele protege o rebanho (v 4).

 Ele busca a desgarrada (v 4).

O pastor negligente (Zc 11.16-17).


O profeta Zacarias descreve um pastor negligente, que tira
apenas proveito do rebanho. Ele enumera as características que
um bom pastor não deve ter:

 Não cuida dos que estão em perigo.


 Não busca a desgarrada.
 Não cura a que foi ferida.
 Não apascenta a sã.
 Usa a ovelha em vez de se dedicar a ela.
 Abandona o rebanho.

79
Características de um pastor:

 Ele é apto para ensinar (Jr 3.15). O pastor tem especial amor

pelo ensino e instrução do povo. Ele precisa estar preparado para


responder conforme a Palavra quando a fé é colocada à prova (Tt
1.9-10).

 Ele guia as ovelhas (At 20.28; I Pe 5.2). O pastor assume

responsabilidade de nutrir o rebanho integralmente na sua


caminhada com Deus. Apascentar é guiar aos pastos, ou seja, o
pastor fornece o alimento necessário, mas as ovelhas se
alimentam sozinhas.

 Ele cuida do rebanho (I Pe 5.2; I Tm 4.16). O pastor providencia

direção e gerenciamento a um grupo do povo de Deus. Não deixa


o rebanho em lugar desprotegido. Leva a igreja a um
conhecimento claro da Palavra. Isso inspira confiança e
segurança no grupo. Também se preocupa com a saúde
espiritual do povo e é sensível às suas necessidades. Inquieta-se
quando vê o povo debilitado, se desviando do caminho; o amor
do Pastor o constrange a orar e a buscar o seu povo de volta.

 Ele tem vida exemplar (I Co 4.16; 11.1; Fp 3.17; I Ts 1.6; I Pe 5.3). Ele

sempre vai adiante, nunca atrás. As ovelhas olham para ele e o


seguem naturalmente. Ele é mais seguido pelo andar do que
pelo falar. Estabelece a confiança através de relacionamentos

80
duradouros.

 Ele está alerta contra os ataques do inimigo (At 20.28-31; Hb

13.17). O pastor lidera e protege aqueles que estão sob o seu


cuidado. Ele vela pela igreja. Velar significa “passar a noite
acordado, estar alerta, vigiar”. Sendo assim, ele consegue detectar
de longe quando o inimigo se aproxima.

81
MESTRE

“Pessoa capacitada para estudar, compreender,


explicar claramente e aplicar a Palavra de Deus
na vida dos ouvintes, fazendo com que se
tornem cadavez mais semelhantes a Cristo”.

O dom de ensino (ou de mestre) é um dos mais valorizados


entre os dons exercidos por líderes. Aparece em três listas de
dons (Rm 12.7; Ef 4.11 e I Co 12.28), sendo ressaltado como o
terceiro mais importante depois do de apóstolo e de profeta em
I Coríntios 12.28 e em quinto lugar em Efésios 4.11. Na igreja
primitiva, antes de estabelecer o papel de presbítero ou bispo, já
existia o de mestre (At 13.1). Jesus foi reconhecido como mestre
(Mt 4.23; 7.29; 9.35. 26.55; Lc 24.27; Jo 3.2) também seus apóstolos
(At 2.42; 4.18; 5.21, 25, 42; 6.4) assim como Paulo (At 11.26; 19.10;
20.20; 21.28), Timóteo (I Tm 4.16; II Tm 2.2) e Priscila e Áquila (At
18.26). O Evangelista Lucas se revela como alguém
profundamente motivado como mestre, quando introduz seu
evangelho com estas palavras: “Muitos já se dedicaram a
elaborar um relato dos fatos que se cumpriram entre nós.
Conforme nos foram transmitidos por aqueles que desde o
início foram testemunhas oculares e servos da Palavra. Eu
mesmo investiguei tudo cuidadosamente, desde o começo, e
82
decidi escrever-te um relato ordenado, ó excelentíssimo Teófilo,
para que tenhas a certeza das coisas que te foram ensinadas”
(Lc 1.1-4). As palavras “mestre” e “ensino” derivam da mesma no
original grego, que é “didaskalos”, ou seja, um professor, alguém
que tem autoridade para ensinar.
Vejamos o que diz o texto de Romanos 12.6-7 a respeito deste
dom: “Temos diferentes dons, segundo a graça que nos é dada.
Se for profecia, seja ela segundoa medida da fé; se for ministério,
seja em ministrar; e é ensinar, haja dedicação ao ensino”. Isso
deixa claro, como já vimos, que ainda que o dom seja
sobrenatural, do Espírito Santo, nós temos a nossa parte. Isto se
aplica a todos os dons. Precisamos constantemente nos
desenvolver e crescer.

Como deve ser o ensino?


O ensino deve ser de acordo com a Bíblia. Todo o
conhecimento e preparo devem estar fundamentalmente
firmados na Palavra de Deus (I Tm 4.9).
É bem possível que este seja um dos dons mais necessários
em nossos dias. Nunca em toda a história surgiu um número tão
grande de religiões e seitas heréticas que distorcem o real
sentido da Palavra.
Paulo preveniu a Timóteo do que aconteceria ainda nos seus
dias e nos últimos tempos (I Tm 4.1-2; 6.3-5; II Tm 4.1-5). Por isso
deu-lhe algumas orientações bem sérias e específicas (I Tm 4.6,
13). A função do mestre, portanto, é bem intensa e
comprometedora. Ele deve estar completamente afinado com a

83
Palavra de Deus para poder orientar a igreja dentro do padrão de
Deus revelado em Sua Palavra. É uma responsabilidade séria que
se não for exercida na total dependência do Espírito Santo pode
trazer consequências (Tg 3.1).
O dom do ensino também não se adquire por uma
formação acadêmica, embora alguém que tenha esse dom tenha
prazer no estudo. A instrução formal não é necessariamente
requisito para que alguém ensine na igreja. Por outro lado o que
possui esse dom gosta de pesquisar e procura coletar o máximo
de informações possíveis nos mais variados assuntos. Tem grande
curiosidade para com novos assuntos e busca sempre
informações novas.
Quem tem esse dom precisa buscar também o
conhecimento, mas apenas o conhecimento não faz de alguém
um mestre.
O ensino precisa estar presente na vida de todo o cristão. A
ordem de Jesus foi: “Ide por todo o mundo... e ensinai...” Não
significa, portanto, que alguém que não tenha o dom não deva
ensinar ou até mesmo ocupar uma posição de ensino na igreja.
Todavia, o Espírito Santo concede uma capacidade especial a
alguns.

Características de um Mestre:

 Ele tem muito zelo pela Palavra de Deus (II Tm 3.14-17). Dá


ênfase constante a Palavra escrita e considera a sua total
autoridade para preparar todo o homem e levá-lo à perfeição.
Comunica as verdades bíblicas de maneira que estimula total
84
obediência à Palavra de Deus.

 Se esforça em ser compreendido (III Jo 4). Não se conforma em


apenas transmitir, mas espera com grande ansiedade ver os
resultados na vida prática das pessoas. Desafia os ouvintes com as
verdades das Escrituras com simplicidade e praticidade.

 Transmite o evangelho completo. Aquele que ensina busca


esclarecer qualquer dúvida e por isso vai além da superfície dos
assuntos. Ela dá atenção aos detalhes e à precisão. Fica
concentrado nas perguntas e problemas de seus ouvintes, e
consegue transmitir o seu conhecimento de forma interessante e
variada.

 Possui autoridade (Mt 7.28-29). Ensinar é coerência, é falar do


que se vive e viver o que se fala. Ele apresenta todo o conselho de
Deus a fim de causar o máximo de mudanças nas vidas.
Portanto, ensinar é transmitir vida. Isso dá autoridade, como
Jesus, mesmo em casos que as pessoas não aceitam.

 Constantemente procura novas informações (Rm 12.7). Ao


mesmo tempo em que se preocupa de juntar novas informações
para enriquecer o seu ensino, tem gosto por isso. Prepara-se
através de um extenso tempo de estudo e reflexão.

 Tem facilidade em comunicar-se e consegue expressar-se à


altura dos contradizentes (At 17.17).

85
A COOPERAÇÃO DOS MINISTÉRIOS

“Agora, Senhor, considera as ameaças deles e capacita os


teus servos para anunciarem a tua palavra corajosamente.
Estende a tua mão para curar e realizar sinais e maravilhas
por meio do nome do teu santo servo Jesus” (At 4.29 e 30).

Entendemos que Efésios 4.11 enfatiza a diversidade do


Ministério Pastoral hoje. A mão poderosa de Deus continua
agindo no coração do ser humano. Todo servo de Deus faz parte
desse agir de Deus, atuando de forma diferente, porque somos
diferentes e porque Deus concede dons diferentes.
Quando a Bíblia menciona a importância das diferentes
formas de servir para divulgar a Palavra de Deus, ressaltam-se
alguns princípios:

1. Romanos 12.3 – 8: Enfatiza a soberania de Deus na doação

dos dons. Lembra-nos que somos parte de um corpo onde cada


função é importante e necessária; trata-se de um organismo
em que cada indivíduo tem o seu próprio dever a cumprir, mas
que está vinculado aos demais, visando ao bem estar do corpo
todo.
O cristão individual é tão somente um membro do corpo de
Cristo, devendo conduzir-se como membro, considerar-se como
membro e permitindo que se desenvolva como membro;

86
somente Cristo é o cabeça; constituindo a unidade no propósito
de honrar a Deus, edificar o corpo e servir uns aos outros. Leia
também I Co 12.12 - 31
2. Filipenses 2.1-11: nos convida a termos a mesma atitude

de Cristo: amar e aceitar uns aos outros, mesmo quando somos


diferentes. Deus tem prazer na diversidade, por isto nos fez
diferentes uns dos outros. Porém Cristo estabelece um modelo, e
a Bíblia apresenta um padrão daquilo que honra a Deus e
promove o amor entre o seu povo: “Seja a atitude de vocês a
mesma de Cristo Jesus...” v 5.

87
MÓDULO IV

ORGANIZAÇÃO DOS MINISTÉRIOS NA IGREJA

“A igreja é um organismo e não uma organização”. É


verdade!!! Mas é necessário que a igreja tenha organização para
não fazer a obra de Deus relaxadamente. Em I Co 14. 40 lemos:
“Tudo, porém, seja feito com decência e ordem”.
Paulo usa o corpo humano para descrever uma coerência na
distribuição dos serviços na obra de Deus. Enfatiza a importância
de todas as partes, inclusive insiste que as partes mais fortes não
devem desprezar as mais fracas (I Co 12.12-27). Como então a
igreja pode absorver uma diversidade tão grande de dons sem
criar confusão? Existe alguma fórmula pronta? Todas as pessoas
regeneradas realmente se encaixam em algum ministério? “O
Senhor não vê como vê o homem. O homem olha para o que
está diante dos olhos, porém o Senhor olha o coração”. (I Sm
16.7)

88
CADA MINISTÉRIO É IMPORTANTE

Não existem pessoas “pequenas” no corpo de Cristo, assim


como não existem ministérios insignificantes. Cada ministério é
importante. Dependemos uns dos outros. O desejo de Deus é que
nós funcionemos como um corpo (Romanos 12. 5; I Coríntios 12.27
e Efésios 4.14-16).
Comparamos a Interdependência no Corpo de Cristo,
com o ciclo da nossa vida:

 Dependência - Quando nascemos somos totalmente


dependentes dos nossos pais para os cuidados, proteção,
necessidades de alimentação, locomoção e comunicação.
Assim também acontece na vida cristã; quando aceitamos
a Cristo temos muito a aprender. Precisamos de pessoas
que nos orientem, ensinem e nos façam compreender os
primeiros passos no Caminho do Senhor.

 Independência - Á medida que crescemos, aprendemos a


fazer as coisas sozinhas. Buscamos nosso próprio modo de
agir, nossas decisões, até alcançar independência.
Culturalmente o chamamos de Maturidade. Na caminhada
com Cristo também precisamos alcançar a independência,
ou seja, estudar a Palavra, Orar e viver de acordo com a
vontade de Deus.

89
 Interdependência – Comparando com o que a Bíblia nos
ensina,precisamos entender que no Corpo de Cristo existe
uma relação entre as partes. No Serviço à causa de Deus
precisamos um do outro para que a Obra seja completa e
Bênção na vida da Igreja.

NENHUM JOÃO NINGUÉM

Certa pessoa foi conhecer uma colônia de leprosos, na Índia.


Ao meio-dia, soou um gongo para o almoço. As pessoas vieram
de todas as partes da propriedade, para a sala de refeições. De
repente, gargalhadas encheram o ar. Dois homens jovens, um nas
costas do outro, estavam fazendo de conta que eram um cavalo e
seu cavaleiro, e estavam se divertindo muito.
Quando o visitante viu isto, lhe explicaram que aquele
jovem que estava carregando o outro era cego, e o que estava
sendo carregado era aleijado. O que não podia ver usou os seus
pés; o outro que não podia caminhar, usou os seus olhos. Juntos
eles ajudaram um ao outro e tiveram grande alegria em fazê-lo.
Foi isto que o Apóstolo Paulo expressou em I Co 12.21-26,
cada membro usando a sua força para compensar a fraqueza do
outro.

90
TRABALHANDO COMO UMA EQUIPE SAUDÁVEL

Nestes últimos tempos muito se tem falado a respeito da


unidade da Igreja de Deus no mundo. Todavia precisamos
admitir que ainda estamos em falta diante daquilo que a Bíblia
nos ensina.
O que precisamos fazer? A resposta pode ser uma ou
muitas. Deus já expressou a sua resposta : Em Cristo Jesus, Deus
quer reunir todas as coisas no céu e na terra (Cl 1.20); a nossa
unidade já foi conquistada na Cruz (Jo 17.20 –23). O Apóstolo
Paulo chamou atenção da Igreja dizendo: “Pelo nome de nosso
Senhor Jesus Cristo :

 Digam todos a mesma coisa;

 Não haja divisões entre vós;

 Sejam unidos no mesmo sentimento;

 “Sejam unidos no mesmo parecer” (I Co 1.10).

A insistência de Paulo e o seu constante apelo à UNIDADE


DA IGREJA, deveria nos tocar profundamente; ao ponto de
mover-nos a trabalhar arduamente com Ele nessa tão gloriosa
tarefa.
Kornfield apresenta princípios bíblicos para o
funcionamento saudável dotrabalho em equipe:

91
1. A equipe é comprometida com Deus e em buscá-lo acima de

tudo, sabendo que as demais coisas serão acrescentadas (Mt


6.33) .

2. Os membros da equipe são comprometidos uns com os outros,

não só procurando cumprir sua missão, mas comprometidos no


desenvolvimento de cada indivíduo.

3. A equipe é comprometida com uma Visão Divina. (Is 6.1-8) Uma

visão superior do caráter e da grandeza de Deus (v.1-4), uma


visão interior da fraqueza da equipe (v.5-7) e uma visão exterior
do que Deus quer fazer para o grupo (v.8)

4. A equipe é capacitada através do discipulado; o discipulado

ajuda no crescimento espiritual, no caráter cristão e nos


relacionamentos sólidos.

5. A equipe é capacitada através do treinamento: Demonstrar,

instruir, confirmar em ação, acompanhar e colocar em prática.

6. A equipe é capacitada a resolver conflitos – Conflitos que

nunca apareceram antes surgem quando começamos a


trabalhar juntos. O que fazer? (Mt 18.15 – 22 / Gl 6.1).

7. A equipe é coordenada por um líder que ouve a Deus e sabe

como levar a equipe a fazer o mesmo.

92
8. A equipe é coordenada por um líder que sabe ajustar seu estilo

de liderança à necessidade do grupo: dirigindo , treinando ,


apoiando e delegando.

9. A equipe é coordenada de tal forma que cada membro tem

seu papel e é respeitado como líder nessa área.

10. A equipe desenvolve seus alvos através de decisões


participativas.

11. A equipe desenvolve seus alvos através de um bom


planejamento

12. A equipe desenvolve seus alvos através de uma boa avaliação.

93
QUALIFICAÇÕES PARA EXERCER MINISTÉRIO NA IGREJA

 Mt 28.19 – Convertido, Batizado.


 Hb 10.25 – Assíduo nos cultos e atividades;
 Ml 3. 6-10 – Dizimista fiel
 I Tm 3. 1-7; Tt 1. 6-9; At 6.3:

 Boa reputação: contra cuja vida não se possa fazer nada.

 Esposo (a) de uma mulher (homem): relacionamento

global satisfatório, pureza sexual para solteiros.


 Temperante: estável, firme em seu modo de pensar, calmo,

tranquilo econtrolado nas diferentes situações.


 Sóbrio: sensato, cordato, correto de mente e de julgamento

prudente.
 Modesto: Estilo de vida que adorna os estilos bíblicos seja

por falar, vestir e pela maneira que conduz os seus negócios


e a sua casa.
 Hospitaleiro: Sinal de maturidade cristã, não apenas uma

responsabilidadesagrada ou dever religioso.


 Apto para ensinar: exortar pelo reto ensino e capacidade de

motivar.
 Não dado ao vinho: sem vícios.

 Não arrogante: teimoso, ego centralizado, cobiçoso,


vaidoso, condutateimosa.
 Não irascível: não perder a cabeça, controlar o seu espírito.

94
 Não violento: não golpeador, quer verbal, quer fisicamente,

mesmo quandoestiver zangado por motivos certos.


 Inimigos de contendas: não briguento; pacificador, luta

pela unidade.
 Cordato: gentil, cortês, bondoso, paciente.

 Não avarento: preocupado mais com as coisas materiais

que com asespirituais, livre do amor ao dinheiro.


 Que governe bem a sua própria casa: lar bem orientado,

filhos e pais se respeitam mutuamente, espiritual e


psicologicamente amadurecidos.
 Bom testemunho para os de fora (veja também I Ts 4.11 e 12;

Cl 4. 5 e 6; I Co10.31 a 33; I Pe 2.12).


 Amigo do Bem: desejo de fazer o bem, vence o mal pelo bem.

 Justo: ter discernimento, justiça imparcial.

 Piedoso: atitude de santidade progressiva, santidade prática.

 Não seja neófito: não novo convertido, porém indivíduo


maduro espiritualmente.
 I Tm 3.11 - Digno de respeito; Não fofoqueiro; Fiel em tudo.

 Tt 2. 3 e 4 - Mestres do bem
 At 1. 8 – “Mas recebereis poder...” Unção

Depois de ler todas as recomendações da Palavra de Deus,


você se sente apto para servir? Deus exige nossa perfeição? Com
certeza não, mas precisamos admitir nossas fragilidades, nossas
limitações e pedir ao Espírito Santo para nos purificar, ajudar, nos
corrigir, nos fortalecer, enfim fazer a obra em nossa vida. “Estou

95
plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós
há de completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Fl 1.6).

EXPECTADOR OU SERVO?
“Pois o próprio Filho do homem não veio para ser servido,
mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” Marcos
10.45
A Palavra de Deus convoca a todos aqueles que nasceram
de novo, que são Filhos de Deus, a encontrar o seu lugar no corpo
de Cristo, através do seu dom. Ninguém pode reclamar que não
lhe resta nada para fazer, existe espaço para todos, e dons para
todos. Precisamos nos colocar na presença de Deus e buscar a
sua vontade para as nossas vidas, estudar a Palavra de Deus no
que ela ensina sobre os dons e aceitar desafios, aproveitando
oportunidades que surgem à nossa frente.
A nossa doação (de tempo, energia e talentos) se torna
agradável na medida em que nos empenhamos em todo serviço
desinteressado, com a motivação correta: a Glória de Deus! Em I
Coríntios 3.13 a Bíblia afirma que o “fogo” não vai provar a
quantidade da obra, mas, qual a obra. Ou seja, a motivação que
nos levou à prática de um determinado serviço que será trazido à
luz.

MONTANDO O QUEBRA-CABEÇA
Depois de refletir sobre vários princípios da Palavra de Deus
que regem a oportunidade tão nobre confiada a todos que foram

96
salvos em Cristo Jesus, perguntamos: é fácil administrar toda esta
obra na causa de Deus? Qual é a organização mais correta? Com
certeza aquela que melhor atende as necessidades da
comunidade.
Apresentaremos na página seguinte um organograma dos
ministérios, como sugestão, que foi elaborada com os estudantes
em sala de aula. Analise e tenha a liberdade de modificar aquilo
que for necessário.

“Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo. E também


há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há
diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera
tudo em todos. Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas
estas coisas, Distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um,
individualmente”. (I Co 12. 4-7 e 11)

97
MINISTÉRIO
PASTORAL

 Pregação
 Aconselhamento
 Visitação
 Intercessão

ENSINO GESTÃO EVANGELISMO LOUVOR E


ECLESIÁSTICA ADORAÇÃO
Escola  Missões
Bíblica  Conselho
Diretivo
 Assistência  Ministração
Social deLouvor
Discipulado
 Secretaria
 Projetos  Escola
Cursos
 Tesouraria Sociais, de
Educativos e Música
Palestras  Recepção Esportivos
 Som e Luz
Capacitação  Organização
 Impressos
de Líderes deEventos
 Projeção
 Teatro
 Limpeza
 Louvor Infantil
 Música
 Decoração
 Grupos
 Manutenção
Predial Familiares

98
CONCLUSÃO

“Disse mais o Senhor a Moisés: Eis que chamei pelo nome a


Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o enchi do
Espírito de Deus, de habilidade, de inteligência e de
conhecimento, em todo artifício, para elaborar desenhos e
trabalhar em ouro, em prata, em bronze, para lapidação de
pedras de engaste, para entalho de madeira, para toda sorte de
lavores. Eis que lhe dei por companheiro Aoliabe, filho de
Aisamaque, da tribo de Dã; e dei habilidade a todos os homens
hábeis, para que me façam tudo o que tenho ordenado.” (Ex 31. 1–
6)
É muito comum encontrarmos pessoas quer arrumam
desculpas, afirmando não ter nenhuma habilidade específica
para cooperar no reino de Deus. Analisando o texto, podemos
concluir:

 O chamado para servir é especifico. Eis que chamei...


 A unção do Espírito veio sobre toda a equipe de
trabalho: Bezalel (líder), Aisamaque (auxiliar) e depois para
os outros componentes da equipe;
 Deus direciona a tarefa e capacita para as habilidades necessárias;
 A unção do Espírito de Deus faz toda a diferença no serviço desses
homens;
 Deus transformou o trabalho físico, realizado através das
habilidades naturais, em trabalho espiritual que glorificou o
seu nome.

99
Jesus disse: “... a seara é grande, mas os trabalhadores são
poucos...” (Lc 10.2) Olhando para as nossas igrejas hoje, vemos
que a seara continua sendo grande e os obreiros continuam
sendo poucos! O que você estaria disposto a sacrificar para
cooperar com a mobilização de sua igreja para o serviço?

100
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BÍBLIA: de Estudo VIDA. Revista e Atualizada. 2ª ed. 1999

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São Paulo: 1999.

www.bigstock.com

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